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1. LIMITES – INTRODUÇÃO AO CÁLCULO Historicamente, o desenvolvimento do cálculo por Isaac Newton (1642 – 1727) e Gottfried Wilhelm Leibniz (1646 – 1716) resultou da investigação dos seguintes problemas: (a) (b) (a) Qual é a declividade da reta tangente ao gráfico da função no ponto de tangência? (b) Qual é a área da região sobreada? Pode parecer que o problema da reta tangente não esteja relacionado a nenhuma aplicação prática, mas, como veremos mais tarde, o problema de se encontrar a taxa de variação de uma quantidade em relação a outra é matematicamente equivalente ao problema geométrico de se encontrar a declividade da reta tangente a uma curva em um dado ponto da curva. Foi precisamente a descoberta da relação entre esses dois problemas que alavancou o desenvolvimento do cálculo no século XVII, transformando-o em uma ferramenta indispensável para a solução de problemas práticos. Eis aqui alguns exemplos de tais problemas: Encontrar a velocidade de um objeto. Encontrar a taxa de variação de uma população de bactérias em relação ao tempo. Encontrar a taxa de variação do lucro de uma companhia em relação ao tempo. O estudo problema da reta tangente levou à criação do cálculo diferencial, que se baseia no conceito de derivada de uma função. O estudo do problema da área levou à criação do cálculo integral, que se baseia no conceito de antiderivada ou integral de uma função. Tanto a derivada quanto a integral de uma função são definidas em termos de um conceito mais fundamental – o de limite, nosso próximo tópico. Universidade Estadual do Rio Grande do Sul Cálculo I Limites. Profa. Rosandra Santos Mottola Lemos NOÇÃO INTUITIVA DE LIMITE Considere a função 𝑔 definida por 𝑔(𝑡) = 4(𝑡2 − 4) 𝑡 − 2 Que fornece a velocidade média de um trem em movimento, por exemplo. Suponhamos que temos que determinar o valor de 𝑔(𝑡) quando 𝑡 se aproxima do número 2. Se tomamos uma sequência de valores de 𝑡 se aproximando de 2 pela direita, isto é, por valores maiores que 2, vemos que 𝑔(𝑡) se aproxima do número 16, como está na tabela abaixo: 𝒕 2,5 2,1 2,01 2,001 2,0001 𝒈(𝒕) 18 16,4 16,04 16,004 16,0004 Analogamente, se tomarmos uma sequência de valores de 𝑡 se aproximando de 2 pela esquerda, obtemos: 𝒕 1,5 1,9 1,99 1,999 1,9999 𝒈(𝒕) 14 15,6 15,96 15,996 15,9996 Observe que 𝑔(𝑡) se aproxima do número 16 quando 𝑡 se aproxima de 2 – dessa vez pelo lado esquerdo. Em outras palavras, quando t se aproxima de 2 de qualquer lado, 𝑔(𝑡) se aproxima de 16. Nessa situação, dizemos que o limite de 𝒈(𝒕) quando 𝒕 se aproxima de 2 é 16, e escrevemos lim 𝑡→2 𝑔(𝑡) = lim 𝑡→2 4(𝑡2 − 4) 𝑡 − 2 = 16 O gráfico da função 𝑔 confirma esta observação. Gráfico1 Observe que o ponto 𝑡 = 2 não pertence ao domínio da função 𝑔 (por esta razão, o ponto (2, 16) não aparece no gráfico de 𝑔). Isso, no entanto, é irrelevante porque o valor de 𝑔(𝑡) em 𝑡 = 2 não desempenha nenhum papel no cálculo do limite. Esse exemplo nos leva à seguinte definição informal: A função 𝑓 tem limite L quando 𝑥 se aproxima de 𝑎, o que se denota por lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝐿 Se podemos fazer o valor de 𝑓(𝑥) tão próximo do número 𝐿 quanto quisermos tomando 𝑥 suficientemente próximo (MAS NÃO IGUAL) a 𝑎. CALCULANDO O LIMITE DE UMA FUNÇÃO Consideremos agora alguns exemplos envolvendo cálculo de limites. Exemplo 1: Sendo 𝑓(𝑥) = 𝑥3, calcule lim 𝑥→2 𝑓(𝑥). Gráfico2 Exemplo 2: Seja 𝑔(𝑥) = { 𝑥 + 2, 𝑠𝑒 𝑥 ≠ 1 1, 𝑠𝑒 𝑥 = 1 . Calcule lim 𝑥→1 𝑔(𝑥). x y x y Gráfico3 Exemplo 3: Calcule o limite das seguintes funções quando x se aproxima do ponto indicado. a. 