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Tema 1 - Direito Constitucional II

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Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
______________________________________________________________________________________________ 
1 
Tema DC II – 1 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
PREÂMBULO 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado 
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e 
sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução 
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 
FEDERATIVA DO BRASIL. 
 
Decompondo o Preâmbulo para entendimento, comentários e explicações 
 
Nós representantes do povo brasileiro, 
reunidos em Assembleia Nacional Constituinte, 
para instituir um Estado Democrático de Direito, 
destinado a assegurar o exercício dos 
direitos sociais e individuais, 
a liberdade, 
a segurança, 
o bem-estar, 
o desenvolvimento, 
a igualdade e 
a justiça 
como valores supremos de uma sociedade fraterna, 
pluralista e sem preconceitos, 
fundada na harmonia social e comprometida, 
na ordem interna e internacional 
com a solução pacífica das controvérsias, 
promulgamos, 
sob a proteção de Deus, 
a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.” 
 
 
 
 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
______________________________________________________________________________________________ 
2 
 
PREÂMBULO CONSTITUCIONAL 
 
O Preâmbulo significa a “parte introdutória de uma constituição, que antecede os dispositivos 
constitucionais e reflete a posição ideológica que vigorava a época de sua elaboração”. 
 
Representa um resumo do pensamento que reinava na Assembleia Constituinte Nacional, quando 
estavam elaborando o texto constitucional e ainda considerado por outros, como uma “certidão de 
origem e legitimidade do novo texto”. 
 
 Pode-se afirmar também que o Preâmbulo é uma proclamação de princípios, diretrizes, justificativas, 
objetivos e finalidades na nova carta que está sendo colocada para o povo de um país. 
 
Representa também a proposta dos Constituintes para o povo e mostrando o surgimento de um novo 
Estado, rompendo com o ordenamento existente anteriormente. 
 
“Desta forma, verifica-se que o Preâmbulo sintetiza os fins primordiais da nova ordem implantada, 
traçando novas diretrizes políticas, filosóficas e ideológicas do Estado” (UADI, p.383) 
 
Também é dado destaque à quem fez a Constituição (Poder Constituinte), com qual autoridade 
(representantes do povo) e quais as regras e princípios que foram considerados como sendo 
primordiais em sua elaboração. 
 
O Preâmbulo integra o texto constitucional, pois foi votado em plenário, como todos os demais itens da 
Constituição. 
 
Encontramos também, nos Preâmbulos das Constituições, mensagens com importantes textos 
constitucionais de todos os tempos e lugares, variando de tamanho e de estilo. 
 
Quanto à natureza jurídica do Preâmbulo, alguns autores consideram como sendo: de irrelevância, 
outros de plena eficácia e de irrelevância jurídica indireta. Este último é predominante entre os diversos 
autores, pois integra a constituição, porém o seu conteúdo não tem a mesma eficácia da norma 
constitucional (Jorge Miranda). 
 
Observa-se que todos os princípios do Preâmbulo, são reafirmados e constantes do texto constitucional 
em seus artigos. 
 
Quanto a existência da alusão “à Deus” no Preâmbulo da Constituição de 1988, acredita-se não haver 
conflito com a afirmativa de que o Estado brasileiro seja “laico” (aquele que não tem ordem sacra). 
 
A referência “à Deus” afirma a sua existência (teísmo) sem violar a neutralidade do Estado e acredita-
se que os Constituintes invocaram a proteção divina com o intuito de fazerem o melhor texto 
constitucional para o povo brasileiro, com as condições permitidas no momento oportuno e esperavam 
que fosse bem recebido por todos os brasileiros. (Pedro Lenza p. 170) 
 
Invocar o amparo divino, significa pedir ajuda para que a Constituição Brasileira, pudesse produzir 
efeitos bons e conduzir o povo brasileiro a um futuro melhor. 
 
Após a promulgação da Carta de 1988, os Estados brasileiros reproduziram a referência ao nome de 
“Deus”, no Preâmbulo de 24 Constituições dos Estados e somente o Estado do Acre não usou a citação, 
quebrando a tradição, o que foi muito comentada. 
 
