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TEORIA GERAL DO PROCESSO

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Fontes
                       São  fontes do Direito os meios de produção ou expressão da norma
jurídica.
            O artigo 4º da Lei de Introdução às normas do direito brasileiro (LINDB)
tem a seguinte redação:
Art.  4º    Quando  a  lei  for  omissa,  o  juiz  decidirá  o  caso  de  acordo  com  a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.”
           Assim temos que são fontes do direito a lei, a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito.
         Especificamente em relação ao novo Código de Processo Civil, o legislador
também incluiu como fonte do direito processual outros ramos do Direito:
Art. 15.  Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas
ou administrativos, as disposições deste Código  lhes serão aplicadas supletiva
e subsidiariamente.
Classificando  de  forma  hierárquica,  a  principal  fonte  do  direito  é  a  lei  e  as
fontes  secundárias  são  a  analogia  (não  é  fonte  mas  sim  um  método  de
integração), costumes e princípios gerais de direito. Há ainda quem considere a
doutrina,  a  jurisprudência  e os brocardos  jurídicos  como  fontes  secundárias do
direito. Entre as fontes secundárias não existe hierarquia, mas sim cronologia.
A  lei  é  o  preceito  jurídico  escrito,  emanado  do  legislador  e  dotado  de  caráter
geral e obrigatório. Ela tem como características:
i)  a  generalidade  –  dirigida  a  todos  os  cidadãos  de  forma  indistinta.  Porém
podem ser dirigidas a uma determinada categoria. Ex: funcionários públicos;
ii) imperatividade ­  impõe uma conduta, uma ordem, um comando;
iii)  autorizamento  ­    autoriza  ao  lesado  a  exigência  de  seu  cumprimento  ou
reparação pelo mal experimentado;
iv) permanência – duram até que sejam revogadas. Exceto as leis temporárias;
e
v) emanadas pela autoridade competente – Ato exclusivo do Poder Legislativo.
                        Ainda  podemos  considerar  que  as  normas  estão  hierarquicamente
organizadas nos termos do artigo 59 da Constituição Federal:
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I ­ emendas à Constituição;
II ­ leis complementares;
III ­ leis ordinárias;
IV ­ leis delegadas;
V ­ medidas provisórias;
VI ­ decretos legislativos;
VII ­ resoluções.
            Quanto à especialidade podemos classificar as normas considerando a
amplitude das mesmas:
i) normas gerais – são normas que discorrem sobre todo um ramo do Direito. Ex:
Código Civil, CLT; e
ii) normas especiais – são aquelas que regulam algum ramo do Direito. Ex: Lei
de locações.
            Como fonte secundária do Direito, a analogia trata da aplicação a um
caso  não  regulado  de modo  direto  por  uma  norma  jurídica,  de  uma  prescrição
normativa  prevista  por  uma  hipótese  distinta,  mas  semelhante  ao  caso  não
contemplado, fundando­se na identidade do motivo da norma e não do fato.
            A analogia pode ser dividida em:
i)  legis  –  aplicação  da  norma  jurídica  semelhante  ao  caso  concreto  não
contemplado por lei; e
ii) iuris – aplicação de qualquer forma existente.
            Outra fonte do direito são os costumes. Podemos definir costume como
sendo uma norma aceita como obrigatória pela consciência do povo, sem que o
Poder Público a tenha estabelecido. Para que seja reputada uma fonte do direito
são necessários dois requisitos:
i) subjetivo – é a crença da obrigatoriedade, pois em caso de descumprimento
incide sanção; e
ii) objetivo – é a constância na realização do ato.
            Convém apontar que o costume difere do hábito, pois nesse não existe
o elemento subjetivo, ou seja, a crença na obrigatoriedade.
                       E quanto aos princípios gerais de direito  temos que os mesmos são
fontes  de  caráter  geral  que  regem  um  conjunto  de  fenômenos  fundamentais
admitidos  como  base  da  ciência  do  direito.  São  considerados  como  a  espinha
dorsal  de  todos  os  ramos  do  Direito  no  ordenamento  jurídico,  portanto  são
normas elementares que dão base estrutural ao Direito, definindo a conduta a
ser tida em qualquer relação jurídica.
 
Interpretação.
                       É a função de descobrir o sentido e o alcance da norma, buscando o
significado dos conceitos jurídicos.
            O artigo 5º da LINDB foi redigido da seguinte forma:
“Art. 5º  Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige
e às exigências do bem comum.”
            Existem inúmeras técnicas utilizadas para interpretar as normas, sendo
as mais comuns:
i) Gramatical/literal – verificação do sentido dos vocábulos do texto;  
ii) Lógica – análise para tentar verificar a existência de antinomias;  
iii) Sistemática – interpretação que leva em consideração o sistema em que se
insere a norma, relacionando­a com outras que tem o mesmo objetivo;
iv) Histórica – baseia­se no estudo do antecedente da norma; e
v)  Sociológico/Teleológica  –  interpretação  que  busca  atingir  os  fins  sociais  da
norma.
 
Eficácia da Norma Processual.
            A norma jurídica tem a sua eficácia limitada tanto no espaço quanto no
tempo, isto é, aplica­se apenas dentro de dado território e por certo período do
tempo.
            A eficácia da norma processual no espaço é regulada pelo principio da
territorialidade.
            A lei processual, em relação ao território, tem por finalidade disciplinar
a  atividade  jurisdicional,  que  é  uma  das  formas  de  manifestação  do  Poder
soberano do Estado.
                       Obviamente o  juiz  não deve  ignorar  a  aplicação da  lei  estrangeira,
porém  deve  atentar  para  qual  caso  ela  poderá  ser  aplicada,  nos  termos  do
artigo 13 do Código de Processo Civil vigente:
Art.  13.    A  jurisdição  civil  será  regida  pelas  normas  processuais  brasileiras,
ressalvadas  as  disposições  específicas  previstas  em  tratados,  convenções  ou
acordos internacionais de que o Brasil seja parte.
                        Assim,  tal  artigo  reconhece  a  regra  da  validade  espacial  do
ordenamento jurídico interno para a regulamentação da jurisdição civil brasileira
e ressalta a possibilidade de  influência das normas de Direito Internacional no
exercício da jurisdição interna, quando ratificadas pelo Brasil.
                        Exemplo  claro  de  soberania  da  lei  processual  brasileira  pode  ser
encontrado no § 1º do artigo 10 da LINDB:
Art.   10.   A sucessão por morte ou por ausência obedece à  lei do país em que
domiciliado  o  defunto  ou  o  desaparecido,  qualquer  que  seja  a  natureza  e  a
situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela
lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos  filhos brasileiros, ou de quem os
represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
            Tal dispositivo legal foi praticamente repetido no inciso II do artigo 23
do novo CPC:
Art.  23.   Compete  à  autoridade  judiciária  brasileira,  com exclusão de qualquer
outra:
[...]
II ­ em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento
particular e ao  inventário e à partilha de bens situados no Brasil,  ainda que o
autor da herança  seja de nacionalidade estrangeira ou  tenha domicílio  fora do
território nacional;
            Por sua vez, a eficácia da norma processual no tempo importa em dizer
que  as  normas  processuais  estão  sujeitas  à  eficácia  temporal  das  leis,
constantes da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro:
Art.  1o    Salvo  disposição  contrária,  a  lei  começa  a  vigorar  em  todo  o  país
quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
§  1o    Nos  Estados,  estrangeiros,  a  obrigatoriedade  da  lei  brasileira,  quando
admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.§ 2o        (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).
§ 3o   Se, antes de entrar a  lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará
a correr da nova publicação.
§ 4o  As correções a texto de lei já em vigor consideram­se lei nova.
                                   E
Art.  6º  A  Lei  em  vigor  terá  efeito  imediato  e  geral,  respeitados  o  ato  jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. 
            Além daquilo que está disposto na LINDB, o CPC atual também dispõe
que  o  novo  regramento  processual  terá  aplicação  imediata,  ainda  que  o  feito
tenha se iniciado sob a vigência da lei revogada.
                        Assim,  em  relação  às  normas  processuais,  temos  que  as mesmas
atingem o processo no estado em que ele se encontra, nos moldes do artigo 14
do CPC:
Art. 14.  A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos
processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações
jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.
            Portanto os atos processuais validamente realizados à luz do sistema
processual anterior não serão prejudicados, nem refeitos.
                        O  novo  CPC  trata  da  aplicação  temporal  da  lei  processual,  em
conformidade com a previsão do artigo 5º, inciso XXXVI da Constituição Federal,
e do art. 6º da LINDB sobre o respeito da  lei nova ao ato  jurídico perfeito, ao
direito adquirido e à coisa julgada, pois conforme o princípio do isolamento dos
atos  processuais,  a  norma  processual  aplica­se  imediatamente  aos  processos
em  curso,  no  ponto  em  que  estiverem  não  retroagindo  aos  atos  processuais
realizados ou às situações jurídicas consolidadas na vigência da lei anterior.
Exercício 1:
A respeito da incidência da lei processual nova sobre processos pendentes
quando do início da sua vigência, aplica­se a teoria:
A ­ da unidade processual, segundo a qual a lei nova se aplica apenas aos
processos ajuizados após sua entrada em vigor, evitando a retroatividade e
preservando a validade dos atos processuais já praticados. 
B ­ da unidade processual, consoante a qual a lei nova deve incidir sobre todos
os atos, passados e futuros do processo pendente, repetindo­se os atos
praticados em desconformidade com a lei nova. 
C ­ do isolamento dos atos processuais, isto é, os atos ainda pendentes dos
processos em curso se sujeitam aos comandos da lei nova, respeitada a eficácia
daqueles atos já praticados de acordo com a lei antiga. 
D ­ das fases processuais, devendo cada fase (postulatória, probatória,
decisória e recursal) ser compreendida como um conjunto inseparável de atos,
devendo a lei nova disciplinar apenas os atos processuais de fases ainda não
iniciadas. 
E ­ n.d.a. 
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
Exercício 2:
No tocante à eficácia da lei no tempo, é INCORRETO afirmar:
A ­ Pode haver retroatividade expressa, desde que não atinja direito adquirido. 
B ­ Mesmo que a lei retroaja, por expressa vontade legislativa, não pode atingir
os efeitos dos atos jurídicos praticados sob o império da norma revogada. 
C ­ A regra geral, no silêncio da lei, é sua irretroatividade. 
D ­ São de ordem constitucional os princípios do respeito ao direito adquirido e
ao ato jurídico perfeito. 
E ­ Como regra, a lei nova tem efeito imediato, não se aplicando aos fatos
anteriores.   
Comentários:
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Exercício 3:
Em relação à eficácia da lei no tempo, assinale a opção correta.
A ­ Por meio da revogação, em sentido amplo, termo afeto ao processo
legislativo, a norma é extinta do sistema jurídico por outro ato normativo da
mesma espécie, o que não se aplica às normas declaradas inconstitucionais. 
B ­ A irretroatividade é a regra geral em matéria de direito intertemporal, não
se admitindo, em hipótese alguma, a retroatividade de atos normativos em
observância à segurança jurídica. 
C ­ A promulgação da lei a torna obrigatória para a coletividade. 
D ­ Pode ser promulgada nova lei sobre o mesmo assunto de norma já
promulgada, sem que se ab­rogue tacitamente a anterior. 
E ­ A vigência da lei coincide necessariamente com a data de sua publicação no
Diário Oficial. 
Comentários:
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Exercício 4:
Direito Civil Baseado em antiga parêmia ­ ubi eadem ratio, ibi eadem dispositio
­  escreve  Miguel  Reale:  “É  de  presumir­se  que,  havendo  correspondência  de
motivos,  igual  deve  ser o preceito aplicável”  (Filosofia do Direito. V. 1, 7.  ed.
São Paulo: Saraiva, 1975. p. 128).
Esse texto refere­se:
A ­ à eficácia da lei no tempo e no espaço. 
B ­ à aplicação das leis segundo sua hierarquia. 
C ­ aos princípios gerais do Direito. 
D ­ à analogia. 
E ­ à equidade 
Comentários:
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Exercício 5:
Quando o intérprete se defrontar com a necessidade de preencher lacuna da lei,
de  modo  a  proceder  à  aplicação  de  uma  norma  existente,  destinada  a  reger
caso semelhante, é correto afirmar que há:
A ­ interpretação extensiva. 
B ­ aplicação do direito alternativo. 
C ­ analogia juris . 
D ­ analogia legis . 
E ­ n.d.a. 
Comentários:
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Exercício 6:
Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso com o emprego da:
A ­ analogia, dos costumes e dos princípios gerais do direito. 
B ­ equidade em quaisquer casos, dos costumes e dos princípios gerais do
direito. 
C ­ analogia, da equidade e dos costumes, apenas. 
D ­ interpretação, dos costumes, da equidade e dos princípios gerais do direito. 
E ­ interpretação, da analogia e dos princípios gerais do direito. 
Comentários:
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Princípios Constitucionais do Processo.
                       A palavra princípio, de  forma genérica e simples, nos dá a  ideia de
começo, origem.
                        Contudo  de  forma mais  aprofundada  e  relacionada  com  o  Direito,
devemos entender que princípio é o mandamento nuclear de um sistema, que se
irradia sobre as normas formando o espírito e também servindo de critério para
sua compreende­lo.
                        Os  princípios  podem  ser  considerados  como  a  coluna  vertebral  do
Direito,  tudo  parte  deles  e  neles  terminam,  portanto  eles  não  podem  ser
ignorados nem  relegados  a um segundo plano,  ao  contrário,  se  faz  necessária
uma grande importância aos princípios para uma melhor compreensão do direito
processual.
                        O  novo  Código  de  Processo  Civil  (CPC)  traz  grande  relação  com  a
Constituição Federal (CF).
            Na exposição de motivos a comissão responsável pela elaboração da
nova legislação apontou que um dos cinco objetivos era “estabelecer expressa e
implicitamente verdadeira sintonia fina com a Constituição Federal”.
                        Assim  todos  os  atos  processuais  devem  ser  regidos,  realizados  e
interpretados  em  estrita  simetria  com  os  princípios  contemplados  na
Constituição Federal.
                        Podemos  concluir  que  o  Código  de  Processo  Civil  traz  inúmeros
princípios constitucionais.
 
