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1 ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL – ESAB O ESTADO DO ACRE E A RODOVIA INTEROCEÂNICA COMO DIFERENCIAL ESTRATÉGICO PARA AS ATIVIDADES DE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO Rafael Lopes Pimpão1 Claúdia Guimarães Duarte2 Resumo O eixo rodoviário denominado Rodovia Interoceânica, ou ainda, Estrada do Pacífico, localizada ao norte do Brasil, no estado do Acre, conecta a região aos vizinhos Bolívia e Peru, permitindo a integração comercial, social e cultural entre os países. As atividades de comércio exterior tiveram destaque a partir de 2011, com a conclusão da construção da ponte sobre o Rio Madre de Dios, na cidade de Puerto Maldonado (PE), eliminando o principal gargalo no quesito tempo para as operações de importação e exportação pelo eixo. O estado do Acre, posicionado estrategicamente em uma tríplice fronteira, usufrui dos benefícios e incentivos fiscais das Áreas de Livre Comércio – Brasiléia e Cruzeiro do Sul, e do Acordo de Complementação Econômica ACE-58, assinado entre Peru e Brasil, permitindo as atividades de comércio exterior com redução tributaria de 100% da alíquota do imposto de importação até 2019, possibilitando o abastecimento do mercado acreano por produtos de qualidade comprovada, com custos acessíveis e prazos de entrega adequados para a realidade do mercado local. O objetivo do presente estudo é avaliar a viabilidade operacional do eixo da Rodovia Interoceânica. A metodologia de pesquisa utilizada é o estudo de caso, e os resultados obtidos apresentados na forma de relatório, tabelas e gráficos, que apresentam a evolução das atividades de comércio exterior, seja de produtos acreanos, ou de outras unidades da federação que utilizam o estado como rota de passagem, e sua influência no desenvolvimento social, econômico e político do estado do Acre, possibilitando a inclusão deste no mapa logístico brasileiro. Palavras-chave: Interoceânica. Estrada do Pacífico. Importação. Exportação. Integração. 1 Introdução 1 Pós-graduando em Gestão de Logística Empresarial na Escola Superior Aberta do Brasil – ESAB. rafaelpimpao@gmail.com 2 Mestre em Ciências Contábeis pela Fundação Instituto Capixaba de Pesquisa em Contabilidade, Economia e Finanças - FUCAPE. 2 O Brasil é um potencial fornecedor de manufaturados, matéria-prima e commodities, e comprador de insumos e produtos acabados dos mais diversos pontos do planeta. A globalização, processo que começou em meados da década de 80, fortaleceu as relações internacionais e aproximou os mercados, e, mesmo com as grandes distâncias intercontinentais, os modais de transporte aéreo e marítimo foram a saída para o fortalecimento das atividades de comércio exterior. A infraestrutura portuária e dos terminais de cargas aéreos receberam investimentos, e a ampliação e manutenção das rodovias favoreceu o abastecimento desde os centros produtores até os locais de embarque para o exterior. Ao mesmo tempo em que as importações de insumos e produtos sem similaridade no país aumentaram, produtos substitutos com preços mais competitivos invadiram o Brasil a partir dos anos 90. As exportações rodoviárias para os países dos blocos MERCOSUL e Comunidade Andina (CAN), até 2006, somente eram realizadas através do sul do país, pelos portos secos de Foz do Iguaçu (PR), São Borja e Uruguaiana (RS), e as exportações e importações marítimas centralizadas nos portos brasileiros do litoral sudeste e sul – Santos (SP), Paranaguá (PR) e Navegantes (SC). A construção de um eixo rodoviário ligando o Brasil ao vizinho Peru, na região norte, através do Estado do Acre, possibilitou o acesso, não apenas à região norte do MERCOSUL, mas também ao continente asiático, utilizando os portos do litoral peruano, bem como para a costa oeste dos Estados Unidos, com escalas nos portos do Equador e Panamá. A figura abaixo mostra o posicionamento do Acre em relação ao resto do país e dos países da América do Sul. 3 Imagem 1: Mapa de localização Fonte: Secretaria de Estado e Planejamento – SEPLAN (2013) O transporte rodoviário de cargas é o segmento da logística que conta hoje com a maior rede de tráfego disponível para sua realização. No entanto, diversas rotas inviabilizam o transporte de mercadorias e produtos, devido a diversos fatores, entre eles, a infraestrutura de serviços auxiliares, as condições das rodovias, a inacessibilidade e a distancia de grandes centros de consumo, tornando o transporte marítimo seu maior concorrente, quando se trata de alcançar a América do Norte, América Central e Ásia. A análise que será feita do eixo denominado Rodovia Interoceânica, que liga Brasil e Peru, levará em consideração os fatores regionais que influenciam econômica e politicamente nas operações logísticas, bem como a visibilidade do eixo para empresas localizadas nas demais regiões do país. O trecho denominado Rodovia Interoceânica, ou ainda, Estrada do Pacífico, é formado pelas rodovias BR-364, a partir da cidade de Porto Velho (RO) até Rio Branco (AC) e continua pela BR-317 até as cidades de Epitaciolândia e Brasiléia, fronteiriças com a Bolívia, e Assis Brasil, fronteira com o Peru. Já em território peruano, a rodovia se divide em duas rotas, sendo uma para o oeste até o porto de San Juan de Marcona, e outro trecho para a região sul, chegando até os portos de Matarani