𝑓(𝑥) = { −1, 𝑠𝑒 𝑥 < 0 1, 𝑠𝑒 𝑥 > 0 ; 𝑥 = 0 b. 𝑔(𝑥) = 1 𝑥2 ; 𝑥 = 0 Gráfico4 Gráfico5 OBSERVAÇÕES: 1. Limites laterais: 2. Limites quando 𝑥 “cresce” ou “decresce” muito: Até agora, utilizamos diretamente os valores de uma função ou o gráfico da função nas proximidades de 𝑥 = 𝑎 para nos ajudar a calcular o limite da função 𝑓(𝑥) quando 𝑥 se aproxima de 𝑎. As seguintes propriedades de limites, as quais listamos sem provas, permitem- nos calcular limites de funções algebricamente. x y Propriedades de Limites Suponha que lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝐿 e lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) = 𝑀 . então, temos: 1. 𝐥𝐢𝐦 𝒙→𝒂 [𝒇(𝒙)]𝒓 = [𝐥𝐢𝐦 𝒙→𝒂 𝒇(𝒙)] 𝒓 = 𝑳𝒓 2. 𝐥𝐢𝐦 𝒙→𝒂 𝒄𝒇(𝒙) = 𝒄 𝐥𝐢𝐦 𝒙→𝒂 𝒇(𝒙) = 𝒄𝑳 3. 𝐥𝐢𝐦 𝒙→𝒂 [𝒇(𝒙) ± 𝒈(𝒙)] = 𝐥𝐢𝐦 𝒙→𝒂 𝒇(𝒙) ± 𝐥𝐢𝐦 𝒙→𝒂 𝒈(𝒙) = 𝑳 ± 𝑴 4. 𝐥𝐢𝐦 𝒙→𝒂 [𝒇(𝒙)𝒈(𝒙)] = [𝐥𝐢𝐦 𝒙→𝒂 𝒇(𝒙)] [𝐥𝐢𝐦 𝒙→𝒂 𝒈(𝒙)] = 𝑳𝑴 5. 𝐥𝐢𝐦 𝒙→𝒂 𝒇(𝒙) 𝒈(𝒙) = 𝐥𝐢𝐦 𝒙→𝒂 𝒇(𝒙) 𝐥𝐢𝐦 𝒙→𝒂 𝒈(𝒙) = 𝑳 𝑴 desde que 𝑴 ≠ 𝟎 Exemplo 4: Use as propriedades para calcular os seguintes limites: a. lim 𝑥→2 𝑥3 b. lim 𝑥→4 5𝑥 3 2⁄ c. lim 𝑥→1 (5𝑥4 − 2) d. lim 𝑥→3 2𝑥3√𝑥2 + 7 e. lim 𝑥→2 2𝑥2+1 𝑥+1 Os exemplos precendentes juntamente com as propriedades enunciadas acima servem de base para as observações que seguem. Limites de 𝒙𝒏 quando 𝒙 → +∞ ou 𝒙 → −∞ Observe os gráficos das seguintes funções: 1. 𝑦 = 𝑥 2. 𝑦 = 𝑥2 3. 𝑦 = 𝑥3 4. 𝑦 = 𝑥4 Da análise dos gráficos acima pode-se concluir que: lim 𝑥→+∞ 𝑥𝑛 = +∞, 𝑛 = 1, 2,3, … lim 𝑥→−∞ 𝑥𝑛 = { +∞, 𝑛 = 2, 4, 6, … −∞, 𝑛 = 1, 3, 5, … x yy = x x y x y x y Limites de polinômios quando 𝒙 → +∞ ou 𝒙 → −∞ Há um princípio útil sobre os polinômios que, expresso informalmente, estabelece que: Um polinômio comporta-se como o seu termo de maior grau quando 𝒙 → +∞ ou 𝒙 → −∞. Afirma-se mais precisamente, que se 𝑐𝑛 ≠ 0, então, lim 𝑥→+∞ (𝑐0 + 𝑐1𝑥 + ⋯ + 𝑐𝑛𝑥 𝑛) = lim 𝑥→+∞ 𝑐𝑛𝑥 𝑛 lim 𝑥→−∞ (𝑐0 + 𝑐1𝑥 + ⋯ + 𝑐𝑛𝑥 𝑛) = lim 𝑥→−∞ 𝑐𝑛𝑥 𝑛 Ex. ) Calcule: lim 𝑥→−∞ (7𝑥5 − 4𝑥3 + 2𝑥 − 9) lim 𝑥→−∞ (−4𝑥8 + 17𝑥3 − 5𝑥 + 1) Limites de funções racionais quando 𝒙 → 𝒂 Caso 1: Quando é possível calcular o limite de maneira “direta” Ex.) lim 𝑥→2 5𝑥3+4 𝑥−3 Caso 2: O caso da forma indeterminada 0 0⁄ Este é o caso em que haverá a presença de um FATOR COMUM!!!!!! Ex.) lim 𝑥→−4 2𝑥+8 𝑥2+𝑥−12 Caso 3: Quando o limite do denominador tende a zero, mas o do numerador não. O método utilizado no último exemplo não funciona com funções racionais emque o limite do denominador é nulo. Há dois casos a considerar: aquele em que o limite do denominador é zero e o do numerador não é zero e aquele em que ambos os limites, o do denominador e o do numerador, são iguais a zero. Se o limite do denominador é zero mas o do numerador não é, podemos provar que o limite da função racional não existe e que ocorre uma das seguintes situações: O limite poderá ser −∞. O limite poderá ser +∞. O limite poderá ser −∞ de um lado e +∞ do outro. As figuras abaixo ilustram essas três possibilidades para funções racionais da forma 1 (𝑥 − 𝑎)⁄ , 1 (𝑥 − 𝑎)2⁄ e − 1 (𝑥 − 𝑎)2⁄ . Gráfico 1 Gráfico 2 Gráfico 3 x y x y x y Ex.) Encontre a) lim 𝑥→4+ 2−𝑥 (𝑥−4)(𝑥+2) b) lim 𝑥→4− 2−𝑥 (𝑥−4)(𝑥+2) c) lim 𝑥→4 2−𝑥 (𝑥−4)(𝑥+2) Limites envolvendo radicais Ex.) Encontre lim 𝑥→1 𝑥−1 √𝑥−1 . Limites de funções definidas por partes Ex.) Seja 𝑓(𝑥) = { 1 (𝑥 + 2)⁄ , 𝑥 < −2 𝑥2 − 5, − 2 < 𝑥 ≤ 3 √𝑥 + 13, 𝑥 > 3 . Encontre: a) lim 𝑥→−2 𝑓(𝑥) b) lim 𝑥→0 𝑓(𝑥) c) lim 𝑥→3 𝑓(𝑥) Gráfico6
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