Tutela constitucional do processo.
                        Convém  lembrar  que  a  Constituição  Federal  situa­se  no  topo  da
hierarquia  de  todas  as  fontes  do  Direito,  contendo  os  fundamentos
institucionais e políticos de todo ordenamento jurídico.
            Em seu texto são inseridas as garantias constitucionais do processo.
            Tal assertiva foi expressa no artigo 1º do Código de Processo Civil:
Art.  1o  O  processo  civil  será  ordenado,  disciplinado  e
interpretadoconforme  os  valores  e  as  normas  fundamentais
estabelecidos  na  Constituição  da  República  Federativa  do
Brasil, observando­se as disposições deste Código.
 
Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional.
                       O princípio da  inafastabilidade do controle jurisdicional tem previsão
tanto  na  Constituição  Federal  (art.  5º,  XXXV)  quanto  no  novo  Código  de
Processo Civil (art. 3º):
Art. 5º. [...]
XXXV  ­  a  lei  não  excluirá  da  apreciação  do  Poder  Judiciário
lesão ou ameaça a direito;
E
Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou
lesão a direito.
            O CPC praticamente repete o teor do art. 5º, XXXV, da CF.
                        O  legislador  confirmou  o  compromisso  firmado  pelo  ordenamento
jurídico  em  ofertar  ao  indivíduo  não  apenas  prestação  jurisdicional  de  cunho
repressivo, mas também a prevenção a qualquer ameaça ou lesão a direito.
 
Princípio do juiz natural.
 
Art. 5º [...]
XXXVII ­ não haverá juízo ou tribunal de exceção;
            O princípio do juiz natural proíbe a existência dos Tribunais de Exceção,
que  são  juízos  criados  para  julgar  fatos  já  ocorridos,  com  parcialidade,  para
prejudicar ou beneficiar alguém (coincide com os regimes ditatoriais).
            Assim, a cláusula do juiz natural representa a garantia de que alguém
somente  será  condenado  por  órgão  jurisdicional  preexistente  ao  ato  praticado
por  essa  pessoa,  vale  dizer,  por  órgão  judicante  pré­constituído,  proibindo  a
constituição de órgão ex post facto, sendo consequência do Estado de Direito.
                        A  Constituição  ainda,  em  decorrência  do  juiz  natural,  para  que  o
magistrado não seja influenciado, internamente ou externamente, contemplou a
magistratura  com  as  garantias  da  vitaliciedade,  inamovibilidade  e
irredutibilidade de vencimentos.
                        Não  devemos  confundir  juízo  natural  e  juízo  especializado,  pois  o
último  indica  a  existência  de  órgãos  jurisdicionais  dotados  de  competência
específica (em contraposição à competência comum), como é o caso da Justiça
do  Trabalho,  Justiça  Eleitoral  e  Justiça Militar, mas  já  previstos  anteriormente
para julgar matéria específica na lei.
            Também não se deve confundir juízo de exceção e prerrogativa de foro,
que  se  constitui  em  razão  da  lei,  levando  em  conta  certo  interesse  público,
define a competência do órgão  jurisdicional segundo o  foro. Ex: ações em face
da União perante a  Justiça Federal; ação de alimentos no  foro do domicílio do
alimentando;  ação  de  separação  ou  anulação  de  casamento  no  foro  da
residência  da  mulher;  julgamento  do  Presidente  da  República  nos  crimes  de
responsabilidade pelo Senado Federal, etc...;
            Portanto, o princípio do juiz natural se traduz no seguinte conteúdo: a)
exigência de determinabilidade, consistente na prévia individualização do juízes
por  meio  de  leis  gerais;  b)  garantia  de  justiça  material  (independência  e
imparcialidade  dos  juízes);  c)  fixação  de  competência  absoluta,  vale  dizer,  a
existência  de  critérios  objetivos  para  a  determinação  de  competência  dos
juízes; d) observância das determinações de procedimento referentes à divisão
funcional  interna,  ficando  vedado  o  mecanismo  de  substituição,  designação  e
convocação de juízes pelo Poder Executivo, tarefa reservada exclusivamente ao
Judiciário, em virtude do princípio do autogoverno da magistratura.
 
Princípio do devido processo legal.
 
Art. 5º [...]
LIV ­ ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem
o devido processo legal;
            O devido processo legal (due process of law) é o direito ao processo,
que  não  pode  ser  entendido  somente  como  uma  simples  ordenação  dos  atos,
através  de  qualquer  procedimento;  este  há  de  realizar­se  em  contraditório,
cercando­se  de  todas  as  garantias  necessárias  para  que  as  partes  possam
sustentar  suas  razões,  produzir  provas,  influir  sobre  a  formação  do
convencimento do juiz, legitimando o exercício da função jurisdicional.
                       Princípio  fundamental do processo,  sobre o qual  todos os outros se
sustentam  (super  princípio).    Configura  gênero  do  qual  todos  os  demais
princípios constitucionais são espécies.
                        Do  Princípio  do  devido  processo  legal  decorre,  por  exemplo:
contraditório  e  ampla  defesa  (LV);  igualdade  processual  (I);  publicidade  das
decisões  (LX);  dever  de  motivar  as  decisões  (art.  93,IX);  inviolabilidade  do
domicílio (XI).
            Na área processual penal: presunção de não culpabilidade do acusado
(LVIII);  indenização  por  erro  judiciário  e  prisão  que  supere  os  limites  da
condenação;  Prevista na Constituição Americana (Emenda nº 5), caracteriza­se
pelo trinômio vida­liberdade­propriedade.
                        No  Brasil,  a  CF  faz  referência  ao  binômio  liberdade­propriedade,
porquanto não é permitida a pena de morte, salvo em caso de guerra (art. 5º.,
XLVII, “a”).
            Princípios Processuais derivados do due process na Constituição Federal
de 1988.  (OBS: Para a maioria da doutrina, a amplitude da cláusula do devido
processo  legal  tornaria  desnecessária  qualquer  outra  dogmatização
principiológica relativamente ao processo civil).
 
