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Psicologia Jurídica - Aula 1

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Profª Ms Cecilia Santos	Apostila 01
Psicologia Jurídica
História, Ramificações e Áreas de Atuação do Psicólogo
A fonte etimológica da palavra “psicologia” comporta dois termos de origem grega: psiqué, que significa alma, mente, espírito, e logos, que significa razão, logica ou estudo. Assim, etimologicamente, podemos conceber a psicologia como “o estudo da mente”, ou seja, a psicologia pode ser tida como o ramo da ciência que estuda a mente e os fenômenos a ela associados
Psicologia – ciência que estuda os processos mentais e o comportamento humano, assim como sentimentos, atos e reações, emoções, atitudes, pensamentos, percepções, etc. Visa melhorar as relações do sujeito com o mundo, consigo próprio e com os demais. 
Direito – sistema de normas de conduta imposto por um conjunto de instituições para regular as relações e garantir a convivência social. É essencial à vida em sociedade, define obrigações entre as pessoas e busca resolver os conflitos de interesse. 
A Psicologia Jurídica consiste na aplicação de conhecimentos psicológicos às questões da área jurídica, constituindo-se na interface da Psicologia com o Direito. O psicólogo jurídico poderá atuar em diversas áreas, como Infância e Juventude, Família, Trabalho, Penal, entre outras. 
O entendimento do funcionamento psíquico de comportamentos patológicos, transtornos de personalidade e estados psíquicos anormais podem auxiliar a compreensão da conduta de indivíduos em diversas situações como julgamento, evento criminoso e testemunhos.
MESSA, Alcione Aparecida. Resumão Jurídico 47 – Psicologia Jurídica. São Paulo: Barros, Fischer & Associados. 1ª edição – Fevereiro 2012.
Interface: Psicologia e Direito
A Psicologia tem como objeto de estudo a subjetividade, a flexibilidade de pensamentos, em que estuda o comportamento, as emoções, a personalidade, e o Direito verifica se o comportamento do indivíduo é compatível ou não com as regras impostas pela lei, então a Psicologia busca a compreensão do comportamento humano, contextualizando-o, e o Direito busca regular e prever determinados tipos de comportamentos, e fazer cumprir as leis que regulam a convivência social. 
Temos que: Psicologia = compreensão do comportamento humano.
Direito = conjunto de regras que busca regular esse comportamento.
Levam à
As dificuldades humanas, inerentes ao convívio dos homens de uma dada sociedade.
Criação de um sistema de leis que regem esse convívio e facilite a resolução dos conflitos
Para tentar lidar com
Figura 1
A Psicologia e o Direito se diferem quanto ao objeto formal, a Psicologia volta-se ao mundo do ser, enquanto o Direito se volta para o mundo do dever ser. Pode-se dizer que a Psicologia se ocupa das leis internas do ser humano, enquanto que o Direito impõe leis externas (sociais) criadas pelos homens. A intersecção entre esses dois saberes se mostra inevitável, uma vez que os planos do ser e do dever ser não são elementos independentes, se justapõem e se entrelaçam de maneira inextrincável em que um não pode ser compreendido sem o outro.
A Psicologia Jurídica, nesse contexto, surge como um ramo específico da Psicologia que estuda as relações do homem com as leis e as instituições jurídicas. Trata-se, portanto de uma relação de mão dupla, pois o comportamento humano influencia o Direito e este influencia o comportamento humano (Figura 1 e 2). Profissionais de Psicologia e Direito compartilham o fato de trabalharem com o homem sob diferentes perspectivas, mas o seu objeto de intervenção tem aspectos comuns.
Figura 2Ciências humanas
Lidam com área de conflito 
Criam/pensam estratégias para lidar com os conflitos
Para Martins de Agra (1986 apud Trindade, 2014 pg. 30): 
A relação entre psicologia e direito parece ser verdadeiramente uma questão de justiça. Psicologia e direito necessariamente têm de relacionar-se porque tratam da conduta humana. O comportamento humano é um objeto de estudo, que pode ser apropriado por vários saberes simultaneamente, em diferentes perspectivas, sem esgotar epistemologicamente, diversas ciências podem compartir o mesmo objeto material imediato, pois, do ponto de vista finalístico, todos os saberes são obrigatoriamente convergentes na pessoa humana, afinal, o objeto último de toda ciência é diminuir o sofrimento humano”. 
