Buscar

Psicologia Jurídica - Aula 05 - O psicólogo judiciário nos casos de adoção

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

Profª Ms. Cecilia Santos	 Apostila 05
O psicólogo judiciário nos casos de adoção
A adoção se configura em uma forma de filiação, não baseada nos vínculos consanguíneos, mas fundada nos laços afetivos, de amor, no desejo de exercer, com responsabilidade os deveres decorrentes da maternidade e da paternidade. 
A primeira vez em que a adoção surgiu na legislação brasileira foi em 1828, tendo como função solucionar os problemas dos casais os quais não poderiam ter filhos biológicos. O Código Civil de 1916 juntamente com a lei 3071/16 foi um marco importante no que se refere à prática da adoção, pois a referência ao tema da adoção aparecia de forma escassa nos textos jurídicos anteriores. Foi somente com a legislação de 1988 que a lei 6.697/79, conhecida como código de menores, teve o objetivo de tratar todos os filhos de maneira igualitária, sendo este o pressuposto legal que alicerçou o Estatuto da Criança e do Adolescente. Atualmente a lei que fala sobre a adoção no Brasil é a Lei Nacional de Adoção nº 12.010/2009. Esta lei é regida pelo Código Civil Lei nº 10.406/2002 e pelo ECA Lei nº 8.069/1990.
A adoção é a possibilidade de garantir o direito à convivência familiar após o esgotamento de todas as outras possibilidades de permanência na família de origem. 
Normalmente, os assistentes técnicos psicólogos judiciários, iniciam a intervenção com os pretendentes a adoção no próprio fórum, em cada encontro oferece orientações legislativas sobre adoção, além de esclarecimentos sobre as etapas do processo, a “preparação psicossocial”, e as informações sobre os documentos necessários para dar início ao cadastro para a habilitação de adoção.
Na avaliação de pretendentes no processo de adoção, os psicólogos utilizam as entrevistas como procedimento geral e, algumas vezes, empregam testes projetivos. As entrevistas, “comumente de quatro a seis”, devem considerar as especificidades regionais e a subjetividade ligada a cada caso, o uso de entrevistas, escuta e orientações são estratégia comuns no trabalho com pretendentes à adoção. De acordo com o Manual de Procedimento Técnicos da Infância e da Juventude TJ/SP (2007) “[...] os testes são recomendados quando utilizados enquanto complementação à coleta de dados e nunca isoladamente”. 
A observação também é uma atitude constante tanto na avaliação de pretendentes à adoção quanto em crianças a serem inseridas em uma família substituta. A oitiva é o principio fundamental nos processos de avaliação, tem o intuito de escutar e perceber aspectos psicológicos e sociais do requerente, além de avaliar as motivações para a adoção. A orientação se apresenta ainda como um procedimento: depois da escuta, geralmente surge a necessidade de encaminhamento, em alguns casos, são solicitados exames médicos, avaliação psicológica ou atestados de sanidade física e/ou mental previsto em Lei.
Muitos profissionais se servem das contribuições da Psicanálise, lidam diretamente como desejo parental, seus aspectos conscientes, afetivos, ambivalentes. O campo de reflexão sobre aquilo que contribui para uma adoção bem-sucedida parece útil, pois abre espaço para maior acuidade na consideração do que é importante na escolha do pretendente que busca o exercício parental.
É necessário conhecer os pretendentes à adoção, para identificar conceitos e preconceitos, sentimentos, expectativas, receios que fazem parte de seu universo pessoal e familiar.
É preciso ter consciência que o psicólogo que atua no processo de adoção é de extrema importância, ele é quem vai avaliar as partes envolvidas no processo e opinar no que tange a parte psíquica e relacional, se estas pessoas estão aptas, preparadas e verdadeiramente motivadas a seguirem por este caminho. Também os faz analisar o amadurecimento da parte materna e paterna, qual a real motivação e se o desejo irrevogável de ser pai ou mãe está bem resolvida entre ambos. 