Princípio do contraditório e da ampla defesa.
            O princípio constitucional do contraditório e o da ampla defesa repousa
na impossibilidade de restrição da participação ativa  e contraditória das partes
e ainda na produção de ampla defesa.
            O referido princípio está previsto tanto na CF quanto no CPC:
Art.  5º  .  [...]  LV  ­  aos  litigantes,  em  processo  judicial  ou
administrativo,  e  aos  acusados  em  geral  são  assegurados  o
contraditório e ampla defesa, com os meios e  recursos a ela
inerentes;
Art.  7º  É  assegurada  às  partes  paridade  de  tratamento  em
relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos
meios  de  defesa,  aos  ônus,  aos  deveres  e  à  aplicação  de
sanções  processuais,  competindo  ao  juiz  zelar  pelo  efetivo
contraditório.
Art.  9º  Não  se  proferirá  decisão  contra  uma  das  partes  sem
que ela seja previamente ouvida.
 
            É a imposição legal de audiência bilateral, ou seja, a necessidade de o
juiz, caso tenha ouvido uma das partes, também ouvir a outra, traduzindo­se na
imposição  legal  de  dar  conhecimento  da  ação  (ao  réu)  e  de  todos  os  atos
processuais  às  partes,  e  de  assegurar­lhes  a  possibilidade  de  reagir
juridicamente aos atos que lhes forem desfavoráveis (ciência bilateral dos atos
contrariáveis);  Esse  princípio  não  deve,  todavia,  ser  interpretado  como  uma
exigência de que os  litigantes se manifestem, efetivamente, acerca dos atos e
termos  do  processo,  mas  sim  lhes  seja  concedida  a  oportunidade  para  essa
manifestação.
            O contraditório se aplica a todo e qualquer tipo de processo, inclusive
nos  processos  que  permite  a  concessão  de  liminares.  O  fato  de  o  juiz  poder
conceder medida liminar sem audiência do réu, não configura uma transgressão
a  este  princípio,  pois  tal  situação  se  dá  justamente  é  para  evitar  que  o  réu,
sendo  citado,  torne  a  medida  ineficaz,  ou  na  própria  demora  do  provimento
jurisdicional,  acabe  frustrando  os  objetivos  desta,  aliado  ao  fato  de  que  o
contraditório será estabelecido posteriormente (contraditório diferido).
 
Princípio da inadmissibilidade de provas ilícitas.
            A utilização de prova ilícita é expressamente vedada por dispositivos
contidos tanto na Constituição Federal quanto no Código de Processo Civil que
seguem:
Art.5º  [...]  LVI  ­  são  inadmissíveis,  no  processo,  as  provas
obtidas por meios ilícitos;
Art. 369.  As partes têm o direito de empregar todos os meios
legais,  bem  como  os  moralmente  legítimos,  ainda  que  não
especificados  neste Código,  para  provar  a  verdade dos  fatos
em que  se  funda o pedido ou a defesa  e  influir  eficazmente
na convicção do juiz.
 
                        O  tema  é  controvertido.  No  Brasil  os  Tribunais  costumeiramente
adotam a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (fruits of the poisonous tree).
Tal  teoria  sustenta  que  a  prova  obtida  mediante  violação  de  norma  jurídica
contaminará todas as outras provas obtidas a partir daquela. Essas provas são
consideradas ilícitas por derivação.
            Embora o texto constitucional proíba a utilização no processo de provas
obtidas  por  meio  ilícitos,  a  doutrina  se  manifesta  de  forma  bastante
controvertida,  sendo  que  vem ganhando  força  uma  corrente  intermediária,  que
se denomina modernamente de princípio da proporcionalidade.
                       Esta corrente defende que a  ilicitude do meio de obtenção de prova
seria afastada quando, por exemplo, houver  justificativa para a ofensa a outro
direito por aquele que colhe a prova  ilícita. É o caso, por exemplo, do acusado
que,  para  provar  sua  inocência,  grava  clandestinamente  conversa  telefônica
entre outras duas pessoas.
 
Princípio da presunção de inocência.
                       Em conjunto com as demais garantias constitucionais, o princípio da
presunção da  inocência, relacionado com o processo penal, garante ao acusado
pela prática de uma infração penal um julgamento justo.
            A CF apresenta o princípio da presunção de inocência no artigo 5º, LVII:
Art.  5º  [...]  LVII  ­  ninguém  será  considerado  culpado  até  o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
 
            O princípio da presunção de inocência é um dos princípios basilares do
Estado Democrático de Direito, e visa tutelar a liberdade pessoal, pois cabe ao
Estado  provar  a  culpabilidade  do  indivíduo,  que  é  constitucionalmente
presumido inocente.
            O instituto da inocência presumida é, portanto, garantia fundamental e
instituto essencial ao exercício da jurisdição imparcial.
 
Princípio do duplo grau de jurisdição.
            A parte que não obteve a satisfação de sua pretensão pode provocar
um novo exame de seu pedido por um órgão jurisdicional diverso.
                       Portanto esse princípio prevê a possibilidade de  revisão, por via de
recurso,  das  decisões  proferidas,  garantindo,  assim,  um  novo  julgamento,  por
parte dos órgãos da jurisdição superior.
                        A  origem  desse  princípio  encontra­se  na  história  do  homem  que
insatisfeito com o resultado obtido sempre busca a decisão.
            Na CF o princípio do duplo grau de jurisdição está implícito nos artigos
5º, 102, 105 e 108.
                        Com  a  leitura  de  tais  dispositivos  legais  constata­se  a  previsão
constitucional  de  se  recorrer  das  decisões  proferidas  por  órgãos  inferiores  do
Poder Judiciário.
 
Princípio da publicidade.
 
Art. 11.  Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena
de nulidade.
Parágrafo único.   Nos  casos  de  segredo de  justiça,  pode  ser
autorizada  a  presença  somente  das  partes,  de  seus
advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.
 
            A publicidade do processo constitui verdadeiro instrumento de controle
da atividade dos órgãos jurisdicionais.
                        A  garantia  em  tela  justifica­se  na  exigência  política  de  evitar  a
desconfiança popular na administração da justiça.
                        Esclareça­se  que  publicidade  é  aquela  que  permite  o  acesso,  na
realização  dos  atos  processuais,  não  só  das  partes, mas  ainda  do  público  em
geral.
            Contudo necessário destacar a existência de exceção que vem prevista
no parágrafo único do art. 11 em relação aos casos que demandam o segredo de
justiça. Coerente com tal enunciado, o artigo 189 dispõe que:
Art. 189.  Os atos processuais são públicos, todavia tramitam
em segredo de justiça os processos:
I ­ em que o exija o interesse público ou social;
II  ­  que  versem  sobre  casamento,  separação  de  corpos,
divórcio,  separação,  união  estável,  filiação,  alimentos  e
guarda de crianças e adolescentes;
III  ­  em  que  constem  dados  protegidos  pelo  direito
constitucional à intimidade;
IV  ­  que  versem  sobre  arbitragem,  inclusive  sobre
cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade
estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
 
Princípio da fundamentação das decisões judiciais.
            Fundamentar a decisão significa a exigência de que o juiz indique as
razões de  fato e de direito,  com base nas quais  formou sua convicção  jurídica
acerca dos fatos da causa.
                        Possui  ainda  este  princípio  estreita  ligação  com  os  postulados  do
regime  democrático  do  Estado  de  Direito,  que  repugna  a  possibilidade  de
decisões  judiciais  arbitrárias,  trazendo  consequentemente  a  exigência  da
imparcialidade  do  juiz,  a  publicidade  das  decisões  judiciais,  passando  pelo
princípio  constitucional  da  independência  do  magistrado,  que  pode  decidir  de
acordo  com  a  sua  livre  convicção,  desde  que  motive  as  razões  de  seu
convencimento.
            Podemos encontrar na CF e no CPC a previsão expressa do princípio da
fundamentação das decisões judiciais:
Art.  93.  [...]  IX  todos  os  julgamentos  dos  órgãos  do  Poder
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões,
sob  pena  de  nulidade,  podendo  a  lei  limitar  a  presença,  em
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito
à  intimidade  do  interessado  no  sigilo  não  prejudique  o
interesse público à informação;
E
Art. 11.  Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena
de nulidade.
Parágrafo único.   Nos  casos  de  segredo de  justiça,  pode  ser
autorizada  a  presença  somente  das  partes,  de  seus
advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.
 
