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Artes Visuais na Pré história (60hs ARTV) unid II

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Unidade II
Unidade II
5 A Arte pré‑históricA
“É a pedra que resiste ao tempo. Ela está presente em todas as épocas e em 
todas as culturas!” (Águeda Vilhena Vialou)
5.1 A arte pré‑histórica: sistemas de representações
Estudar arte na Pré‑história nos leva a indagar se o conceito de arte se aplica aos povos da Pré‑história. 
Se entendermos arte como um processo, como nos fala Argan (1994), ligado às técnicas desenvolvidas 
pela ação humana e a relação entre sua capacidade mental e de ação podemos associar essa produção 
aos povos anteriores ao aparecimento da escrita.
Podemos considerar que esses povos têm comportamentos semelhantes aos nossos, como prazer 
visual ou tátil, porém a palavra arte é contemporânea, não existia na época.
Desde tempos remotos, o homem representa o seu mundo e sua realidade através de imagens. Para 
os seres humanos, a ordenação visual sempre esteve presente, quer de forma figurativa, quer de forma 
abstrata.
Essa ordenação do mundo através de imagens, da criação de símbolos não pode ser considerada obra 
do acaso, deve ser admitida como representação do comportamento simbólico e social dos grupos que 
o produziram.
Uma imagem é composta de uma sintaxe própria, uma gramática visual 
que organiza a sua existência e conduz a sua compreensão. Para que esta se 
estabeleça, então são agrupados elementos, tais como ponto, que exerce uma 
visível e grande atração sobre o olhar, raramente apresentado isoladamente, 
considerado o “átomo” de toda expressão pictórica (idem, 2007, p. 7), a linha, 
que constrói as formas e determina sua complexidade e ainda o plano, a cor, 
a textura e o movimento, os quais podem inscrever‑se sobre os mais variados 
suportes. Todas as imagens, da pintura à imagética virtual, são constituídas e 
dependem da articulação destes conceitos (SOUZA, 2009. p. 428).
A humanidade sempre teve necessidade de interpretar e organizar o mundo através dos elementos 
visuais.
O que leva um homem que ainda não domina técnicas que garantam sua sobrevivência de forma 
adequada a externar, através de símbolos, o mundo que o cerca?
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Artes VisuAis nA Pré-históriA
Criando uma gramática visual própria, esse homem reproduz elementos de sua realidade, de acordo 
com sua visão de mundo. Trata‑se de uma produção estética que foi feita para ser vista, logo, dá 
supremacia à visão e concretiza de forma plástica o mundo que os rodeia.
É a partir de uma realidade dada que esse “artista” cria um elo entre o espectador e o mundo e 
estabelece uma multiplicidade de percepções e de interpretações desse mundo circundante.
A seleção das imagens não é aleatória, expressa um recorte que não é apenas pessoal, mas que 
representa informações que são relevantes tanto para quem as produziu quanto para o grupo que vai 
visualizar e relacionar‑se com o objeto da produção. Mesmo levando em consideração que algumas 
dessas imagens foram produzidas em grutas de difícil acesso, temos o período de produção e a observação 
que está relacionada, inclusive, com a pouca luminosidade do local.
É a partir da visão que reconhecemos o mundo ao nosso redor e reagimos a ele. Formamos uma 
imagem mental daquilo que vemos, e é a partir dessa imagem que decodificamos o mundo.
Essa é a mais primitiva forma de comunicação.
A compreensão de uma determinada imagem será feita a partir do repertório daquele que a observa. 
Os processos referenciais pessoais e do grupo são fatores determinantes para isso. A produção dessa 
imagem não pode ser considerada obra do acaso, pois está inserida em um universo de representações 
e significados.
Os primeiros registros de representação visual do mundo encontram‑se na Pré‑história. Nas grutas, 
nas paredes das cavernas e em pedras, os homens dessa época retratavam visualmente o mundo do 
período.
Surge uma representação estética de uma realidade que representa os registros dos nossos 
antepassados mais longínquos. No Paleolítico, temos representações naturalistas e figurativas de 
extrema fidelidade ao real; no Neolítico, vemos um mundo representado de forma geométrica. Mais do 
que o real, são símbolos e conceitos que se desvendam aos olhos de um observador que vê um mundo 
poetizado descortinando‑se em sua frente.
Enquanto espectadores, temos a possibilidade de desvendar os códigos de produção imagética e 
o processo de fruição das imagens representadas. É a partir delas que podemos descobrir a relação 
que o homem estabelecia com o mundo, seus símbolos, suas crenças e sua forma de compreensão 
do ”real”.
Antes da escrita, houve um sistema de comunicação potencialmente 
capaz de registrar e conectar a linguagem com o real. A fala, se houve, 
não se manteve, mas o registro plástico pré‑histórico nos possibilita acessar, 
sustentar e compreender nossa necessidade de manifestar o que entendemos 
como vida, morte, futuro e conquistas (SOUZA, 2009, p. 431).
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Se podemos compreender um símbolo como um conceito ou figuração de uma determinada realidade, 
esse processo de figuração traz uma simbologia moral e intelectual que representa o momento em que 
foi produzido. O sentido só pode ser dado se for datado no momento mesmo em que é produzido.
Quando lemos imagens – de qualquer tipo, sejam pintadas, esculpidas, 
fotografadas, edificadas ou encenadas – atribuímos a elas o caráter 
temporal da narrativa. Ampliamos o que é limitado por uma moldura para 
um antes e um depois e, por meio da arte de narrar histórias (sejam de amor 
ou de ódio), conferimos à imagem imutável uma vida infinita e inesgotável 
(MANGUEL, 2006, p. 27).
Quando encontramos os primeiros vestígios de que os homens enterravam os seus mortos, entramos 
em contato com o universo simbólico do comportamento do homem pré‑histórico. Podemos, então, 
inferir a existência de seres que apresentavam uma vida simbólica e um sistema de expressão e de 
comunicação.
Ornamentos, utensílios, armas decoradas, chifres de rena gravados, quando encontrados e catalogados, 
fazem que tenhamos de admitir, de forma inexorável, a ligação desse homem com o universo de uma 
arte; arte essa entendida como o processo de fruição e de percepção visual e tátil, arte que “desencadeia 
um sistema de relações, que produz interlocuções e faz andarem juntas duas modalidades de discurso: 
o imagético e o verbal” (MAGALHÃES, 2011, p. 40).
A presença desses objetos não é circunscrita a um único povo ou agrupamento, mas recorrente nos 
mais diversos sítios arqueológicos de múltiplas e variadas regiões. Onde quer que esses vestígios sejam 
encontrados, encontramos também um universo simbólico e de representações.
O arqueólogo Denis Vialou estudou esses sistemas de representações e afirmou que existem símbolos 
frequentes e recorrentes que podem ser classificados em função de um tema em comum ou dos locais 
em que foram elaborados. Desse modo, Vialou (2007, p. 66–71) indica quatro categorias metodológicas 
para pensarmos a arte pré‑histórica. A primeira dessas categorias é a universalidade antrópica da arte 
pré‑histórica e envolve a pesquisa antropológica a partir da evolução cerebral alcançada pelo homem 
moderno, disperso por todos os continentes. É a partir desse momento que surgem os primeiros sistemas 
de representações rupestres.
A segunda categoria é a ubiquidade natural que pressupõe a existência da arte pré‑histórica em 
todos os continentes habitados pelo homem (de fato, as pinturas rupestres são encontradas em todos 
eles). A terceira é a unidade das representações, que parte do pressupostode que a arte apresenta 
formas limitadas com a representação de sinais (formas geométricas) ou as representações figurativas 
(formas de seres vivos). Isso ocorreria, provavelmente, devido à homogeneidade cerebral dos “artistas” e 
à ubiquidade natural. A quarta e última categoria é a heterogeneidade cultural da arte pré‑histórica e 
refere‑se à grande diversidade de culturas existentes no mundo do homem moderno.
Ainda segundo Denis Vialou (2005, p. 245), os sistemas de representações que existem desde o 
Paleolítico Superior, apesar de serem universais, por pertencerem a uma mesma espécie, também 
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Artes VisuAis nA Pré-históriA
compõem uma identidade cultural única. Assim, como sistemas de representações simbólicas, as artes e 
as línguas representam aspectos de identidade cultural dentro de uma escala temporal.
