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Bartholomeu, R. (2010) ANÁLISE DOS REGISTROS PALINOLÓGICOS COSTEIROS QUATERNÁRIOS NA ÁREA DA LAGOA DE ITAIPU , ESTADO DO RIO DE JANEIRO , BRASIL

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ANÁLISE DOS REGISTROS PALINOLÓGICOS COSTEIROS 
QUATERNÁRIOS NA ÁREA DA LAGOA DE ITAIPU, ESTADO DO 
RIO DE JANEIRO, BRASIL 
 
 
 
 
 
ROBSON LUCAS BARTHOLOMEU 
 
 
 
 
 
TESE DE DOUTORADO 
 
 
 
 
ORIENTADORAS: Dr
a
. CLAUDIA GUTTERRES VILELA 
 Dr
a
. ORTRUD MONIKA BARTH SCHATZMAYR 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Abril de 2010 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA 
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS 
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA 
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PALEONTOLOGIA E ESTRATIGRAFIA 
 
 
 
ii 
 
UFRJ 
 
Robson Lucas Bartholomeu 
 
 
Análise dos Registros Palinológicos Costeiros Quaternários na Área da Lagoa de Itaipu, 
Estado do Rio de Janeiro, Brasil 
 
 
 
Tese de Doutorado submetida ao Programa de 
Pós-graduação em Geologia, Instituto de 
Geociências, da Universidade Federal do Rio 
de Janeiro – UFRJ, como requisito necessário 
à obtenção do grau de Doutor em Ciências 
(Geologia). 
Área de concentração: III 
Paleontologia e Estratigrafia 
Orientadores: 
Dr
a
. Claudia Gutterres Vilela 
Dr
a
. Ortrud Monika Barth Schatzmayer 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Abril de 2010 
 
 
 
 
 
 
iii 
 
 
 
 
 
 
 
ROBSON, Lucas Bartholomeu 
Análise dos Registros Palinológicos Costeiros Quaternários 
na Área da Lagoa de Itaipu, Estado do Rio de Janeiro, Brasil/ 
Robson Lucas Bartholomeu - - Rio de Janeiro: UFRJ / IGeo, 
2010. 
xviii, 130 f. anexos; 29,7cm 
Tese (Doutorado em Geologia) – Universidade Federal 
do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Programa de Pós-
graduação em Geologia, 2010. 
 Orientador (es): Dr
a
. Claudia Gutterres Vilela 
 Dr
a
. Ortrud Monika Barth Schatzmayer 
1. Geologia. 2. Paleontologia e Estratigrafia – Tese de 
Doutorado. I. Claudia, Gutterres Vilela. II. Universidade Federal 
do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Programa de Pós-
graduação em Geologia. III. Análise dos Registros Palinológicos 
Costeiros Quaternários na Área da Lagoa de Itaipu, Estado do 
Rio de Janeiro, Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iv 
 
Robson Lucas Bartholomeu 
 
Análise dos Registros Palinológicos Costeiros Quaternários na Área da Lagoa de Itaipu, 
Estado do Rio de Janeiro, Brasil 
 
Tese de Doutorado submetida ao Programa de 
Pós-graduação em Geologia, Instituto de 
Geociências, da Universidade Federal do Rio 
de Janeiro – UFRJ, como requisito necessário 
à obtenção do grau de Doutor em Ciências 
(Geologia). 
Área de concentração: III 
Paleontologia e Estratigrafia 
Orientadores: 
Dr
a
. Claudia Gutterres Vilela 
Dr
a
. Ortrud Monika Barth Schatzmayer 
 
Aprovada em: 29.04.2010 
Por: 
_____________________________________ 
Cynthia Fernandes Pinto da Luz / IBT /São Paulo 
 
_____________________________________ 
Cleverson Guizan Silva /UFF 
 
_____________________________________ 
Marcia Aguiar de Barros /UFRJ 
 
_____________________________________ 
Ismar de Souza Carvalho /UFRJ 
 
_____________________________________ 
Marcelo Araujo de Carvalho /Museu Nacional/UFRJ 
 
 
 
 
UFRJ 
Rio de Janeiro 
2010 
 
 
 
 
v 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esta Tese 
À minha esposa Fernanda Alves Melo, aos meus 
pais Francisco Bartholomeu e Natalina Lucas 
Bartholomeu. 
 
 
 
 
vi 
Agradecimentos 
 
 
À Dra. Ortrud Monika Barth pela orientação e incentivo, além de todo o opoio 
acadêmico concedido desde a minha monografia de conclusão de curso, proporcionando ao 
longo dos anos as bases para o meu crescimento acadêmico. 
 
À Dra. Claudia Gutterres Vilela pelo apoio, confiança, pela leitura crítica desta tese, 
pelas orientações e pela amizade construída ao longo do tempo. 
 
À Dra. Marcia Aguiar de Barros, pelo apoio e acompanhamento técnico-científico 
desde a minha graduação, pela paciência em muitos momentos, pelas cobranças apropriadas 
que contribuíram para o meu crescimento acadêmico e pela grande amizade. 
 
Ao Dr. Cleverson Guizan Silva por sua colaboração e apoio técnico na realização das 
coletas das amostras de superfície de fundo e do testemunho da lagoa de Itaipu, além das 
sugestões técnicas, discussões e descrição das amostras. 
 
As Dr
as
. Cynthia Fernandes Pinto da Luz e Cristina do Socorro Fernandes Senna pela 
ajuda na identificação de alguns tipos polínicos e pelo incentivo à pesquisa. 
 
À graduanda em Biologia Roberta Milar Tarcsay pela ajuda na coleta das amostras e 
na sua preparação química. 
 
Ao Msc. Luiz Eduardo Uberti São Thiago pela ajuda na coleta das amostras, na sua 
preparação química e pela amizade. 
 
Ao biólogo Julio César de Magalhães pela ajuda e apoio na dinâmica do laboratório. 
 
Ao professor Aristóteles Rios-Neto, por ter cedido as instalações do 
LabMicro/IGEO/UFRJ, para a preparação química das amostras. 
 