O Manual de Procedimentos Técnicos da Infância e da Juventude sugere que o estudo psicológico com os pretendentes investigue:
♦Motivação para a Adoção - Dificuldades em conceber um filho biológico; - Esterilidade - Reação e Elaboração; - premissas como “meio de salvar o relacionamento conjugal”; “promessa”; - espírito altruísta - a Identificação se não há precipitação dos pretendentes e se refletiram sobre sua intenção; - a análise da estabilidade afetiva do relacionamento conjugal e a maturidade emocional dos avaliados, verificando se o ideal de adoção é compartilhado mutuamente; - observar se houve a elaboração da esterilidade e/ou luto, quando for o caso; - a pesquisa como veem a adoção, casos na família, o que imaginam sobre a família de origem da criança, o que pensam de uma criança que é colocada em lar substituto; - a aceitação dos familiares quanto ao projeto de adoção; - identificar e refletir sobre a postura, conceitos e sentimentos do casal ante a revelação da adoção; - perceber fatores considerados positivos a pretensão de adotar: reflexão, ponderação, abertura emocional e flexibilidade para receber e aceitar integralmente uma criança; - a observação de padrões rígidos de comportamento dos pretendentes; - disponibilidade para buscar orientações e ajuda externa.
A criança pretendida: idade, gênero, etnia, projetos e expectativas que possuem sobre a criança, o que imaginam sobre a história da vida da criança que adotarão e sobre a família biológica, o nome pretendido (sugere-se que o prenome seja mantido nos casos que a criança atendida se identifique com ele).
Constituição familiar: a aceitação dos familiares quanto ao projeto de adoção; membros que compõem a constelação familiar, verificar a dinâmica das relações familiares, interpessoais e papéis desempenhados. 
A - Regulamentada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, a adoção é uma das modalidades de colocação em família substituta, efetiva-se por intermédio de processo judicial e sua competência é exclusiva do Juízo da Infância e da Juventude. Ela é concebida como uma medida de exceção, pois somente ocorre quando todas as possibilidades de retorno à família de origem foram esgotadas. É necessário que os pais biológicos, em audiência, ofereçam o consentimento e, quando se tratar de genitor adolescente, é obrigatório que ele seja representado ou assistido por seus pais, tutores ou curadores. A adoção poderá ser recomendada em casos de sentença de Destituição do Poder Familiar (DPF). O adotando deve ter, no máximo, 18 anos incompletos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes. Podem adotar os maiores de 18 anos, seja qual for seu estado civil, e o adotante deve ser, no mínimo, 16 anos mais velho do que o adotando. A adoção atribui a condição de filho ao adotando, com os mesmos direitos e deveres, inclusive, sucessórios, e visa promover a inserção em um ambiente familiar de forma definitiva, com aquisição de vínculo jurídico próprio da filiação. Ela é irrevogável. Em caso de divórcio ou separação judicial não há impedimento para a Adoção, desde que haja um acordo sobre a guarda e regime de visita. Iniciado o processo de adoção, a morte de um dos adotantes não impede a adoção, caso tenha havido inequívoca manifestação de vontade do falecido.[1: ECA Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando.§ 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando.§ 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constânciado período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência§ 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência§ 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência]
B - DO CONSENTIMENTO DA ADOÇÃO 
Logo após o parto: os Setores Técnicos atendem mães que comparecem no Juízo da Infância e Juventude espontaneamente para entregar o filho. É necessário analisar as condições deste momento de decisão de entrega, que envolve situações tão sérias e angustiantes (puerpério). Os Assistentes Sociais e Psicólogos têm também por função proceder ao aconselhamento e orientação, junto ao grupo familiar no sentido da manutenção do vínculo, evitando-se a Destituição do Poder Familiar. Os profissionais devem manter uma postura acolhedora diante de qualquer decisão tomada por essa mãe, realizando inclusive encaminhamentos que possam ser necessários no sentido de viabilizar o trabalho de luto em relação ao filho que foi entregue. 
C - A SUSPENSÃO E A DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR 
Pode ser iniciado como Procedimento Verificatório, inclusive, com a participação de assistente social e/ou psicólogo. É nesse processo que o Ministério Público encontrará subsídios para fundamentar o pedido de Destituição ou Suspensão do Poder Familiar (DPF). Dessa forma, o descumprimento dos deveres inerentes ao Poder Familiar, como sustento, guarda, educação, proteção e assistência moral poderão implicar em suspensão ou destituição do poder familiar. 