Esta ausência acabou quando a ADIn nº 2076/AC foi à julgamento e o Ministro relator Carlos Vellozo, 
julgou improcedente e concluiu que “o Preâmbulo não constitui norma central da Carta de 1988 e a 
invocação da ajuda divina não tem força normativa e seja obrigatória nas constituições estaduais” 
decisão de 15/08/2002. 
 
 
 
 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
______________________________________________________________________________________________ 
3 
A. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FUNDAMENTAIS 
 
Os Princípios Fundamentais são aqueles que contêm decisões políticas estruturais do Estado brasileiro 
e são as diretrizes imprescindíveis à configuração do Estado. 
 
Estes princípios considerados como sendo fundamentais, refletem valores abrigados pelo 
ordenamento jurídico, espelhando a ideologia do Constituinte, os postulados básicos e os fins da 
sociedade (BULOS, 284) 
 
Constituem-se em fundamentos para a organização política do Estado, relacionados as normas 
constitucionais da organização e de composição. Indicam também, a política entre o Estado e 
federação, a república ou monarquia, o presidencialismo ou parlamentarismo, o regime democrático, e 
assim por diante. 
 
Verifica-se que os princípios fundamentais: 
- Determinam a ideologia política que permeia o ordenamento jurídico. 
- Constituem o núcleo imodificável do sistema, servindo de limites para as mudanças 
constitucionais. 
- Sua superação exige um novo momento constituinte originário. 
 
 
1. DOS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (Composição do 
Estado) 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes 
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
 
Na doutrina brasileira (BASTOS, 2001), os Princípios Fundamentais são aqueles que guardam os 
valores da ordem jurídica, não objetivando regular situações específicas, mas para servir como critério 
de interpretação das! Normas constitucionais para o legislador, para o juiz e para os próprios cidadãos. 
 
Objetivam: (BULOS, 2007, p.384) 
 - garantir a unidade da Constituição; 
 - orientar a ação do intérprete, balizando a tomada de decisões, tanto de particulares quanto do 
Legislativo, Executivo e Judiciário; 
 - preservar o Estado democrático de direito. 
 
 
...REPÚBLICA: vem do Latim = res pública = coisa pública, é considerado o modo como os poderes 
se relacionam, especialmente o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. 
Verifica-se que a forma de governo adotado pelo Brasil é a República, que é o regime onde o chefe do 
Poder Executivo é escolhido ou eleito pelo povo, através de voto secreto. 
 
 
...FEDERATIVA: TAMBÉM VEM DO Latim, foederare = relativo ou permanente a uma federação. No 
entantoa federação vem da palavra foederatione = união política entre estados ou províncias que 
gozam de relativa autonomia e que são associadas sob o comando de um governo central. Isto posto, 
confirma-se a Forma do Estado adotado pelo Brasil. 
 
Nota-se também que se um Estado possui um território e este possui uma organização centrada em 
um único Poder, teremos o chamado Estado Unitário, o que não é o caso do nosso Brasil que é Estado 
Composto, formado pela Federação dos Estados. 
 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
______________________________________________________________________________________________ 
4 
Os entes políticos que integram a Federação Brasileira são: a União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios, onde temos a chamada federação em três níveis. Isto quer dizer que a União que 
centraliza todo o poder, acabou por distribuí-lo aos estados e municípios, o que torna a nossa estrutura 
diferente dos demais estados existentes no mundo. 
 
Da forma como foi originado nosso sistema federativo, a federação brasileira é marcadamente 
centralizada. As principais competências materiais e legislativas foram outorgadas constitucionalmente 
à União. 
 
Neste sentido, Celso Ribeiro Bastos, em sua clássica obra “Curso de Direito Constitucional (Saraiva, 
20ª Edição, pág. 293), chega a afirmar que “o Estado brasileiro na nova Constituição ganha níveis de 
centralização superiores à maioria dos Estados que se consideram unitários e que, pela via de uma 
descentralização por regiões ou províncias, conseguem um nível de transferência das competências 
tanto legislativas quanto de execução muito superior àquele alcançado pelo Estado brasileiro”. 
 