As informações contidas numa imagem, seja ela produzida por nossos 
antepassados ou não, são permeadas por símbolos, tanto as imagens 
representacionais que são identificadas na natureza, quanto as abstratas, que 
são resultado do desapego da forma, isso é, alheios a qualquer representação 
figurativa. Ambas precisam ser compreendidas, codificadas, interpretadas e, 
acima de tudo, visualizadas, porque visualizar é ter a capacidade de criar 
imagens mentais, etapa que possibilita avanço para um novo passo, que é 
reconhecê‑la (ALVES, [s.d.], p. 71).
O que podemos afirmar com certeza é que a arte pré‑histórica é uma arte que se apropria da 
natureza que cerca o homem que a produz, demonstrando o vínculo dessas sociedades com o entorno 
em que viviam. Dessa forma, podemos afirmar que o “artista” pré‑histórico representou o ambiente em 
que estava inserido.
Pinturas e gravuras rupestres fazem parte de [...] sistemas visuais de 
comunicação. Estão constituídos por elementos gráficos que fazem parte 
dos padrões de apresentação social próprios das comunidades pré‑históricas 
[...] A análise desses registros visuais deverá permitir identificar os padrões 
gráficos de apresentação social de seus autores e, portanto, segregar os 
grupos culturais responsáveis por essas obras gráficas (PESSIS, 2002, p. 30).
A arte pré‑histórica, portanto, representa, entre outras coisas, a expressão das sociedades desse 
período a partir de sua complexidade cultural e de sua relação com o seu entorno.
Exemplo de aplicação
Reflita sobre o significado do sistema de representações da arte pré‑histórica.
5.2 A arte rupestre: definições e temáticas
O que é arte rupestre? O que induziu o homem pré‑histórico a produzir arte rupestre? Existe uma 
arte rupestre? Essas são questões que, apesar de sua aparente simplicidade, geram muita polêmica até 
mesmo na atualidade.
Alguns arqueólogos defendem que o termo arte para a Pré‑história seria equivocado. Para esses 
pesquisadores, nas sociedades pré‑históricas não haveria um artista e, portanto, não existiria arte.
Porém, muitos são os estudiosos que defendem o conceito de arte rupestre e os arqueólogos que se 
interessam por esses registros.
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O arqueólogo não poderá ignorar os registros rupestres na sua dimensão estética, 
considerando‑se a habilidade manual e o poder de abstração e de invenção 
que levaram o homem a usar recursos técnicos e operativos nas representações 
pictóricas pré‑históricas. Por muito que o arqueólogo queira inibir‑se da valorização 
estética do registro rupestre, procurando utilizá‑lo apenas como uma parte do 
contexto arqueológico, como ser humano sensível ao seu entorno, valorizará 
também o seu conteúdo ”artístico”. Se assim não fosse, não se teriam intensificado 
as pesquisas arqueológicas precisamente nas regiões onde os achados rupestres 
se apresentavam com maior beleza e conteúdo estético (MARTIN, 1996, p. 235).
Apesar de muitos pesquisadores utilizarem termos como registros rupestres ou grafismos, a 
expressão arte rupestre ainda é a mais comum, devendo ser mantida, principalmente, quando se parte 
do pressuposto de que arte é “o conhecimento de regras que permitem realizar uma obra perfeitamente 
adequada à sua finalidade” (GASPAR, 2003, p. 10).
 Lembrete
Como já definimos, arte rupestre são todas as representações gráficas 
feitas em paredes de cavernas pelos homens da Pré‑história.
Mas desde quando os pesquisadores se preocuparam em analisar a arte rupestre? Do século XV até 
meados do século XX essas representações foram, basicamente, analisadas como arte pela arte, sendo 
ignoradas como fonte de informação sobre os povos que as produziram. Somente a partir dos trabalhos 
de Laming‑Emperaire e Leroi‑Gourhan é que se iniciou uma discussão em torno da necessidade de se 
criar uma metodologia de estudo da arte parietal e se defendeu a existência de uma estruturação lógica 
para as representações rupestres das cavernas da França, especialmente Lascaux e Chabot.
 Observação
Arte parietal é outra expressão utilizada para as pinturas e gravuras 
rupestres.
Assim, as análises das representações rupestres procuraram compreender o homem e o mundo que 
as produziram.
As populações humanas que constituíram suas singularidades culturais 
antes do período da escrita alfabética fizeram das imagens grafadas seu 
código de comunicação predominante, entre os grupos culturais da época 
em que viveram. Num artifício de duplicar, no sentido de representar, os 
utensílios, os animais e o próprio indivíduo, essas populações acabaram por 
nos legar uma forma de comunicação cujos contextos e detalhes foram e 
continuam sendo um enigma a ser decifrado (ALVES, [s.d.], p. 69).
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A interpretação da arte pré‑histórica sempre foi motivo de muita polêmica, e todos os pesquisadores 
desse período, de uma forma ou outra, abordaram seu significado e sua função. A maior parte das 
interpretações, contudo, era vaga, e durante boa parte do século XX, os pré‑historiadores buscavam 
em sociedades contemporâneas respostas para as questões da Pré‑história, ignorando, geralmente, as 
especificidades de cada povo e de cada realidade.
Ao longo do século XIX e início do século XX, entretanto, surgiram algumas interpretações balizadas 
pela concepção evolucionista de mundo. Essas interpretações defendiam, principalmente, a ideia da 
“arte pela arte”. Segundo essa teoria, o homem do Paleolítico teria muito tempo livre em períodos como 
o inverno, quando não ocorreria a caça. Assim, esse homem teria se preocupado em enfeitar o entorno 
em que vivia durante o seu tempo livre.
Como vimos anteriormente, essa linha de interpretação foi questionada em meados do século XX 
pelo trabalho de alguns pesquisadores franceses. Leroi‑Gourhan foi um dos primeiros a defender uma 
linha estruturalista para a interpretação da arte pré‑histórica. Assim como esse autor,
Laming‑Emperaire enxerga o dualismo em relação aos gêneros masculino e 
feminino nas pinturas do conjunto franco‑cantábrico e introduz a ideia de 
uma ordem em sua disposição no espaço dos abrigos ou cavernas em que 
foram realizadas (MAGALHÃES, 2011, p. 30).
Atualmente, a análise da arte rupestre é realizada por novos campos de interpretação, como o 
estudo de gênero e de fenômenos astronômicos, biológicos e acústicos. Porém, apesar disso, a hipótese 
mais corrente ainda é a que defende uma finalidade mágica para essas pinturas e gravuras relacionadas 
com rituais que tinham o objetivo de garantir a sobrevivência do grupo.
O homem do Paleolítico Superior desconhecia a agricultura e a criação de animais. Vivia na incerteza 
de uma boacaçada, dependente da sorte e das inclemências do tempo para a garantia de seu sustento. 
Representar animais significava possuí‑los, propiciando a caça necessária.
[...] o pintor‑caçador do Paleolítico supunha ter poder sobre o animal desde que 
possuísse sua imagem. Acreditava que poderia matar o animal verdadeiro desde 
que o representasse ferido mortalmente num desenho. Assim, para ele, os desenhos 
não eram representações de seres, mas os próprios seres (PROENÇA, 2000, p. 11).
Dessa forma, a representação possuía o poder de aprisionar o animal, e, ao pintá‑lo, o caçador 
praticamente convocava a caça, possibilitando que a capturasse com maior facilidade.
Nesse sentido, é significativa a presença de pinturas de animais atravessados com flechas. Além 
disso, acredita‑se que se utilizava a imagem para assegurar a morte do animal mais difícil de capturar 
ou para proteger‑se contra seus ataques. Por isso, na Europa, era comum a presença dos bisões na arte 
rupestre, enquanto os cervos, principal fonte de alimentação segundo os vestígios encontrados nessa 
região, está praticamente ausente, pois eram “fáceis de caçar”. Sob essa perspectiva de interpretação, a 
caverna adquire o papel de santuário.