Poderão ser realizados estudos sociais e psicológicos, bem como a oitiva de testemunha(s), além da produção de outras provas que se fizerem necessárias (ex: realização de exame de corpo de delito). 
C 1 - A PERÍCIA SOCIAL E A PERÍCIA PSICOLÓGICA NO PROCESSO CONTRADITÓRIO: DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR
No Processo Contraditório, poderá ou não ocorrer estudos sociais e psicológicos, dependendo de determinação judicial. Não obstante, a perícia técnica poderá ser determinada de ofício pelo Juiz ou requerida pelas partes ou Ministério Público. 
Na prática do Tribunal de Justiça de São Paulo, a perícia é realizada pelo Serviço Social e Psicologia, concomitantemente ou não. Este estudo será consubstanciado em um laudo técnico, contendo subsídios para a decisão da medida.
É necessário avaliar a situação como um todo, em seu contexto geral, não se atendo unicamente à análise do fato que está possibilitando que a medida de Destituição do Poder Familiar seja determinada. Para a realização de seu estudo, o psicólogo poderá fazer uso de entrevistas, aplicação de testes, observações lúdicas de conduta, estudo por meio de visitas domiciliares ou institucionais; aplicação de técnicas de orientação e aconselhamento.
Por vezes, alguns casos necessitam de exames complementares. Caso seja necessário, pode ser solicitado que o Juiz oficie a algum órgão especializado, público ou privado, para estas avaliações (IMESC, IML, APAE, Ambulatório de Saúde Mental do Estado). 
D - A CRIANÇA QUE SERÁ COLOCADA EM FAMÍLIA SUBSTITUTA: O TRABALHO NECESSÁRIO A SER DESENCADEADO. 
No caso de abrigamento, impõe-se a necessidade de se buscar articular um trabalho entre os profissionais da VIJ e os técnicos do abrigo, visando identificar estratégias para abordar com as crianças e adolescentes as questões referentes ao não retorno para família de origem, bem como da possibilidade de ser adotado. 
O diálogo fundado na verdade e no respeito ao papel ativo da criança/adolescente em sua história pode ser realizado pelos profissionais que convivem com ele no abrigo. Mas os assistentes sociais e psicólogos do Judiciário não podem se omitir desse preparo, tendo em vista seu papel fundamental em todo o processo da adoção.
É de fundamental importância a aproximação da realidade da criança para reconhecer sua(s) necessidade(s) a fim de cumprir a premissa de se localizar a família adequada. É clara a necessidade da intervenção técnica, por meio de entrevistas interprofissionais, visitas no abrigo, observação lúdica e aplicação de testes para conhecermos a estrutura psíquica da criança e a capacidade de reatar novos vínculos afetivos, identificando como ela vivenciou sua história de abandono e perdas, o tipo de vínculo – real ou idealizado - que estabeleceu com as figuras parentais e o quanto está disponível afetivamente para uma nova relação afetiva com seus pais adotivos. 
Os Setores Técnicos só poderão iniciar a fase efetivamente do preparo da criança ou adolescente quando o juiz encaminhar o processo com a determinação para verificar o pretendente à adoção. Concomitantemente, inicia-se o trabalho entre os profissionais da VIJ e do abrigo, visando o preparo da criança ou adolescente para sua colocação em família substituta, ao mesmo tempo, é realizado consulta no Cadastro de Pretendentes à Adoção (CPA) para reconhecer se há pessoas que atendem às necessidades da criança em questão.
A 1 - A ADOÇÃO POR MEIO DO CADASTRO DE PRETENDENTE À ADOÇÃO (CPA): APROXIMAÇÃO DA CRIANÇA E OU ADOLESCENTE, CUIDADOS TÉCNICOS PARA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA. Localizado o(s) pretendente(s) à adoção de determinada criança ou grupo de irmãos, o assistente social e/ou psicólogo deve, certificando-se do interesse e agendando entrevista nos setores, entrará em contato. Em seguida, os profissionais devem proceder a informação no processo e os passos seguintes que pretendem ser aplicados, garantindo que o juiz esteja ciente dos procedimentos técnicos adotados e, consequentemente, a lisura dos atos.