Ao doutorando Marcel Rocha Soares Lopes pelo apoio, amizade e incentivo desde a 
minha graduação, que contribuíram para o meu crescimento acadêmico. 
 
 
 
vii 
 
À mestranda Shana Yuri Misumi pela ajuda nas confecções das estampas, correção do 
abstract, pelo apoio no dia a dia da dinâmica do laboratório de Palinologia e por sua amizade. 
 
Ao geólogo Franco Borges Quadros pela ajuda nas coletas das amostras da lagoa de 
Itaipu. 
Ao geógrafo Vitor Cesar pela elaboração do mapa de localização. 
 
Ao Dr. Fábio Ferreira Dias pela ajuda cartográfica, incentivo e amizade. 
 
À secretária do Programa de Pós-Graduação em Geologia Cristina Barreto pela 
gentileza e boa vontade com que sempre me atendeu. 
 
Aos órgãos de apoio à pesquisa CAPES pela bolsa recebida, aos órgãos de apoio a 
pesquisa CNPq e FAPERJ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
viii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A alegria é um bom método de aprendizagem.” 
(Madre Maria Helena Cavalcanti) 
 
 
 
 
 
 
ix 
Resumo 
 
 
BARTHOLOMEU, R. L. Análise dos Registros Palinológicos Costeiros Quaternários na Área 
da Lagoa de Itaipu, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Tese (Doutorado em Geologia) – 
Programa de Pós-graduação em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do 
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010. 
 
 
 
A lagoa de Itaipu, com cerca de 1,5 km
2
 de espelho d‟água, localizada no município de 
Niterói, estado do Rio de Janeiro, entre as latitudes 22º57´S e 22º 59´S e as longitudes 43º 
01´W e 43º 03´W, vem sofrendo forte influência da ação antrópica. Ela faz parte de um 
conjunto de lagunas costeiras que se distribuem ao longo do litoral em direção norte, sendo 
formada através das flutuações holocênicas. A presença humana na região é muito antiga, 
surgindo a partir dos grupos nômades pré-históricos que percorriam o litoral em busca de 
alimentos. As análises palinológicas feitas em sedimentos quaternários provenientes das 
amostras de sedimento de fundo e do testemunho ITA /01, de 160 cm de comprimento, 
forneceram informações sobre a vegetação atual e pretérita através da identificação dos tipos 
polínicoscaracterizadores de ambientes e formações vegetais. Foram obtidas 5 datações por 
14
C, fornecidas pelas amostras do testemunho, sendo encontrado um intervalo geocronológico 
de cerca de 38.490 ± 940 na base e 7.180 ± 60 anos A.P no topo. O predomínio da vegetação 
de Campo em todas as amostras de superfície de fundo, a presença de táxons de Brejo 
Herbáceo e os esporos de Pteridophyta/Bryophyta evidenciam a forte influência da vegetação 
de borda da lagoa nas amostras. Os microforaminíferos encontrados nas amostras de 
superfície de fundo caracterizam a presença da água marinha no sistema. A vegetação de 
Campo também tem predomínio em todo o testemunho da base ao topo. Isto sugere que, no 
intervalo entre 38.490 a 7.180 anos A.P., não houve o estabelecimento de uma vegetação de 
Floresta Pluvial com grande biodiversidade, embora, este intervalo apresente expansão dessa 
vegetação, ocorrendo a coexistência dessa formação vegetal com outras, devido às oscilações 
climáticas ocorridas durante o Pleistoceno Tardio. O bom estado de preservação dos 
palinomorfos sugere que os grãos não sofreram exposição ao ar, tendo a sedimentação 
ocorrida em condições favoráveis de redução. De acordo com os dados obtidos neste trabalho 
foi possível observar as mudanças ocorridas na vegetação da lagoa de Itaipu durante o 
Pleistoceno no intervalo geocronológico estudado e inferir modificações na vegetação e no 
ambiente. 
 
 
 
 
Palavras-chave: Lagoa de Itaipu, Palinologia, Pleistoceno, variações ambientais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
x 
 
Abstract 
 
 
BARTHOLOMEU, R. L. Analysis of Quaternary Coastal Palynological records in the area of 
Itaipu Lagoon, Rio de Janeiro State, Brazil. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação 
em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2010. 
 
 
 
The Itaipu Lagoon, located in the municipality of Niterói, Rio de Janeiro State 
(22º57´S/43º01´W), has been strongly influenced by human actions. With a surface area of 
approximately 1,5 km
2
, it is part of a coastal lagoon complex, formed by holocene 
fluctuations. Human presence has been registered in this region, since prehistoric nomad 
tribes explored the shore in search of food. Palynological analyses of sediment samples from 
the surface of the lagoon bottom and from the ITA /01 core, with 160 cm of length, provided 
information on the current and past vegetation through the identification of pollinic types 
characterizing environments and vegetal formations. Five core samples were dated by the 
14
C 
method and a geochronological interval of 38.490 ± 940 yrs B.P. (at the bottom) to 7.180 ± 60 
yrs B.P (at the top) was found. The predominance of grassland vegetation in all bottom 
surface samples and the presence of herbaceous swamp taxa and Pteridophyta/Bryophyta 
spores clearly show the strong influence of the lagoon margins vegetation on the samples. 
Microforaminifera found in the bottom surface samples characterize the presence of salty 
water in the system. Grassland vegetation was also dominant in all core levels. This suggests, 
during the interval from 38.490 to 7.180 yrs BP, there was no establishment of a rain forest 
vegetation with high biodiversity, although, this interlude presents an expansion of this 
vegetation, occurring the coexistence of this vegetal formation with others, due to climatic 
oscillations during the Late Pleistocene. The good state of preservation of palynomorphs 
suggests the grains were not exposed to air and the sedimentation processes occurred within 
favorable reduction conditions. According to the data obtained in the present work, it was 
possible to observe the pleistocene vegetational changes of the Itaipu Lagoon, during the 
studied geochronological lapse, and to infer the vegetational and environmental changes. 
 