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Não é amor realístico pelas formas dos animais, para com suas massas 
plásticas, ou seus atos irrompentes, o que impele o homem do Paleolítico a 
fixar‑lhes a imagem. É, porém, a fome; a terrível fome, individual e coletiva, de 
uma humanidade que da caça obtém os meios de subsistência. A figuração, 
como ato mágico, se acrescenta aos métodos de caça, à pederneira, às 
armadilhas (PISCHEL, 1996, p. 12).
Como vimos, existe uma grande discussão acerca das interpretações da arte rupestre. Não podemos 
esquecer que o ser humano é complexo, então, por que deveria ser simples analisar sua produção? 
Um consenso, porém, entre os pesquisadores atuais é que, independentemente da linha interpretativa, 
a análise de uma pintura ou gravura em rocha não pode ser feita de uma maneira isolada, mas sim 
levando‑se em conta todo o contexto em que ela é encontrada.
Além disso, apesar de todas essas controvérsias, devemos nos lembrar de que o artista do Paleolítico 
e do Neolítico
[...] que retratou nas rochas os fatos mais relevantes da sua existência, tinha, 
indubitavelmente, um conceito estético de seu mundo e da sua circunstância. 
A intenção prática da sua pintura podia ser diversificada, variando desde 
a magia ao desejo de historiar a vida de seu grupo, porém, de qualquer 
forma, o pintor certamente desejava que o desenho fosse ”belo” segundo 
seus próprios padrões estéticos. Ao realizar sua obra, estava criando arte 
(MARTIN, 1996, p. 235).
Assim, quais foram os elementos dignos de registros para os homens pré‑históricos? Como visto 
anteriormente, o repertório do homem desse período envolvia a natureza que o cercava, tornando a 
temática da arte rupestre mundial homogênea.
A principal temática presente nesse tipo de acervo é representada na maioria 
das vezes por animais, seres humanos, desenhos geométricos e imagens 
representando plantas, as quais são denominadas imagens “fitomortas” 
(MARTIM, 1999). As figuras que representam desenhos de animais são 
encontradas em abundância em determinadas regiões; em outras há uma 
maior diversidade, aparecendo, além das representações de animais, figuras 
humanas e geométricas, plantas e objetos [...] sendo que as representações 
de animais são as que aparecem sendo desenhadas por um período de 
tempo mais extenso (ALVES, s.d., p. 62).
A presença de figuras humanas, de animais, sinais geométricos e símbolos da natureza, como o Sol e 
a Lua, são, portanto, elementos comuns na arte parietal das grutas e cavernas encontradas na Espanha, 
na França, em Portugal, na África e no Brasil, entre outros países ao redor do mundo.
Na Europa, por exemplo, é comum a presença de imagens de bisões, cervos, cavalos, renas, cabras, 
javalis e ursos representando o universo vivido por estes homens.
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Artes VisuAis nA Pré-históriA
 saiba mais
Leia um pouco mais sobre a arte rupestre nos sites:
BELNET, F. O homem das cavernas era um verdadeiro artista? História Viva, 
[s.d.]. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/
homem_das_cavernas_pintura_rupestre.html>. Acesso em: 26 mar. 2014.
CINEMA pré‑histórico. Super interessante, jul. 2011. Disponível em: 
<http://www.superinteressante.pt/index.php?option=com_content&vie
w=article&id=635:cinema‑pre‑historico&catid=9:artigos&Itemid=83>. 
Acesso em: 26 mar. 2014.
As cenas de caçada também são uma temática constante na arte rupestre mundial, demonstrando, 
mais uma vez, segundo os pesquisadores, a preocupação do homem com a sua sobrevivência.
 Exemplo de aplicação
Várias teorias de interpretação da arte rupestre foram apresentadas. Reflita sobre elas e escolha a 
que você considera a mais indicada. Feito isso, tente interpretar a imagem.
Figura 34 – Gruta de Lascaux
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6 A Arte pré‑históricA dOs sítiOs internAciOnAis: pinturAs, 
grAvurAs, escuLturAs e ArquiteturA
Em que regiões aparece a arte pré‑histórica? A arte pré‑histórica, como comentado anteriormente, 
aparece em todos os continentes, com exceção da Antártida. O maior número de sítios existe no 
continente africano. A Austrália é outro território rico em arte rupestre (região de Laura, Pilbara e terra 
de Arnhem – Parque Nacional de Kakadu). Na Ásia, encontramos sítios na China, na Ásia Central, no 
Oriente Médio e na Índia. O continente americano apresenta sítios de norte a sul. No Brasil, acredita‑se 
que os sítios de São Raimundo Nonato, no Piauí, sejam os mais antigos.
As grutas e cavernas europeias ainda hoje são as mais estudadas. A descoberta e as análises desses 
locais fizeram que, durante muitos anos, essa arte rupestre fosse considerada a mais antiga. Por 
isso, as informações e as interpretações realizadas na Europa foram norteadoras de todas as demais 
pesquisas.
 saiba mais
PESQUISADORES descobrem na África do Sul oficina de pinturas 
pré‑históricas. R7, 13 out. 2011. Disponível em: <http://noticias.
r7.com/tecnologia‑e‑ciencia/noticias/pesquisadores‑descobrem 
‑na‑africa‑do‑sul‑oficina‑de‑pinturas‑pre‑historicas‑20111013.html>. 
Acesso em: 26 mar. 2014.
6.1 As pinturas e gravuras rupestres da europa: espanha e França
Se pensarmos na história da humanidade, o descobrimento das pinturas rupestres é relativamente 
recente, pois foi somente no final do século XIX que se encontraram pela primeira vez exemplos dessas 
representações paleolíticas e neolíticas. Na realidade, desde o século XVI, existem registros de “achados” 
de pinturas e gravuras parietais, porém foi durante o século XIX que relacionaram, pela primeira vez, 
essas pinturas com os homens pré‑históricos.
Em 1879, Marcelino Sanz de Sautuola escavava com sua filha de sete anos em busca de vestígios 
pré‑históricos, quando descobriu, por acaso, as cenas de animais que recobriam o teto da gruta de 
Altamira, no município cântabro de Santillana del Mar, Espanha. Apesar de defender que os desenhos 
tinham sido feitos pelas mãos dos homens da Pré‑história, morreu em 1888 sem conseguir que se 
reconhecesse o seu achado. Para muitos, essas pinturas eram meras falsificações ou a obra de pastores 
da região que haviam vivido durante a Idade Média.
As descobertas das grutas de Altamira, seguidas pelas descobertas das pinturas e gravuras parietais 
na França, levaram a comunidade científica do final do século XIX e começodo século XX a analisar essas 
representações como produções do homem pré‑histórico. A partir daí, as descobertas foram sucessivas, 
e a última grande descoberta ocorreu em 1994, na França.
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Artes VisuAis nA Pré-históriA
Já sabemos que foi durante o Paleolítico que surgiram as primeiras representações de arte rupestre, 
mas como analisar essa arte rupestre? Todas as cavernas e grutas encontradas apresentam desenhos da 
mesma época?
Um dos aspectos mais importantes para a análise da arte rupestre é o processo de datação. Muitas 
vezes, os arqueólogos recorrem às escavações em busca de vestígios que permitam uma datação absoluta 
(aquela que utiliza o carbono 14, que é um método radioativo de análise). Para isso, buscam pigmentos, 
instrumentos usados nas pinturas ou restos de carvão. Uma das técnicas usadas atualmente é a chamada 
radiocarbônica, que mistura materiais na preparação de amostras de carbono. Como essas técnicas de 
datação são muito recentes, no início, a interpretação dos desenhos era o método mais utilizado para 
analisá‑las. Porém, como vimos anteriormente, nem sempre houve consenso nas interpretações.
Os pesquisadores, para facilitar os estudos, dividiram o Paleolítico em períodos e organizaram uma 
classificação levando em consideração a antiguidade dos vestígios encontrados e as técnicas utilizadas 
pelos homens para a elaboração de suas ferramentas.
Assim, podemos afirmar que existiam várias culturas paleolíticas, sendo a aurignaciana a mais antiga 
(40 mil a.C. – 28 mil a.C.). Foi durante essa época que começaram a ser produzidas as primeiras imagens 
e representações simbólicas. A cultura aurignaciana foi sucedida pela cultura gravetiana (28 mil a.C. – 
20 mil a.C.), que, por sua vez, foi sucedida pela solutreana (20 mil a.C. – 10 mil a.C.), que apresenta uma 
quantidade significativa de gravuras, e, por fim, a última seria a magdaleniana (10 mil a.C. – 5 mil a.C.) 
com pinturas como as encontradas em Niaux, França.