Os profissionais, no momento da entrevista com os pretendentes à adoção, devem ter clareza das necessidades e peculiaridades da criança e uma estimativa em relação à aproximação. A entrevista com os pretendentes poderá ocorrer em separado com o assistente social e psicólogo, ou conjunta. Havendo uma coerência entre pretendente e a necessidade de quem irá ser adotado, os profissionais devem orientar em relação à situação da criança, inclusive, quanto à aproximação e fornecer encaminhamento para que possam entrar na instituição, onde a criança estiver. Considera-se conveniente que a criança fique no ambiente onde ela sinta-se mais protegida, normalmente no abrigo. Os abrigos constituem-se em importantes parceiros para o sucesso da adoção de uma criança ou adolescente que exige um tempo maior para aproximar-se.
 B - A ADOÇÃO INTERNACIONAL: O TRABALHO QUE DEMANDA E A APROXIMAÇÃO 
A colocação em família substituta estrangeira só é possível mediante a adoção é medida excepcional a ser tomada apenas quando esgotadas as possibilidades de colocação em família substituta no país. A adoção internacional, não deve deixar de ser considerada na busca de garantir o direito do convívio familiar e, em alguns casos, também a forma de se preservar o vínculo entre os irmãos. Cabe observar que os pretendentes passam em seu país de origem por um extenso trabalho de orientação e preparo, inclusive, com a realização de cursos de formação com o foco nas necessidades das crianças/adolescentes e grupos de irmãos que vivenciaram a institucionalização e situações de risco precedentes ao seu abrigamento. 
Também tem sido observado à atuação dos organismos internacionais que fazem a intermediação da adoção internacional no sentido de realizarem adoções em que um mesmo grupo de irmãos é dividido em subgrupos, com o compromisso dos pais que os adotam (residentes na mesma região) de manterem os vínculos e os contatos entre os irmãos, depois de efetivada a adoção. 
Tão logo a Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (CEJAI) encaminhea resposta com as indicações, ela deve ser encaminhada ao Setor Técnico para a consulta junto ao representante dos organismos internacionais credenciados, cujo telefone de contato constará na lista, devendo ser seguida a ordem apresentada. Nesse contato é importante passar as informações quanto ao histórico e características das crianças/adolescentes, que serão repassadas aos pretendentes. Apesar do(s) requerente(s) estar(em) habilitado(s), primeiramente em seu país de origem e, em seguida pela Comissão Judiciária de Adoção Internacional, será também da competência jurisdicional do Juiz da Infância e da Juventude do domicílio da criança/adolescente deferir ou não a adoção. A Equipe Técnica, formada por Serviço Social e Psicologia, procederá um novo estudo, partindo das necessidades específicas de cada criança/adolescente para a análise do dossiê elaborado no país estrangeiro, pois o seu objetivo é avaliar se o(s) requerente(s) é(são) adequado(s) para aquela determinada criança/adolescente sobre a qual estão solicitando adoção. Os organismos credenciados para a adoção internacional devem fornecer dossiê com fotos e outras informações que facilitem o processo de preparação aos técnicos. Os setores técnicos deverão ter todas as informações referentes ao acompanhamento da criança/adolescente aos quais serão fundamentais para sua preparação para a adoção, bem como na elaboração de um dossiê sobre sua história que pode ser de grande auxílio, durante o estágio de convivência e em outros momentos do seu desenvolvimento para os adotantes e adotados Cabe sublinhar, ainda, que uma vez acolhida a sugestão do pretendente estrangeiro, deve-se dar acesso aos representantes a esse histórico do caso para que eles tenham a oportunidade de preparar o pretendente em seu país de origem, ao mesmo tempo em que as crianças/adolescentes serão preparadas pelos técnicos da Vara e profissionais do abrigo. Com relação à preparação da criança ou adolescente, entendemos que esta deve ser realizada em conjunto pelos profissionais da Vara e do Abrigo.
Quando o requerente já estiver instalado em solo brasileiro, será convocado para uma entrevista preliminar com os Assistentes Sociais e Psicólogos das Varas da Infância e da Juventude, isso antes de entrar em contato com a criança ou adolescente que vai adotar. A finalidade dessa entrevista inicial é complementar a avaliação efetivada através do dossiê e para transmitir as orientações necessárias, objetivando prepará-los para o encontro com o adotado. Nesse caso, pontuamos que o desabrigamento para início do Estágio de Convivência no Brasil se dará com a maior brevidade possível, respeitando-se o tempo da criança e movimento demonstrado para iniciar este convívio. 