Psicologia Jurídica
A Psicologia Jurídica consiste na aplicação de conceitos psicológicos às questões da área jurídica, constituindo-se na interface da Psicologia com o Direito. O psicólogo jurídico poderá atuar em diversas áreas, como Infância e Juventude, Família, Trabalho, Penal, entre outros. O entendimento do funcionamento psíquico, de comportamentos patológicos, transtornos de personalidade e estados psíquicos anormais, podendo auxiliar a compreensão da conduta de indivíduos em diversas situações como julgamentos, evento criminoso e testemunhos. 
A Psicologia Jurídica é uma área específica da Psicologia que surge da inter-relação com o Direito, tanto no âmbito teórico quanto no prático. Nesse encontro interdisciplinar, Souza (1998, p.6) afirma: 
“(…) que a Psicologia vem por um lado, procurando compreender o comportamento humano, e o Direito, por outro, possuindo um conjunto de preocupações sobre como regular e prever determinados tipos de comportamentos, com o objetivo de estabelecer um contrato social de convivência comunitária”.
É importante ressaltar que, no início, a Psicologia Jurídica surge na tentativa de classificar e controlar os indivíduos. A principal função dos psicólogos jurídicos era a formulação de laudos periciais calcados na realização de diagnóstico e no emprego de testes psicológicos, que auxiliavam a instituição judiciária na tomada de decisão.
Com o passar do tempo e o desenvolver da prática, os profissionais passaram a repensar o modelo de atuação psicológica buscando uma nova forma de intervenção, tendo como principal preocupação o resgate da cidadania e a promoção de bem-estar, conforme Gonzaga (2002, p.66) afirma:
“Sua principal função seria promover o bem-estar e a saúde mental dos indivíduos, o que é de competência dos profissionais psicólogos agentes modificadores de estrutura social, que podem e deve interferir para que haja uma estrutura social mais dinâmica, reflexiva e humanizadora”.
A psicologia inicialmente era identificada como uma prática voltada para a realização de exames e avaliações, buscando identificações por meio de diagnósticos. Na Alemanha, na primeira metade do século XX, psicólogos desenvolvem aprofundam sobre o que denominaram de Psicologia do Testemunho: estudos acerca dos sistemas de interrogatório, os fatos delitivos, a detecção de falsos testemunhos, as amnésias simuladas e os testemunhos de crianças. 
Origem e evolução da Psicologia: o viés da Psicologia Jurídica
As raízes da psicologia no ocidente podem ser encontradas nos grandes filósofos da Grécia antiga. Os mais famosos entre eles, Sócrates, Platão e Aristóteles, fizeram perguntas fundamentais sobre a vida mental, procurando explicações, questionando‐se acerca do que viria a ser a consciência, se as pessoas seriam intrinsecamente racionais ou irracionais, a real existência do chamado livre-arbítrio, dentre outras. Essas perguntas tratam da natureza da mente e dos processos mentais e configuram, até́ hoje, elementos fundamentais para várias perspectivas teóricas em psicologia. Sócrates (469 ‐399 a.C.), por exemplo, postulava que a principal característica humana era a razão. Ao definir a razão como peculiaridade do homem, ele abriu um caminho que viria a ser bastante explorado pela psicologia: as teorias acerca da consciência. Platão (427‐347 a.C.), discípulo de Sócrates, concebeu a ideia da separação entre alma e corpo, sendo que a razão se localizaria na cabeça. Já́ Aristóteles (384‐322 a.C.), discípulo de Platão, defendia ideia oposta a de seu preceptor: para ele alma e corpo não podem ser dissociados. Aristóteles estudou e sistematizou as diferenças entre razão, percepção e sensação em sua obra Da anima, consideradoo primeiro tratado em Psicologia (BOCK et al., 2009).
Hipócrates (460‐370 a.C.), considerado o “pai da medicina”, tinha profundo interesse pela fisiologia. A fisiologia é parte da medicina que estuda, em linhas gerais, as funções e o funcionamento normal do organismo vivo. Hipócrates fez muitas observações importantes sobre a forma como o cérebro controla diversos órgãos do corpo. Essas observações abriram caminho para o que se tornou, posteriormente, a perspectiva biológica na psicologia.[1: PINHEIRO, Carla. Coleção Direito Vivo: Psicologia Jurídica. 3ª. Tiragem. São Paulo: Saraiva – 2015 – pag. 23]
O surgimento da psicologia como ciência
O surgimento da psicologia como ciência se deu em laboratório, em meio a experimentações envolvendo o funcionamento mental dito “normal”. No entanto, a preocupação com o funcionamento mental “anormal” assumiu importância para a psicologia já́ no seu início como ciência, ou seja, no final do século XIX e início do século XX.