 
 
 
 
 
Key-Words: Itaipu Lagoon, Palynology, Pleistocene, environmental changes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xi 
SUMÁRIO 
 
Agradecimentos................................................................................................... 
Resumo................................................................................................................ 
Abstract............................................................................................................... 
Lista de Figuras.................................................................................................... 
Lista de Tabelas.................................................................................................... 
Quadro................................................................................................................. 
1. Introdução............................................................................................................... 
2. Palinologia.............................................................................................................. 
2.1. Palinologia do Quaternário Costeiro do Rio de Janeiro e de Áreas 
Adjacentes…………………………………………………………………… 
3. Evolução Litoral entre Cabo Frio e Angra dos Reis............................................. 
4. Lagoas Costeiras ........................................................................................... 
5. Área de Estudo............................................................................................... 
5.1. Lagoa de Itaipu.................................................................................... 
5.2. Geologia e Geomorfologia.................................................................... 
5.3. Vegetação ........................................................................................... 
5.4. Clima...................................................................................................... 
 5.5. Histórico da Ocupação............................................................................ 
6. Objetivos e Justificativas ............................................................................... 
 6.1. Questões a serem verificadas................................................................. 
7. Material e Métodos......................................................................................... 
7.1. Material ................................................................................................. 
 7.1.1. Amostras de Sedimentos de Superfície de Fundo da Lagoa de Itaipu. 
 
1 
4 
 
5 
15 
19 
21 
21 
25 
26 
29 
29 
31 
32 
33 
33 
33 
 
vi 
ix 
x 
xiv 
xvii 
xviii 
 
 
 
xii 
 7.1.2. Testemunho da Lagoa de Itaipu ................................................... 
 7.2. Métodos ............................................................................................ 
 7.2.1. Coleta ............................................................................................ 
 7.2.1.1. Amostras de Superfície de Fundo ................................................. 
 7.2.1.2. Testemunho da Lagoa de Itaipu ............................................ 
 7.2.2. Amostragem do Testemunho....................................................... 
 7.2.3. Datações Radiométricas ............................................................. 
 7.2.4. Tratamento Químico ........................................................................ 
 7.2.5. Leitura das Lâminas ....................................................................... 
7.2.6. Identificação e Contagem dos Palinomorfos.................................. 
7.2.7. Apresentação dos Resultados ......................................................... 
7.2.8. Fotomicrografias ............................................................................ 
8. Resultados ..................................................................................................... 
8.1. Datações Radiométricas ............................................................................. 
 8.2. Descrição Litológica ........................................................................ 
 8.3. Palinologia ................................................................................................... 
8.3.1. Amostras de Superfície dos Sedimentos de Fundo de um Transect 
da Lagoa de Fundo da Lagoa de Itaipu .......................................... 
8.3.2. Amostras de Sedimentos do Testemunho de Sondagem ITA /01 
da Lagoa de Itaipu .......................................................................... 
 9.Interpretaçãoe Discussão.................................................................................. 
 9.1. Amostras da Superfície dos Sedimentos de Fundo da Lagoa de Itaipu…… 
 9.2. Amostras de Sedimentos do Testemunho ITA /01 da Lagoa de Itaipu….... 
10. Conclusões ................................................................................................... 
11. Bibliografia .................................................................................................. 
34 
35 
35 
35 
36 
36 
37 
38 
40 
40 
41 
44 
45 
45 
46 
47 
 
 47 
 
 69 
 
 96 
 
 96 
 
 99 
 
 99 
 
 106 
 
 108 
 
 
 
xiii 
 
Anexo I – Estampas. 
Anexo II – Listagem de Magnoliophyta do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói e 
Maricá, Rio de Janeiro, Brasil e Listagem de espécies ruderais encontradas no 
Parque Estadual da Serra da Tiririca. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xiv 
Lista de Figuras 
 
 Página 
 
 
Figura 1: Correlação cronoestratigráfica global dos últimos 2.7 milhões de 
anos, modificada da edição 2009 da “International Stratigraphic Chart” 
(Disponível no endereço: http://www.stratigraphy.org/. Obtida em 10/12/2009) 
 
 
 3 
 
Figura 2: Curvas de variações do nível do mar dos últimos 7.000 anos 
(SUGUIO et al., 1985). 
 
18 
Figura 3: Mapa de localização da lagoa de Itaipu, modificado (LAVENÈRE-
WANDERLEY, 1999). 
 
22 
Figura 4: Localização da área de estudo, evidenciando as amostragens 
(disponível no site: http://earth.google.com/, acessado em 10/03/2008). 
 
23 
Figura 5: Mapa representativo da perda de espelho lagunar de 1972 a 2002 
(KUCHLER et al, 2005). 
 
24 
Figura 6: Fotografia da laguna de Itaipu (obtida em 20/6/2005. Acervo do 
Laboratório de Palinologia). 
 
25 
Figura 7: Fotografia da serra da Tiririca e ao fundo a lagoa de Itaipu 
(disponível no site: http://guiserpa.multiply.com/photos/photo/125/14, 
acessado em 30/9/2008). 
 
25 
Figura 8: Fotografia da vegetação atual de borda da lagoa (disponível no site: 
http://guiserpa.multiply.com/photos/photo/125/ 30, acessado em 30/9/2008). 
 
28 
Figura 9: Fotografia da vegetação atual da encosta e de borda da lagoa 
(disponível no site: http://guiserpa.multiply.com/photos/photo/125/41, 
acessado em 30/9/2008). 
 
28 
Figura 10: Fotografia do testemunho ITA /01 da lagoa de Itaipu (Acervo do 
Laboratório de Palinologia). 
 
34 
Figura 11: Testemunhador de fundo tipo Van-Veen utilizado na coleta das 
amostras de superfície de fundo (FIGUEIREDO, 2000). 
 
 
35 
Figura 12: Fotografia da coleta do testemunho ITA /01 da lagoa de Itaipu em 
julho de 2005 (Acervo do Laboratório de Palinologia). 
 
36 
 
 
 
xv 
Figura 13: Fotografia da abertura do testemunho ITA /01 da lagoa de Itaipu no 
Laboratório de Geologia Marinha da UFF (LAGEMAR) em setembro de 2005 
(Acervo do Laboratório de Palinologia). 
 
