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Edison Yague Salgado Advogado e Professor de Direito __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 1 Tema DC I – 5 – 2017 LIMITAÇÕES AO PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL 1. CONCEITOS As Constituições pretendem ser eternas, porém não devem ser "imodificáveis", precisam ser atualizadas principalmente na sua parte social que deve acompanhar a evolução e progresso do seu povo. Se não forem atualizadas, acabam sendo substituídas por outras, o que nem sempre é bom para o povo, pois podem perder alguns direitos já conquistados; Para que isto não aconteça, as constituições, devem possuir dispositivos para possibilitar a reforma ou revisão, para atualizá-la. No entanto, estes dispositivos, também não podem ser amplos e irrestritos, pois precisam modificar, atualizar as constituições, porém, também não podem perder direitos já conquistados. Por isto, a constituição precisa de dispositivos que garantam a sua atualização, sem perder a sua integridade. Com isto o Constituinte de 1988, outorgou competência para o Congresso Nacional, que é o Poder Reformador, para efetuar estas modificações e atualizações, na Constituição Federal de 1988, porém com certas limitações, para que ela não fique em desacordo com os seus objetivos iniciais, principalmente de “Constituição Cidadã”. Estas mudanças devem ser feitas, para que continue atingindo os seus objetivos, novos impulsos, novas forças, sem que para tanto seja preciso fazer uma revolução para instituir uma nova constituição. 2. LIMITAÇÕES DO PODER DE REFORMA O Poder Constitucional Originário, estabelece o poder revisional, com as limitações do Art. 60, parágrafo 4, que são considerados como “Cláusulas Pétreas" que é matéria intocável, considerado como o “cerne fixo da Constituição”, que não pode ser alterado. O Congresso exerce a competência Constituinte Reformador que é limitado pela própria Constituição, sob pena de inconstitucionalidade em razão de desobediência "à forma". Estas vedações ou limitações às alterações constitucionais são conforme o estabelecido no Artigo 60 da própria Constituição. (Ver artigo 60, § 4º). Edison Yague Salgado Advogado e Professor de Direito __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 A. PROCEDIMENTAIS As limitações procedimentais dizem respeito a quem tem competência para propor uma PEC – “Projeto de Emenda Constitucional” para modificar ou alterar a Constituição de 1988 Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Observa-se desta forma, que as propostas de Emendas, podem partir: A- Dos Deputados Federais ou Senadores, contanto que o pedido seja assinado por um terço (1/3) dos membros de cada casa; (171 Deputados ou 27 Senadores) B- Pode ser proposta pelo Presidente da República C- Pela maioria relativa dos membros das Assembleias Legislativas dos Estados. B. CIRCUNSTANCIAIS § 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. Esta limitação destina proporcionar garantias, para que a Constituição não seja alterada em certas situações de conflitos ou guerra civil, como nos casos do estado de defesa (art. 136) e estado de sítio (art. 137) onde são suspensos alguns direitos fundamentais. Portanto, se fosse possível alterar a Constituição durante estes conflitos, poderiam retirar alguns direitos fundamentais, o que não seria conveniente para o povo. C. VOTAÇÃO: § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. Na Câmara precisa ser aprovada por 308 deputados e no Senado por 49 senadores, em dois turnos. Este processo complicado de aprovações, é para dificultar o processo, para que não sejam criadas emendas da noite para o dia, ocasionando a perda da “estabilidade jurídica”. Edison Yague Salgado Advogado e Professor de Direito __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3 D. PROMULGAÇÃO: § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. Após a aprovação, a Emenda será Promulgada pelos componentes das mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. Importante destacar que Presidente da República não participa do processo de votação, aprovação ou promulgação. Apenas pode propor, ou seja apresentar uma proposta de emenda (PEC) na secretaria da Câmara. E. TEMPORAIS § 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Sessão Legislativa Ordinária : período de 15/02 a 30/06 e 01/08 a 15/12. Extraordinária : período de 01/07 a 31/07 e 16/12 a 14/02 (recesso) Foi prevista uma revisão constitucional, prevista no Art. 3º dos Atos das Disposições Transitórias (ADCT), após 5 anos da promulgação da Constituição, ou seja 1993, oportunidade onde foram apresentadas 6 Emendas de Revisão. Foi previsto também um Plebiscito, que foi realizado em 1993, de acordo com o Art. 2º do ADCT, para a opção entre a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo). O povo brasileiro optou pela permanência da República Presidencialista. F. LIMITAÇÕES MATERIAIS (CLÁUSULAS PÉTREAS) § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. 