Até meados do século XIX, fase chamada pré‐científica da psicologia, não havia qualquer forma de assistência especifica aos doentes mentais. Os chamados “loucos” moravam nas ruas ou eram encarcerados em prisões como os presos comuns ou em celas especiais das Santas Casas de Misericórdia. Existem obras de arte que prestam testemunho a esses fatos. Na arte flamenca do século XVI temos, nas telas de Bosh, a “nau dos loucos” e a “extração da pedra da loucura”, exemplos de como os chamados “loucos” eram tratados: os loucos eram colocados em uma nau ou barco para navegarem a esmo. Ou acreditava‐ ‐se que seria possível extrair a loucura e devolver a sanidade aos insanos através de uma operação na cabeça. Também na literatura encontramos várias referências à loucura, como a obra “Elogio da Loucura” de Erasmo de Rotterdam.[2: Ibidem, pag. 25]
Psicologia Jurídica – Aspectos Históricos
A origem histórica da psicologia jurídica está atrelada à medicina, mais precisamente à psiquiatria. Assim sendo, temos que seus primórdios também se alicerçam na Idade Antiga, tal como ocorre com a psicologia, como gênero. Hipócrates, considerado o pai da medicina – 460 a 370 a.C. –, estabeleceu a primeira classificação noológica (classificação de doenças na medicina) das chamadas doenças mentais. Ele detalhou o quadro clínico que definiu como melancolia, hoje entendida como depressão. Descreveu, ainda, quadros como o de delírio, as psicoses puerperais, as fobias e a histeria, dentre outras. Doenças até hoje reconhecidas pela psiquiatria e psicologia jurídica e utilizadas como parâmetro para se medir a imputabilidade do sujeito.
Na Idade Média, com o apogeu do cristianismo, as chamadas doenças mentais voltaram a ser atreladas a fatores sobrenaturais: decorriam de uma espécie de ordem divina – quando se tratava dos chamados “loucos mansos” – ou era fruto das artimanhas do demônio – no caso das chamadas bruxas e dos “loucos incontroláveis”. A “contenção” dessa segunda espécie de “loucos” era feita ora pela igreja – com base na “santa inquisição” – ora pela ordem aristocrática – sob fundamento da manutenção da ordem pública e da justiça real, com o encarceramento em prisões, juntamente com os chamados presos comuns.
 Com a passagem da Idade Média, e da visão de mundo segundo a qual Deus e o sobrenatural determinavam as doenças para a Idade Moderna, a verdade da ciência se instalou e com ela as influências biológicas na determinação dos modelos de comportamento humano. Daí́ o surgimento da relação entre psicologia jurídica e psiquiatria, sendo esta a fonte da fundamentação biológica da psicologia jurídica.
A psiquiatria nasceu em 1793 com o médico francês Philippe Pinel e inspirou, principalmente, a psicologia clínica e a psicopatologia, pelo fato de lidarem com o mesmo objeto: as doenças mentais. Muito das teorias psicológicas ligadas às doenças mentais baseou‐se em conceitos próprios da psiquiatria. E isso se deve ao fato de que a psiquiatria, como disciplina da medicina, surgiu muito antes da psicologia. 
Na abordagem psiquiátrica dos fenômenos mentais, temos como figuras de destaque Francis Galton que, ao defender a conceituação frenológica, afirmava que o caráter e as funções intelectuais estavam relacionados ao tamanho do crânio. Assim sendo, crânios grandes, pequenos ou deformados explicariam comportamentos considerados socialmente inadequados. Frenologia é a doutrina segundo a qual cada faculdade mental se localiza em uma parte do córtex cerebral, sendo que o tamanho de cada parte é diretamente proporcional ao desenvolvimento da faculdade correspondente. Esse tamanho é indicado pela configuração externa do crânio (Houaiss, 2001).
Também a “antropologia criminal”, do médico italiano Césare Lombroso (Carrara, 1998), defendia que a criminalidade era um fenômeno hereditário: seria possível identificar um indivíduo criminoso pelas suas características físicas.
O médico psiquiatra francês Esquirol, na tentativa de compreender a causa determinante dos comportamentos chamados anormais, tais como a loucura, a perversidade, a maldade dentre outros, criou a chamada concepção “médico‐moral”. De acordo com essa concepção, a loucura individual estaria ligada a uma degeneração racial. Assim sendo, a causa de determinados comportamentos se originava em uma degenerescência que gerava distúrbios morais. Os portadores de referidas degenerescências eram chamados de “loucos morais”.