37 
Figura 14: Testemunho ITA /01 da lagoa de Itaipu. 46 
Figura 15: Diagrama de presença dos palinomorfos encontrados nas amostras 
de superfície de fundo da lagoa de Itaipu. (Parte I) 
 
55 
Figura 16: Diagrama de presença dos palinomorfos encontrados nas amostras 
de superfície de fundo da lagoa de Itaipu. (Parte II) 
 
56 
Figura 17: Diagrama de presença dos palinomorfos encontrados nas amostras 
de superfície de fundo da lagoa de Itaipu. (Parte III) 
 
57 
Figura 18: Diagrama de percentagem dos grupos ecológicos encontrados nas 
amostras de superfície de fundo da lagoa de Itaipu. 
 
58 
Figura 19: Diagrama de percentagem dos táxons mais representativos nas 
vegetações de Floresta Pluvial e Pioneiras de Mata. 
 
59 
Figura 20: Diagrama de percentagem dos táxons mais representativos das 
vegetações de Campo e Brejo Herbáceo. 
 
60 
Figura 21: Diagrama de percentagem dos táxons mais representativos dos 
grupos ecológicos Ampla Distribuição e Pteridophyta/Bryophyta. 
 
61 
Figura 22: Diagrama de concentração dos grupos ecológicos das amostras de 
Superfície de Fundo da lagoa de Itaipu. 
 
62 
Figura 23: Diagramas de concentração da vegetação Floresta Pluvial das 
amostras de Superfície de Fundo da lagoa de Itaipu. 
 
63 
Figura 24: Diagrama de concentração dos principais táxons representativos da 
vegetação Pioneiras de Mata. 
 
64 
Figura 25: Diagrama de concentração dos táxons mais representativos na 
vegetação de Campo. 
 
65 
Figura 26: Diagrama de concentração dos táxons mais representativos da 
vegetação Brejo Hérbáceo. 
 
66 
Figura 27: Diagrama de concentração dos táxons mais representativos do 
grupo ecológico Ampla Distribuição. 
 
67 
 
 
 
xvi 
Figura 28: Diagrama de concentração dos palinomorfos mais representativos 
do grupo Pteridophyta/Bryophyta. 
 
68 
Figura 29: Diagrama de presença dos palinomorfos encontrados no 
Testemunho ITA /01 da lagoa de Itaipu. 
 
85 
Figura 30: Diagrama de percentagem dos grupos ecológicos do Testemunho 
ITA /01 da lagoa de Itaipu. 
 
86 
Figura 31: Diagrama de percentagem das vegetações Floresta Pluvial e 
Pioneira de Mata do Testemunho ITA /01 da lagoa de Itaipu. 
 
87 
Figura 32: Diagrama de percentagem das vegetações de Campo e Brejo 
Herbáceo no Testemunho ITA /01 da lagoa de Itaipu. 
 
88 
Figura 33: Diagrama de percentagem dos táxons mais represntativos dos 
grupos ecológicos Ampla Distribuição, Pteridophyta/Bryophyta, Algas, Pólen 
não Identificado e Palinomorfo Indeterminado no Testemunho ITA /01 da 
lagoa de Itaipu. 
 
89 
Figura 34: Diagrama de concentração dos grupos ecológicos do Testemunho 
ITA /01 da lagoa de Itaipu. 
 
90 
Figura 35: Diagrama de concentração dos principais táxons da vegetação 
Floresta Pluvial no Testemunho ITA /01 da lagoa de Itaipu. 
 
91 
Figura 36: Diagrama de concentração dos principais táxons da vegetação 
Pioneira de Mata no Testemunho ITA /01 da lagoa de Itaipu. 
 
92 
Figura 37: Diagrama de concentração dos principais táxons da vegetação de 
Campo no Testemunho ITA /01 da lagoa de Itaipu. 
 
93 
Figura 38: Diagrama de concentração dos principais táxons da vegetação de 
Brejo Herbáceo no Testemunho ITA /01 da lagoade Itaipu. 
 
93 
Figura 39: Diagrama de concentração dos principais táxons do grupo ecológico 
Ampla Distribuição no Testemunho ITA /01 na lagoa de Itaipu. 
 
94 
Figura 40: Diagrama de concentração dos principais palinomorfos encontrados 
nos grupos ecológicos Pteridophyta/Bryophyta, Algas, Pólen não Identificado 
e Palinomorfo Indeterminado do Testemunho ITA /01 da lagoa de Itaipu. 
 
 
 
 
95 
 
 
 
xvii 
 
 
Lista de Tabelas 
 Pág. 
Tabela 1: Lista dos tipos palinológicos identificados nas amostras de superfície 
de fundo (grãos de pólen, esporos e algas) e respectivos tipos de vegetação nos 
quais foram enquadrados. 
 
51 
Tabela 2: Percentagem dos palinomorfos encontrados nas análises das 
amostras de superfície de fundo (dados resumidos). 
 
53 
Tabela 3: Concentração de palinomorfos/cm
3
 encontrados nas amostras de 
sedimentos de superfície de fundo (dados resumidos) 
 
54 
Tabela 4: Lista dos tipos palinológicos identificados nas amostras do 
testemunho ITA/01 (grãos de pólen, esporos e algas) e respectivos tipos de 
vegetação nos quais foram enquadrados. 
 
79 
Tabela 5: Percentagem dos palinomorfos encontrados nas análises das 
amostras do testemunho (dados resumidos). 
 
81 
Tabela 6: Concentração dos palinomorfos encontrados nas análises das 
amostras do testemunho - dados resumidos (palinomorfos/cm
3
). 
 