e Ilo, favorecendo novos negócios e o turismo na região. A Estrada do Pacífico é o primeiro eixo multimodal – utilizando o transporte fluvial e rodoviário – ligando os litorais Atlântico e Pacífico da América do Sul. Além de favorecer a integração comercial e o turismo, a estrada garante o acesso dos produtos andinos ao Brasil e dos produtos brasileiros à Bolívia, Chile, Peru, Equador e Colômbia via rodoviária, e aos países asiáticos e norte-americanos, via os portos localizados no litoral peruano. Este eixo rodoviário binacional permite ao estado do Acre entrar definitivamente no mapa logístico brasileiro, possibilitando o acesso do mercado consumidor da região norte a produtos importados, que antes eram fornecidos por empresas das regiões sudestes e sul – tradings e importadores diretos – e que precisavam viajar mais de 4 mil quilômetros para chegar aos seus consumidores. Grandes centros produtores de alimentos, hortifrutigranjeiros, insumos para construção civil e indústria em geral estão localizados no vizinho Peru em distancias entre 1.500 há 2.100 km, diminuindo muito o transit time de produtos, como por exemplo, a cebola importada, que antes vinha da Argentina, região de Mendoza, na divisa com o Chile, até o CEAGESP em São Paulo (aproximadamente 2.900 km), e daí para chegar 4 ao mercado acreano (aproximadamente 3.400 km) são 9 dias de trânsito, enquanto que dos produtores peruanos, centralizados nas regiões de Ica e Arequipa, são 4 dias (-55%). Neste estudo fica comprovada a viabilidade operacional do eixo denominado Rodovia Interoceânica, onde são apontadas todas as vantagens de exploração desta via, consideradas as influências dos fatores regionais nas operações logísticas, bem como a visibilidade do eixo para empresas localizadas nas demais regiões do país. Esta pesquisa foi realizada através de estudo de caso, que, segundo Yin (2001, p.24) é uma metodologia válida em situações em que as questões a serem respondidas são do tipo “como?” ou “por quê?”, “quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e em situações nas quais o foco se encontra em fenômenos complexos e contemporâneos, inseridos no contexto da vida real”. A coletade dados foi realizada junto aos órgãos estaduais e federais envolvidos nas operações de comércio exterior, entrevistas com empresários, e busca na base de dados no site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC – utilizando a ferramenta ALICEWEB2, e seus resultados apresentados em formato de relatório, tabelas e gráficos que demonstram a evolução das atividades de comércio exterior no eixo rodoviário. 2 A Construção de um Sistema Logístico Eficiente O transporte é uma atividade de fundamental importância para o sistema logístico, uma vez que coloca insumos e produtos a disposição das cadeias produtivas e de consumo, e também para o equilíbrio econômico regional e nacional. Figueiredo et al. (2013) afirma que “sem um sistema de transporte eficiente e confiável, as regiões e nações ficam impossibilitadas de crescer e desenvolver-se”, assim como as empresas que dependem desse sistema ficam impossibilitadas de competir por não poderem oferecer níveis satisfatórios de serviços aos seus clientes, incorrendo com custos não programados e sofrendo atrasos nos seus sistemas produtivos. Nos últimos anos o sistema de transporte tem recebido investimentos em tecnologia, e pesquisa de processos e métodos, que possibilitem novas práticas, uma melhor infraestrutura, e equipamentos modernos para diminuir o tempo e os custos das operações. O perfeito funcionamento do sistema de transporte não depende apenas das organizações privadas, mas também da priorização de investimentos governamentais em 5 infraestrutura e manutenção, de políticas de desburocratização e da fiscalização eficiente. Infelizmente o rápido crescimento da logística de transporte não foi acompanhado por investimentos nos serviços e infraestrutura de apoio correspondentes. Dentro do sistema de transporte, o segmento internacional sofre com atrasos nos portos – marítimos e secos – e com as péssimas condições das vias – rodovias públicas sucateadas, hidrovias sem estrutura adequada de funcionamento, e com a excessiva burocracia dos controles fiscais nos pontos de fronteira e também durante o trânsito internacional. O lead time e os custos portuários no desembaraço aduaneiro oneram as operações, onde muitas vezes o transportador arca com esses custos sem conseguir repassá-los aos seus clientes. Novas rotas são criadas como alternativa para solucionar o esgotamento da capacidade de outros portos, oportunizando o desenvolvimento socioeconômico de regiões que antes não eram consideradas no mapa logístico nacional, como é o caso do estado do Acre. Não fosse a balsa que proporciona a travessia do Rio Madeira na divisa entre Rondônia e o estado, poderia ser considerado uma ilha isolada em uma tríplice fronteira pouco explorada. A construção do eixo rodoviário interoceânico foi iniciada pela criação do consórcio internacional IIRSA – Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana – que através da ação conjunta de 12 países da América do Sul visa promover a integração física, a modernização da matriz e da infraestrutura logística de transporte, estimulando também a integração política, econômica, cultural e social nas zonas fronteiriças. Diversos eixos de foram