Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Das ações possessórias Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. § 1 o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. § 2 o Para fim da citação pessoal prevista no § 1 o , o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados. § 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1o e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer- se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios. Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - condenação em perdas e danos; II - indenização dos frutos. Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para: I - evitar nova turbação ou esbulho; II - cumprir-se a tutela provisória ou final. Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor. Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa. Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial. Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório. Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar- lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. Seção II Da Manutenção e da Reintegração de Posse Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho. Art. 561. Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração. Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais. Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou de reintegração. Art. 564. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 (quinze) dias. Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar será contado da intimação da decisão que deferir ou não a medida liminar. Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2 o e 4 o . § 1 o Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2 o a 4 o deste artigo. § 2 o O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública será intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça. § 3 o O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional. § 4 o Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de possibilidade de solução para o conflito possessório. § 5 o Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel. Art. 566. Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento comum. Seção III Do Interdito Proibitório Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito. Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste Capítulo. RESUMO O que é ação possessória? Diz-se possessória a ação fundada no fato da posse, com pedido de manutenção da posse, de reintegração na posse ou para que cesse turbação da posse. O importante, para caracterizar a ação possessória é o seu fundamento, porque o pedido de reintegração, por exemplo, não impede que o juiz conceda manutenção da posse, já que a propositura de uma ação possessória em vez de outra não impede que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal àquela cujos pressupostos foram provados. No caso de ameaça à posse, o possuidor requer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu pena pecuniária, caso transgrida o preceito. Consumando-se a turbação ou o esbulho, o juiz concede mandado de manutenção ou de reintegração na posse, embora proposta a ação como de interdito proibitório. Pode cumular-se o pedido de proteção possessória com pedido de outra natureza? O pedido de proteção possessória pode ser cumulado com o de condenação em perdas e danos e indenização dos frutos. Nada impede, também, que o autor requeira medida para o cumprimento da decisão proferida ou para evitar nova turbação ou esbulho. Pode cumular-se ação possessória, fundada na posse, com ação reivindicatória, fundada no domínio? Não, tanto que vedada, tanto ao autor quanto ao réu, a propositura de ação reivindicatória na pendência da ação possessória, salvo se contra terceiro. Como se procede no caso de ameaça, turbação ou esbulho praticado por uma coletividade, como a de uma parcela do MST, Movimento dos Trabalhadores sem Terra? No caso de ação possessória contra grande número de pessoas, faz-se a citação pessoal dos ocupantes encontrados no local, citando-se os demais por edital, intimando-se, ainda, o MinistérioPúblico e a Defensoria Pública, devendo, ainda, o juiz determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação, valendo-se da publicação de cartazes, anúncios em jornal ou rádio, etc. Em ação possessória, pode o réu defender-se, alegando e provando ter o domínio da coisa? Não, porque a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa não obsta à manutenção ou à reintegração? Por que se costuma dizer que a ação possessória é dúplice? Diz-se que a ação possessória é dúplice, porque o réu pode, na contestação, independentemente de reconvenção, demandar a proteção possessória e indenização pelos prejuízos, alegando que a turbação ou o esbulho foi cometido pelo autor. Esse, aliás, é um motivo para a inclusão das ações possessórias entre os procedimentos especiais. Qual a diferença entre ação possessória de força nova e de força velha? Ao tempo em que somente cabia antecipação de tutela em procedimentos especiais, dizia-se de força nova a ação proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho, caso em que cabia cabia liminar, tratando-se, pois, de procedimento especial.. Agora, sendo a ação de força velha, antes da concessão da medida liminar, o juiz deve designar audiência de mediação, intimados o Ministério Público, a Defensoria Pública, havendo parte beneficiária de gratuidade da justiça, bem como os órgãos responsáveis pela política agrária e urbana da União, do Estado e do Município, afim de se manifestarem sobre seu interesse no processo. O que precisa provar o autor, para ser mantido na posse, no caso de turbação, e ser reintegrado, no caso de esbulho? O autor precisa provar: I – a sua posse; II – a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III – a data da turbação ou do esbulho; IV – continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração. Pode ser concedida antecipação de tutela? Sim. Havendo prova suficiente, o juiz defere mandado liminar de manutenção ou de reintegração, sem ouvir o réu, que só é ouvido previamente se for pessoa jurídica de direito público. Insuficientes as provas produzidas com a inicial, o juiz designa audiência de justificação, citando-se o réu para comparecer a essa audiência, finda a qual, o juiz concede, se for o caso, mandado de manutenção ou de reintegração. Somente depois é o réu citado para contestar a ação, no prazo de 15 dias contado da citação ou, tendo sido exigida justificação, da data em que deferida ou indeferida a liminar. Como pode defender-se o réu, surpreendido por uma decisão do juiz concedida liminarmente? Cabe agravo da decisão que concede tutela provisória, com fundamento no artigo 1.015, I. Além disso, pode o réu requerer que o autor preste caução, sob pena de depósito da coisa, provando que o autor carece de idoneidade financeira para responder por perdas e danos. Curiosamente, a Lei dispensa da prestação de caução o autor economicamente insuficiente, isto é, exatamente o autor que não tem idoneidade financeira para responder por perdas e danos.
Compartilhar