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Pequena sereia (1989)

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Pequena sereia (1989)
Ao contrário do conto, o filme tem início com o navio e a apresentação do príncipe como um homem apaixonado pelo mar. Há também uma discussão entre os marinheiros sobre a existência das sereias e do rei do mar.
Há versão Disney, o rei do mar, pai da pequena sereia apresenta uma projeção inexistente no conto de Andersen;
Ariel é descrita como aventureira, desobediente e corajosa. Ela desbrava os navios abandonados no fundo do mar em busca de objetos usados pelos humanos.
Na versão fílmica, há a interdição – as sereias não podem ir à superfície, não podem ter contato com seres humanos.
O pai de Ariel é autoritário e severo. Se elas desobedecer as leis do fundo do mar deverá ser punida.
Ao invés do jardim, Ariel guarda os diversos objetos recolhidos no navio dentro de uma caverna. Ela não é silenciosa e pensativa. Pelo contrário, é tagarela e destemida. Ela quer ser humana mesmo antes de conhecer o príncipe.
Há explicações que não existiam no conto, como a história da bruxa, a qual, anteriormente, morava no palácio e foi exilada pelo rei, daí seu sentimento de vingança.
O Príncipe tem um cachorro – o Max, que vai reconhecer o bem na figura de Ariel e o mal na figura da bruxa. Assim como em Cinderela, há tramas secundárias formadas pelos animais.
O príncipe procura a garota ideal em uma retomada de valores românticos sobre a idealização e a predeterminação do amor;
- Não há a bela cena em que a pequena sereia leva o príncipe em seus braços para a praia.
- a avó da pequena sereia nem aparece, as irmãs também têm pouca projeção.
Na versão fílmica, Ariel terá apenas três dias para conquistar o príncipe. Ele deverá beijá-la para que ela se transforme em humana. Caso não consiga, terá como castigo virar uma escrava da bruxa;
-a bruxa tem um espelho mágico por onde acompanha os atos de Ariel, talvez em uma retomada de A Branca de Neve;
- são as enguias que dão a ideia a Ariel de procurar a bruxa, atenuando a desobediência da sereia;
A versão Disney cria uma certa oposição entre os seres do mar e os humanos. Como menciona o rei do mar, os humanos devastam os mares, comem seus peixes. 
Esta oposição é corporificada na luta entre o siri e o cozinheiro francês. Ao final, o siri ganha a batalha.
Durante os passeios com o príncipe, Ariel mantém uma atitude convencional de mulher recatada. Ela não usa os trajes de menino, como acontece na versão de Andersen.
Ariel também não sente dor enquanto anda nem enquanto dança;
Na versão fílmica, a bruxa se transforma em uma mulher que possui a voz de Ariel para conquistar o príncipe. Além disso, ele é enfeitiçado pela bruxa, o que acentua a ideia de que o amor é algo predestinado. Ou seja, não há contradições amorosas ou conflitos, como ocorre no conto de Andersen.
Ao final do filme, o príncipe descobre que Ariel é uma sereia e luta ativamente para derrotar a bruxa do mar.
O pai de Ariel troca de lugar com ela e se torna um escravo da bruxa.
Por fim, o príncipe lança o navio em cima da bruxa, que morre com o ataque. Depois disso, o próprio rei do mar abençoa o amor entre sua filha e o príncipe, dando-lhe pernas ao invés da cauda de peixe.
O final é feliz. A sereia passa do domínio do pai para o domínio do príncipe.
“A Pequena Sereia mesmo apresentando Ariel como uma adolescente “rebelde”, que desafia as ordens/regras determinadas por sua posição social e por seu pai, o poderoso rei dos mares, Tritão, reforça o modelo patriarcal em que o homem detém o poder social e familiar. Na sociedade em questão, as mulheres são submissas e dependentes do homem; têm como dever cuidar da casa, dos filhos e do marido. Essas atribuições são presentes em Ariel, já que, embora desafie a autoridade do pai, não completa a ruptura com o modelo patriarcal de sociedade, porque volta-se para o casamento/marido.” (p.11)
A FIGURA DO FEMININO EM FILMES INFANTIS: PREGNÂNCIA E CIRCULAÇÃO DE SENTIDOS ÉRICA DANIELA DE ARAÚJO e CARMEN L. H. AGUSTINI
Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/horizontecientifico/article/viewFile/4259/3176
“Enquanto a boazinha Ariel apresenta-se carregada de cores marcantes que se harmonizam, o vermelho dos cabelos e o verde da cauda; a bruxa Úrsula, metade polvo e metade mulher, malvada e ambiciosa, apresenta-se com cores escuras (preto e roxo). Há ali a presença de discursos que rememoram, por exemplo, o sentido de negatividade atribuído à cor preta no mundo ocidental.” (p.13)
[Ariel] Mas sem minha voz. Como posso?
 [Úrsula] Terá sua aparência, seu belo rosto e não subestime a importância da linguagem do corpo. O homem abomina tagarelas. Garota caladinha ele adora. Se a mulher ficar falando, o dia inteiro e fofocando, o homem se zanga, diz adeus e vai embora. Não! Não vá querer jogar conversa fora. Que os homens fazem tudo pra evitar. Sabe quem é mais querida? É a garota retraída. E só as bem quietinhas vão casar.
“As autoras consideram ainda que quando Tritão troca de lugar com a filha no acordo feito com a bruxa, ela “intensifica o peso da desobediência de Ariel. Toda a complicação da animação é fruto da desobediência de Ariel, sendo a personagem apresentada como "sonhadora", "ingênua", "frágil" e "teimosa". "Se não tivesse procurado a bruxa do mar, muitos problemas teriam sido evitados", pensa a sereiazinha. Nesse sentido, a animação reafirma a soberania masculina sustentada pela ideologia machista e patriarcal vigente em nossa sociedade.”

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