planejados, dentre eles o Eixo do Amazonas – Colômbia, Peru, Equador e Brasil – e o Eixo Peru-Bolívia-Brasil, com foco na construção de rodovias permitindo a conexão com os portos marítimos do Oceano Pacífico e incentivando o comércio bilateral entre esses países. Para que o sistema logístico funcione eficientemente, é necessário que todas as engrenagens (setores) operem em sincronia com o setor de transporte, cujo sistema irá proporcionar a distribuição e alcance de mercados cada vez mais distantes, a custos controlados e enxutos. Segundo Ballou (2013, p.114), o sistema de transporte é de vital importância na construção do sistema logístico. Quando não existe um bom sistema de transporte, a extensão do mercado fica limitada às cercanias do local de produção. A menos que os custos de produção sejam muito menores que num segundo ponto de produção, a ponto de a diferença desses custos contrabalançar os custos de transporte para servir o segundo mercado, não há grande margem para a competição de mercado ocorrer. Entretanto, com melhores serviços de transporte, os custos de produtos postos em mercados mais 6 distante podem ser competitivos com aqueles de outros produtores que vendem nos mesmos mercados. Portanto, não basta apenas o investimento privado em tecnologias, equipamentos e veículos para o transporte de cargas, pois cabe também ao estado fornecer condições para que a atividade aconteça efetivamente. Os investimentos em infraestrutura que facilitam as operações de transporte rodoviário na região não se limitam exclusivamente a construção de rodovias. O estado do Acre é o único no Brasil que possui uma ZPE – Zona de Processamento de Exportação, instalada, alfandegada e pronta para funcionamento desde 2012. Várias empresas apresentaram projetos ao Conselho das Zonas de Processamento de Exportação, e duas já foram autorizadas e devem começar a instalação de suas plantas industriais em 2015. O estado também foi escolhido para receber uma das cinco Aduanas Modelo que serão construídas no país, ao modelo da que está em construção no município de Novo Mundo (MS). Uma equipe do COANA – Coordenação de Administração Aduaneira – veio até o estado em junho de 2013 para verificar as condições e o local para instalação. Em um primeiro momento a cidade de Assis Brasil foi considerada para receber a estrutura, mas foi decidido a construção em uma área que integra os municípios de Epitaciolândia e Brasiléia, de forma a concentrar as operações aduaneiras de importação, exportação e trânsitos aduaneiros, tanto de produtos peruanos como bolivianos, e dos produtos brasileiros. O estado conta ainda, com duas Áreas de Livre Comércio (ALC) nas cidades de Brasiléia e Cruzeiro do Sul, sendo que a de Brasiléia se estende para o município de Epitaciolândia. 3 Operações de Comércio Exterior no Acre Apesar de o estado do Acre não ter destaque nas atividades de importação e exportação, o segmento de logística internacional de cargas vem crescendo nos últimos anos. Desde 20113 o fluxo de atividades vem aumentando consideravelmente e atraindo olhares de exportadores e importadores de outras regiões, como sul e sudeste. Foi levado em consideração, para análise, o período compreendido dos meses de janeiro a junho de 2011 até o mesmo período em 2014, e comparados todos os períodos, sua 3 Ano utilizado como referência e ponto de início para a coleta de dados no sistema ALICEWEB2, desenvolvido pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio. 7 evolução e identificados os fatores que influenciaram nas variações positivas e negativas dos números. O estado do Acre é totalmente dependente de produtos oriundos de outras regiões, principalmente do sul, sudeste e centro-oeste do Brasil – sejam eles nacionais ou importados – o que sempre justificou o baixo índice de importações no estado. Da mesma forma, por não ter uma produção de destaque, as exportações são tímidas, e quando acontecem, são, em sua maioria, de produtos em trânsito de outros estados. O ano de 2014 foi atípico às atividades de comércio exterior, devido ao fechamento da BR-364, motivado pela cheia excessiva do Rio Madeira (divisa entre RO e AC), obrigando empresários acreanos a buscarem produtos nos países vizinhos para abastecer o mercado consumidor local e as pequenas e médias indústrias localizadas no estado. Maisadiante os dados mostrarão a influência nos volumes importados no primeiro semestre de 2014, comparado com o mesmo período nos anos anteriores. O processo de compras – mercado interno e externo – envolve uma série de fatores para a tomada de decisão de fornecedores, tipo de produto ou insumo, capacidade de abastecimento, fluxo logístico, quantidade de frota disponível, dentre outros. Conforme Bertaglia (2009, p.30) “a aquisição compreende a elaboração e colocação de um pedido de compras com um fornecedor já selecionado”, o qual já fora pesquisado previamente, e monitorado, buscando evitar atrasos no processo e, consequentemente, no abastecimento do comprador. “Contudo, gestão de compras não se limita ao ato de comprar e monitorar. É um processo estratégico, que envolve custo, qualidade e velocidade de resposta” (BERTAGLIA, 2009, p.30). 