 Observação
Não podemos esquecer que toda classificação sofre variações 
dependendo das pesquisas realizadas, ainda mais quando trabalhamos com 
um período tão longo como a Pré‑história e que apresenta apenas vestígios 
de cultura material para a análise.
Durante o período aurignaciano, os desenhos apresentam traços simples realizados, entre outras 
técnicas, com os dedos em argila mole. No repertório desse período, a presença de animais era comum, 
e eram pouco frequentes as representações humanas.
Outra representação desse período são as pinturas de mãos encontradas em grutas como a de 
Gargas, nos Pirineus franceses.
Não sabemos se, e até que ponto, o motivo rupestre da impressão da mão 
aberta, contornada, se reveste de significado mágico, como acontece com 
a maior parte das figurações do Paleolítico. Em todos os tempos, a arte 
apreciará a figuração da mão: raramente, porém, conseguirá a sugestão 
destas, que são gritos de presença e de conquista. Assinalando a meta 
de uma longa evolução biológica, são revelações conscientes do Homo 
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sapiens, do Homo faber, o qual, com sua inteligência, sabe reagir em face 
de um ambiente natural inóspito e adverso e usa a mão como recurso para 
vencê‑lo e dominá‑lo. Trabalhos duros e árduos, no problema elementar da 
sobrevivência, afligiram, mais do que em qualquer outro tempo, estas mãos. 
Mas já aparece nítida a mão do homem (PISCHEL, 1996, p. 11).
Essas marcas de mãos apareciam em positivo ou negativo, dependendo da técnica utilizada. Quando 
as mãos eram apoiadas cheias de tinta nas paredes, o efeito conseguido era denominado mãos em 
positivo. A técnica utilizada para se obter as chamadas mãos em negativo era a seguinte:
“Após obter um pó colorido a partir da trituração de rochas, os artistas o sopravam, através de um canudo, 
sobre a mão pousada na parede da caverna. A região em volta da mão ficava colorida e a parte coberta, não. 
Assim, obtinha‑se uma silhueta da mão, como num filme em negativo” (PROENÇA, 2000, p. 12).
Para muitos, foi somente depois de dominar a técnica das mãos em positivo e em negativo que o 
artista do Paleolítico passou a, efetivamente, desenhar, pintar e gravar nas paredes das grutas e cavernas.
 saiba mais
Para visualizar exemplos de mãos em negativo e saber um pouco mais 
sobre elas, acesse o site:
GERSCHENFELD, A. Os neandertais poderão ter sido os primeiros 
artistas das cavernas. Publico, 14 jun. 2012. Disponível em: 
<https://www.publico.pt/ciencia/noticia/os‑neandertais‑poderao 
‑ter‑sido‑os‑primeiros‑artistas‑das‑cavernas‑1550349>. Acesso em: 26 
mar. 2014.
Partindo da hipótese interpretativa que considera que a arte rupestre possuía uma função mágica e 
que, ao executá‑la, o homem garantia uma caça abundante para seu grupo, uma questão é levantada: 
o homem teria a única intenção de matar com a sua arte, ou também buscaria criar animais?
Isso ajudaria a explicar o incrível realismo dessas imagens, pois um 
artista que acredita estar realmente “criando” um animal tem maiores 
probabilidades de lutar por essa qualidade do que outro que simplesmente 
produzisse uma imagem para ser morta. Algumas das pinturas das cavernas 
dão‑nos até mesmo uma indicação dessa magia de fertilidade: a forma de 
um animal frequentemente parece ter sido sugerida pela formação natural 
da rocha, de forma que seu corpo coincida com uma saliência ou que seu 
contorno siga um veio ou fenda. Um caçador da Idade da Pedra, com a 
mente repleta de pensamentos sobre as grandes caçadas das quais dependia 
para sobreviver, muito provavelmente reconheceria tais animais entre as 
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superfícies rochosas de sua caverna e atribuiria um profundo significado à 
sua descoberta (JANSON; JANSON, 1996, p. 16).
Tudo isso, porém, são possíveis interpretações sobre a arte rupestre. O que podemos afirmar é que 
a principal característica da arte rupestre do Paleolítico é o naturalismo, ou seja, o realismo de suas 
representações. Além disso, outra característica da arte parietal paleolítica é o fato de os desenhos 
serem feitos em grutas e cavernas de difícil acesso.
Ao falarmos de pinturas e gravuras rupestres na Europa, devemos, sem dúvida nenhuma, destacar aquelas 
encontradas na região franco‑cantábria, pois, desde sua descoberta, muito se avançou em suas análises.
Figura 35 – Vestígios da arte pré‑histórica encontrados na Europa Ocidental
 Observação
O termo pintura franco‑cantábria refere‑se às pinturas que são 
encontradas na França (Dordogne, Lascaux) e no norte da Espanha 
(Altamira).
Mais uma vez, destacam‑se o naturalismo das imagens e a capacidade do homem do Paleolítico 
de recriar a natureza que o cerca. Geralmente, os bisões são representados com traços que apresentam 
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força e movimento, mas, “nas imagens que representam renas e cavalos, os traços revelam leveza e 
fragilidade” (PROENÇA, 2000, p. 12).
Nas pinturas rupestres franco‑cantábricas, como nas demais representações parietais do Paleolítico, 
algumas características comuns são perceptíveis, sendo o naturalismo uma delas, com as figuras de 
animais isoladas sem formar cenas. Outra característica se refere às cores utilizadas, que variam da 
monocromia à policromia. Os homens pré‑históricos utilizavam o preto, que conseguiam a partir 
do carvão vegetal, e cores como o amarelo e o vermelho, que obtinham doóxido de minerais. Esses 
pigmentos naturais eram mesclados com gordura animal e se utilizavam, provavelmente, os dedos e 
pincéis feitos de penas e pelos para a pintura. Além disso, era comum que os artistas se aproveitassem 
das reentrâncias e das saliências das paredes para realizar as pinturas, encontradas, principalmente, nas 
áreas pouco iluminadas do fundo das cavernas e grutas.
As famosas grutas de Altamira apresentam pinturas dos períodos aurignaciano e magdaleniano. 
Provavelmente os artistas dessa gruta tenham utilizado inúmeras técnicas para os seus desenhos, 
sendo comum a sobreposição ou a presença de figuras inacabadas. Acredita‑se que muitos “pintores”, 
inicialmente, com o auxílio de uma pedra afiada, gravassem sobre a parede da gruta a figura que 
desejavam. Na sequência, contornavam o desenho com carvão e o coloriam com os pigmentos nas 
cores vermelho, ocre e marrom obtidos a partir do óxido de ferro.
A temática mais frequente nas pinturas de Altamira é o bisão. Ele aparece em variadas posições: em 
repouso ou em movimento, com a cabeça voltada para o lado, mugindo e em outras posturas. Outros animais 
também impressionam por seu realismo, como os cavalos, cervos e mamutes. Seu conjunto de pinturas é 
muito impressionante e é o que fez essa gruta ganhar o título de “Capela Sistina da arte quaternária”.
 saiba mais
Para obter mais informações, visite o site da gruta de Altamira, na 
Espanha:
<http://museodealtamira.mcu.es/El_Museo/index.html>.
Outra gruta que também impressiona pelas figuras representadas é Lascaux. As pinturas dessa gruta 
demonstram diversas técnicas, desde as figuras monocromáticas, passando pelas bicromáticas (nas quais 
se destacam as combinações amarelo e preto, vermelho e preto) e pelas policromáticas, com destaque 
para vermelho, amarelo e preto.
A gruta de Lascaux, no sul da França, foi descoberta em 1940, por Marcel Ravidat, que passeava uma 
tarde com seu cachorro pelos arredores. Como não conseguiu entrar num primeiro momento, voltou 
dias depois, acompanhado por amigos, e, juntos, finalmente entraram na cova. Qual não foi a surpresa 
dos rapazes quando, avançando pela gruta, chegaram a uma galeria estreita e, ao levantar a lanterna 
viram que o teto estava cheio de representações de cavalos e touros? Impressionados com o achado, 
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avisaram a um professor aposentado da região que, por sua vez, entrou em contato com o abade Henri 
Breuil, uma das maiores autoridades em arte paleolítica da época.