O que essas concepções queriam demonstrar era, em síntese, que o comportamento criminoso nada mais seria do que uma expressão do comportamento do doente mental. Dessa forma, a interface psiquiatria e direito surgiu da necessidade de compreender o indivíduo quanto a sua autonomia, sua capacidade de entendimento e de se autodeterminar, ou seja, de se responsabilizar por seus próprios atos. A autodeterminação, no sentido atribuído no presente texto, refere‐se à capacidade de controle dos impulsos e desejos.
A psicologia e a psiquiatria são áreas que tratam, sob enfoques e fundamentos diversos, fenômenos de uma mesma natureza. Sendo que é inquestionável o fato de que, apesar das fronteiras, existam interseções entre as duas disciplinas, do ponto de vista do objeto de estudo: as doenças mentais são o principal foco de estudo da psiquiatria e um dos núcleos de estudo da psicologia, ao lado do estudo do funcionamento mental dito saudável.
No século XIX, a psiquiatria tinha, dentre outras funções, a de abordar as questões sociais e sobre elas exercer controle, tendo em vista o estabelecimento da ordem no espaço urbano. Este era palco de conflitos, sendo necessária a eliminação da chamada desordem, por meio da identificação e controle dos “elementos desordeiros”. Nessa seara surge a necessidade do controle e combate ao alcoolismo, jogo, prostituição e crime utilizando‐se como recurso os conhecimentos em psiquiatria. Esta disciplina, por sua vez, procurou articular doença mental e criminalidade com base, principalmente, na “teoria da degenerescência”. Com base nessa teoria, temos que o direito positivo procurava enfocar o crime sob o prisma da determinação individual e não social. Nessa seara insere‐se a psicologia jurídica, como instrumento da individualização ou aferição da influência da subjetividade na prática do ato criminoso e de sua interpretação. Subjetividade, aqui, refere‐se ao “(...) mundo de ideias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais” (Bock et al., 2005, p. 22‐23).
Mas a psicologia, como ciência, foi além do seu objeto comum com a psiquiatria, já que investigou não só́ os fenômenos que influenciam o surgimento das doenças mentais, como também passou a se ocupar dos processos mentais ditos normais, constitutivos de todos os seres humanos. Alicerçou seus conhecimentos, dessa forma, para além dos limites da psiquiatria. Daí podermos afirmar que a psicologia travou um elo entre os antigos questionamentosdos filósofos gregos acerca do comportamento humano e as hipóteses da biologia sobre os mesmos fenômenos. Podemos, dessa forma, situar a psicologia e a psicologia jurídica em uma espécie de divisa entre a filosofia e a biologia.
Assim sendo, a psicologia jurídica que surgiu atrelada à psiquiatria estendeu sua teoria e sua prática para além do seu foco de origem, ou seja, para além do estudo da loucura. Partindo da avaliação das chamadas condutas ditas anormais, ela alcançou o estudo das condutas ditas normais. É especialmente a partir dessa segunda abrangência que podemos situar os demais ramos do direito na seara da psicologia jurídica: a psicologia ligada ao direito civil, ao direito do trabalho, ao direito administrativo, ao direito da criança e do adolescente etc.
Na atualidade, vislumbramos novas abordagens em psicologia no que diz respeito a esse “novo” objeto – as condutas ditas normais –, que vem sendo muito valorizado na atualidade. Como exemplo desse novo enfoque, podemos situar a psicologia do testemunho, pelas quais se investiga a fidedignidade do relato do sujeito no processo em audiência forense; os mecanismos autocompositivos, como a conciliação, a arbitragem e a mediação e a relação do magistrado com os meios de comunicação como, por exemplo, as atitudes cabíveis ao magistrado diante do assédio da mídia em um processo de grande repercussão social.
A relação entre a psicologia e a justiça: uma visão histórica
A Psicologia surge ... 
...no cenário das ciências que auxiliam a justiça em 1868, com a publicação do livro Psychologie Naturelle (Prosper Despine - fundador da Psicologia Criminal), apresentando estudos de casos dos grandes criminosos. Despine concluiu que o delinquente, com exceção de poucos casos, não apresenta enfermidade física e nem mental. As anomalias apresentadas pelos delinquentes são suas tendências e seu comportamento moral e não afetam sua capacidade intelectual. O delinquente age com frequência, motivado por tendências nocivas, como o ódio, a vingança, a avareza, a aversão ao trabalho, entre outras. O delinquente possui uma deficiência ou carece em absoluto de verdadeiro interesse por si mesmo, de simpatia para com seus semelhantes, de consciência moral e de sentimento de dever. Não é prudente, nem simpático e nem é capaz de arrependimento. 
Em 1875... 