3.1 Gargalos operacionais e desafios Um dos entraves para a aceleração da relação comercial com o Peru com o estado do Acre é a falta de confiança entre os empresários – exportadores e importadores – justificada pela baixa operabilidade registrada até o ano de 2011. Os exportadores do país vizinho ainda exigem o pagamento antecipado, enquanto que os importadores acreanos desejam realizar suas compras nas mesmas condições que no mercado interno, com prazos de até 60 dias para pagamento. O exportador teme enviar o produto e não receber o pagamento, e o importador, por sua vez, teme enviar o pagamento e não receber o produto. É uma questão que já está sendo trabalhada através do Governo do Estado, que junto com o Ministério de Relações 8 Exteriores, Itamaraty e Consulado Peruano, estão fortalecendo essa relação, e o intenso fluxo atual de importações e missões comerciais estão aproximando cada vez mais os empresários. A infraestrutura logística pública também vem recebendo melhorias (pavimentação e duplicação de trechos da BR-317), postos de controle policial e fiscalização fazendária (SUFRAMA e SEFAZ-AC), e a construção do Polo Logístico de Rio Branco (BR-364, Km 5). Assim com o governo estadual, o governo federal se faz presente. A Receita Federal recebeu novos auditores, e o terminal aduaneiro de Assis Brasil funciona das 8h às 20h de segunda a segunda, onde funcionam uma balança eletrônica e um equipamento de raios-X para inspeção e controle dos veículos que entram e saem do país por esse ponto de fronteira. O terminal aduaneiro precisa de reparos, mas não impede o funcionamento. O Ministério da Agricultura – MAPA, e a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, também estão equipando suas instalações e enviando fiscais para inspeção e classificação de cargas. Os prazos de fiscalização e inspeção que antes eram de até três dias, atualmente são de apenas algumas horas. O principal problema enfrentado pelos órgãos anuentes e fiscalizadores é a instabilidade da energia elétrica e da rede de comunicação disponível. Até início de 2013 o município de Assis Brasil não contava com internet banda larga (DSL), e dependia de sinais recebidos via rádio da cidade vizinha de Iñapari (Madre de Dios, Peru). O terminal aduaneiro contava com sinal via satélite da Embratel, que no período chuvoso (outubro a março) constantemente era interrompido devido às fortes chuvas ou densas nuvens que interferiam no sinal. Os órgãos públicos municipais recebiam sinal da Floresta Digital, programa de internet gratuita do governo do estado que disponibiliza um sinal de 512 kbps. Os 110 km de distância entre a cidade de Brasiléia e Assis Brasil, a partir de fevereiro de 2013, receberam o cabeamento de fibra ótica e a operadora de telefonia fixa disponibilizou pontos de acesso para os órgãos públicos, empresas locais e população em geral. Nesse mesmo trajeto, fora dos perímetros urbanos, ainda faltam serviços de apoio ao transporte rodoviário, como postos de combustíveis, borracharias, restaurantes, serviços de eletricidade para veículos, sinal de telefonia móvel, etc. A cidade de Epitaciolândia, fronteira com a vizinha Cobija (Pando, Bolívia) também enfrentava problemas similares. Com a autorização para construção da Aduana Modelo na região, em breve passará a contar com estrutura adequada para as atividades de desembaraço aduaneiro e controle fiscal de cargas. 9 A SEDENS – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis do Acre – acompanha mensalmente as atividades e promove encontros e reuniões com empresários para realizar levantamento de necessidades sobre as questões logísticas. Através do Departamento de Integração, a secretaria planeja viagens de negócios, encontros de empresários, e atrai investidores para a ZPE, Parque e Polo Industriais de Rio Branco, Brasiléia, Epitaciolândia, Cruzeiro do Sul e região do Alto Juruá. A pavimentação da BR-364, em 2013, possibilitou o fluxo do transporte rodoviário de cargas para abastecimento da região noroeste do estado, a qual ficava isolada no período de chuvas devido alagações e transbordamento dos rios. As barreiras estão sendo superadas conforme cresce a demanda por estes serviços, e aumenta o fluxo de operações nos pontos de fronteira e a necessidade de uma malha rodoviária interior adequada para abastecer os mercados consumidores distantes da capital Rio Branco. 4 A Realidade da Rodovia Interoceânica As expectativas acerca da integração promovida pela construção da Estrada do Pacifico são enormes, principalmente por que se espera alcançar os mercados da região sudeste e sul com produtos produzidos no Peru, que geralmente são importados via marítima. A construção da rodovia começou no ano de 2002, mas seu principal desenvolvimento foi no período entre 2003 e 2005. Em 2006, foi concluída e inaugura a Ponte da Integração, com extensão de 240 m, sobre o Rio Acre, unindo as cidades de Assis Brasil (Acre) e Iñapari (Madre de Dios), sendo marco pioneiro e único ponto de ligação rodoviária entre Brasil e Peru. O trecho da rodovia em território brasileiro foi efetivamente concluído no ano de 2007, sendo que em território peruano, as obras foram concluídas em 2012. Em 2011 a ponte sobre o rio Madre de Dios, na cidade de Puerto Maldonado, animou os transportadores que dependiam unicamente de 2 balsas para cruzar o rio com produtos de exportação e toras de madeira destinadas as indústrias na região central do Peru. Segundo o Ministério de Transportes e Comunicações do Peru – MTC, “a ligação rodoviária entre os países