Henri Breuil, ao iniciar seus estudos de Lascaux, chamou‑a de “Altamira francesa” e acreditava 
que as pinturas e gravuras parietais encontradas na gruta fossem do período aurignaciano, porém as 
pesquisas posteriores comprovaram que as figuras eram do final do Paleolítico Superior, ou seja, do 
período magdaleniano. A temática comum é a presença de animais, com uma grande frequência de 
cavalos, touros e bisões.
No sul da França, encontramos a gruta de Niaux, uma das mais famosas do mundo. As pinturas, 
pertencentes ao período magdaleniano, destacam‑se pela sua policromia e pelo uso do carvão 
e do óxido de ferro. A temática presente nas representações são animais como cavalos, cabras, 
bisões e cervos.
Em Niaux, existe uma grande sala circular subterrânea chamada de Salão Negro, onde a arte parietal 
se caracteriza pela presença de figuras delineadas em negro e policromáticas. Uma dessas figuras retrata 
um bisão ferido por flechas com os traços negros delineados com grande efeito realista.
Figura 36 – Bisão ferido por flechas, Niaux, sul da França
Apesar de diversas grutas com arte parietal terem sido encontradas na região francesa de 
Ardèche desde o século XIX, essas figuras não despertaram o mesmo interesse que aquelas da região 
franco‑cantábrica. Porém, isso mudou quando, em 1994, três amigos descobriram uma gruta que 
recebeu o nome de Chauvet.
O nome Chauvet foi uma homenagem a uma das descobridoras da gruta. Jean‑Marie Chauvet, e seus 
amigos Éliette Brunel e Christian Hillaire, espeleólogos amadores, resolveram explorar as cavernas do 
chamado círculo d’Estre, na região do rio Ardèche. Em expedições anteriores, haviam achado uma cavidade 
pequena que apresentava uma corrente de ar. Desta feita, contudo, resolveram verificar se era ou não a 
entrada de uma gruta. Quando finalmente o grupo entrou na gruta, realizou uma inspeção prévia, e ficou 
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óbvio para todos que aquele lugar, provavelmente, servira de abrigo para homens pré‑históricos. Porém, a 
grande emoção só ocorreu quando pensavam em sair do local, pois uma das pessoas do grupo iluminou 
as paredes, e eles puderam visualizar as pinturas e gravuras rupestres representadas com tanto realismo.
Logo que as autoridades francesas foram notificadas e os primeiros pesquisadores, como o 
pré‑historiador Jean Clottes, chegaram à gruta para analisar a datação e a autenticidade das figuras, o 
sítio foi fechado para o público. Isso ocorreu devido a uma preocupação, por parte dos envolvidos, com 
a conservação do local, pois pretendiam evitar os danos que haviam ocorrido com algumas das pinturas 
encontradas em Lascaux e Altamira devido a agressões bioquímicas, como a presença do gás carbônico, 
relacionadas com a grande presença humana decorrente do turismo.
Além de ser o último descobrimento em relação a sítios de arte rupestre, o que mais ocasionou o 
repentino interesse dos pesquisadores pela gruta? O que o fez foram as datações iniciais com carbono 
14, que comprovaram que as pinturas e gravuras não eram do período áureo da arte rupestre, como se 
pensava pelas análises interpretativas – ou seja, não eram do final do Paleolítico Superior, mas sim dos 
primórdios dessa arte durante o período aurignaciano.
As datações a partir dos carvões vegetais presentes nas pinturas e nos resíduos de tochas da gruta 
comprovaram que o local fora ocupado em dois momentos pelos homens do Paleolítico. A primeira 
ocupação teria ocorrido em torno do período de 32.000 a.C. a 29.000 a.C. A segunda ocupação, por sua 
vez, seria do período que de 27.000 a.C. a 24.500 a.C. Essas ocupações englobariam então os períodos 
aurignaciano e gravetiano.
Apesar dessa datação com o carbono 14, a discussão sobre a antiguidade desse sítio continuou 
sendo resolvida somente em 2012, quando as pesquisas geológicas comprovaram que a entrada da 
gruta tinha sido vedada por um terremoto há mais de 21 mil anos.
A arte rupestre da gruta de Chauvet é, atualmente, a representação humana mais antiga da Europa. 
Esse status permanece, pelo menos, até que se faça uma nova datação radioativa da arte parietal da 
gruta de El Castillo, na Espanha, a que se tem atribuído, inicialmente, uma idade de 40 mil anos.
 Lembrete
Não podemos esquecer que o estudo da Pré‑história baseia‑se, 
principalmente, em hipóteses que podem sofrer alterações de acordo com 
novas pesquisas. Assim, toda temática desse período histórico é aberta ao 
debate.
Mas por que tanta polêmica em torno da datação desse sítio de arte rupestre?
Toda essa discussão deve‑se ao realismo, à elegância dos traços, ao sombreamento e ao dinamismo 
das imagens que levaram os pesquisadores a classificarem essa arte rupestre como contemporânea de 
Altamira e Lascaux.
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O dinamismo e o realismo das representações são tão surpreendentes que podemos imaginar a cena 
de criação dessa arte: o artista paleolítico, com a ajuda de tochas para iluminar seu caminho, adentra 
a grutae, ao encontrar o local ideal, pinta e grava animais de seu cotidiano. A possibilidade de que a 
gruta seja local de hibernação de ursos durante o inverno não desanima; ao contrário, parece ser fonte 
de inspiração, como mostra a figura do urso desenhado na parede da gruta.
Figura 37 – Urso desenhado na caverna de Chauvet
Como podemos observar na figura do urso, o artista lidava com o movimento e a perspectiva. 
Aproveitava‑se das saliências e reentrâncias das paredes para conseguir o volume e representar a 
musculatura das figuras, recriando o movimento e a ação.
Na pintura, os materiais mais usados eram o carvão, a argila vermelha e outros pigmentos minerais, 
sendo as cores mais comuns o preto, o vermelho e o amarelo. Uma técnica utilizada nesse local era a 
raspagem da superfície parietal até surgir uma camada mineral branca, onde os gravadores talhavam 
com pedras as figuras por eles escolhidas, ou alguns pintores realizavam seus desenhos.
Muitas figuras eram diretamente esboçadas nas paredes com carvão vegetal sem a raspagem prévia. 
Havia uma variedade de animais representados, como mamutes, cavalos, rinocerontes, leões, cervos 
gigantes (megáceros), ursos e até mesmo representações únicas no mundo, como panteras e corujas. 
Outra temática identificada foi a representação de mãos, principalmente, as que utilizavam a técnica de 
passar tinta na parede e depois apoiar as mãos de modo que deixassem uma impressão.
Além de questionar a hipótese do avanço linear no processo artístico, outro questionamento 
que se estabelece refere‑se ao debate antropológico, pois teriam sido esses artistas neandertais ou 
Cro‑Magnon? Ambos habitavam a região no primeiro período de ocupação da gruta. A tendência 
entre os pesquisadores é defender que essa produção foi levada a cabo pelo homem de Cro‑Magnon. 
Além disso, os pesquisadores defendem a ideia de que esses homens da cultura aurignaciana foram os 
responsáveis pelo desenvolvimento das técnicas.
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Unidade II
 saiba mais
Para saber outras informações sobre Chauvet, veja os textos:
AGENCE FRANCE‑PRESSE. Pigmento de pinturas rupestres é 
usado para blindar sonda espacial. Estado de Minas, Belo Horizonte, 
26 mar. 2014. Disponível em: <http://www.em.com.br/app/
noticia/internacional/2014/02/12/interna_internacional,497770/
pigmento‑de‑pinturas‑rupestres‑e‑usado‑para‑blindar‑sonda‑espacial.
shtml>. Acesso em: 26 mar. 2014.
FEIX, D. Cineasta Werner Herzog usa 3D para investigar arte pré‑histórica. 
Zero Hora, 27 fev. 2013. Disponível em: <http://zerohora.clicrbs.com.br/
rs/cultura‑e‑lazer/segundo‑caderno/noticia/2013/02/cineasta‑werner 
‑herzog‑usa‑3d‑para‑investigar‑arte‑pre‑historica‑4057953.html>. 