83 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xviii 
 
Quadro 
 
 
 Página 
 
Quadro I: Datações realizadas no Laboratório Beta Analytic Inc 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. INTRODUÇÃO 
 
O Período Quaternário corresponde à última principal subdivisão da coluna de 
tempo geológico (Figura 1). Entretanto, o uso do termo Quaternário é bastante 
controverso, pois sua definição cronológica não é muito precisa, sendo proposta a 
retirada deste termo da Escala de tempo Geológico, assim como do uso dos vocábulos 
Primário, Secundário e Terciário (SUGUIO et al., 2005). 
O Período Quaternário é subdivido em Pleistoceno, que teve início há cerca de 
2,6 milhões de anos, e em Holoceno, que abrange os últimos 11.000 anos. No entanto, o 
início do Pleistoceno e o limite Pleistoceno/Holoceno são passíveis de questionamentos. 
Embora existam controvérsias quanto à geocronologia do Período Quaternário, a 
presente tese tem como base as recomendações vigentes na INQUA (Associação 
Internacional para a Pesquisa do Quaternário). 
O Pleistoceno é caracterizado por 16 ciclos climáticos, entre os quais uma fase 
fria e longa, com cerca de 100 mil anos, seguida por uma fase quente e mais curta, com 
cerca de 20 mil anos. A maior parte do Quaternário teve um clima frio e apresentou 
glaciações extensas (SALGADO-LABOURIAU, 2007). 
No Brasil, os eventos glaciais estão relacionados a condições mais secas, 
decorrentes de um declínio na precipitação ao nível mundial, ligados à retenção das 
águas dos oceanos nos pólos terrestres. Nos episódios interglaciais, registra-se um 
retorno às condições mais úmidas, tropicais (AB‟SABER, 1971 apud BARROS, 2003). 
Durante o Período Quaternário, desenvolveu-se muito do que hoje representa a 
superfície terrestre, refletindo-se assim, em um complexo mosaico de paisagens, 
sequências sedimentares, vestígios de floras, faunas e artefatos humanos. Nesse período 
as porções continentais já apresentavam a forma e a posição geográfica atual e toda a 
flora moderna também já era existente (SALGADO-LABOURIAU, 1994). 
 Para a reconstrução dos ambientes físicos é necessária a utilização de 
informações que vêm da geologia, da geografia física, da climatologia e da edafologia, 
embora estas ciências não se preocupem com o ambiente como um todo, isto é, o 
ecossistema, elas se limitam à descrição e análise dos processos físicos, químicos, 
biológicos (SALGADO-LABOURIAU, 2007). 
A Palinologia é uma ferramenta eficaz na reconstituição ambiental permitindo 
um maior detalhamento acerca da evolução da paisagem (MOURA, 1990). Sendo 
assim, a análise palinológica é uma das técnicas frequentemente usadas para esse tipo de 
 
 
 
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reconstituição, sendo necessário que a interpretação dos dados palinológicos seja 
constantemente refinada na escala temporal e espacial (BARROS et al., 2000). 
Os estudos paleoecológicos visando a reconstituição paleoambiental do 
Quaternário brasileiro através de palinomorfos vêm sendo desenvolvidos em diversas 
regiões do país, apresentando resultados bastante significativos, permitindo a inferência 
de variações climáticas, entre outras (ABSY & SUGUIO, 1975; ABSY, 1979; ABSY, 
1982; ABSY et al., 1991; ABSY et al., 1993; BARROS et al., 1993; BARROS, 1996; 
BARROS, 2003; BARTHOLOMEU, 2004; BEHLING, 1992; COELHO, 1999; 
CHAVES, 1993; FERRAZ-VICENTINI, 1993; LEDRU, 1991; LEDRU, 1993; 
LORSCHEITTER, 1983; LORSHEITTER & LEMOS, 1985; LORSCHEITTER, 1988; 
LORSCHEITTER, 1989; LORSCHEITTER et al., 1990; LUZ, 1997; LUZ, 2003; 
MODENESI, 1988; MODENESI & MELHEM, 1992; DE OLIVEIRA, 1992; 
OVERLOOP, 1981; PARIZZI, 1993; PESSOA, 1987; TAKIYA & YBERT, 1991, entre 
outros). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 1: Correlação cronoestratigráfica global dos últimos 2.7 milhões de anos, 
modificada da edição 2009 da “International Stratigraphic Chart” (Disponível no 
endereço: http://www.stratigraphy.org/. Obtida em 10/12/2009) 
 
 
 
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2. PALINOLOGIA 
 
A Palinologia é a ciência que estuda grãos de pólen, produzidos pelas plantas 
superiores, e dos esporos das Cryptógamas (SALGADO-LABOURIAU, 2007). De 
acordo com ERDTMAN (1952) esta ciência estuda grãos de pólen, esporos e 
microfósseis baseando-se, sobretudo quanto às diferenças morfológicas que apresentam 
no que diz respeito ao tamanho, formato, número de aberturas e ornamentação do 
esporoderma. Abrange estudos sobre os mecanismos de dispersão, deposição e 
preservação de palinomorfos (SALGADO-LABOURIAU, 1973; BARTH & MELHEM, 
1988; PUNT et al. 1994; JANSONIUS & McGREGOR, 1996). 
O grão de pólen é o gametófito masculino das Angiospermas e Gimnospermas. 
Ele é formado nas anteras das flores de Monocotiledôneas e Dicotiledôneas e nos sacos 
polínicos dos cones masculinos das Gimnospermas. Já o esporo é um propágulo das 
plantas Criptógamas (algas, musgos, samambaias, etc.); é também constituído por uma 
célula isolada e independente que leva dentro de si o genoma (SALGADO-
LABOURIAU, 2007). 
Os grãos de pólen e esporos apresentam as seguintes características em comum: 
1. Têm tamanhos semelhantes e podem ser estudados usando os mesmos 
métodos de observação. 
2. Ambos são cobertos por um envoltório externo que contem 
esporopolinina, a qual confere grande resistência a ácidos e bases. 
3. Necessitam geralmente de um agente dispersor, podendo este ser a água, 
o vento, a gravidade ou os animais. 
Os estudos palinológicos evoluíram à medida que os avanços tecnológicos 
propiciaram a obtenção de microscópios com maior resolução refletindo diretamente o 
conhecimento da morfologia polínica. Os avanços obtidos desde o século XVII até ao 
final do século XIX geraram dados relativos às observações palinológicas realizadas por 
pesquisadores e que progrediram à medida que se aperfeiçoavam os instrumentos 
ópticos e as técnicas utilizadas para seu estudo (SALGADO-LABOURIAU, 1973; 
BARTH, 1995). 
A Paleopalinologia refere-se ao estudo dos organismos fósseis orgânicos 
encontrados nos resíduos de matéria orgânica, em rochas sedimentares, geleiras, etc., 
 