... a criminologia visa o estudo da relação entre o crime e o criminoso, tendo como campo de pesquisa “as causas (fatores determinantes) da criminalidade, bem como a personalidade e a conduta do delinquente e a maneira de ressocializá-lo”. O crime passa a ser visto como um problema que não é apenas “do criminoso, mas também, do juiz, do advogado, do psiquiatra, do psicólogo e do sociólogo”. 
Atualmente: Não se concebe, no processo penal, que se omitam os conhecimentos científicos da Psicologia, no sentido de se obter maior perfeição no julgamento de cada caso em particular. (...) 
O delinquente... Segundo alguns pesquisadores
Bonger, 1943 “...não existe uma tipologia psicológica específica do delinquente. O que diferencia o delinquente das demais pessoas é uma deficiência moral associada a uma exagerada tendência materialista.
Lombroso “...é insensível, valente (e às vezes, covarde), inconstante, presunçoso, cruel e se caracteriza por uma tendência a entregar-se à bebida, ao jogo e às mulheres”. 
Marro “caracteriza-se principalmente por um defeito em sua capacidade de refletir e de impressionar as pessoas”.
Kurella destaca os seguintes traços no delinquente: parasitismo, tendência a mentir, falta de sentimento de honra, falta de piedade, crueldade, presunção e veemente ânsia de prazeres.
Baer fez significativas observações sobre a importância da influência que o meio ambiente exerce sobre as tendências psíquicas de uma pessoa. “O delinquente representa um caso extremo das características psíquicas que mais abundam na classe social de onde ele procede”. 
Laurent “O delinquente é um indivíduo de inteligência inferior à média, descuidado, de pouca simpatia, preguiçoso, presunçoso e pobre de vontade”. 
Em 1950, Mira Y Lopez utiliza o termo Psicologia Jurídica ao publicar o Manual de Psicologia Jurídica, onde aborda o papel da Psicologia no campo do Direito e oferece conhecimentos sobre o comportamento humano que possam auxiliar os juristas em suas decisões.
“Melhor do que procurar rotular ou classificar ‘tipos criminosos’ seria procurar estabelecer possíveis relações entre uma condição humana, em um determinado contexto, com a prática de ilicitudes” (Cohen 1996). E é exatamente esta relação o ponto central de investigação da Psicologia Jurídica. 
Uma breve história da psicologia jurídica no Brasil
De acordo com Antônio de Pádua Serafim (2007), o Brasil seguiu o destino da história mundial, no sentido de que a psicologia jurídica surge pela mão da prática forense.
Em 1814 foi publicada a primeira matéria sobre medicina legal e, em 1835, durante o império, foi promulgada a Lei de 4 de julho, segundo a qual os menores de 14 anos e os alienados – doentes mentais graves, na época – tornavam‐se inimputáveis..
Da perspectiva histórica, duas obras inauguraram a prática forense no Brasil: em 1884, As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil, de autoria de Nina Rodrigues e Menores e loucos, de Tobias Barreto.
Os manicômios judiciários, criados para o tratamento de “doentes mentais criminosos”, surgiram no início do século XX. No entanto, o tratamento dado aos pacientes dos manicômios judiciários era médico e não psicológico.
Somente em 1945 surgiu a primeira obra relacionando psicologia e justiça. Foi o texto de Altavilla, intitulado O processo psicológico e a verdade jurídica. O perfil psicológico dos personagens envolvidos no embate judicial.
Nove anos depois, Napoleão Teixeira inseriu a psicanálise na prática forense, ao apontar os possíveis fatores inconscientes que levam o indivíduo a praticar um “ato infracional”. Com base em fundamentação psicanalítica, o referido autor analisou temas jurídicos importantes, geradores de polemicas como testemunho e confissão falsos, as simulações, dentre outros.
O primeiro Manual de Psicologia Jurídica, de Myra e Lopes, foi lançado em meados do século XX, servindo de fonte de estudo da psicologia até os dias de hoje.
Ainda de acordo com A. de P. Serafim (2007), até a década de 1960, quando a profissão de psicólogo foi formalmente reconhecida no Brasil, a prática forense envolvia, principalmente, a realização de perícia era uma prática médica. A contribuição do psicólogo se restringia à coleta de dados objetivos sobre o periciado, com os testes de QI – psicometria do coeficiente de inteligência –, acerca da averiguação da idade mental e o exame de personalidade.
Entre os anos de 1960 a 1980, a atuação do psicólogo na área jurídica envolvia os processos vinculados ao então chamado Juizado de Menores, como a adoção, o abandono e as ilegalidades cometidas contra crianças e adolescentes. Até então, os psicólogos exerciam mais o papel de orientadores do que o de peritos, propriamente ditos.