Acesso em: 26 mar. 2014.
E no Neolítico, com todas as mudanças que ocorreram, a arte continuava igual à do Paleolítico?
A pintura do Neolítico é marcada por representações estilizadas ou simbólicas, ao contrário 
do naturalismo do Paleolítico. A figura humana aparece mais frequentemente e se representam 
cenas de caça e de dança. Outra característica é que essas pinturas são, predominantemente, 
monocromáticas, com predomínio do vermelho, embora também existam algumas em preto e 
branco. Primeiro faziam o contorno do desenho e depois o preenchiam completamente. Outra 
característica é que essas pinturas foram realizadas ao ar livre, em abrigos rochosos, ao contrário 
das pinturas e gravuras do Paleolítico.
Mas não foi apenas a maneira de desenhar e pintar que sofreu modificações. 
Os próprios temas da arte mudaram: começaram as representações da 
vida coletiva. Como as pessoas passaram a serem representadas em suas 
atividades cotidianas, um novo problema se colocou para o artista: dar ideia 
de movimento através da imagem fixa [...]. E o artista do Neolítico conseguiu 
isso de maneira eficiente, como se pode notar nas pinturas de cenas de 
danças coletivas, possivelmente ligadas ao trabalho de plantio e de colheita.
A preocupação com o movimento fez com que os artistas criassem figuras 
leves, ágeis, pequenas e de pouca cor. Com o tempo, essas figuras foram 
se reduzindo a traços e linhas muito simples, que comunicavam algo para 
quem as via. Desses desenhos surge, portanto, a primeira forma de escrita, a 
escrita pictográfica, que consiste em representar seres e ideias pelo desenho 
(PROENÇA, 2000, p.14).
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Artes VisuAis nA Pré-históriA
Na região chamada de Levantino Espanhol, que engloba lugares como Valência, Castellón, Alicante, 
Teruel, Lérida e Barcelona, entre outras, existe uma expressiva representação de arte rupestre que 
data do final do Paleolítico e do Neolítico. Assim, a arte rupestre dessa região apresenta as principais 
características da pintura neolítica citadas anteriormente. As representações levantinas esquematizam 
a figura a tal ponto que podem ser reduzidas a ideogramas. O ser humano, muitas vezes, é representado 
com traços que aludem à cabeça, ao tronco e às extremidades.
Mas não há uma norma que tenha validade universal para explicar a arte 
esquemática: em cada cova ou em cada abrigo há soluções diferentes, o que 
não impede estabelecer nexos ou círculos artísticos. Os paralelismos podem 
ser fixados no campo da cor [...], nos recursos utilizados para sintetizar as 
figuras, no ritmo das composições [...].
As pinturas neolíticas estão já muito perto dos esquemas que deram vida 
às primeiras formas de escritura de algumas culturas (LOPERA, 1995, p. 26).
Figura 38 – Pintura estilizada
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Unidade II
Figura 39 – Ideia de movimento através da imagem fixa
Assim, o caminho da arte rupestre é longo, percorrendo um trajeto que vai do naturalismo e de uma 
representação da realidade até as figuras esquemáticas quase abstratas, antecipando nossa tendência 
contemporânea ao abstracionismo.
 saiba mais
Na atualidade, é comum um paralelo entre arte rupestre e grafite (tipo 
de pintura mural). Para saber um pouco mais sobre essa arte contemporânea 
comum em grandes metrópoles, procure o livro:
CZAPSKI, R. Graffiti SP. São Paulo: Ricardo Czapski, 2013.
Exemplo de aplicação
Escolha uma imagem de arte rupestre do Paleolítico e uma do Neolítico e compare‑as, descrevendo 
as características presentes em cada uma.
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6.2 A escultura, a arquitetura e a cerâmica pré‑históricas
Além da arte rupestre, o homem pré‑histórico desenvolveu a produção de esculturas e, posteriormente, 
da cerâmica e da escultura.
O nosso homem do Paleolítico, preocupado em levar adiante a aventura de sua sobrevivência, 
desenvolveu uma arte mobiliária, ou seja, pequenas estátuas que carregava consigo durante suas 
migrações. Esses artefatos, provavelmente, estivessem relacionados ao culto de fertilidade e, mais uma 
vez, representavam simbolicamente a realidade dos nossos ancestrais.
Acredita‑se que o homem pré‑histórico desse ênfase ao corpo feminino, pois ele representava a 
fecundidade. Estátuas com formas femininas foram encontradas em quase todos os lugares por onde 
ele passou.
Por serem representações femininas, essas estátuas receberam a denominação de “Vênus”. Eram 
pequenas, mais ou menos do tamanho da palma da mão. Sobre o assunto, afirma Proença (1995, p. 
12): “Predominam as figuras femininas com a cabeça surgindo como prolongação do pescoço, seios 
volumosos, ventre saltado e grandes nádegas”.
Assim, todas apresentam um estilo comum:o corpo feminino é apresentado com um grande realismo 
anatômico, apesar de exagerado, e o rosto está praticamente ausente ou é pouco detalhado. A mínima 
preocupação com o rosto, as pernas e os braços contribui para a hipótese de que essas figuras fossem 
realmente ligadas ao culto da fertilidade.
Esculpidas em marfim, madeira, pedra e ossos ou modeladas em terracota, por suas dimensões tão 
pequenas, as estátuas podiam ser facilmente transportadas e, consequentemente, difundidas por esse 
homem nômade que buscava na caça e na coleta a sua forma de sobrevivência.
 saiba mais
ARQUEÓLOGOS encontram a mais antiga oficina para trabalhos 
em marfim. Veja, São Paulo, 26 set. 2012. Disponível em: <http://
veja.abril.com.br/noticia/ciencia/arqueologos‑encontram‑a‑mais‑ 
antiga‑oficina‑para‑trabalhos‑em‑marfim>. Acesso em: 26 mar. 2014.
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Unidade II
Figura 40 – Vênus de Lespugue, França (réplica)
Figura 41 – Vênus de Brassempovy, França (réplica)
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Artes VisuAis nA Pré-históriA
Figura 42 Figura 43 
Vênus de Willendorf, esculturas em pedra relacionadas ao culto da fertilidade encontradas na Áustria
Como podemos perceber, a presença de representações masculinas é raríssima nas esculturas do 
Paleolítico. Assim como existe uma grande discussão em torno da representação da arte rupestre, o 
mesmo acontece com a escultura: existem hipóteses defendendo que a presença predominante dessas 
estátuas femininas representaria a importância do papel da mulher na organização do grupo; outras 
afirmam que essas estátuas com os exagerados traços femininos reforçariam a existência de uma 
divisão de trabalho entre homens e mulheres e que o papel feminino seria somente o de procriação. 
Não podemos provar nenhuma delas, porém a hipótese mais aceita é a de que essas estátuas estariam 
relacionadas aos rituais de fertilidade.
Um grande destaque da arte pré‑histórica ocorre a partir do Neolítico e é a presença da arquitetura, 
como comentado anteriormente.
As mudanças ocorridas durante o Neolítico possibilitam o aumento demográfico e, posteriormente, 
o aumento da força de trabalho. A partir desse nosso ancestral Homo sapiens sapiens, que descobre a 
agricultura e a domesticação dos animais, o sedentarismo acaba por se impor. Desse modo, esse homem 
não precisa mais dedicar todo o seu tempo às atividades de produção, pois passa a ser produtor do seu 
alimento e a garantir sua sobrevivência.
Além do tempo conquistado por não precisar mais buscar a subsistência de modo tão desgastante, 
esse nosso antecessor não precisa mais mudar‑se com regularidade. Pode, então, passar a pensar na 
construção de moradias utilizando matérias mais resistentes, como a pedra e o adobe, pois, para alguém 
que precisa se proteger do frio e das intempéries da vida, nada melhor do que um abrigo resistente e 
seguro.
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Unidade II
É então que grupos agricultores se estabelecem próximo aos rios e lagos para garantir condições 
favoráveis ao desenvolvimento da agricultura e iniciam, a partir da elevação de suas moradias, a 
construção de aldeias. Dentre elas, vale notar que as estabelecidas na região dos rios Nilo, Tigre e Eufrates 
deram origem às civilizações egípcia e mesopotâmica.