PRESIDENCIALISMO: considera-se o regime político em que a chefia do governo pertence ao 
Presidente da República, existindo independência e harmonia entre os três poderes. (Art. 76) 
 
O Sistema de Governo adotado pelo Brasil é o Presidencialismo, onde o presidente acumula as funções 
de Chefe de Governo, chefe de Estado e chefe da Administração Pública. É eleito pelo povo, 
diretamente ou indiretamente, por um tempo determinado e não existe a possibilidade de destituição 
pelo Parlamento, a não ser em raríssimos casos, depois de um processo de “impeachment”, como o 
acontecido com os Presidentes Collor e Dilma. 
 
...Brasil – é o nome do nosso país 
 
...formada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e Distrito Federal – impede a secessão 
(separação) sob qualquer motivo ou pretexto e qualquer tentativa deverá ser reprimida. 
 
A indissolubilidade decorre de vedação expressa do art. 1º da Constituição Federal (união indissolúvel, 
reza o texto), bem assim do art. 34, I, que confere poderes de intervenção à União para manter a 
integridade nacional. 
 
A forma federativa de Estado constitui, nos termos do art. 60, § 4º, I, da Constituição Federal, cláusula 
pétrea. Portanto, é matéria insuscetível de abolição pelo poder constituinte derivado. Significa dizer 
que o poder constituinte derivado não poderá transformar o Estado Brasileiro em um Estado Unitário. 
 
...Constitui-se em Estado Democrático de Direito – A democracia é a realização de valores da 
convivência humana, que são mais abrangentes do que o Estado de Direito, conceito este que foi 
originado da democracia liberal. 
 
Estado Democrático – é fundado no princípio da soberania popular, que determina uma participação 
efetiva do povo, nas atividades públicas, com a finalidade de garantir a realização do princípio 
democrático dos direitos da pessoa humana. 
 
 
...e tem como fundamentos: 
 
I - a soberania – é a competência que o Estado tem sobre o seu território, de poder exercer o poder 
supremo de propriedade, sobrepondo-se a todos os outros e de acordo com os parâmetros 
constitucionais. 
 
Este poder supremo é outorgado pelo seu povo, constituído em nação. Desta forma a soberania 
nacional é proveniente da soberania do povo e inclusive se manifesta fora do seu território, perante aos 
Estados internacionais, evitando interferência estrangeira, dentro de suas fronteiras. 
 
 
II – a cidadania – Os direitos políticos da cidadania, regulam a forma de intervenção do povo no 
governo. Esta intervenção é formada pelo conjunto de preceitos constitucionais que proporcionam ao 
cidadão a sua participação na vida pública do país. 
 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
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5 
A parte fundamental dos direitos políticos consiste no direito de votar e ser votado, ou seja, capacidade 
eleitoral ativa (capacidade de votar) e passiva (capacidade de ser votado). Esta participação do povo, 
acaba por determinar os parâmetros do destino do Estado, que acaba por definir a sua soberania. 
 
III – a dignidade da pessoa humana – o direito a dignidade vem expresso em diversos momentos na 
Constituição Federal, garantindo os direitos mínimos inerentes à personalidade. 
 
A dignidade é um valor espiritual e moral intrínseco ao indivíduo, assim é que, observado os limites 
legais que definem os padrões morais de uma sociedade, a toda pessoa é garantido direitos 
fundamentais capazes de possibilitar uma existência digna. E esta proteção refere-se aos demais 
indivíduos da sociedade e ao próprio Estado. 
 
Os limites da atuação individual e estatal são traçados pela própria Constituição, somente podendo 
haver limitações desses direitos em situações muito excepcionais, mas sempre em observância aos 
valores mínimos que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos. 
 
 
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa – o Constituinte considerou que a estrutura 
social e econômica do Brasil, seja fundamentada no sistema capitalista, porém não esquecendo a 
função social da propriedade (Art. 5º) e na valorização do trabalho (Art. 193). Pois é através do trabalho 
que o ser humano garante a sua subsistência e da sua família, com dignidade, além de ser um elemento 
importantíssimo para o desenvolvimento nacional. 
 