é uma importante mudança socioeconômica que significa um impacto positivo na vida de aproximadamente 5,7 milhões de habitantes da macrorregião sul 10 do país”, aproximadamente 18% da população total, beneficiando os departamentos de Madre de Dios, Puno, Cusco, Arequipa, Apurímac, Ayacucho, Moquegua, Ica e Tacna. Em um especial publicado em seu site (http://www.mtc.gob.pe) o MTC afirma: 4A pavimentação dos 2.600 quilômetros desta estrada vai permitir uma maior rentabilidade para as empresas pois se reduzirá o custo de transporte e de carga entre as cidades de Puerto Maldonado, Cusco, Abancay, Juliaca, Arequipa, Moquegua, Ica, Ayacucho, Tacna, e os portos marítimos do Sul do Peru, bem como a redução substancial no tempo de viagem entre as cidades interligadas. Esta redução repercutirá nos preços finais dos produtos, melhorando a competitividade das empresas. Antes da construção da rodovia, em território acreano, os 230 km que separam a capital Rio Branco da cidade de Epitaciolândia eram percorridos, no período de chuvas, em até quatro dias. Hoje em pouco mais de 2h é possível percorrer o mesmo trecho. Além da integração comercial com a Bolívia e o Peru,a rodovia permitiu que o transito de pessoas e cargas fosse reduzido, diminuindo os custos de transporte, a manutenção das frotas que operam na região, e o acesso ao interior de produtos que somente eram comprados na capital. Até a fronteira com o Peru, são 340 km desde Rio Branco, que atualmente são percorridos por um grande volume de veículos de carga. 4.1 O fluxo de cargas pela Rodovia Interoceânica Os dados a seguir foram extraídos através da ferramenta ALICEWEB2, disponível na página web do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e demonstram a evolução das atividades de importação e exportação pelo eixo rodoviário da Estrada do Pacífico. Os dados apontam as operações realizadas de forma direta pelo estado do Acre, e as indiretas de outras unidades federativas, utilizando o estado como rota de trânsito. 4.1.1 Exportações O estado do Acre é a porta de saída do país para o litoral pacífico da região norte da América do Sul. Sua proximidade com os portos peruanos (entre 1.100 km à 1.400 km) permite a criação de uma rota que elimina os países de transito – Argentina, Bolívia, Chile – 4 Texto traduzido do Espanhol. 11 facilitando a saída de produtos para o Peru, Equador e Colômbia, e também para continente Asiático e a costa oeste dos Estados Unidos da América e países da América Central. A indústria de manufaturados no estado é pequena, e se resume a derivados de plástico, madeira e produtos agrícolas, mas produtos originados de outros estados também são exportados pelo Acre. O estado envia produtos para o exterior através de outros portos, mas aqui estão apresentados apenas dados relacionados as exportações pela Interoceânica. No primeiro semestre de 2011, o estado exportou 1.309 toneladas de Castanha do Brasil (Bertholletia excelsa) com casca, para beneficiamento no Peru. Já no mesmo período em 2012, houve uma pequena redução nas exportações, devido à queda da qualidade da castanha motivada pelo excesso de chuvas na região. O volume exportado foi de 1.185 toneladas, uma queda de 9,4% do volume exportado no ano anterior. Em 2013 houve uma safra expressiva de castanhas, e o estado exportou, do total da sua produção, 2.698 toneladas, significando um crescimento de 106% no volume exportado comparado com o ano de 2011, e 127% comparado com 2012. No ano de 2013 também aconteceram exportações de produtos como açúcar, monofilamentos, máquinas para indústria madeireira, caldeiras, totalizando pouco mais de 114 toneladas. Apesar de estes produtos terem sido exportados a partir do estado, por empresas locais, foram produzidos em outras unidades da federação. Em 2014, com o fechamento da BR-364, que provocou atrasos no abastecimento do mercado local, e impediu o acesso de produtos para exportação, foram exportadas pouco mais de 1.500 toneladas dos produtos anteriormente citados. O gráfico abaixo mostra a evolução dos números. 12 Gráfico 1: Exportações do Acre de 2011 a 2014 Fonte: Elaboração própria (2014) A região da Província de Pando que faz fronteira com o Acre é inacessível por via rodoviária interna desde os pontos de abastecimento da Bolívia, o que mantêm aquecidas as exportações para esta zona. A cidade de Cobija, capital de Pando, é beneficiada pelo Sistema da Zona Franca – SIZOFRA, com redução tributária para suas importações. De alimentos e bebidas à maquinas de uso doméstico e industrial, foram exportados nos anos de 2011, 2012, 2013 e 2014, de janeiro a junho, respectivamente, 5.097 t, 2.528 t, 4.797 t e 3.704 t. No mês de fevereiro de 2012, o transito internacional para a Bolívia e o Peru foi interrompido pelo excesso de chuvas na nascente do Rio Acre e o transbordamento de rios peruanos e bolivianos, interditando as pontes de acesso a esses países, impedindo a passagem de pedestres, veículos de passeio e de carga durante mais de 30 dias, por esse motivo a redução das exportações nesse período. Como já citado anteriormente, no período de fevereiro a maio de 2014 o Acre ficou isolado do restante do país, devido a cheia do Rio Madeira. A tabela a seguir mostra as exportações de outras unidades federativas do Brasil utilizando o estado do Acre, compreendendo o período de 2011 a 2013, primeiro semestre