Mesmo com a profissão consolidada na década de 1980 e o ingresso de psicólogos em instituições por todo o Brasil, como o Instituto de Medicina Legal, os mesmos não atuavam com independência, mas como meros coadjuvantes ou subsidiários da ação médica.
Com o diagnóstico dos problemas mentais, baseado em diversas linhas teóricas em psicologia, tais como a psicanálise, o behaviorismo, o cognitivismo e as neurociências, a psicologia alcançou uma posição mais definida dentro do contexto jurídico. Também os chamados “testes psicológicos”, principal instrumento de diagnóstico objetivo em psicologia, começaram a ser utilizados no final do século XIX e se consolidaram como instrumento formal no âmbito jurídico no século XX.
Na atualidade, o papel do psicólogo vem crescendo, alcançando maior importância e reconhecimento, no contexto jurídico brasileiro. Além da responsabilidade pela avaliação psicológica – o psicodiagnóstico forense –, compete ao psicólogo a terapêuticadas vítimas e agressores, dentre outras funções.
Psicologia Jurídica no Brasil
No Brasil, os primeiros psicólogos a atuarem junto à justiça encontraram nas varas de família, criminais e da infância e juventude, demandas amparadas no modelo pericial. Mas, estes profissionais logo perceberam a necessidade de implementação de outras formas de atuação que considerassem a cidadania, os direitos humanos e a saúde dos indivíduos envolvidos com a justiça. Com as transformações que acompanham a Pós-Modernidade, encontra-se no final do século XX e início deste século, panorama no âmbito jurídico caracterizado por alto índice de criminalidade, aumento de crianças em situação de risco e de adolescentes com prática infracional, dificuldades nos processos de adoção, além das constantes dissoluções e reconstruções de vínculos familiares. Todas estas situações implicam em atuações do poder judiciário, no qual certamente não está só envolvido um ser de direito, mas também um ser psicológico.[3: Série técnica: caderno de psicologia jurídica / Lidiane Doetzer Roehrig ... [et al.]. – Curitiba: Unificado, 2007. ]
No Brasil, a Psicologia Jurídica está presente em quase todas as áreas de atuação. Todavia, Leal 2008, destaca que há uma grande concentração de psicólogos jurídicos atuando na Psicologia penitenciária e nas questões relacionadas à família, à infância e à juventude, enquanto que na Psicologia do testemunho, na Psicologia policial e militar, na Psicologia e o Direito Civil, na proteção de testemunhas, na Psicologia e o atendimento aos juízes e promotores, na Psicologia e os Direitos Humanos e na autópsia psíquica há uma carência muito grande de psicólogos jurídicos. 
Na cooperação destas duas ciências (Psicologia e Direito), vemos que é preciso entender todo um conjunto de fatores comportamentais, sociais, individuais e analisar os aspectos legais, para então ser classificada e julgada, uma determinada conduta, pelo aparelho jurídico. 
Depois de diagnosticada uma situação entre as partes da lide e notando que alguns aspectos fogem ao círculo do Direito, mas que estão ao alcance da Psicologia, imediatamente, esta será aplicada, vindo a atuar.
Na Psicologia Jurídica há uma predominância das atividades de confecções de laudos, pareceres e relatórios, pressupondo-se que compete à Psicologia uma atividade de cunho avaliativo e de subsídio aos magistrados. Cabe ressaltar que o psicólogo, ao concluir o processo da avaliação, pode recomendar soluções para os conflitos apresentados, mas jamais determinar os procedimentos jurídicos que deverão ser tomados. Ao juiz cabe a decisão judicial; não compete ao psicólogo incumbir-se desta tarefa. É preciso deixar clara esta distinção, reforçando a ideia de que o psicólogo não decide, apenas conclui a partir dos dados levantados mediante a avaliação e pode, assim, sugerir e/ou indicar possibilidades de solução da questão apresentada pelo litígio judicial.
RAMIFICAÇÕES E ÁREAS DE ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA JURÍDICA
Conceitualmente, a Psicologia Jurídica corresponde a toda aplicação do saber psicológico às questões relacionadas ao saber do Direito. A Psicologia Criminal, a Psicologia Forense e, por conseguinte, a Psicologia Judiciária estão nela contidas. Toda e qualquer prática da Psicologia relacionada às práticas jurídicas podem ser nomeadas como Psicologia Jurídica. 
A Psicologia Jurídica surge ... 