O adotante e adotado(s) deverão ser acompanhados e avaliados antes e após o desabrigamento pelos setores de serviço social e psicologia, recomendando-se uma frequência no mínimo semanal, quando serão realizadas entrevistas ou outros procedimentos que se entendam necessários. No acompanhamento do estágio de convivência, utilizamos alguns procedimentos técnicos tais como: entrevistas, observação da interação das crianças/adolescentes com o(s) requerente(s), ou em grupo de irmãos. Estas técnicas podem ser aplicadas no Fórum ou no local onde os requerentes e a criança se encontram hospedadas. Sinaliza-se que os testes psicológicos não são usualmente utilizados, já que há a dificuldade do idioma e a presença do intérprete, fatores que devem ser considerados na avaliação de todo o processo.
 Decorrido o prazo mínimo do Estágio de Convivência, há a necessidade do profissional da Psicologia e do Serviço Social avaliar essa etapa, focando na identificação de aspectos positivos para o adotando (por seu comportamento, jogos, brincadeiras, reações psicossomáticas, etc.), bem como para os adotantes (tanto por seu discurso traduzido pelos representantes por meio de atitudes e comportamentos observados pelos técnicos). As análises desses dados deverão compor um relatório conclusivo do ponto de vista psicológico e social. Embora o prazo legal para o Estágio de Convivência pareça reduzido, a legislação brasileira determina que sejam remetidos às Autoridades Centrais, relatórios periódicos quanto à adaptação da família no país de origem dos adotantes por dois anos, de modo que o vínculo com os organismos internacionais ainda permanecerá, com a oferta de acompanhamento técnico (psicológico e social) especializado, o que garante um acompanhamento pós-adotivo na maioria dos casos suficiente e satisfatório.
C - ADOÇÂO INTUITU PERSONAE Intuitu personae é uma expressão latina que significa "por ânimo pessoal". Reconhece o direito do genitor em declinar sua intenção de que seu filho seja cuidado por determinada pessoa por meio da adoção. Esse ato de entrega condiciona-se exclusivamente àquela pessoa ou casal. Pode ou não ser solicitado estudo social e psicológico em relação à mãe e aos adotantes. No caso do deferimento do pedido de adoção, os profissionais devem seguir como nas demais situações de adoção, ou seja, a avaliar, orientar e proceder o acompanhamento psicossocial do estágio de convivência. 
D - ADOÇÃO UNILATERAL- sempre que possível a criança ou adolescente deverá ser previamente ouvido e a sua opinião devidamente considerada. Aqui se enquadram os requerentes que buscam a intervenção judicial para legalizar uma relação familiar já estabelecida, ou seja, uma “adoção de fato”. ECA Art 41 §1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes. Nos pedidos de adoção unilateral, sempre que possível, ouve-se o genitor biológico em vias de perder o poder familiar, a fim de investigar suas razões e o lugar ocupado pelo filho em suas representações sóciopsicológicas. 
E - ADOÇÃO POR PARENTES não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotado. Tios podem adotar, mas é preciso verificar as motivações e o significado desta decisão no núcleo familiar e na família extensa. Os assistentes sociais e psicólogos devem procurar desvelar como os vínculos foram e estão estabelecidos, que lugar a mãe biológica ocupa na vida da criança/adolescente, o desempenho de papéis na família nuclear. 
F - GRUPO DE IRMÂOS. Quando da impossibilidade de colocação em uma mesma família, existe a alternativa de serem integrados em separado. Nesse caso, recomenda-se verificar se essas famílias se mostram abertas à continuidade do contato entre os irmãos. Esgotadas essas vias, a inserção do grupo de irmãos junto a pretendentes estrangeiros.
G - ADOÇÃO TARDIA colocação em lar substituto de crianças acima de dois anos(maior dificuldade de inserção em família substituta).O acompanhamento do Estágio de Convivência pelas Seções Técnicas é fundamental. A participação em grupos de Apoio a Adoção destas famílias, tanto na preparação como no decorrer do estágio de convivência, tem se mostrado importante para a reflexão e a troca de expectativas e experiências, auxiliando na elaboração do pedido formulado e na concretização da adoção de maneira positiva. 