de cada ano. EXPORTAÇÃO DE OUTROS ESTADOS - VIA ASSIS BRASIL - UNIDADE FEDERATIVA DE ORIGEM E PAIS DE DESTINO FINAL PERIODOS ANALISADOS 1º SEMESTRE 2011 - JAN A JUN 1º SEMESTRE 2012 - JAN A JUN 1º SEMESTRE 2013 - JAN A JUN UF ORIGEM: VER LISTA PAIS DE DESTINO: VER LISTA 2011 2012 2013 PORTO UF PAÍS PESO LIQUIDO VALOR EM US$ PESO LIQUIDO VALOR EM US$ PESO LIQUIDO VALOR EM US$ ASSIS BRASIL- AC AC PERU 1.401.600,000 1.053.329 1.195.095 860.448 2.720.267,000 1.832.750 ASSIS BRASIL- AC MT PERU 599.740,000 129.313 747.046 448.507 1.383.542,000 725.032 ASSIS BRASIL- RJ PERU 1.011.470,000 13 AC 31.680,000 57.391 9.830,000 71.178 8.079.897 ASSIS BRASIL- AC RS EQUADOR 79.855,000 1.077.702 91.785,000 1.629.340 407.628,000 5.333.510 ASSIS BRASIL- AC SP PERU 165.063,000 574.893 306.076 1.180.576 390.589,000 2.177.732 ASSIS BRASIL- AC SP EQUADOR 86.334,000 1.114.767 77.870,000 1.036.756 377.592,000 6.123.900 ASSIS BRASIL- AC RJ EQUADOR 354.086,000 2.323.933 105.490 805.824 44.235,000 376.740 ASSIS BRASIL- AC CE PERU - - - - 23.688,000 271.681 ASSIS BRASIL- AC RS PERU 6.296,000 138.295 13.889 314.641 14.735,000 22.729 ASSIS BRASIL- AC RO PERU 1.516,000 33.243 530 6.544 7.656,000 47.024 ASSIS BRASIL- AC SC PERU 47.991,000 132.112 46.654 68.394 395,000 6.812 ASSIS BRASIL- AC PR PERU22.123,000 113.000,000 2.081,000 5.809,000 185,000 3.600,000 ASSIS BRASIL- AC AL PERU - - 593,000 7.117 - - ASSIS BRASIL- AC AM PERU - - 11,000 1.776 - - ASSIS BRASIL- AC MG PERU - - 500,000 579 - - TOTAL GERAL 2.796.284,000 6.747.978,000 2.597.450,000 6.437.489,000 6.381.982,000 25.001.407,000 Tabela 1: exportação de outros estados - via Assis Brasil Fonte: Elaboração própria (2014) No mesmo período, as exportações para a Bolívia, pelo ponto de fronteira de Epitaciolândia atingiram grandes volumes e cifras, totalizando, em toneladas, mais de 31 mil toneladas em 2011, 23.455 toneladas em 2012, e pouco mais de 29 mil toneladas em 2013. Apesar de no ano de 2011 o volume em toneladas ter sido muito superior ao período de 2012, os valores, em US$, dos produtos exportados em 2012 foram muito próximos do ano anterior, sendo US$ 15,3 milhões em 2011 e US$ 12,9 milhões em 2012. As exportações de outras unidades federativas, em 2014, foram retomadas no mês de junho, após melhorias nos trechos danificados pela alagação do Rio Madeira na BR-364, entre Rondônia e Acre. Desde outubro de 2010, quando uma empresa transportadora do estado de São Paulo, especializada na modalidade de autotransporte, ou transporte por próprios meio, utilizou pela primeira vez a rodovia Interoceânica para a logística de veículos pesados (caminhões, ônibus e chassis) para o mercado peruano e equatoriano, esse setor tem crescido exponencialmente, totalizando mais de 2.500 unidades de veículos exportados desde então. Empresas como Man Latin América, Scania e Marcopolo adotaram a rota como alternativa para evitar os atrasos na entrega dos veículos aos seus clientes. As rotas utilizadas para as exportações, passavam pela Argentina, Chile e Bolívia, através dos pontos de fronteira de Cáceres, Corumbá, São Borja e Uruguaiana. O tempo de trânsito, utilizando a Estrada do Pacífico, foi reduzido de 15 para 10 dias, e o tempo médio de desembaraço aduaneiro de 12h para 4h. Com a Zona de Processamento de Exportação ativa no estado, investidores apostam na produção e exportação de açaí liofilizado e polpa, a partir de 2015, para o mercado asiático. A 14 indústria de termoplásticos e resinas também visualiza futuras exportações pela rodovia Interoceânica, assim como os produtores de móveis, pisos laminados, compensados de madeira e derivados, e, recentemente, beneficiamento de bambu gigante e taboca, espécie nativa, para produção de pisos e móveis artesanais para os mercados norte-americano e europeu. 4.1.2Importações A Rodovia Interoceânica deu o impulso final para as operações de importação no estado do Acre. O tão temido desembaraço aduaneiro de importação e os processos burocráticos para habilitação dos importadores, e a fiscalização dos órgãos anuentes, aos poucos estão sendo desmistificados. A proximidade dos órgãos federais intervenientes – Receita Federal, ANVISA, MAPA, INMETRO – com o governo do estado promoveu a desburocratização dos processos, facilitando para os empresários locais o perfeito entendimento da atividade de importação, o credenciamento e habilitação dos mesmos no SISCOMEX – Sistema de Comércio Exterior, possibilitando o acesso a produtos que antes percorriam mais de 4 mil km para chegarem ao estado. O MINCETUR – Ministério de Comércio Exterior e Turismo do Peru, em parceria com a Embaixada e Consulado Peruano, e com a Casa Civil do estado, conta com uma agência para promoção da integração comercial e cultural na capital do Acre, Rio Branco, onde são realizados, constantemente, levantamentos de dados sobre preços e quantidades disponíveis e acessibilidade de mercado dos produtos peruanos e seus similares nacionais. Produtos como macarrão, farinha de trigo, cimento, hortifrutigranjeiros abastecem o comércio acreano, possibilitando aos consumidores o acesso a produtos de qualidade, com preços competitivos. Além de produtos peruanos, produtos com origem nos Estados Unidos, México, Colômbia, China e Japão chegam ao Acre pela Interoceânica, comprovando o potencial do eixo rodoviário para abastecimento do mercado da região norte. No