... no contexto, em que o psicólogo coloca seus conhecimentos à disposição do juiz (que irá exercer a função julgadora), assessorando-o em aspectos relevantes para determinadas ações judiciais, trazendo aos autos uma realidade psicológica dos agentes envolvidos que ultrapassa a literalidade da lei, e que de outra forma não chegaria ao conhecimento do julgador por se tratar de um trabalho que vai além da mera exposição dos fatos; trata-se de uma análise aprofundada do contexto em que essas pessoas que acorreram ao Judiciário (agentes) estão inseridas. Essa análise inclui aspectos conscientes e inconscientes, verbais e não-verbais, autênticos e não-autênticos, individualizados e grupais, que mobilizam os indivíduos às condutas humanas (Silva 2007). 
A Psicologia Forense ...
... se refere à aplicação da psicologia ao sistema legal. Contudo, muitos se referem a esse campo mais amplo como psicologia e a lei ou estudos psicolegais, enquanto especificam que a psicologia forense está focada na aplicação da psicologia clínica ao sistema legal (p. ex., Huss, 2001a). [4: HUSS, Matthew T. Psicologia Forense: Pesquisa, Pratica Clinica e Aplicações. São Paulo: Artmed, 2011:20]
A Psicologia Forense possui uma atividade exclusivamente pericial e tem como objetivo o esclarecimento de dúvidas situadas no campo psicológico, dúvidas estas que precisam ser esclarecidas perante o Sistema de Justiça Criminal, compreendido pelos juízes, promotores e até mesmo autoridades policiais (delegado de polícia) antes uma necessária tomada de decisão.
Erroneamente, no Brasil se considera a Psicologia Jurídica como sinônimo de Psicologia Forense e esta confusão foi consolidada quando o Conselho Federal de Psicologia reconheceu apenas a especialidade de Psicologia Jurídica.
A diferença principal entre a Psicologia Forense e a Psicologia Jurídica está no momento de atuação. Os trabalhos realizados pelos psicólogos forenses são, via de regra, realizados ainda na fase de instrução do processo criminal, portanto, a situação jurídica do investigado ainda não está definida e os trabalhos forenses (perícia) têm como objetivo a produção de prova. 
Já os Psicólogos Jurídicos, embora também possuam atividades periciais, sua atuação é essencialmente na fase pós-processual. Assim, os Psicólogos Forenses atuam em atividades periciais tais como: perfil psicológico de provável criminoso, avaliação de testemunho e credibilidade, constatação de danos psíquicos entre outros.
Prof.ª Ms. Cecilia Santos	Apostila 01
A Psicologia Criminal...
... é um subconjunto da Psicologia Forense e, segundo Bruno (1967), estuda as condições psíquicas do criminoso e o modo pelo qual nele se origina e se processa a ação criminosa. Seu campo de atuação abrange a Psicologia do delinquente, a Psicologia do delito e a Psicologia das testemunhas. 
A Psicologia Criminal é importante para: 1. Os profissionais de Direito Penal; 2. Polícia; 3. Promotores e juízes; 4. Todas as pessoas que trabalham em presídios e manicômios
A Psicologia Judiciária... 
... também é um subconjunto da Psicologia Forense e corresponde a toda prática psicológica realizada a mando e a serviço da justiça. É aqui que se exerce a função pericial. A Psicologia Judiciária está contida na Psicologia Forense, que está contida na Psicologia Jurídica. A Psicologia Judiciária corresponde à prática profissional do psicólogo judiciário, sendo que toda ela ocorre sob imediata subordinação à autoridade judiciária. 
A Psicologia Jurídica abrange as seguintes áreas de atuação
Psicologia Jurídica e as Questões da Infância e Juventude (adoção, conselho tutelar, criança e adolescente em situação de risco, intervenção junto a crianças abrigadas, infração e medidas socioeducativas); 
Psicologia Jurídica e o Direito de Família (separação, paternidade, disputa de guarda, acompanhamento de visitas); 
Psicologia Jurídica e Direito Civil (interdições, indenizações, dano psíquico); 
Psicologia Jurídica do Trabalho (acidente de trabalho, indenizações, dano psíquico); 
Psicologia Jurídica e o Direito Penal (perícia, insanidade mental e crime, delinquência); 
Psicologia Judicial ou do Testemunho (estudo do testemunho, falsas memórias);
Psicologia Penitenciária (penas alternativas, intervenção junto ao recluso, egressos, trabalho com agentes de segurança); 
Psicologia Policial e das Forças Armadas (seleção e formação da polícia civil e militar, atendimento psicológico); 
Mediação (mediador nas questões de Direito de Família e Penal); 
Psicologia Jurídica e Direitos Humanos (defesa e promoção dos Direitos Humanos); 
Proteção a Testemunhas (existem no Brasil programasde Apoio e Proteção a Testemunhas); 
Formação e Atendimento aos Juízes e Promotores (avaliação psicológica na seleção de juízes e promotores, consultoria e atendimento psicológico aos juízes e promotores); 
Vitimologia (violência doméstica, atendimento a vítimas de violência e seus familiares); e 
Prof.ª Ms. Cecilia Santos	Apostila 01
Autópsia Psicológica (avaliação de características psicológicas mediante informações de terceiro
Referências
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Profª Ms Cecilia Santos	Apostila 01
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Assista o documentário: CRP SP - Entre o direito e a Lei: uma História da Psicologia Jurídica em São Paulo disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=_xGg57hdO5E&t=27s
CRP06 - História e memória da Psicologia em SP - Entre o direito e lei
https://www.youtube.com/watch?v=LLmgJKGWjLs 
Segundo Gierowski, o desenvolvimento da psiquiatria e da psicologia contribuiu de forma intensa para que os órgãos da justiça, como o Ministério Público, Tribunais de Justiça, por exemplo, se utilizem de conhecimentos especializados no tocante aos processos que regem a vida humana e a saúde psíquica.