H - ADOÇÃO INTER-RACIAL é aquela que ocorre entre adotantes e adotados de grupos étnicos diferentes. 
Avaliação dos pretendentes à adoção – Aspectos técnicos considerados no estudo social e psicológicos
O assistente social e o psicólogo judiciário devem ter em mente que precisam buscar a imparcialidade evitando o pré-julgamento. Necessitam ter clareza do poder que a situação de avaliação e o lugar institucional lhe conferem, buscando estabelecer uma vinculação positiva com os atendidos. O clima deve ser amistoso e proporcionar um espaço que facilite as reflexões, o que gerará, provavelmente, maior disponibilidade para revelações e reais motivações.
Recomenda-se que os profissionais apurem sua escuta e a observação em relação a como os pretendentes à adoção lidam com as suas relações sócio familiar e afetivas, pois elas trarão elementos significativos para a avaliação. 
Procura-se saber sobre elesenquanto pessoas, particularmente no que se refere às suas capacidades de estabelecer relações afetivas com os outros. Há três situações que contribuem para a avaliação desta questão: a forma como eles falam de outras pessoas, a maneira como se tratam um ao outro e a forma como tratam o profissional. 
No caso de adotante sozinho (a), por exemplo, há a necessidade de se conhecer a família extensa (familiares, amigos) que poderá auxiliá-lo(a) e ser o referencial do outro sexo. Leite (1997) discute o assunto com muita propriedade, adiantando inclusive que em seus achados a família parental será uma tendência do terceiro milênio.
Diante dos aspectos apontados acima, sugere-se que o estudo psicológico contemple entre outros tópicos:1. o bom conhecimento de si próprios e das funções parentais do(s) requerente(s); e 2. a real motivação para a adoção;
ECA - Subseção IV - Da Adoção
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.
        § 1o  A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei.        
        § 2o  É vedada a adoção por procuração.       
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes.
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária.
Art. 42.  Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil.        
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando.
§ 2o  Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família.  
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando.
       § 4o  Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão.         
        § 5o  Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.  
        § 6o  A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.       
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado.
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando.
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar.  
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também necessário o seu consentimento.
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso.
        § 1o  O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo. 
        § 2o  A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência.         
        § 3o  Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias      
        § 4o  O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política de garantia do direito à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida.      
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes.
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do adotado.
        § 3o  A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência.       
        § 4o  Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões do registro.       
        § 5o  A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome.        
        § 6o  Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.        
        § 7o  A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito.       
        § 8o  O processo relativo à adoção assim como outros a ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua conservação para consulta a qualquer tempo.       
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica. 
        Art. 48.  O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos 
       Parágrafo único.  O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.        
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio poder poder familiar dos pais naturais.       
 Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.       
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 29.
        § 3o  A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.       
        § 4o  Sempre que possível e recomendável, a preparação referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em condições de serem adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da equipetécnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.       
        § 5o  Serão criados e implementados cadastros estaduais e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção.       
        § 6o  Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no § 5o deste artigo.  
        § 7o  As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema.  
        § 8o  A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no § 5o deste artigo, sob pena de responsabilidade.      
        § 9o  Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira.     
        § 10.  A adoção internacional somente será deferida se, após consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à adoção, mantido pela Justiça da Infância e da Juventude na comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional referidos no § 5o deste artigo, não for encontrado interessado com residência permanente no Brasil.       
        § 11.  Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em programa de acolhimento familiar.        
        § 12.  A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público.      
        § 13.  Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando:         
        I - se tratar de pedido de adoção unilateral;       
        II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;        
        III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.       
        § 14.  Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei.         
        Art. 51.  Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999.         
        § 1o  A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado:        
        I - que a colocação em família substituta é a solução adequada ao caso concreto;        
        II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família substituta brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no art. 50 desta Lei;        
        III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.        
        § 2o  Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro.      
        § 3o  A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional.         
        Art. 52.  A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações:        
        I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual;        
        II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir uma adoção internacional;       
        III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira;       
        IV - o relatório será instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência;       
        V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público juramentado;      
        VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida;      
        VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano;  
        VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual.       
        § 1o  Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam intermediados por organismos credenciados.         
        § 2o  Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet.        