 
 
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resistentes a tratamentosfísicos e químicos, tais como os grãos de pólen, esporos, 
acritarcas e quitinozoários (CRUZ, 2000). 
A utilização de palinomorfos em estudos paleoambientais deve-se a diversas 
características que facilitam sua identificação, assim como a sua interpretação em 
sedimentos analisados. Possuem características morfológicas determinadas 
geneticamente, tais como forma, número, tipo e posição de aberturas, ornamentação e 
tamanhos variados, permitindo, muitas vezes, a identificação ao nível de hierarquias 
taxonômicas das plantas que os originaram. A parede externa dos grãos de pólen e 
esporos pode ser preservada sem alterações estruturais e de sua composição química por 
ser constituída por esporopolenina, que é, provavelmente, a matéria orgânica mais 
resistente a degradações químicas, microbiológicas e físicas, permitindo o 
reconhecimento e a identificação dos palinomorfos em sedimentos diversos. O emprego 
de palinomorfos em estudos paleoambientais apresenta, todavia, algumas limitações, 
tais como dificuldade de preservação em depósitos arenosos, em sedimentos muito 
oxidados e/ou em condições de alta alcalinidade, temperatura e pressão (BARROS, 
1996). 
 
 
2.1. PALINOLOGIA DO QUATERNÁRIO COSTEIRO DO RIO DE JANEIRO E 
DE ÁREAS ADJACENTES 
 
Pesquisas em Palinologia do Quaternário são desenvolvidas tanto em áreas 
continentais quanto na região costeira em lagos, lagoas, lagunas e manguezais. Em 
relação a estas áreas foram divulgados vários dados referentes a mudanças ambientais 
durante o Quaternário. 
BELÉM (1985) a partir de estudos palinológicos em sedimentos retirados do 
manguezal de Guaratiba, no Rio de Janeiro, classificou os tipos polínicos observados e 
estudou a dispersão dos grãos de pólen e sua relação com a sedimentação. A 
classificação taxonômica dos tipos polínicos foi, quando possível, realizada até o nível 
de espécie. Os sedimentos estudados apresentaram um intervalo de 4.000 anos, 
correspondendo ao pós-glacial Flandriano. Através da análise palinológica, a autora 
concluiu que a vegetação de mangue persiste, na área, desde o início do intervalo de 
tempo citado até os dias atuais. Também foi observado que nos sedimentos de fração 
mais fina, isto é, argila e sílte, há uma maior percentagem de grãos de pólen. Isto se 
 
 
 
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deve ao fato do tamanho da litologia ser equivalente ao diâmetro médio dos grãos de 
pólen. 
LUZ (1997) analisou um testemunho de sondagem de 4,17m de comprimento, 
obtido na lagoa de Cima, município de Campos dos Goitacazes, no Norte Fluminense. 
As datações radiocarbônicas obtidas neste trabalho foram: 6.100 ± 100 anos A.P. aos 
405-410 cm de profundidade; 6.500 ± 60 anos A.P. aos 247-257 cm de profundidade; 
3.910 ± 50 anos A.P. aos 65-70 cm de profundidades; 5.470 ± 60 anos A.P. aos 24-30 
cm de profundidade. Assumiu-se que as idades de 6.500 ± 60 anos A.P. e 5.470 ± 60 
anos A.P. foram resultado de material alóctone retrabalhado. As análises palinológicas 
indicaram a presença da mata paludosa nas áreas brejosas, assim como de formações 
pioneiras de campo aberto seco bem desenvolvido nas planícies. A Mata Pluvial ficou 
confinada às encostas e vales mais úmidos. A Floresta Tropical Estacional 
Semidecidual, tolerante à seca, permaneceu em estágio adiantado na sucessão vegetal. A 
lagoa progressivamente perdeu água, desenvolvendo-se ampla área pantanosa. No final 
do período, a ingressão de sedimentos arenosos prejudicaram a deposição dos 
palinomorfos. Pode-se concluir que, durante o período de tempo abordado no presente 
estudo, o nível de espelho d‟água da lagoa de Cima oscilava em função das condições 
ambientais variáveis, detectadas através da Palinologia, entretanto, segundo provaram as 
associações vegetais, a lagoa nunca secou totalmente, embora várias vezes estivesse 
reduzida com o desenvolvimento de ampla área paludosa. 
TOLEDO (1998), analisando um testemunho da lagoa Salgada ao norte do 
estado do Rio de Janeiro, no litoral do município de Campos dos Goytacazes, obteve 
conchas datadas com uma idade de 3.050 ± 70 anos A.P. A análise palinológica de 
sedimentos do fundo lagunar indicou um conjunto de palinomorfos característicos de 
ambiente aberto e seco. A maior concentração de grãos de pólen e esporos foi localizada 
na parte central da lagoa. A análise palinológica em conjunto com a isotópica, em um 
testemunho de sondagem, permitiu caracterizar a alternância entre fases de clima úmido 
e de clima seco na área de estudo. 
COELHO (1999), através da análise palinológica em um testemunho de 5,30 m 
de comprimento obtido na planície de maré inferior do manguezal de Guaratiba, Baía de 
Sepetiba, pode identificar quatro mudanças climáticas ao longo dos últimos 6.300 anos, 
podendo ser observado uma alternância de ambientes úmidos e secos, incluindo o 
primeiro registro da Pequena Idade do Gelo no Brasil. Foram também observados dois 
eventos transgressivos, o primeiro correspondendo ao máximo marinho mais antigo do 
 
 
 