            O CPC não admite pronunciamento judicial despido fundamentação. E,
assim,  preceitua  o  art.  489,  inciso  II,  que  a  sentença  deve  conter  “os
fundamentos,  em que o  juiz  analisará  as questões de  fato  e de direito”  como
pressuposto de  validade dos  atos  decisórios,  pois  a  falta  de  exteriorização da
razão do pronunciamento judicial acarreta a sua invalidade.
Exercício 1:
É  a  imposição  legal  de  audiência  bilateral,  ou  seja,  a  necessidade  de  o  juiz,
caso  tenha  ouvido  uma  das  partes,  também  ouvir  a  outra,  traduzindo­se  na
imposição  legal  de  dar  conhecimento  da  ação  (ao  réu)  e  de  todos  os  atos
processuais  às  partes,  e  de  assegurar­lhes  a  possibilidade  de  reagir
juridicamente aos atos que lhes forem desfavoráveis (ciência bilateral dos atos
contrariáveis).  Esse  princípio  não  deve,  todavia,  ser  interpretado  como  uma
exigência de que os litigantes se manifestem, efetivamente, acerca dos atos e
termos  do  processo,  mas  sim  lhes  seja  concedida  a  oportunidade  para  essa
manifestação. Fala­se aqui do principio:
A ­ do contraditório e da ampla defesa. 
B ­ da oralidade. 
C ­ da isonomia. 
D ­ da inafastabilidade do controle jurisdicional. 
E ­ do juiz natural. 
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
Exercício 2:
Proíbe a existência dos Tribunais de Exceção, quesão juízos criados para julgar
fatos já ocorridos, com parcialidade, para prejudicar ou beneficiar alguém. Toda
origem,  expressa  ou  implícita,  do  poder  jurisdicional  só  pode  emanar  da
Constituição,  de  modo  que  não  é  dado  ao  legislador  ordinário  criar  juízes  e
tribunais. Esta ideia reflete o princípio:
A ­ do devido processo legal. 
B ­ da inafastabilidade do controle jurisdicional. 
C ­ da oralidade. 
D ­ do juiz natural. 
E ­ da boa fé processual. 
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
Exercício 3:
Complete  a  lacuna  inserta  na  frase  a  seguir,  referindo­se  a  um dos  princípios
constitucionais  do  processo  civil.    O  _________________________________
apresenta  dois  sentidos,  significando  “o  conjunto  de  garantias  de  ordem
constitucional,  que  de  um  lado  asseguram  às  partes  o  exercício  de  suas
faculdades  poderes  de  natureza  processual  e,  de  outro,  legitimam  a  própria
função jurisdicional".
A ­ princípio da paridade de armas. 
B ­ princípio do devido processo legal. 
C ­ princípio da fundamentação das decisões judiciais. 
D ­ princípio da inafastabilidade do judiciário. 
E ­ n.d.a. 
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
Exercício 4:
A respeito da garantia constitucional contida no princípio do juiz natural, é
correto afirmar que:
A ­ permite a existência e a criação de tribunais de exceção. 
B ­ a competência do juiz ao caso concreto pode ser instituída após a ocorrência
do fato que gerou o processo. 
C ­ aplica­se somente às hipóteses de competência absoluta. 
D ­ a prerrogativa de foro em razão de interesse público viola o princípio do juiz
natural. 
E ­ aplica­se somente às hipóteses de competência relativa. 
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
Exercício 5:
O princípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional:
A ­ não se aplica ao processo civil, por ser de direito substancial constitucional. 
B ­ não se aplica ao processo civil, por ser próprio do Direito Administrativo e do
Direito Tributário. 
C ­ aplica­se ao processo civil e significa a obrigatoriedade de o Juiz decidir as
demandas propostas, quaisquer que sejam. 
D ­ aplica­se ao processo civil e significa que a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça a direito. 
E ­ aplica­se ao processo civil e significa que ninguém pode alegar o
desconhecimento da lei para impedir a prestação jurisdicional. 
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
Exercício 6:
É princípio constitucional aplicado ao processo civil:
A ­ Do Inquisito. 
B ­ da Preclusão; 
C ­ Entidade. 
D ­ Juiz Natural. 
E ­ irrecorribilidade das decisões.   
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
Princípios informativos do procedimento.
            Conforme apontado anteriormente, de forma simples a palavra princípio
se refere a início, começo, origem.
            Para o Direito, princípio é o mandamento central de um sistema, que se
espalha  sobre  as  normas  formando  a  alma  do  ordenamento  e  também  serve
como  critério de interpretação.
            No módulo anterior estudamos os princípios constitucionais do direito
processual.
            Agora estudaremos os princípios informativos do direito processual, ou
seja, os princípios eminentemente técnicos, estruturais do direito processual.
 
Princípio da oralidade.
                       O princípio da oralidade aponta que na prática dos atos processuais
deve  prevalecer  a  comunicação  oral,  muito  embora  estes  atos  venham  a  ser
documentados posteriormente.
                       A oralidade deve objetivar a praticidade e efetividade do processo.
Assim  a  oralidade  deve  prevalecer  a  fim  de  proporcionar  maior  celeridade  e
efetividade à prestação jurisdicional.
                        Contudo,  não  se deve  ter  o  entendimento  equivocado de que esse
princípio  exige  que  os  atos  processuais  sejam  praticados  oralmente.  Ao
contrário,  esta  forma  é  uma  faculdade  apresentada  às  partes  no  processo,
quando lhes for conveniente o uso da palavra não escrita.
                       Deparamo­nos  com  inúmeros dispositivos  legais que demonstram a
presença  do  princípio  da  oralidade  no  Código  de  Processo  Civil,  como  por
exemplo:
Art.  166.    A  conciliação  e  a mediação  são  informadas  pelos
princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia
da  vontade,  da  confidencialidade,  da  oralidade,  da
informalidade e da decisão informada.
Art.  205.    Os  despachos,  as  decisões,  as  sentenças  e  os
acórdãos serão redigidos, datados e assinados pelos juízes.
§  1o  Quando  os  pronunciamentos  previstos  no  caput  forem
proferidos  oralmente,  o  servidor  os  documentará,
submetendo­os aos juízes para revisão e assinatura.
 
Princípio da economia.
                        O  princípio  da  economia  processual  prega  o máximo  resultado  na
atuação do direito com o mínimo emprego de atos processuais.
            Se o processo é um instrumento para a aplicação do direito material,
não pode exigir um gasto exagerado com relação aos interesses em disputa.
                        Típica  aplicação  desse  princípio  encontra­se  em  institutos  como  a
reunião de processos em casos de conexão, litisconsórcio, etc.
            Eis alguns exemplos encontrados no CPC:
Art.  113.    Duas  ou  mais  pessoas  podem  litigar,  no  mesmo
processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I  ­ entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações
relativamente à lide;
II  ­  entre  as  causas  houver  conexão  pelo  pedido  ou  pela
causa de pedir;
III  ­ ocorrer afinidade de questões por ponto comum de  fato
ou de direito.
E
Art.  286.    Serão  distribuídas  por  dependência  as  causas  de
qualquer natureza:
I ­ quando se relacionarem, por conexão ou continência, com
outra já ajuizada;
                        Assim,  extrai­se  que  o  objetivo  do  princípio  é  obter  o máximo  de
resultado com o mínimo emprego possível de atividades processuais.
 
Princípio da eventualidade ou da preclusão.
            De acordo com o princípio da eventualidade (ou da preclusão) os atos
processuais devem ser praticados na época oportuna, sob pena de não poderem
pratica­lo posteriormente,  buscando,  assim, a  celeridade e eficiência da  tutela
jurisdicional.
                        Assim  devem  as  partes  alegar,  no  momento  próprio,  todas  as
pretensões  ou  decisões  de  mérito,  ou  de  defesa,  ou  de  rito,  não  o  podendo
fazê­lo em outra oportunidade, no mesmo processo.
                        Portanto  em  atenção  ao  princípio  da  eventualidade,    determina  a
concentração,  na  contestação,  de  todas  as  defesas  úteis  ao  réu,  tanto  as
processuais  quanto  as  substanciais,  estabelecendo  prazo  geral  de  15  (quinze)
dias úteis para tanto.
            Eis o disposto pelo artigo 336 do CPC:
Art.  336.    Incumbe  ao  réu  alegar,  na  contestação,  toda  a
matéria  de  defesa,  expondo  as  razões  de  fato  e  de  direito
com que impugna o pedido do autor e especificando as provas
que pretende produzir.
 
Princípio da identidade física do juiz.
            Polêmica alteração trazida pelo novo CPC foi a supressão do princípio
da identidade física do juiz.      
            De acordo com o artigo 132 do antigo Código de Processo Civil:
Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência
julgará  a  lide,  salvo  se  estiver  convocado,  licenciado,
afastado  por  qualquer  motivo,  promovido  ou  aposentado,
casos  em que  passará  os  autos  ao  seu  sucessor.  o  juiz  que
colhe as provas deve proferir a sentença.Referido princípio mostrava­se de suma  importância para o deslinde
justo  da  demanda,  o  juiz  que  participou  da  instrução  processual  possui meios
mais adequados para julgar o caso.
                       Contudo,  referido princípio, contudo,  foi excluído do novo Código de
Processo  Civil.  Contudo  a  atual  CPC  determina  que  encerrado  o  debate  ou
oferecidas às razões finais, o  juiz proferirá sentença em audiência ou no prazo
de 30 (trinta) dias.
 
Princípio da cooperação.
            O princípio da cooperação está previsto no artigo 6º do CPC:
Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si
para que se obtenha, em  tempo  razoável, decisão de mérito
justa e efetiva.
            Tal princípio foi inspirado no dever de cooperação recíproca em prol da
efetividade  do  processo.  O  legislador  buscou  desarmar  todos  os  sujeitos  do
processo,  fazendo  com  que  cada  um  haja  pautado  pela  boa­fé,  para  que  a
colaboração  esteja  a  serviço  da  celeridade  do  processo  no  caminho  da
apreciação do mérito.
            Para o Poder Judiciário a cooperação se dá pelos deveres:
de prevenção (por exemplo: apontar as falhas nas postulações das partes,
para que possam ser corrigidas a tempo);
de  esclarecimento  (por  exemplo:  determinar  às  partes  esclareçam  as
alegações obscuras);
de  consulta  (v.g.  cabe  ao  juiz  colher  previamente  a  manifestação  das
partes  sobre  questões  de  fato  ou  de  direito  que  influenciarão  o
julgamento); e
de  auxílio  às  partes  (facilitar  às  partes  a  superação  de  obstáculos  que
impeçam o exercício de direitos).
            Já o dever de cooperação entre as partes repousa na conduta pautada
pela    probidade  e  boa­fé,  de  por  exemplo,  apresentarem  os  esclarecimentos
determinados pelo juiz e de cumprirem as  intimações para comparecimento em
juízo.
 