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A tentativa da compreensão da causa determinante dos comportamentos de perversidade, loucura, maldade ou crueldade, produziu também a chamada concepção médico-moral, tendo como principal defensor Esquirol. Essas concepções correlacionaram a loucura individual a uma degeneração racial, com esta degenerescência, o fator causalidade de determinados comportamentos era atribuído aos distúrbios morais ou loucos morais.
A essência do resgate histórico deste contexto se fundamenta pela evolutiva preocupação de filósofos, médicos, psicólogos e juristas em diferenciar as características funcionais de comportamentais do doente mental e da sua possível correlação com os comportamentos criminosos ou violentos.
As primeiras notificações da prática da avaliação médico-legal são atribuídas aos hebreus, os quais já utilizavam os serviços médicos para os casos de anulação de casamento, esterilidade, impotência e homicídio.
Na Grécia Antiga recorria-se às parteiras como peritas ouvidas nas questões judiciárias. No direito romano- direito canônico dizia que a inspeção deveria ser realizada tanto pelo juiz como por peritos. Em 1370, na França, foi realizada uma perícia gráfica para se apurar uma acusação de falsificação realizada por um camareiro do rei.
Em 1532, no Código Criminal carolino, a medicina legal é inaugurada oficialmente, que obrigava, em certos casos a consulta e audiência de médicos com peritos, fato este que associa a Alemanha ao berço da medicina legal.
Na Idade Média, faziam uso dos juízos de Deus e os duelos como formas de se verificar a verdade. Na concepção do juízo de Deus tratava-se a doença mental como entidade de possessão demoníaca; dessa forma, os doentes mentais eram frutos de possessões de maus espíritos, tendo como “tratamento”, a tortura. No período da Renascença institui-se o Tribunal de Rota, no qual rezava a obrigatoriedade de ser ouvida a opinião do médico em certos assuntos.
Paul Zacchia, considerado o pai da medicina legal e o fundador da Psicopatologia forense, foi o primeiro médico que exerceu legalmente a função de opinar sobre as condições mentais de indivíduos envolvidos com a justiça. Em 1650 publicou Questiones médico-legales.
No século XIX Esquirol conseguiu sensibilizar o governo francês em relação à sorte dos doentes mentais criminosos, quando se abriu um inquérito para se apurar denúncias cometidas contra doentes mentais criminosos, mas devido a acontecimentos políticos o inquérito foi interrompido e retomado 28 anos depois por Ferrus que concluiu que não seria permitido “confundir os alienados com vagabundos e criminosos”. Em 1838 Lei de Proteção aos Alienados (não incluía os problemas relacionados aos alienados criminosos).
Na mesma época, no Brasil, o Código do Império declara que os doentes mentais que cometessem crimes não seriam julgado, a não ser que estivessem lúcidos na época do crime, mas sabe-se que isso não foi colocado em prática. 1876 em São Paulo, dois médicos elaboraram um laudo para transferência de um sentenciado que apresentava problemas mentais, por solicitação de um juiz. Em 1898 - inaugurado o Juquery (maior e mais importante hospital psiquiátrico brasileiro e da América Latina). Em 1921 no Rio de Janeiro foi inaugurado o primeiro manicômio judiciário. Em 1927 foi criado o Manicômio Judiciário em São Paulo
SERAFIM, Antônio de Pádua & SAFFI, Fabiana. Psicologia e Práticas Forenses. São Paulo: Manole, 2012. Capitulo 1 – Psicologia e Direito

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