 
V – o pluralismo político - Demonstra a preocupação do legislador constituinte em garantir a ampla 
participação popular nos destinos políticos do país, garantindo liberdade de convicção filosófica e 
política, através da organização e participação de diversos partidos políticos na formação da vontade 
nacional. 
 
 
Todo poder emana do povo – significa que todo poder está concentrado nas mãos do povo, que o 
transfere aos seus representantes, eleitos por meio do voto, para exercer cargos temporários políticos, 
com a finalidade de administrar e gerenciar as atividades do Estado. 
 
Estado Democrático de Direito significa também aquele em que a sociedade organiza o governo 
segundo os princípios da democracia, garantido pelas leis superiores da Constituição, onde é 
encontrada e fundada a afirmativa: “Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”. 
 
O Brasil é uma República, com as seguintes características: 
 
 
A. Os agentes políticos (Presidente da República, Governadores, Prefeitos, Senadores, Deputados e 
Vereadores) são eleitos pelo povo. 
 
 
B. Estes agentes políticos ocupam o poder exercendo mandatos: que tem um tempo limitado 
 
SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO 
 
FORMA DE ESTADO 
 
ESTADO FEDERAL 
FORMA DE GOVERNO 
 
REPUBLICANO 
REGIME DE GOVERNO 
 
PRESIDENCIALISTA 
REGIME POLÍTICO 
 
DEMOCRÁTICO 
 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
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6 
2. DOS PODERES DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (Divisão do Poder) 
 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo 
e o Judiciário. 
 
 
DIVISÃO FUNCIONAL DO PODER (Art. 2º) 
 
Em se tratando de Constituição,pode-se afirmar que Poder é um princípio unificador da ordem jurídica. 
Portanto, sem o Poder o Estado não pode se organizar e que por sua vez, não pode existir Estado sem 
Poder. 
 
Cada Poder tem o exercício de funções que são próprios deste Poder, que são chamadas de funções 
orgânicas ou formais, além de outras funções materiais que são normais. Alguns autores consideram 
como distinção de funções típicas e atípicas de cada Poder. 
 
 
Os Poderes da União: composto pelos Poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário, representam a 
divisão funcional do Poder para limitar a capacidade de cada um, formando um sistema integrado de 
freios e contrapesos (Montesquieu) cujo objetivo é controlar o poder do Estado. 
 
A ideia da separação das funções a serem exercidas por órgãos distintos e autônomos do Estado, 
independentes entre si, aparece sistematizada por Montesquieu, em O Espírito das Leis, Capítulo VI, 
do Livro Décimo Primeiro. O importante dessa teoria não é apenas a separação das funções, mas de 
demonstrar que essa divisão possibilitaria um maior controle do poder que se encontra nas mãos do 
Estado. A ideia de um sistema de “freios e contrapesos”, onde cada órgão exerça as suas competências 
e também controle o outro, é que garantiu o sucesso da teoria de Montesquieu. (BASTOS. 159) 
 
Esses Poderes compõem o Governo da União e dos Estados-Membros. Os Municípios não possuem 
Poder Judiciário, apenas possuem os Poderes Legislativo e Executivo. 
 
Destaca-se também, o “princípio da indelegabilidade” de atribuições, sendo que nenhum Poder pode 
transferir para outro, uma função que lhe é competente. 
 
A separação dos Poderes constitui-se em cláusula pétrea conforme determina o Art. 60, § 4º, III da 
Constituição Federal. 
 
 
3. DOS OBJETIVOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (Objetivos do Estado) 
 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação. 
 
 
OBJETIVOS FUNDAMENTAIS: (Art. 3º) 
 
Os objetivos fundamentais estão descritos no Art. 3º da Constituição Federal e observa-se que nas 
democracias, o Estado existe para promover o bem comum de seu povo. Desta forma, o Estado 
como instituição, deve obrigatoriamente cumprir certos fins a ele determinados. 
 