segundo semestre de 2014 empresários importadores de frutas dos estados de São Paulo e Recife realizaram importações de uvas e aspargos peruanos. Além do preço competitivo, a redução do tempo de trânsito do local de embarque aos respectivos destinos reduziu consideravelmente. Os mesmos produtos importados por via marítima, levam em média 45 dias para chegar ao porto de Santos, 15 enquanto que pela Interoceânica, levam em média 10 dias, uma redução de mais de 70% no transit time. O fechamento da BR-364 no período de fevereiro a maio de 2014, ao mesmo tempo em que freou as exportações, acelerou as importações. O desabastecimento do mercado acreano, provocado pela alagação, criou uma lacuna que foi preenchida pelos produtos peruanos, que além do preço competitivo, possuem qualidade diferenciada dos similares nacionais. A farinha de trigo, produzida a partir de grãos canadenses processados na cidade de Tacna, no Peru, chega com facilidade ao mercado acreano, com um consumo médio de 200 toneladas mensais. São pouco mais de 1.400 km percorridos para atender o estado do Acre, levando em média 5 dias, entre trânsito e desembaraço aduaneiro, do ponto de origem ao estabelecimento do importador. As análises laboratoriais são realizadas em Goiânia pelo LANAGRO – Laboratório Nacional Agropecuário, e o importador aguarda o laudo de liberação para comercialização e consumo, pela Superintendência do MAPA/AC, na qualidade de fiel depositário. Outros produtos como cebola, alho, repolho, batata, cenoura, beterraba, uvas RedGlobe foram e continuam sendo importados, controlados no posto avançado de fiscalização localizado junto ao terminal aduaneiro de Assis Brasil. De fevereiro a outubro de 2014 foram mais de 400 processos de importação, totalizando mais de 10 mil toneladas de produtos, sendo que destes, aproximadamente 9,7 mil toneladas são de cimento pozolânico produzido na região de Arequipa, no Peru. O setor de construção civil está aquecido no estado, devido à investimento em infraestrutura, projetos sociais e investimentos privados no setor hoteleiro e loteamentos residenciais. Estima-se que o setor consuma 15 mil toneladas até o final de 2014. Transportadores rodoviários localizados no estado, buscaram sua habilitação na ANTT – Agencia Nacional de Transportes Terrestres, para competir com os transportadores peruanos habilitados ao Brasil. Apesar do volume de importações em 2014 ter sido motivado por uma catástrofe climática, a continuidade das operações se deve a viabilidade proporcionada pela rodovia, permitindoo consumo de produtos peruanos de qualidade atestada, com preços competitivos, em prazos reduzidos. A evolução das operações de importação do estado do Acre nos últimos 3 anos, comparadas com as tímidas 26 toneladas do primeiro semestre de 2011, deram um grande salto. O primeiro semestre de 2013 teve uma redução de 38% nas importações, comparado com o mesmo período em 2012. Já em 2014, de 321 toneladas importadas no 16 primeiro semestre de 2013, foram mais de 5 mil toneladas no mesmo intervalo de tempo, uma variação de mais 1.700%. O gráfico abaixo aponta a evolução das operações. Gráfico 2: Evolução das importações no Acre - via Assis Brasil, origem Peru Fonte: Elaboração própria (2014) Apesar de estados como Rondônia, Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina já terem realizado importações utilizando o estado do Acre como ponto de entrada nos anos anteriores, o volume foi muito pequeno comparado com as mesmas operações realizadas nos portos de Santos, Paranaguá e Navegantes. O maior volume foi para consumo no mercado acreano. Além dos produtos peruanos, também foram importados, em menor quantidade, produtos do Chile e China no primeiro semestre de 2014, conforme mostram os gráficos abaixo. 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 2011 2012 2013 2014 26 518,11 321 5943,362 17 Gráfico 3: Importações totais do Acre em toneladas –1º semestre 2014 Fonte: Elaboração própria (2014) Gráfico 4: Importações totais do Acre em US$ –1º semestre 2014 Fonte: Elaboração própria (2014) O gráfico acima mostra o total financeiro de importações no primeiro semestre de 2014, totalizando US$ 2.324.338,00 o que resulta numa arrecadação de ICMS Importação para o Acre no montante de US$ 476.069,34, aproximadamente R$ 1 milhão, que serão investidos nos mais diversos setores da economia do estado. As atividades de comércio exterior estão gerando diversos postos de emprego, aquecendo a economia das cidades de fronteira, e devido ao grande número de empresários visitando a região, os serviços de hotelaria e alimentação também foram favorecidos, assim como os serviços complementares à essas atividades. 