1. Limitações Explícitas Estas Limitações são aquelas que constam do próprio texto da Constituição, ou seja, o Constituinte indicou que em todos os lugares da Constituição, onde estiver indicado: a Forma Federativa de Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico, a separação dos poderes e os direitos e garantias fundamentais, NÃO PODE SER OBJETO de emenda tendente a ABOLIR. Edison Yague Salgado Advogado e Professor de Direito __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________4 Isto não significa que Não podem sofrer emendas, mas sim, que esses direitos assegurados, não podem sofrer emendas que diminuam ou retirem direitos já assegurados. Ou seja, pode sofrer emendas para AUMENTAR os direitos constantes desses itens. Ex. Art. 1º, 2º, 5º e etc. 2. Limitações Implícitas São limitações que dependem do próprio artigo que impõe a proibição. Estas limitações são aquelas que não pode ser retirado do corpo da Constituição, o Art. 60, § 4º, pois se isto fosse possível, uma emenda poderia retirar este impedimento do parágrafo 4º e tudo seria passível de emendas, inclusive para mudar o que desejar. 3. QUORUM QUORUM significa o número de membros que devem estar presentes para podem votar e aprovar o que estiver sendo colocado em pauta de votação. Ou seja, Número mínimo de pessoas presentes, com direito a voto. 4. MEDIDAS PROVISÓRIAS Em caso de relevância e urgência o Presidente da República, poderá aditar Medida Provisória, que é um ato de sua competência, que não é lei, mas terá força de lei, valendo por 60 dias, podendo ser prorrogado por mais 60 dias e deverá enviar imediatamente para apreciação do Congresso. O Congresso deverá analisar obrigatoriamente em 45 dias, para colocar em votação e não o fizer, a Medida Provisória será prorrogada e “sobrestada” (colocada em cima de todos os assuntos que estejam sendo discutidos no Congresso), para travar a pauta e enquanto não for votada, nenhum assunto poderá passar na frente. Mais ainda, se não for aprovada, o Congresso deverá editar Decreto Legislativo, regulando a matéria e os atos que foram praticados durante a sua vigência da Medida Provisória. Este procedimento foi alterado pela Emenda Constitucional nº 32 de 11/09/01, alterando e limitando os prazos das Medidas Provisórias. Não se admite Medida Provisória em matéria penal, nem disciplinar matéria tributária, e outros, uma vez que seria incompatível com o regime de urgência. Verificar outros casos em que também não podem ser editadas, conforme constam no Art. 62, a seguir: Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I - relativa a: a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral Edison Yague Salgado Advogado e Professor de Direito __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5 b) direito penal, processual penal e processual civil; c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; II - que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro III - reservada a lei complementar; IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo- se durante os períodos de recesso do Congresso § 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais. § 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. § 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional. § 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados. § 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas § 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto. BIBLIOGRAFIA PESQUISADA Direito Constitucional Esquematizado. Pedro Lenza, São Paulo: Saraiva. p. 524 e ss; 536 ss. Direito Constitucional ao alcance de todos. Uadi Lammêgo Bulos. 2 ed. São Paulo:Saraiva 2010. p. 519, 522 e ss Curso de Direito Constitucional, Celso Ribeiro Bastos, 22 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. P. 357 e ss Curso de Direito Constitucional Positivo. José Afonso da Silva. 20 ed. São Paulo: Malheiros, 522 e ss Curso de Direito Constitucional. Paulo Bonavides. 9ª ed. São Paulo: Malheiros, p. 173 e ss Curso de Direito Constitucional. Manoel Gonçalves Ferreira Filho. 32.ed. São Paulo: Saraiva. p. 185 e ss. Curso de Direito Constitucional. Alexandre de Moraes. 23 ed. São Paulo: Atlas. 2008. p. 660 e ss EYS/Tema 5 - 2017 Limites ao Poder de Reforma PROF. EDISON YAGUE SALGADO
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