Princípio dispositivo.
            Denomina­se poder dispositivo a faculdade que cada indivíduo tem de
exercer  ou  não  seus  direitos.  Em  direito  processual  tal  poder  é  caracterizado
pela disponibilidade de requerer ou não sua pretensão em juízo.
            O princípio dispositivo está expresso no artigo 2º do CPC:
Art.  2o  O  processo  começa  por  iniciativa  da  parte  e  se
desenvolve  por  impulso  oficial,  salvo  as  exceções  previstas
em lei.
            O processo cível tem início a partir de iniciativa da parte, assim se faz
necessário  ao  surgimento  de  uma  relação  processual  que  uma  das  partes
abandone  seu  estado  de  inércia,  requerendo  uma  providência  ao  Poder
Judiciário.
                        Instaurada  a  relação  processual  cabe  ao  Estado­Juiz  incumbe
impulsiona­la até a final prestação jurisdicional.
 
Princípio inquisitivo.
            De acordo com o princípio inquisitivo ao juiz é conferido um papel maior
do que o de mero expectador do processo, o qual passa a ser  instrumento não
mais  somente  construído  pelas  partes,  mas  também  por  aquelas  que  o  juiz
entender importantes para a solução da lide.
Exercício 1:
São princípios informativos do processo civil:
A ­ economia processual, oralidade e da cooperação. 
B ­ individualização da pena, duração razoável do processo, livre investigação
das provas. 
C ­ presunção de inocência, direito ao juiz natural, inércia. 
D ­ domínio do fato, vedação à prova ilícita, contraditório e ampla defesa. 
E ­ anualidade, motivação das decisões judiciais, isonomia processual. 
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
Exercício 2:
Como regra geral no CPC antigo, o juiz que colheu prova oral em audiência fica
vinculado ao julgamento do processo. Esta norma referia­se ao princípio da:
A ­ persuasão racional. 
B ­ adstrição ou congruência. 
C ­ isonomia processual. 
D ­ concentração dos atos processuais. 
E ­ identidade física do juiz. 
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
Exercício 3:
Em matéria de defesa, entende­se por princípio da eventualidade:
A ­ o dever do réu de alegar, na contestação, toda a matéria que lhe aproveita,
sob pena de preclusão. 
B ­ a faculdade do réu de apresentar reconvenção em substituição à
contestação. 
C ­ a prerrogativa do réu de não ser compelido a produzir prova contra si. 
D ­ a garantia do exercício do contraditório, caso o autor apresente novos
documentos, na fase de instrução processual. 
E ­ n.d.a. 
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
Exercício 4:
Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as
razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando
as provas que pretende produzir. Esse enunciado legal concerne ao princípio;
A ­ constitucional da produção da prova lícita. 
B ­ processual da livre investigação probatória. 
C ­ processual da eventualidade. 
D ­ constitucional da isonomia. 
E ­ processual da adstrição ou congruência. 
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
Exercício 5:
Pelo princípio da eventualidade, deve o:
A ­ réu comportar­se de modo leal no processo, salvo eventual contraposição à
má­fé processual do autor. 
B ­ juiz aproveitar os atos processuais, ainda que praticados por forma
equivocada, se atingiram sua finalidade e não houve prejuízo à parte adversa. 
C ­ juiz fundamentar cada tópico da sentença, para a hipótese de interposição
de eventual recurso de apelação. 
D ­ juiz ater­se ao pedido formulado, ao proferir sentença, salvo eventual
matéria aferível de ofício. 
E ­ réu alegar toda a defesa que tiver contra o autor, na contestação, de forma
especificada. 
Comentários:
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Exercício 6:
O Código de Processo Civil prevê que o comparecimento espontâneo do réu aos
autos supre a falta de sua citação. Nessa norma vislumbra­se o princípio
processual:
A ­ da economia. 
B ­ da eventualidade. 
C ­ da congruência ou adstrição. 
D ­ da persuasão racional. 
E ­ do livre convencimento do juiz. 
Comentários:
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Jurisdição. Conceito.
Jurisdição é:
1) É o poder, função ou atividade de aplicar o direito a um fato concreto, pelos
órgãos públicos destinados a  tal, obtendo a  justa composição da  lide  (Vicente
Greco Filho).
Poder:  manifestação  do  poder  estatal,  porque  atua  cogentemente
(manifestação de força) como manifestação de potestade do estado e o faz
definitivamente em face das partes em conflito;
Função:  cumpre  a  finalidade  de  fazer  valer  a  ordem  jurídica  posta  em
dúvida em virtude de uma pretensão resistida;
Atividade:  consiste  numa  série  de  atos  e  manifestações  externas  de
declaração de direitos  e  de  concretização de  obrigações  consagradas num
título.
 
2)  É  o  poder  que  toca  ao  Estado,  entre  as  suas  atividades  soberanas,  de
formular e  fazer atuar praticamente a  regra  jurídica  concreta que, por  força do
direito vigente, disciplina determinada situação jurídica (Enrico Túllio Liebman).
3) É a  função do Estado de realizar e declarar, de  forma prática, a vontade da
lei diante de uma situação jurídica controvertida. (Humberto Theodoro Jr.)
Vimos que a função jurisdicional só atua em casos concretos de conflito de
interesses  (lide  ou  litígio)  e  sempre  na  dependência  da  invocação  dos
interessados, contrariamente, por ex., da função legislativa, que é exercida
em abstrato.
Não  são  todos  os  conflitos  de  interesses  que  se  compõe  por  meio  de
jurisdição, mas apenas aqueles que configuram a lide ou litígio.
Lide  ou  Litígio  é  o  conflito  de  interesses  qualificado  por  uma  pretensão
resistida.  Sem  lide  não  há  interesse  de  se  instaurar  uma  relação  jurídica
processual.
A  Jurisdição  é  funçãoprecípua do Estado,  através do  Poder  Judiciário.  Foi
Montesquieu  que  propôs  uma  divisão  correspondente  à  atividade  do
Estado. Não há divisão de poderes, pois este é uno; O que existe é divisão
dos  órgãos para  exercer  as  distintas  funções do Estado:  Poder  Executivo;
Legislativo e Judiciário.
distinção  entre  as  funções:  a  legislativa  é  a  elaboração  da  lei;  a
jurisdicional  é a aplicação da  lei,  sendo que em alguns  casos o  juiz pode
“criar’o direito, ao utilizar a analogia e a equidade; da executiva, o Estado
administra seus próprios interesses, sendo que a jurisdição é substitutiva,
ou  seja,  atua  em  substituição  a  atividade  das  partes  para  a  tutela  de
direitos subjetivos lesados.
 
Objetivos do Estado ao exercer a jurisdição.
            O Estado tem por objetivo exercer a jurisdição das seguintes formas:
pela decisão, pela execução e pelas medidas preventivas ou cautelares.
a. Tutela Jurisdicional de Conhecimento ou de declaração: é aquele que o juiz
conhece a  lide colocada e a soluciona através da aplicação da  lei ao caso
concreto,  proferindo  uma  decisão.  Instaura  um  processo,  chamado  de
processo de conhecimento.
b. Tutela Jurisdicional de Execução: dá força ao comando da sentença caso o
vencido não satisfaça sua obrigação espontaneamente. Instaura o processo
de execução.
c. Tutela  Jurisdicional  Cautelar  ou  Preventiva:  é  uma  tutela  emergencial,
devido a grande demora das demais tutelas. Instaura o processo cautelar.
 
Características da jurisdição.
            A jurisdição apresenta as seguintes características:
a. Substitutiva ou secundária: pois o Estado substitui a atividade das partes
(atividade primária), que estão em conflito na lide, e são proibidas de fazer
“justiça pelas próprias mãos”. No penal, esta característica é absoluta, pois
nunca  o  direito  de  punir  pode  ser  exercido  independente  do  processo  e  o
acusado  submeter­se  voluntariamente  a  aplicação  da  pena,  o  que  já  não
ocorre no processo civil, que é possível a autocomposição.
b. Instrumental:  torna  efetiva  e  concreta  a  atuação  prática  das  regras  de
direito, abstratas e genéricas, previstas no ordenamento jurídico.
c. Definitiva  e  imutável:  impossibilidade  da  mudança  da  sentença  proferida
durante o processo, não admitindo revisão por outro poder, diferentemente
das decisões administrativas (art. 5o. XXXVI CF/88).
d. Natureza Declaratória: O Estado, ao exercer a  jurisdição, não cria direitos
subjetivos, mas tão somente reconhece os direitos preexistentes.
e. Escopo  jurídico:  é  a  atuação  (cumprimento,  realização)  das  normas  de
direito substancial (direito objetivo) e a pacificação social.
f. Lide:  a  função  da  jurisdição  é  a  justa  composição  da  lide,  buscando  o
mesmo  resultado  quanto  à  pretensão  deduzida  que  poderia  ter  sido
satisfeita pelo obrigado.
 