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chamado Nível Marinho Alto Holoceno. O segundo, entre cerca de 1.000 e 213 anos 
A.P., aparentemente se restringe à área de estudo. Foi identificado neste mesmo trabalho 
uma grande influência da Floresta Ombrófila Densa e da Formação Pioneira de 
Restinga, onde atualmente se tem o domínio do manguezal. Foi possível através das 
análises palinológicas marcar a intensa interferência antrópica na região devido à brusca 
diminuição dos representantes polínicos arbóreos, principalmente da Floresta Ombrófila 
Densa, no topo do testemunho. 
SANTOS (2000) realizou estudos palinológicos em um testemunho de 
sondagem de 510 cm de comprimento na fácies mangue-planície de maré inferior do 
manguezal de Guaratiba, com o objetivo de fornecer informações sobre as variações 
climáticas, ambientais e do nível médio do mar nos últimos seis mil anos. As análises 
realizadas permitiram identificar seis oscilações climáticas nos últimos 6.300 anos A.P., 
com alternância de clima úmido a seco, fenômenos climáticos do tipo “El Nino”, 
identificação da Pequena Idade do Gelo no Brasil, dois eventos transgressivos e 
alterações climáticas associadas ao intenso e desordenado processo de ocupação da 
Baixada de Sepetiba nos últimos 100 anos. 
LUZ (2003) investigou a dinâmica da vegetação do norte do Estado do Rio de 
Janeiro nos últimos 7.000 anos A.P. baseando-se nos resultados obtidos pelas análises 
palinológicas de (1) sedimentos superficiais do fundo de duas lagoas situadas no 
município de Campos dos Goytacazes, (2) sedimentos recentes de solos periféricos a 
estas lagoas e (3) sedimentos de dois testemunhos, um coletado na Lagoa de Cima e 
outro na Lagoa do Campelo. Foram considerados como palinomorfos os grãos de pólen, 
os esporos de Pteridophyta e Bryophyta, zigósporos e cenóbios de algas verdes. De 
acordo com os resultados obtidos foram caracterizados: 1. A dinâmica espacial na 
deposição recente de palinomorfos na superfície de fundo das lagoas. Foram analisadas 
15 amostras de um transect de direção nordeste/sudoeste pela Lagoa de Cima. Os grãos 
de pólen em sua maioria refletiram a floresta que beira a lagoa e os afluentes Imbé e 
Urubu, com contribuição expressiva dos taxa regionais, bem como a importante 
contribuição de plantas hidrófitas e palustres e de plantas ruderais das vastas pastagens 
encontradas na área. Indicaram que na atualidade a tendência deposicional dos 
palinomorfos na Lagoa de Cima está condicionada pelos influxos dos rios Imbé e Urubu 
ocasionando uma diferenciação espacial na sedimentação conforme o tamanho dos 
palinomorfos, a proximidade do local de sedimentação em relação a desembocadura 
desses rios e a batimetria do leito da lagoa. Já na Lagoa do Campelo as 4amostras de 
 
 
 
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superfície de fundo, também retiradas na direção nordeste/sudoeste, revelaram um 
padrão diferenciado de deposição dos palinomorfos em relação à Lagoa de Cima. A 
análise palinológica revelou alta deposição de pólen de plantas hidrófitas e palustres. Os 
tipos arbóreos e arbustivos devem ter sua "área-fonte" de pólen em um pequeno 
fragmento florestal contíguo à borda nordeste da lagoa. Os resultados indicaram que os 
processos deposicionais dos palinomorfos nessa lagoa são muito influenciados pela ação 
dos ventos NE sobre o espelho de água, pela batimetria do fundo da lagoa e pela 
introdução de pólen e esporos previamente depositados em solos do entorno. 2. A 
dinâmica espacial na deposição recente de palinomorfos na superfície de solos 
periféricos às lagoas. Foi realizada a análise palinológica de 6 amostras de superfície de 
solos retirados de formações vegetacionais distintas. A análise dessas amostras teve 
como objetivo avaliar a variação espacial na sedimentação de grãos de pólen e esporos 
de Pteridophyta e Bryophyta e o estado de preservação desses palinomorfos nos solos 
da região. No entanto, todas as amostras de solos se mostraram estéreis revelando que as 
condições ambientais atuais 
nos pontos amostrados não são apropriadas a preservação dos palinomorfos. 3. A 
dinâmica temporal holocênica da vegetação avaliada a partir da análise dos sedimentos 
dos testemunhos de sondagem retirados das lagoas. Nos sedimentos analisados 
verificou-se que a composição e a acumulação das assembléias de palinomorfos nas 
lagoas apresentaram variações desde o Holoceno médio, relacionadas a fatores diversos 
como se segue: Na Lagoa de Cima a análise palinológica do testemunho de sondagem 
RJ93/1 demonstrou que antes de 7.000 anos A.P. (idade 14C) o nível do mar 
encontrava-se ainda em uma posição abaixo do nível atual segundo a sequência arenosa 
da parte inferior do testemunho. A sedimentação dos palinomorfos se deu 
preferencialmente a jusante do local da perfuração. O intervalo areno-argiloso que cobre 
a sequência arenosa testemunha uma fase de transição entre uma sedimentação 
continental (possivelmente fluvial) e uma sedimentação lacustre indicada pela sequência 
lamosa, que cobre a sequência areno-argilosa. As reconstruções paleogeográficas 
efetuadas na planície costeira do rio Paraiba do Sul mostraram que a sedimentação 
holocênica dessa planície iniciou-se pela formação de um sistema ilhas-barreiras/laguna. 
Os sedimentos transportados pelo rio Paraíba do Sul começaram a depositar-se nessa 
laguna o que deu inicio à construção de um delta intralagunar. Com a gradual elevação 
do nível do mar, os sedimentos do delta intralagunar depositaram-se a uma altitude cada 
vez maior, o que propiciou o represamento do vale do rio Imbé aumentando a deposição 
 
 
 