No direito brasileiro, os objetivos são considerados como metas que visam tornar concretas, os 
propósitos assegurados em forma de princípios pela Constituição. 
 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária: 
 
O que se espera é que a Justiça possa dar a cada um o que é seu, sendo considerado como valor 
fundamental e requisito mínimo para a vida em sociedade. 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
______________________________________________________________________________________________ 
7 
Ao Estado cabe promover a igualdade humana, sem ofender a liberdade das pessoas. Essa liberdade 
deve ser utilizada com equilíbrio, moderação e até mesmo com limites. 
 
Porém, para que as injustiças sejam vencidas, é necessário que haja solidariedade com o próximo, ou 
seja, colaboração. 
 
 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
 
O desenvolvimento abrange todo tipo de aperfeiçoamento, em qualquer setor, seja social, cultural, 
tecnológico, econômico, e outros. 
 
Este desenvolvimento deve ser buscado principalmente no setor econômico, pois sem recursos 
financeiros, não se pode cogitar em desenvolvimento em outras áreas. 
 
O Constituinte de 1988, buscou uma ruptura com o modelo de concentração de riquezas e com 
tecnologia em certas regiões, procurando viabilizar o desenvolvimento do país em todas as regiões. 
 
 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
 
O Constituinte objetivou proporcionar melhores condições de vida para a população e de forma indireta, 
reduzir as desigualdades sociais, quando colocou a diretriz da erradicação da pobreza e marginalização 
e reduzir as desigualdades sociais. 
 
No entanto, essa erradicação somente será possível, no momento em que as políticas públicas se 
voltarem para as necessidades da sociedade, sejam materiais ou imateriais. 
 
Para alcançar esses objetivos, o Estado deverá utilizar mecanismos destinados a partilhar a riqueza 
entre as diversas classes sociais, assim como entre as regiões no País. 
 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer 
outras formas de discriminação. 
 
Acredita-se que na oportunidade da elaboração do texto constitucional, o Constituinte procurou difundir 
formalmente a igualdade, abolindo de vez, toda e qualquer discriminação, mas destacou na 
oportunidade, apenas alguns exemplos, possibilitando a abertura de outros mais, com o transcorrer 
dos tempos. 
 
Desta forma, observa-se que os “Objetivos Fundamentais” constituem-se em “normas de natureza 
programática”, instituídas pelo Constituinte, para serem reclamadas pelo povo e utilizadas em um 
momento oportuno futuro. 
 
 
4. DOS PRINCÍPIOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos 
seguintes princípios: 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social 
e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de 
nações. 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
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8 
PRINCÍPIOS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS (Art. 4º) 
 
Neste artigo a Constituição orienta como devem ser as relações diplomáticas do Brasil com as demais 
nações internacionais, enumerando de forma detalhada os princípios que mostram este relacionamento 
(art. 4, I a VIII) 
 
Importante lembrar, que são considerados como “Atos Internacionais”, todos os acontecimentos que 
ultrapassam os limites das fronteiras brasileiras, determinando como devem acontecer os atos 
individuais e coletivos dos estados e das pessoas desses estados. 
 
 
I - independência nacional; 
 
O relacionamento externo deve considerar que o Brasil é um país independente, soberano e não 
está subordinado a nenhum outro. 
 
II - prevalência dos direitos humanos; 
 
O respeito pelos Direitos Humanos deve ser elemento fundamental para o bom relacionamento e 
deve prevalecer sobre qualquer coisa, mesmo porque o nosso Estado participa e respeita a Declaração 
Universal de Direitos Humanos. 
 
III - autodeterminação dos povos; 
 
Na autodeterminação, entende-se que O nosso Estado, como todos os outros existentes, deve ter a 
oportunidade de desenvolvimento, relacionamento e participação internacional e não serem 
subjugados por nenhum outro. 
 
IV - não-intervenção; 
 
O Constituinte determinou que a não intervenção de um Estado no outro, é fundamental para o bom 
relacionamento internacional, em todos os sentidos, como: político, social, econômico, cultural e outros, 
sem qualquer intervenção externa. 
 
 
V - igualdade entre os Estados; 
 
A igualdade entre os Estados é princípio do Direito Internacional e deve ser considerado como 
elemento máximo para o bom relacionamento.Observa-se que alguns Estados podem se prevalecer sobre outros, pelas suas dimensões 
geográficas, políticas e econômicas, sem no entanto, esquecer que sob o ponto de vista jurídico, todos 
devem ter o mesmo tratamento de igualdade. 
 