Princípios fundamentais da jurisdição.
                       Muito  embora  o  tema  já  tenha  sido  abordado  em  outros módulos,
alguns  dos  princípios  do  direito  processual  estão  intimamente  ligados  com  a
jurisdição.
i. Inércia: a atividade jurisdicional desenvolve­se somente quando provocada.
(Art. 2 do CPC ­ Garantia de Imparcialidade do juiz ­ Ne procedat iudex ex­
officio.)  Como  os  direitos  subjetivos,  em  princípio,  são  disponíveis,
podendo ser ou não exercidos,  também o acesso aos órgãos  jurisdicionais
fica  entregue  ao  poder  dispositivo  do  interessado.  Contudo  existem
exceções  à  regra  da  inércia:  execução  trabalhista;  decretação  de  falência
no curso da concordata; abertura de inventário etc.
ii. Inevitabilidade:  não  se  pode  opor  qualquer  instituto  para  impedir  que  a
jurisdição alcance os seus objetivos e produza os seus efeitos;  independe
da vontade das partes aceitarem os eventuais efeitos do processo.
iii. Indelegabilidade: as atribuições do Judiciário só podem ser exercidas pelos
seus  respectivos  órgãos.  O  juiz  não  pode  delegar  sua  atividade  a  outro,
externa ou internamente.
iv. Juiz Natural: só pode atuar como juiz somente quem se enquadre em órgão
judiciário  previsto  de  modo  expresso  em  norma  jurídica  constitucional.
Proíbe os tribunais de exceção ­ art.5, XXXVII CF
v. Duplo  Grau  de  Jurisdição:  a  parte  que  não  obteve  a  satisfação  de  sua
pretensão em primeiro grau pode provocar um novo exame de seu processo
por um órgão de segundo grau, diverso daquele que julgou anteriormente.
Juízes mais  experientes,  órgãos  colegiados, menor  probabilidade  de  erro,
etc.
vi. Investidura:  a  jurisdição  só  pode  ser  exercida  por  quem  se  ache
legitimamente investido do poder jurisdicional.
vii. Aderência  ao  Território:  os  Magistrados  só  possuem  poder  dentro  dos
limites  territoriais,  só  podendo  praticar  atos  processuais  dentro  de  um
determinado  limite  territorial,  e  quando  necessária  a  prática  de  atos  fora
dos  limites  territoriais  os  atos  são  praticados  por  cartas  (precatórias  e
rogatórias).
viii. Inafastabilidade:  também  chamado  de  princípio  do  controle  jurisdicional,
visa  garantir  a  todos  o  acesso  ao  Poder  Jurisdicional,  nem mesmo  o  juiz
pode  deixar  de  decidir  alegando  lacuna  ou  obscuridade  da  lei.  (art.  5º.
XXXV – art. 3º CPC).
 
Espécies de jurisdição. Limites da jurisdição.
            Embora a atividade jurisdicional seja una, tendo em vista o princípio da
divisão do trabalho e a diferença de matéria jurídica a ser manipulada pelo juiz,
didaticamente se fala em espécies de jurisdição.
 
Quanto à matéria: (conforme a natureza da pretensão)
a. Penal:  versa  sobre  as  lides  de  natureza  penal,  que  são  reguladas  pelo
direito penal, sendo o instrumento de composição o processo penal;
b. Especial:  versa  sobre  as  lides  de  natureza  especial,  ou  seja,  trabalhista,
militar penal e eleitoral;
c. Civil: por exclusão, que versa sobre lides de natureza não penal, excluídas
as lides especiais, cujo instrumento é o processo civil.
A  Jurisdição  Penal  e  Civil  formam  a  chamada  Jurisdição  Comum,  ao  lado  da
Jurisdição Especial.
 
Quanto  ao  grau  em  que  é  exercida:  (Princípio  do  duplo  grau  de
jurisdição)
a. Jurisdição  Inferior:  exercida  pelo  primeiro  órgão  a  conhecer  da  causa
submetida  ao  Estado­juiz.  Fala­se  em  competência  originária;  (1ª
Instância);
b. Jurisdição Superior: exercida pelo órgão que conhece da causa em grau de
recurso.  Fala­se  em  competência  recursal.  (2ª  Instância);  (competência
originária dos Tribunais);
 
Jurisdição Contenciosa e Voluntária ou Graciosa
            Com relação a Jurisdição, vimos que:
a. seu  objetivo  é  a  composição  dos  conflitos  de  interesses  qualificados  por
uma pretensão resistida, ou seja, existe a ideia de contenda, contestação,
litígio, oposição;
b. pressupõe  a  existência  de  partes,  o  sujeito  ativo,  titular  da  pretensão
subordinante  ou  protegida  pelo  direito  e  o  sujeito  passivo  ou  titular  da
pretensão subordinada, denominados autor e réu;
c. possibilidade  do  contraditório,  ou  seja,  ao  réu  é  dada  a  oportunidade  de
defender­se, contrariar a sujeição pretendida pelo autor;
d. decisões  fazem  coisa  julgada,  ou  seja,  as  decisões  proferidas  em
decorrência  do  conflito  de  interesses  torna­se  imutável  ou  irrevogável,
quando  transitada  em  julgado,  tendo  assim  colocado  fim  ao  exercício  da
função jurisdicional;
 
Dessas características podemos definir a jurisdição voluntária ou graciosa:
1)  É  a  atividade  aditiva  do  Poder  Judiciário  destinada  a  tutela  direitos
individuais  em  determinados  negócios  ou  atos  jurídicos,  segundo  previsão
taxativa em lei;
2) Administração de interesses privados pelos órgãos jurisdicionais;A  Jurisdição  Voluntária  versa  sobre  interesses  que  não  estão  em
conflito.
                       O Estado  intervém na administração de  vários  interesses  privados,
conquanto  isso  venha  a  limitar  a  atuação  de  seus  titulares.  Ex:  tutela  do
nascimento e do óbito; reconhecimento de filhos; formação de pessoas jurídicas
através de  seus  atos  constitutivos;  formação de  fundações  com supervisão do
Ministério Público, etc..
            Mas há certa categoria de interesses privados cuja tutela foi deixada a
cargo dos órgãos jurisdicionais, tendo em vista as suas condições peculiares: a)
nomeação  de  tutores  ou  curadores;  b)  autorização  para  venda  de  bens  de
menores;  c)  suprimento  do  consentimento  para  casamento;  d)  separação
consensual; e) abertura de testamento... Tais interesses tutelados pelos órgãos
judiciários  não  estão  em  conflitos,  mas  somente  para  a  proteção  dos  seus
respectivos titulares.
                       Na jurisdição voluntária: não existem interesses em conflito, não se
fala em partes, mas em  interessados; não há contraditório, pois não há o que
contestar; chamada de Jurisdição Graciosa, pois a  jurisdição é uma espécie de
graça, um favor, um benefício do Estado ao Interessado;  chamada também de
jurisdição  administrativa,  pois  é  administração  pública  de  interesses  privados
pelos  órgãos  jurisdicionais,  devendo  entretanto  ser  evitada  tal  denominação
para não confundir com o contencioso administrativo.
 
Exercício 1:
São duas as espécies de  jurisdição  civil. Uma contenciosa; outra voluntária. A
diferença entre jurisdição civil contenciosa e voluntária é:
I ­ que a contenciosa não implica propriamente um ato de julgar e a voluntária
implica uma decisão;
II ­ que, na voluntária, a intervenção do juiz tem por escopo julgar a contenda,
impedindo que as partes  façam justiça com as próprias mãos, enquanto que a
contenciosa,  também  chamada  de  jurisdição  graciosa,  a  intervenção  do  juiz
garante, com a sua assistência, ou com a sua autorização,  legitimidade de um
ato de interesse privado;
III  ­  que  a  jurisdição  civil  contenciosa  implica  numa  decisão,  quanto  que  a
jurisdição  civil  voluntária  não  implica  propriamente  um  ato  de  julgar  ou  de
decidir;
IV  ­  que  se  subtende  na  contenciosa  a  não  pré­existência  de  um  litígio,  ao
contrário da voluntária que abrange uma contenda;
V ­ decidir é próprio da jurisdição contenciosa, porquanto os atos decisórios, por
intermédio  dos  quais  a  lide  é  encerrada,  caracteriza  a  essência  da  jurisdição
voluntária.
Assinale a alternativa correta:
 
 
 
 
 
 
 
A ­ Nenhuma das alternativas anteriores está correta; 
B ­ somente uma das alternativas está correta; 
C ­ somente duas alternativas estão corretas; 
D ­ somente três alternativas estão corretas; 
E ­ todas as alternativas estão corretas. 
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
Exercício 2:
A propósito da jurisdição, assinale a alternativa incorreta, considerando as
proposições abaixo:
 
 
 
 
 
 
A ­ A jurisdição, como manifestação da soberania do Estado, é uma e
indivisível. Porém, levando em conta particularidades que impõem a repartição
das atribuições jurisdicionais entre diferentes órgãos, bem como o aspecto de
sua abordagem e outras peculiaridades, a doutrina costuma admitir sua
classificação por espécies; 
B ­ Ao classificar a jurisdição, quanto ao objeto, em penal e civil, a doutrina
atribui a esta última, em sentido amplo, todas as lides não penais; 
C ­ Por “jurisdição comum” entende­se todas as “justiças”, com exceção das
chamadas “justiças especiais”, que são: a Trabalhista, A Militar e a Eleitoral; 
D ­ Na jurisdição voluntária, ao contrário da contenciosa, não há partes, porque
não há controvérsia, antagonismos ou conflitos de interesses, apenas
“interessados”; 
E ­ todas as alternativas acima contêm afirmações não verdadeiras. 
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
Exercício 3:
As  chamadas  funções  do  Estado  são  justamente  as  tarefas  ou  atribuições
fundamentais  que  o  Estado  tem  de  executar  para  realizar  os  seus  fins.  Foi
Montesquieu  quem  melhor  sistematizou  a  chamada  “repartição  dos  poderes”
estatais.  Nossa  Constituição  Federal  usa  a  palavra  “poder”  com  o  sentido  de
função,  de  forma  que,  por  exemplo,  onde  está  escrito  “o  Poder  Legislativo”
deve­se  ler  a  função  legislativa.  O  poder  que  emana  do  Estado  é  uno;  as
funções  e  os  órgãos  são  distintos,  ou  seja,  a  separação  dos  poderes  é  uma
técnica para distribuir funções distintas entre órgãos relativamente separados.
Nesse sentido,  temos que a  jurisdição  (Poder  Judiciário, que ao  lado do Poder
legislativo e Poder Executivo contemplam as  funções estatais) é  justamente a
função estatal que tem a finalidade de garantir a eficácia do direito em última
instância  no  caso  concreto,  ou  seja,  a  atuação  terminal  do  direito  exercida,
preponderantemente,  pelos  órgãos  do  Poder  Judiciário,  independentes  e
imparciais,  compondo  conflitos  de  interesses  mediante  a  aplicação  da  lei
através do devido processo legal.
Cabe  ao  Poder  Judiciário,  sem  a  possibilidade  de  transferir  essa  função  para
qualquer  outro  poder  estatal,  a  função  de  compor  definitivamente  a  lide.
Entretanto, os órgãos jurisdicionais são, por sua própria índole inertes, ou seja,
para atuação dos órgãos, necessária a devida provocação do  interessado.  Isso
porque  aos  interessados,  salvo  expressa  previsão  legal,  não  é  possível  a
resolução dos conflitos (lide) por eles mesmos, ou seja, o Judiciário é chamado
a  atuar,  em  lugar  das  partes,  para  que  se  ponha  fim  ao  respectivo  conflito,
resultando  na  paz  social.  Aliás,  o  artigo  126  do  Diploma  Processual  Civil
Brasileiro  determina  que  “o  juiz  não  se  exime  de  sentenciar  ou  despachar,
alegando lacuna ou obscuridade da lei.”
O  texto  em  questão  faz  referência  a  vários  princípios  e  características
fundamentais da Jurisdição. São eles:
 