Figura 44 – Reconstituição de uma aldeia neolítica
Ainda no período Neolítico, encontramos os chamados monumentos “megalíticos”, que são blocos 
de pedras de dimensões gigantescas, provavelmente associados a questões de caráter religioso, já que, 
na maioria das vezes, encontram‑se junto a eles sepulturas que apresentam um padrão de enterramento. 
Esses monumentos aparecem dispostos de formas variadas, como, muitas vezes, numa única estrutura 
de pedra fincada ao chão – menir, duas estruturas com mais uma sobreposta ou, ainda, estruturas 
dispostas em forma de círculos.
Se todas as obras megalíticas, pré‑históricas ou de idade histórica, nos 
causam estupefação, pelas dificuldades técnicas superadas, também 
é certo que os menires e os dolmens originam em nós um estupor 
particular, por outros motivos além do da aura mágica que os aureola. 
Estes monólitos imanes, de grandes dimensões e peso, requereram, para 
serem colocados nos respectivos lugares, soluções de problemas que se 
nos afiguram sobre‑humanos. Muitas vezes, foram transportados de 
muito longe, devendo ter sido rolados por cima de troncos de árvores, 
depois do seu laborioso destaque da rocha. No lugar, sua base era levada 
a deslizar para uma fossa profunda; depois, os blocos eram erguidos, 
puxados por grossas cordas aplicadas à sua extremidade superior. Mais 
complexa era a construção dos dolmens. Uma vez erigidos os suportes 
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verticais, como acontecia para os menires, o intervalo entre uns e 
outros era momentaneamente enchido de terra de escavação; sobre 
esta, por meio de rolos, fazia‑se deslizar a pedra de cobertura. Deste 
modo, o dólmen representa o início do critério construtivo trilítico 
(dois suportes verticais, sustentando um terceiro horizontal) (PISCHEL, 
1966, p. 17).
 Observação
Dentre os monumentos megalíticos, podemos destacar:
• menir: grandes pedras isoladas erguidas em sentido vertical;
• dolmen: duas pedras verticais que sustentam uma terceira, 
posicionada horizontalmente;
• henge: aterro circular acompanhado por uma vala interna paralela;
• cromlech: pedras agrupadas em um ou mais círculos em torno de um 
dólmen.
Figura 45 – Dólmen ou mesa de pedra
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Unidade II
Um dos monumentos megalíticos mais conhecidos é o de Stonehenge.
Figura 46 – Stonehenge
O que levaria esse homem neolítico, que não conhecia a roda ou a carroça, a carregar enormes 
rochas com cerca de quatro toneladas cada e empilhá‑las a mais de 320 quilômetros de distância do 
lugar de onde foram retiradas?
Seu objetivo era religioso; aparentemente, o esforço contínuo necessário 
para construí‑lo só poderia ter sido mantido pela fé – uma fé que, quase 
literalmente, exigia que se movessem montanhas. A estrutura inteira é 
voltada para o ponto exato em que o Sol se levanta no dia mais longo do 
ano, o que leva a crer que deve ter‑se prestado a um ritual de adoração 
do Sol. Mesmo atualmente, Stonehenge tem características majestosas e 
sobre‑humanas, como se fosse obra de uma raça esquecida de gigantes. Se 
devemos ou não chamar um monumento como esse de arquitetura, é uma 
questão de definição: temos uma tendência a pensar a arquitetura em 
termos de interiores fechados [...]. Talvez devêssemos consultar os gregos 
antigos, que criaram a palavra. Para eles, ”arqui‑tetura” significa algo mais 
alto que a “tetura” convencional (isto é, ”construção” ou ”edificação”), 
uma estrutura diferenciada daquela de tipo exclusivamente prático e 
cotidiano, em termos de escala, ordem, permanência ou suntuosidade de 
propósitos. Um grego, certamente, chamaria Stonehenge arquitetura [...]. 
Se a arquitetura é a “arte de adaptar o espaço às necessidades e aspirações 
humanas”, então, Stonehenge faz mais do que preencher esses requisitos 
(JANSON; JANSON, 1996, p. 18).
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 saiba mais
Alguns filmes quepodem propiciar uma inter‑relação com os conteúdos 
da unidade.
A GUERRA do fogo. Direção Jean‑Jacques Annaud, 1981, 100 min.
A ODISSEIA. Direção Francis Ford Coppola, 1997, 150 min.
300. Direção Zack Snyder. EUA: Warner Bross, 2007, 117 min.
O surgimento desse tipo de monumento megalítico é recorrente em toda a Europa; no entanto, 
consideram‑se como os mais representativos, além do cromlech de Stonehenge, outros encontrados na 
Grã‑Bretanha, na França e na Espanha.
Novas descobertas encontraram na região de Orkney, no norte da Escócia, um monumento megalítico 
anterior a Stonehenge. Vejamos:
Novas descobertas parecem ter identificado um precursor do santuário pré‑histórico 
de Stonehenge. Também na Grã‑Bretanha, o lugar fica no extremo norte da Escócia, 
nas ilhas Orkney, e seria cerca de 200 anos mais velho. Chamado de Ness of Brodgar 
(Promontório de Brodgar), apenas 10% desse enorme complexo neolítico está sendo 
estudado. Delimitado por uma parede de pedras de 4 metros de espessura, provavelmente 
milhares de pessoas se reuniam ali em rituais sazonais e para cultuar os mortos. 
De acordo com pesquisas recentes de datação por radiocarbono, Brodgar foi ocupado 
pela primeira vez em 3200 a.C. e abrigou centenas de construções no interior de uma 
monumental muralha. “Orkney é uma das chaves para entender o desenvolvimento da 
religião neolítica”, diz o diretor do Centro de Pesquisas Arqueológicas da Universidade 
de Orkney, Nick Card. Seus rituais podem ter prenunciado as festas de Stonehenge 
e Avebury, e suspeita‑se que tenham surgido ali as cerâmicas entalhadas típicas da 
Inglaterra neolítica.
Fonte: UM PRECURSOR... ([s.d.]).
 Observação
Uma curiosidade específica de Stonehenge é sua disposição, pois 
sua base inferior tem uma orientação que coincide com o nascer do 
Sol, justamente quando se dá o solstício, o que permite inferir que está 
diretamente ligada a honrarias ao Sol.
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Unidade II
Além da arquitetura, você imagina outras mudanças tecnológicas relacionadas com as novas condições 
econômicas e sociais do homem do Neolítico? Com o excedente de produção, cresce a preocupação em 
armazenar os grãos em recipientes e, assim, surge a cerâmica. É provável, entretanto, que essa técnica 
tenha se desenvolvido graças a uma boa dose de acaso e observação. Acredita‑se que, ao observar o que 
ocorria com a argila quando entrava em contato com o fogo, o homem tenha criado essa nova técnica.
Figura 47 – Vaso de cerâmica do período Neolítico
A metalurgia é outro destaque que surge no Neolítico, já em sua fase final, permitindo que, aos 
poucos, o homem do período possa substituir os instrumentos de pedra.
O conhecimento que foi se acumulando a partir da fusão de cobre, estanho, bronze, até chegar 
ao ferro fortaleceu sobremaneira os grupos que puderam desenvolver essas técnicas, contribuindo, 
então, para o exercício de supremacia na defesa e consolidação de seu território, o que coopera com a 
sedentarização, que tem como consequência a formação das primeiras civilizações.
Figura 48 – Guerreiros em bronze (norte da Europa): 
produção do período de transição para a metalurgia
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As esculturas de metais são encontradas principalmente na Escandinávia e na Sardenha. É provável 
que utilizassem uma técnica chamada de método com fôrma de barro ou técnica da cera perdida para 
ser feitas.
Para o escultor que usava o método da fôrma de barro, o primeiro passo consistia em fazer uma 
fôrma com esse material. Nela era despejado o metal já derretido em fornos. O metal fundido era 
deixado dentro da fôrma até que esfriasse. Depois de frio, a fôrma era quebrada. Obtinha‑se, assim, uma 
escultura com uma configuração anteriormente dada ao barro.