5Considerações Finais 18 Os dados apresentados comprovam que a Rodovia Interoceânica se tornou um corredor viável operacional e economicamente, fortalecendo a imagem do estado perante as demais unidades da federação, viabilizando novos negócios e fomentando a discussão de soluções e melhorias no setor de logística de transportes, movimentação de cargas, indústrias de base e comércio em geral. Os benefícios da rodovia para a cadeia logística do estado, somados as iniciativas do setor privado e dos incentivos do setor público, proporcionam o desenvolvimento social, econômico e político da região. A visibilidade como ponto estratégico desta rota se torna o diferencial competitivo do Acre em relação a outros pontos de fronteira do país. Apesar da enorme distância dos centros industriais das regiões sudeste e sul, o potencial a ser explorado se torna atrativo para investimentos, pesquisa e identificação de oportunidades para empresas pioneiras, com gestores arrojados, que buscam novas opções para expandir seus mercados e aumentar suas opções de produtos para o mercado interno, e apresentar seus produtos no mercado externo, fortalecendo marcas, imagem empresarial e descentralizando a atenção dada à Zona Franca de Manaus como polo de referência logística na região norte. Miguel Vega Alvear, peruano, presidente da Cámara Binacional de Comércio e Integración Perú – Brasil (CAPEBRAS), em entrevista à revista publicada pela mesma câmara, edição bimestral de abril/maio de 2011, afirma que “a construção do eixo rodoviário interoceânico deve ser visto de uma perspectiva internacional, devido a que é a obra mais importante da América do Sul”, e que seu impacto econômico e social foi o marco transformador das condições em que viviam as populações das regiões por onde ele passa, tanto no Brasil como no Peru. Os investimentos não se limitam apenas ao setor de logística de cargas, mas também ao setor de turismo, visto que toda a região do estado do Acre, da província de Pando (BO) e da regional de Madre de Dios (PE) estão localizados em área de preservação ambiental denominada “Amazônia Legal”, possibilitando o turismo ecológico, e também as pesquisas na área médica, do estudo do clima, da fauna e da flora locais e a preservação da floresta nativa, criando alternativas sustentáveis para todos os setores da indústria, comércio e serviços. O retorno dos investimentos resulta em melhoria da qualidade de vida da população, da atração de novos investimentos, no desenvolvimento de novas fontes de renda, na formação profissional e especialização técnica de mão-de-obra disponível, e na criação de um 19 referencial estratégico logístico para o estado, permitindo que, apesar das limitações, o Acre seja definitivamente incorporado ao mapa logístico empresarial brasileiro. EL ESTADO DE ACRE YLA CARRETERA INTEROCEÂNICA COMO DIFERENCIAL ESTRATÉGICO PARA LAS ACTIVIDADES DE EXPORTACIÓN E IMPORTACIÓN Resumen El eje de la carretera llamado Corredor Vial Interoceánico, o, Autopista del Pacífico, que se encuentra al norte de Brasil, em el estado de Acre, conecta la región a los países vecinos Bolivia y Perú, lo que permite la integración comercial, social y cultural entre los países. Las actividades de comercio exterior presentarón destaque desde 2011, con la finalización de la construcción del puente sobre el Río Madre de Dios, en la ciudad de Puerto Maldonado (PE), eliminando el “cuello de botella” del requisito tiempo a las operaciones de importación y exportación por eje. El estado de Acre, estratégicamente situado en una triple frontera, disfruta de los beneficios e incentivos de Zonas de Libre Comercio - Brasiléia y Cruzeiro do Sul, y del ACE-58 Acuerdo de Complementación Económica, suscrito entre Perú y Brasil, lo que permite las actividades comerciales con reducción del 100% de la tasa de derechos de importación hasta el año de 2019, lo que permite el suministro del mercado de Acre por productos de calidad comprobada, costos reducidos y plazos adecuados a la realidad del mercado local. Este estudio presenta datos estadísticos sobre la evolución de las actividades de comercio exterior, ya sea de productos acreanos, u otros estados que utilizan el estado como una ruta de tránsito, y demuestra la viabilidad operativa y económica de la Autopista del Pacífico, y su influencia en el desarrollo social, económico y político del estado de Acre, permitiendo su inclusión en el mapa logístico de Brasil. Palabras clave: Interoceánica. Carretera del Pacifico. Importación. Exportación. Integración. Referências Ballou, Ronald H. Logística Empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. Tradução Hugo T. Y. Yoshizaki – 1.ed. – 28. reimp. – São Paulo: Atlas, 2013. Bertaglia, Paulo Roberto. Logistica e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento. 2.ed. ver. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2009. Cámara Binacional de Comércio e IntegraciónPerú-Brasil. Especial InteroceánicaSur, contribuyendo al desarrollo regional de Perú y Brasil. Revista CAPEBRAS, Lima, Peru, n.21, abril/maio 2011. 20 Figueiredo, Kleber F. et al. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: planejamento do fluxo de produtos e dos recursos. 1.ed. – 8. reimp. – São Paulo: Atlas, 2013. Governo do Estado do Acre – Secretaria de Estado de Planejamento - SEPLAN.Acre em números 2013. 9.ed. – Rio Branco: Departamentode Estudos e Pesquisas – DEP, 2013. Ministério de Transportesy Comunicacionesdel Peru – MTC. Lo que nos traeralaInteroceanica. Disponível em: <http://www.mtc.gob.pe/portal/especiales/promesa.htm>. Acesso em: 12 out. 2014. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – Secretariade Comércio Exterior.Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior - ALICEWEB2: Dados Estatísticos de Exportação e Importação 2011 à 2014. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/>. Acesso em: 14 out. 2014. YIN, Robert K. Estudo de Caso, planejamento e métodos. 2.ed. São Paulo: Bookman,2001.
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