 
VI - defesa da paz; 
 
Em todo e qualquer relacionamento do Brasil, deve prevalecer a defesa da paz, defendendo sempre 
que os povos têm o direito de viver em paz, pois a guerra não é boa para ninguém. 
 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
 
O nosso Estado deve pautar o seu relacionamento com todos os outros estados, com a solução 
pacífica dos conflitos por meios diplomáticos. O entendimento nas negociações é ponto fundamental 
para se chegar a um elemento que seja importante para todos os participantes, também denominado 
de “ponto de equilíbrio”. 
 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
 
Como nas nossas atividades nacionais, o terrorismo e racismo são recriminados e também o devem 
ser nas atividades internacionais, não sendo admitida e reprimida, qualquer ação nesse sentido. 
 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
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9 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
 
Foi determinado pelo Constituinte de 88, que o nosso Estado brasileiro, deve considerar que todos 
os países do mundo, devem colaborar entre si para que todos possam ter a oportunidade de 
desenvolvimento, em todos os sentidos. 
 
Com isto, constatamos a participação do Brasil, ajudando e cooperando com outros países, para a 
solução de problemas internos, com ajuda humanitária, envio de forças táticas para reconstrução após 
catástrofes e também em outras áreas. 
 
X - concessão de asilo político. 
 
Fica consolidado mais uma vez, a afirmativa de que o nosso Estado brasileiro é signatário e 
participante da Declaração Universal dos Direitos Humanos, onde em seu artigo XIV, considera que 
toda pessoa perseguida em seu país e que não tenha praticado nenhum delito, possa buscar abrigo 
em outro país, que lhe dê acolhida. 
 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, 
social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações. 
 
Destaca-se ainda que o Brasil está situado na América do Sul e que deverá buscar a integração dos 
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações, sendo 
que um grande passo já foi dado com o Mercosul (Art. 4, parágrafo único) 
 
Em atenção ao parágrafo único do Art. 4.º da Constituição Federal, que traz entre os princípios 
internacionais do Brasil sua integração com outros povos da América Latina. Em 1991 o País assinou 
o Pacto de Assunção e tornou-se Estado-parte do Mercado Comum do Cone Sul (o Mercosul), ao 
lado da Argentina, Paraguai e Uruguai. A Venezuela que recentemente foi aprovada a sua participação 
no Mercosul, passou a fazer parte como Estado-parte, apesar das manifestações em contrário do 
Paraguai. 
 
Cabe lembrar que Bolívia, Chile, Peru, Colômbia e Equador são Estados Associados ao Mercosul 
(LENZA, 1155). 
 
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA 
 
Direito Constitucional Esquematizado. Pedro Lenza, São Paulo: Saraiva. pg.1149 à 1155 
 
Direito Constitucional ao alcance de todos. Uadi Lammêgo Bulos. 2 ed. São Paulo:Saraiva 2010. p.276 à 284 
 
Curso de Direito Constitucional, Celso Ribeiro Bastos, 22 ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p.153 à 164 
 
Curso de Direito Constitucional. Manoel Gonçalves Ferreira Filho. 32 ed. São Paulo:Saraiva. 2006. p. 56 
 
Direito Constitucional – Teoria do Estado e Constituição. Kildade Gonçalves Carvalho. 14 ed. Belo Horizonte: Del 
Rey. 2008. P.625 à 667 
 
Curso de Direito Constitucional Positivo. José Afonso da Silva. 20 ed. São Paulo: Malheiros. P. 189 e ss 
 
Curso de Direito Constitucional. Paulo Bonavides. 27 ed. São Paulo: Malheiros. 2012. P. 498 
 
Curso e Direito Constitucional. Pinto Ferreira. 7 ed. São Paulo: Saraiva. 1995. P.83 à 107 
 
 
Imagens obtidas pelo Google da Internet 
 
 
 
EYS/ Tema 01 - Dir Const II – 2017 1

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