Já o trabalho do artista que usava a técnica da cera perdida começava com a construção de um 
modelo em cera. Esse modelo era revestido de barro aquecido. Com o calor do barro, a cera derretia e 
escorria por um orifício que era propositalmente deixado na peça de cerâmica. Obtinha‑se, assim, um 
objeto oco. Depois, por esse mesmo orifício, preenchia‑se o objeto com metal fundido. Quando o metal 
estivesse derretido e frio, quebrava‑se o molde de barro. Dentro dele estava a escultura em metal igual 
à que ele tinha moldado em cera (PROENÇA, 2000, p. 15).
Essa ordenação do mundo através de imagens, da criação de símbolos não pode ser considerada obra 
do acaso, deve ser admitida como representação do comportamento simbólico e social dos grupos que 
a produziram.
 resumo
Desde tempos remotos, o homem representa seu mundo e sua realidade 
através de imagens. Para os seres humanos, a ordenação visual sempre 
esteve presente, quer de forma figurativa, quer de forma abstrata.
Essa ordenação do mundo através da criação de símbolos não pode 
ser considerada obra do acaso, deve ser admitida como representação do 
comportamento simbólico e social dos grupos que o produziram.
Desde a descoberta da arte rupestre, existem numerosos campos de 
interpretação de análise dessa arte, como o estruturalismo, o estudo de 
gênero, os fenômenos astronômicos, biológicos e acústicos. Contudo, a 
hipótese mais corrente ainda é a que defende uma finalidade mágica para 
essas pinturas e gravuras, que seriam relacionadas com rituais que teriam 
o objetivo de garantir a sobrevivência do grupo, nos quais a representação 
possuiria o poder de aprisionar o animal. Assim, ao pintá‑lo, o caçador 
praticamente convocava a caça, capturando‑a com maior facilidade.
Um consenso entre os pesquisadores atuais é que, independentemente 
da linha interpretativa, a análise de uma pintura ou gravura em rocha não 
pode ser feita de uma maneira isolada, pois é necessário levar em conta 
todo o contexto em que ela é encontrada.
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Unidade II
Assim, quais foram os elementos dignos de registros para os homens 
pré‑históricos? Como já visto, o repertório do homem desse período 
envolvia a natureza que o cercava, tornando a temática da arte rupestre 
mundial homogênea.
A presença de figuras humanas, de animais, sinais geométricos e 
símbolos da natureza, como o Sol e a Lua, são elementos comuns na 
arte parietal das grutas e cavernas descobertas no mundo todo. Na 
Europa, por exemplo, é comum a presença de imagens de bisões, cervos, 
cavalos, renas, cabras, javalis e ursos representando o universo vivido 
por esses homens.
Foi durante o período Paleolítico que surgiram as técnicas das mãos 
em negativo e das mãos em positivo, o que deu início, junto com as 
representações de animais, à arte rupestre. As características comuns 
da arte rupestre do Paleolítico são o naturalismo e a presença de 
figuras de animais isoladas, sem formar cenas. Outra característica se 
refere às cores utilizadas, variando da monocromia à policromia. Eram 
muito utilizadas as cores preta (obtida a partir do carvão vegetal), 
amarela e vermelha (obtidas do óxido de minerais). Como ferramentas 
de pintura, eram usados, provavelmente, os dedos e pincéis feitos de 
penas e pelos. Além disso, era comum que os artistas se aproveitassem 
das reentrâncias e de saliências das paredes para realizar os desenhos 
com volume, principalmente, nas áreas pouco iluminadas do fundo 
das cavernas e grutas.
A pintura do Neolítico é caracterizada por representações estilizadas 
ou simbólicas. A figura humana é a que mais frequentemente 
aparece, e representam‑se cenas de caça e de dança com regularidade. 
Outra característica é que essas pinturas são, predominantemente,monocromáticas, com predomínio do vermelho, embora existam pinturas 
em preto e branco. Acredita‑se que primeiro fosse feito o contorno do 
desenho, que depois era preenchido completamente. Essas pinturas foram 
realizadas ao ar livre, em abrigos rochosos.
O maior número de sítios arqueológicos e rupestres existe no continente 
africano, embora eles também existam na Oceania, na Ásia e na América. 
No Brasil, acredita‑se que os sítios de São Raimundo Nonato, no Piauí, 
sejam os mais antigos. Os exemplares europeus são os mais estudados, 
principalmente as grutas e cavernas encontradas em Altamira e na região 
levantina, na Espanha, em Lascaux, Niaux e Chauvet, na França.
Durante o período Neolítico, encontramos os chamados monumentos 
megalíticos, que são blocos de pedras de dimensões gigantescas, 
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provavelmente associados a questões de caráter religioso, já que, na maioria 
das vezes, estão próximos a sepulturas que apresentam um padrão de 
enterramento. Esses monumentos aparecem dispostos de formas variadas: 
menir, dolmen, ou cromlech.
O surgimento desse tipo de monumento megalítico é recorrente em 
toda a Europa; no entanto, consideram‑se como os mais representativos 
aqueles encontrados na França, na Espanha e, sobretudo, na Grã‑Bretanha, 
em que se encontra o cromlech de Stonehenge.
Acredita‑se que, ao observar o que ocorria com a argila quando entrava 
em contato com o fogo, o homem criou a técnica da cerâmica.
A metalurgia é outro destaque que surge no Neolítico, já em sua fase 
final, permitindo que, aos poucos, o homem do período possa substituir os 
instrumentos de pedra.
O conhecimento que foi se acumulando a partir da fusão de cobre, 
estanho, bronze, até chegar ao ferro, fortalece demasiadamente os grupos, 
que podem desenvolver essas técnicas, contribuindo, então, para exercer 
uma supremacia na defesa e consolidação de seu território, contribuindo 
para a sedentarização, com a consequente formação das primeiras 
civilizações. As principais técnicas eram o método da fôrma de barro e a 
técnica da cera derretida.
 exercícios
Questão 1. Também fazem parte do período Neolítico os chamados monumentos megalíticos. 
Dentre eles, há os chamados dólmens, que podem ser descritos como:
A) Monumentos caídos no chão em uma disposição circular.
B) Monumentos compostos por pelo menos dois ou mais monólitos fixados verticalmente no solo, 
tendo um terceiro que repousa horizontalmente sobre eles, parecendo um teto.
C) Monumentos fixados verticalmente no solo e colocados de maneira circular.
D) Monumentos fixados verticalmente no solo e associados à produção agrícola.
E) Monumento fixados verticalmente em grandes lagos.
Resposta correta: alternativa B.
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Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: a descrição não condiz com as disposições encontradas quando se fala em monumentos 
megalíticos.
B) Alternativa correta.
Justificativa: os dólmens, em sua disposição, poderiam se associar a um teto ou uma mesa, devido à 
terceira laje repousada sobre as demais.
C) Alternativa incorreta
Justificativa: a descrição corresponde aos chamados cromlechs, devido à sua disposição circular.
D) Alternativa incorreta
Justificativa: a alternativa não pode ser considerada correta porque associa os dólmens a rituais 
religiosos, já que são encontradas sepulturas próximas a eles.
E) Alternativa incorreta
Justificativa: a alternativa não pode ser considerada correta porque os dólmens não se encontram 
em lagos.
Questão 2. Os estudos sobre a arte do período Paleolítico nos revelaram estatuetas femininas 
denominadas Vênus, que apresentam como características seios exagerados e ancas largas. Podemos 
dizer, então, que essas características ressaltam:
A) A fertilidade feminina.
B) O ideal de beleza que predominava.
C) A caricatura da mulher primitiva.
D) Uma alusão à beleza da mulher romana, por isso, inclusive, a denominação Vênus.
E) Expressa o poder militar feminino nos primórdios da humanidade.
Resposta correta: alternativa A.
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Análise das alternativas
A) Alternativa correta.
Justificativa: como seria difícil conhecer a origem da concepção, o mesmo não ocorreria com a 
capacidade de gestação, portanto as formas da figura seriam devidas à valorização da fertilidade 
feminina e da maternidade.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: nessas esculturas, estão em evidência elementos da maternidade.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: não se dá nenhuma ênfase ao rosto, por exemplo.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: não há nenhuma relação com a mitologia grega ou romana.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: não há nenhuma evidência de poderio ou organização militar feminina no período 
Paleolítico.

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