        § 3o  Somente será admissível o credenciamento de organismos que:       
        I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando para atuar em adoção internacional no Brasil;       
        II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira;       
        III - foremqualificados por seus padrões éticos e sua formação e experiência para atuar na área de adoção internacional;       
        IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central Federal Brasileira.       
        § 4o  Os organismos credenciados deverão ainda:       
        I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira; 
        II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal competente;      
        III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira;        
        IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relatório de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia Federal;       
        V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado;       
        VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos.  
        § 5o  A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de seu credenciamento.  
        § 6o  O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá validade de 2 (dois) anos.  
        § 7o  A renovação do credenciamento poderá ser concedida mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo prazo de validade.  
        § 8o  Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do território nacional.  
        § 9o  Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado.     
        § 10.  A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das crianças e adolescentes adotados       
        § 11.  A cobrança de valores por parte dos organismos credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados, é causa de seu descredenciamento.      
        § 12.  Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na cooperação em adoção internacional.        
        § 13.  A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada.       
        § 14.  É vedado o contato direto de representantes de organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a devida autorização judicial.        
        § 15.  A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado.        
        Art. 52-A.  É vedado, sob pena de responsabilidade e descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas.    
        Parágrafo único.  Eventuais repasses somente poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente.  
        Art. 52-B.  A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil.         
        § 1o  Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.         
        § 2o  O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. 
        Art. 52-C.  Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisório.         
        § 1o  A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do adolescente.        
        § 2o  Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem.        
        Art. 52-D.  Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional.       
Avaliação dos pretendentes à adoção – Aspectos técnicos considerados no estudo social e psicológicos
 O assistente social e o psicólogo judiciário devem ter em mente que precisam buscar a imparcialidade evitando o pré-julgamento. Necessitam ter clareza do poder que a situação de avaliação e o lugar institucional lhe conferem, buscando estabelecer uma vinculação positiva com os atendidos.
O clima deve ser amistoso e proporcionar um espaço que facilite as reflexões, o que gerará – provavelmente - maior disponibilidade para revelações e reais motivações.
Recomenda-se que os profissionais apurem sua escuta e a observação em relação a como os pretendentes à adoção lidam com as suas relações sócio familiar e afetivas, pois elas trarão elementos significativos para a avaliação. 
Procura-se saber sobre eles enquanto pessoas, particularmenteno que se refere às suas capacidades de estabelecer relações afetivas com os outros. Há três situações que contribuem para a avaliação desta questão: a forma como eles falam de outras pessoas, a maneira como se tratam um ao outro e a forma como tratam o profissional. 
No caso de adotante sozinho (a), por exemplo, há a necessidade de se conhecer a família extensa (familiares, amigos) que poderá auxiliá-lo(a) e ser o referencial do outro sexo. Leite (1997) discute o assunto com muita propriedade, adiantando inclusive que em seus achados a família parental será uma tendência do terceiro milênio.
Diante dos aspectos apontados acima, sugere-se que o estudo psicológico contemple entre outros tópicos:
- o bom conhecimento de si próprios e das funções parentais do(s) requerente (s);
- a real motivação para a adoção;
Referências
Manual de Procedimentos Técnicos: Atuação dos Profissionais de Serviço Social e Psicologia - Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. 2007
http://www.tjsp.jus.br/Download/Corregedoria/pdf/manual_de_procedimentos.pdf
Os critérios e estratégias utilizados por assistentes técnicos judiciários psicólogos na avaliação de pretendentes à adoção. Dissertação de Mestrado Rosilene Ribeiro de Oliveira São Paulo, 2014 http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-01102014-160510/pt-br.php 
Ler a Lei da adoção LEI Nº 12.010, DE 3 DE AGOSTO DE 2009.
Sugestão de Leitura
OLIVEIRA, Rosilene Ribeiro de. Os critérios e estratégias utilizados por assistentes técnicos judiciários psicólogos na avaliação de pretendentes à adoção. Dissertação de Mestrado. São Paulo: 2014. 
file:///C:/Users/Proprietario/Downloads/oliveirarosilene_corrigida.pdf
A Importância da Psicologia Jurídica frente à Irrevogabilidade da Adoção - Huston Daranny Oliveira - 08/11/2013
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=12590

Outros materiais