 
 
 
 
A ­ inércia, inevitabilidade e substitutividade; 
B ­ inércia, indeclinabilidade e delegabilidade. 
C ­ inércia, insubstitutividade e inevitabilidade. 
D ­ Inércia, substituvidade e declinabilidade . 
E ­ nenhuma das alternativas anteriores. 
Comentários:
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Exercício 4:
Leia o texto abaixo com atenção e responda a questão a seguir:
Em  seu  sentido  próprio,  a  jurisdição  compete  apenas  aos  órgãos  do  Poder
Judiciário,  embora  em  direito  administrativo  também  se  fale  em  "jurisdição
administrativa",  bem  como  em  "jurisdição"  simplesmente  como  o  limite  da
competência administrativa de um órgão público.
Do ponto de vista da teoria da separação dos poderes, a jurisdição é a função
precípua do Poder Judiciário, sendo­lhe acrescida, em alguns sistemas jurídicos
nacionais, a função do controle de constitucionalidade.
Como  regra,  a  função  jurisdicional  é  exercida  somente  diante  de  casos
concretos de conflitos de interesses, quando provocada pelos interessados.
No  sentido  coloquial,  a  palavra  jurisdição  designa  o  território  (estado  ou
província, município, região, país, países­membros etc.) sobre o qual este poder
é exercido por determinada autoridade ou Juízo.
O  tema  da  jurisdição  é  objeto  de  estudo  das  disciplinas  de  direito
constitucional,  direito  internacional  privado,  direito  processual  e  direito
administrativo, dentre outras.
 Sobre jurisdição, assinale a resposta incorreta:
 
 
 
 
 
 
A ­ A jurisdição é monopólio estatal. Entretanto, podem os interessados optar
por meio não estatalde exercício da jurisdição, capaz de por fim à lide. 
B ­ A arbitragem, nos conflitos a ela submetidos por deliberação dos
interessados, constitui exercício delegado da jurisdição, por isso se insere no
conjunto dos meios para a solução da lide. 
C ­ A arbitragem, expressamente prevista em lei, não implica violação ao
princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional (CF, art. 5°, inc. XXXV). 
D ­ Na jurisdição voluntária, ao contrário da contenciosa, não há partes, porque
não há controvérsia, antagonismos ou conflitos de interesses, apenas
“interessados”. 
E ­  A jurisdição civil, contenciosa e voluntária é exercida somente pelo Poder
Judiciário. 
Comentários:
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Exercício 5:
“A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Tal dispositivo consagra o princípio:
 
 
 
 
 
 
A ­ A do juiz natural; 
B ­ do remédio da jurisdição; 
C ­ da tutela jurisdicional; 
D ­ da isonomia perante a lei. 
E ­ inércia da jurisdição; 
Comentários:
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Exercício 6:
A  jurisdição,  como poder  ou  função  estatal,  é  una  e  abrange  todos  os  litígios
que se possam instaurar em torno de quaisquer assuntos de direito. A diferença
de matéria  jurídica a  ser manipulada pelos  juízes, na  composição dos  litígios,
conduz  à  necessidade  prática  da  especialização  não  só  dos  julgadores,  como
das próprias leis que regulam a atividade jurisdicional. Desta forma, o que não
couber na jurisdição penal e nas jurisdições especiais, cabe a:
 
 
 
 
 
 
A ­  jurisdição civil. 
B ­ jurisdição ordinária. 
C ­  jurisdição privada. 
D ­ jurisdição voluntária. 
E ­ jurisdição especial. 
Comentários:
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Ação.
            O Direito objetivo tutela certas categorias de interesses. Ao conflito de
interesses regulado pelo direito, temos a relação jurídica:
i)    sujeito  ativo  ou  titular  do  interesse  protegido  ­  direito  subjetivo
(concorrência da sua vontade); e
ii) sujeito passivo ou do interesse subordinante ­ obrigação.
                        Os  conflitos  de  interesse  são  regulados  pelo  direito,  devendo  os
sujeitos se submeter à ordem jurídica. Entretanto, pode ocorrer a resistência de
um  dos  sujeitos  em  ter  o  seu  interesse  subordinado  ao  outro.  Configura­se  a
lide,  que  é  o  conflito  de  interesses  qualificado  por  uma  pretensão  resistida,
pretensão essa de subordinação de um interesse ao outro.
                     Como a  lide perturba a paz  social,  temos que o Estado,  ao vedar a
autodefesa,  reservou  para  si  a  função  de  dirimir  a  lide  e  aplicar  o  direito,  ou
seja, a função jurisdicional.
                       Mas a  jurisdição só pode ser exercida quando provocada, ou seja, é
necessário que o sujeito exponha a sua pretensão a ser tutelada pelo juiz (art.
2°  do  CPC).  Ao  deduzir  a  sua  pretensão,  invoca  a  jurisdição,  que  aplicará  o
direito ao caso concreto.
                       Esse direito que o  indivíduo tem de  invocar a  tutela  jurisdicional do
Estado corresponde ao direito de ação.
 
Generalidades.
                       O CPC atual  abandona a  teoria  eclética  adotada no CPC anterior  e
assim  afasta  as  regulamentações  do  código  anterior  em  que  havia  alguma
referência  à  categoria  “condições  da  ação”  e  adota  o  estudo  do  exame  do
interesse  de  agir  e  da  legitimidade  vinculado  ao  exame  dos  pressupostos
processuais e a da possibilidade jurídica do pedido junto ao mérito.
                     Porém não podemos dizer que o exame da legitimidade da parte, do
interesse de agir e da possibilidade jurídica do pedido deixe de existir no novo
código de processo civil, mas apenas que as condições da ação serão eliminadas
como um conceito autônomo.
                        Na  novel  legislação  o  exame  funde­se  ao  binômio
admissibilidade/mérito,  portanto  as  questões  que  compõem  o  conceito  de
condições  da  ação  passam,  assim,  a  ser  analisadas  enquanto  questões  de
mérito, no caso da possibilidade jurídica, ou como pressupostos processuais, na
hipótese da legitimidade e interesse.
 
Conceito de ação.
                       Esse pedido de  tutela  jurisdicional, essa provocação da  jurisdição é
chamada de direito de ação. A doutrina conceitua ação como:
i. o direito subjetivo que consiste no poder de produzir o evento a que está
condicionado  o  efetivo  exercício  da  função  jurisdicional  (Enrico  Tulio
Liebman);
ii. o direito de  invocar a  função  jurisdicional  (Moacyr Amaral dos Santos); ou
ainda
iii. o direito ao exercício da atividade jurisdicional (Ada Pellegrini)
 
Natureza Jurídica.
            A doutrina costuma classificar as teorias que tratam da ação em teorias
monistas  (unitária)  e  dualista,  tomando  por  critério  pertencer  tal  conceito  tão
somente  ao  plano  do  direito  material  ou  tão  somente  ao  direito  processual
(teorias unitárias), confrontando­se a formulação que a identifica em ambos os
planos jurídicos (teoria dualista).
 
Teoria Civilista ­ Com base no direito romano a ação era o direito de pedir
em  juízo  o  que  se  é  devido  (nihil  aliud  est  actio  quan  ius,  quo  sibi
debeatur,  in  indicio  persequendi),  ou  seja,  a  ação,  como  processo,  era
simples  capítulo  do  direito  privado,  do  direito  civil.  Disso  era  possível
extrair  três  consequências  inevitáveis:  não  há  ação  sem  direito;  não  há
direito sem ação; e a ação segue a natureza do direito.
 
Polêmica entre Windscheid e Müther ­ Na Alemanha surgiu uma polêmica que se
tornou  famosa, entre Windscheid e Müther sobre  incorporação da actio  romana
no  direito  contemporâneo.  Para  Windscheid,  a  actio  era  o  próprio  direito
material  e  não  um  novo  direito,  surgido  da  violação  daquele.  Müther,
confrotando as  idéias de Windscheid, diferenciou o direito  lesado do direito de
ação.  Segundo  ele,  a  ação  seria  o  direito  à  tutela  do  Estado,  competindo  tal
direito  a  quem  teve  seu  direito  ofendido.  Desta  forma,  distinguiu­se  o  direito
subjetivo (direito a ser tutelado), do direito de ação (direito subjetivo público).
 
As  principais  críticas  à  teoria  civilista  dizem  respeito  à  ação  declaratória.
Verifica­se  que  muitas  são  julgadas  improcedentes,  pois  a  sentença  julgada
infundada  à  pretensão  do  autor,  isto  é,  houve  exercício  da  ação  até  a
improcedência, portanto existiu ação sem direito material.
 
Teoria do Direito Concreto à Tutela  ­ Adolpho Wach defendeu que ação é
um  direito  autônomo,  pois  não  tem  por  base  um  direito  subjetivo
ameaçado ou violado, assim também é possível a existência da ação para
se  obtiver  uma  simples  declaração  da  existência  ou  inexistência  de  uma
relação  jurídica.  A  ação  é  dirigida  contra  o  Estado  (direito  de  exigir
proteção  jurídica)  e  também  contra  o  adversário  (do  qual  se    exige  a
sujeição).  Porém    o  direito  de  ação  só  existiria  quando  a  sentença  fosse
favorável.  A  ação  seria  um direito  público  e  concreto,  ou  seja,  um direito
existente  em  casos  concretos  em  que  existisse  direito  subjetivo  a  ser
tutela.
 
Tal  teoria  não  pode  ser  aceita,  pois  com  a  improcedência  da  demanda  nada
poderia  se  dizer  a  respeito  dos  atos  processuais  praticados  até  a  sentença.  E
ainda  não  se  pode  conceber  que  toda  ação  seja  dirigida  contra  o  Estado
propriamente dito.
 
Teoria  da  Ação  como  direito  potestativo  –  Para  Chiovenda  a  ação  é  um
direito  autônomo,  mas  a  ação  não  se  dirige  contra  o  Estado,  mas  sim
contra  o  adversário  (direito  deprovocar  a  atividade  jurisdicional  contra  o
adversário).  Dessa  forma  o  direito  de  ação  seria  um  direito  potestativo
(direito de poder) tendente à produção de um efeito jurídico a favor de um
sujeito  e  com  ônus  para  outro,  o  qual  nada  pode  fazer  para  evitar  a
atuação da lei. Tal teoria falha, pois os direitos potestativos caracterizam­
se mais por  serem meras  faculdades quanto ao exercício do direito e não
uma obrigação.
 
Teoria da Ação no sentido abstrato – De acordo com Degenkolb (Alemanha)
e  com Plosz  (Hungria),  a  chamada  teoria da ação no  sentido abstrato em
confronto com as teorias que concebem a ação como direito de obter uma
providência  jurisdicional  favorável  no  sentido  concreto.  Para eles o direito
de  ação  independe  da  existência  efetiva  do  direito  invocado,  pois  basta
apenas  uma  referência  a  um  interesse  a  ser  tutelado  em  abstrato  pelo
direito,  para  que  o  Estado  exerça  sua  atividade  jurisdicional,  proferindo
uma sentença, mesmo que contrária.
 
Teoria  Eclética  da  Ação  ­  Tal  teoria  aponta  que  o  direito  de  ação  é
autônomo  e  abstrato,  e  que  ele  só  existirá  se  no  processo  estiverem
presentes  condições que o  legitimem,  isto é,  que exista uma situação de
fato,  que  só  possa  ser  resolvida  elas  vias  jurisdicionais.  As  condições  da
ação para a teoria eclética são: possibilidade jurídica do pedido, o legítimo
interesse, e a legitimação para agir.
 
            A doutrina dominante até o CPC de 1973 era ligada a teoria eclética da
ação, contudo o atual código se afastou dela ao excluir a possibilidade jurídica
das  hipóteses  de  condições  da  ação,  e  ao  tratar  o  exame  do  interesse  e  da
legitimidade como pressupostos para apreciação do mérito.
 
Condições da Ação. Conceito.
                        Para  Frederico  Marques  condições  da  ação  são  os  “requisitos
necessários, conexos à pretensão formulada pelo autor, para que o Estado­Juiz
dê por  legítimo o exercício do direito de ação, com a  justa composição da  lide
(se atendidos os pressupostos processuais)”.
                        “São  requisitos que a ação deve preencher para que se profira uma
decisão de mérito.” nos dizeres de Moacyr Amaral dos Santos.
            Para Antonio Carlos Marcato as condições da ação “são os requisitos de
existência do direito de ação”.
                        Contudo  convém  relembrar  que  no  novo CPC  as  condições  da  ação
deixam  de  ser  um  conceito  autônomo  e  passam  a  ser  analisadas  como
pressuposto processual.
 
Carência da ação.
            A Ação é o direito de se invocar a tutela jurisdicional.
                       A Jurisdição, por sua vez,  tem a  função de aplicar o direito ao caso
concreto.
                        Entretanto,  para  que  a  jurisdição  seja  exercida,  necessária  a
provocação  do  Estado­Juiz,  com  a  consequente  instauração  do  processo,
formação  da  relação  jurídica  processual  e  regular  processamento  com  a  final
prolação de uma sentença de mérito.
            Mas para que esse exercício ocorra são necessários certos requisitos ou
condições, que dão existência ao direito de ação, para que seja proferida uma
sentença  de  mérito,  ou  seja,  antes  de  analisar  o  próprio  pedido  do  autor,
necessário se faz verificar se esse pedido pode ser conhecido pelo Estado.
O  anterior  CPC  indicava  como  condições  da  ação:  a  possibilidade  jurídica  do
pedido, o interesse de agir e a legitimidade das partes (legitimatio ad causam).
Contudo atual CPC inovou e excluiu a possibilidade jurídica do pedido como uma
das condições da ação, e manteve apenas o interesse a legitimidade das partes
como condições da ação/pressuposto processual.
Isso é o que se depreende da redação do artigo 17 do CPC vigente:
Art. 17.   Para postular em  juízo é necessário  ter  interesse e
legitimidade.
            Interesse de agir – pode ser basicamente definido como a verificação
da necessidade e da utilidade da tutela jurisdicional requerida.
                       Legitimidade para a causa – é o elemento verificador da pertinência
subjetiva da ação. A legitimação indica para cada processo as partes legítimas,
ou seja, as pessoas que devem estar presentes, para que o juiz possa enfrentar
o mérito.
 
Classificação das ações.
            A doutrina conhece vários critérios de classificações das ações, mas o
que  permanece,  a  tendência  moderna  é  a  classificação  tendo  em  vista  a
providência  jurisdicional.    Isto  porque  a  ação  é  o  meio  de  provocar  a  tutela
jurisdicional, ou seja, de solicitar uma providência jurisdicional.
                        Conforme  se  trate  de  tutela  jurisdicional  de  conhecimento,  de
execução, preventiva ou cautelar, classificam­se as ações em de conhecimento,
de execução e cautelares.
 
Ações  de  Conhecimento  ­  provocam  uma  providência  jurisdicional  que
reclama  um  processo  regular  de  conhecimento.  O  processo  se  diz  de
conhecimento,  pois  é  através  dele  que  o  juiz  conhecerá  da  pretensão  do
autor, o motivo da resistência do réu,  tomará contato com as provas para
só então proferir uma sentença.
 
As ações de conhecimento subdividem­se em três grupos:
 
ações  meramente  declaratórias:  buscam  apenas  e  tão  somente  uma
declaração, quanto a existência ou  inexistência de uma relação jurídica. O
conflito entre as partes está na incerteza da relação jurídica;
ações  condenatórias  ­  são  as  que  buscam  a  imposição  de  uma  sentença
condenatória, ou seja, que imponha uma sanção ao réu.; e
ações  constitutivas  –  nas  ações  constitutivas  a  parte  busca  a  criação,
modificação ou extinção de uma relação jurídica.
 
Ações  Executivas  ­  São  as  que  provocam  providências  jurisdicionais  de
execução,  ou  seja,  pede­se  a  realização  da  atos  executórios  que  tornem
efetiva a sanção.
Ações Cautelares ­ visam providências urgentes e provisórias, tendentes a
assegurar  a  possibilidade de  realização do direito  no  futuro.  Em  razão da
providência  solicitada  pela  ação  cautelar  visar  assegurar  os  efeitos  da
sentença  a  ser  proferida  no  processo  de  conhecimento,  ou  do  ato
executório  no  processo  de  execução,  aquela  providência  é  provisória,
portanto vigorará apenas enquanto se aguarda a sentença.
 
A doutrina também apresenta outras classificações:
a) Quanto à natureza do direito ­ ações reais: visam a tutela de um direito real;
 ações pessoais: visam a tutela de um direito pessoal, isto é de uma obrigação.
b)  Quanto  ao  objeto  –  ações  mobiliárias:  são  as  que  versam  sobre  coisas
móveis, bens móveis; ações imobiliárias: versam sobre bens imóveis.
 
Exercício 1:
Segundo  José  de  Albuquerque  Rocha,  em  sua  obra  intitulada  “Teoria  Geral  do
Processo”,  a  doutrina  reconhece  vários  critérios  de  classificação  das  ações,
sendo  que,  o  critério  prevalente,  é  aquele  que  se  funda  na  espécie  de
provimento  requerido  pelo  autor  ao  juiz.  Por  este  critério,  as  ações  são
classificadas em ações de conhecimento, ações de execução e ações cautelares.
As  primeiras  são  aquelas  que  tendem  a  provocar  um  juízo,  ou  seja,  um
julgamento sobre a situação jurídica afirmada pelo autor; já as segundas visam
justamente pedir ao Estado a realização prática de meios coativos do comando
contido  na  sentença  ou  em  outro  documento  que  a  lei  reconheça  a  eficácia
executiva;  e  finalmente,  as  terceiras  visam  assegurar  e  garantir  o  eficaz
desenvolvimento  e  o  profícuo  resultado  de  outra  demanda.  As  ações  de
conhecimento,  por  sua  vez,  se  dividem  em  ações  condenatórias,  ações
declaratórias  e  ações  constitutivas.  Se  “A”  afirma  ser  titular  de  direito  a
indenização,

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