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polínica de hidrófitas no local da perfuração. As florestas higrófilas instaladas desde o 
início no entorno da lagoa conviveram em torno de 6.500 anos A.P. com vastas áreas 
campestres. Na ocasião do máximo nível do mar holocênico (+ 5.100 anos A.P.) as 
áreas alagadas se espalharam pelo baixo vale do Imbé com o grande desenvolvimento 
das florestas higrófilas. Em torno de 4.000 anos A. P. a descida brusca do nível do mar 
ocasionou a queda nos valores de acumulação dos palinomorfos no local da perfuração 
indicando novamente a deposição preferencial a jusante dos limites da lagoa. Nessa fase 
novamente a vegetação campestre se desenvolveu convivendo com a mata higrófila. A 
segunda fase lagunar iniciada a cerca de 4.000 anos A.P. propiciou o pleno 
desenvolvimento das florestas higrófilas. A taxa de sedimentação no local da perfuração 
após 3.000 anos A. P. foi muito baixa provavelmente pela remoção dos sedimentos 
finos devido ao aumento do fluxo pelo rio Ururaí em direção à Lagoa Feia. 
Possivelmente as obras hidráulicas realizadas na região pelo Governo Brasileiro foram 
responsáveis pelo ocorrido. É provável que a amostra do topo do testemunho 
corresponda à sedimentação atual na lagoa, apresentando tipos polínicos de plantas 
atualmente cultivadas na região e um possível processo de eutrofização de suas águas. 
Na Lagoa do Campelo os sedimentos do testemunho Campelo 2001 abrangeram a 
sedimentação de cerca de 500 anos cuja base corresponde a + 2.800 anos A.P. (idade 
14C). A análise polínica reflete inicialmente 
uma vegetação hidrófita bem representada, com baixa riqueza de tipos polínicos e alta 
deposição de Pseudoschizaea caracterizando o desenvolvimento de um ambiente 
encharcado com baixo nível de água. Esse período corresponde ao abaixamento do nível 
do mar iniciado em 2.800 anos A.P. que acarretou a progradação da desembocadura do 
rio Paraíba do Sul. O nível do mar permaneceu baixo por cerca de 100 anos e a 
deposição dos palinomorfos se deu a jusante do local da perfuração. Vários brejos 
interligados ao rio Paraíba do Sul abasteciam a lagoa, mas a água fluía para canais da 
planície progradada, carregando consigo os sedimentos finos. Com a elevação do nível 
do mar a partir de 2.700 anos A. P. se deu a erosão na desembocadura do rio Paraíba do 
Sul e o progressivo represamento das águas na planície. Próximo ao período de pico 
eustático positivo (em cerca de 2.500 anos A. P.) a deposição polínica no local foi 
facilitada pela subida do nível de água da lagoa. A representatividade de tipos polínicos 
de plantas pioneiras foi alta nesse período e a riqueza dos da mata mostrou aumento. Já 
em cerca de 2.300 anos A. P. a Taxa de Acumulação Total dos palinomorfos foi muito 
alta principalmente pelo aumento dos tipos herbáceos e de hidrófitas. A taxa de 
 
 
 
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sedimentação após 2.300 anos A.P. foi muito baixa. Tendo em vista os resultados 
obtidos, pôde ser constatada uma dinâmica deposicional que teve comportamento 
diferente quanto às áreas relativas às duas lagoas estudadas. Os sedimentos da região da 
Lagoa de Cima refletem a resposta da vegetação quanto à variação do nível do mar, 
sempre apresentando forte influência, em conjunto, da vegetação de mata, campestre e 
de alagados. Já os sedimentos da região da Lagoa do Campelo estão em íntima 
dependência com o nível das águas do rio Paraíba do Sul. Em ambos os casos, a 
influência antrópica causou, causa e deverá causar ainda mais o rebaixamento dos 
espelhos de água das duas lagoas, bem como a sua eutrofização. 
BARRETO (2004) realizou análises palinológicas em 27 amostras de 
sedimentos superficiais coletadas ao longo da Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, e em 
um testemunho de sondagem retirado aproximadamente a 2 km ao norte da Ilha de 
Paquetá. Pretende-se caracterizar os processos de deposição atual que controlam a 
sedimentação de grãos de pólen e esporos de pteridófitas e briófitas, nos vários setores 
da Baía e reconhecer as oscilações ambientais ocorridas na região da Baía nos últimos 
4.210 anos A.P. Amostras de sedimentos superficiais foram caracterizadas pela maior 
representatividade dos elementos da Vegetação Campestre e grande riqueza de tipos 
polínicos da Floresta Ombrófila. A distribuição diferencial dos grãos de pólen e esporos 
de pteridófitas e briófitas seguiu um padrão influenciado pela batimetria, associada ao 
padrão de correntes geradas pelas marés, as quais promoveram a concentração dos 
palinomorfos nas áreas mais profundas e em locais de obstrução topográfico. A 
deposição diferencial em relação ao tamanho dos grãos de pólen e esporos seguiu um 
padrão de acumulação de palinomorfos de tamanho pequeno nas áreas de maior 
correnteza e o tamanho grande em áreas de menor batimetria. Os resultados obtidos na 
análise do testemunho de sondagem 8 demonstraram que em 4.120 anos A.P. havia umaMata Atlântica exuberante, sob o domínio de um evento regressivo. Pode-se observar ao 
longo das análises do testemunho uma fase mais seca, caracterizada pelo decréscimo 
dos tipos polínicos de Floresta Ombrófila, Higrófitas, esporos de pteridófitas e briófitas, 
e uma fase com condições ambientais mais úmidas atestada pela alta concentração de 
Higrófitas. Próximo ao topo do testemunho ocorreu queda acentuada nas concentrações 
com o predomínio da Vegetação Campestre e o aparecimento de espécies Exóticas 
(Pinus, Casuarina), evidenciando a influência antrópica do entorno da Baía de 
Guanabara. 
 
 
 
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 BARTH et al. (2004) estudaram uma amostra de sedimento obtida a 222 cm do 
topo de um testemunho coletado na baía de Guanabara, Rio de Janeiro. O estudo teve 
como objetivo obter um melhor conhecimento sobre o meio ambiente. A datação de 
14
C 
revelou a idade de 4.210 anos A.P. O pólen mais freqüentemente encontrado foi de 
Alchornea (Euphorbiaceae), Celtis (Ulmaceae), Lecythidaceae, Meliaceae, Ochnaceae e 
os esporos de Pteridophyta arborescentes. Atividades agrícolas não puderam ser 
detectadas através dos estudos palinológicos e paleoambientais. A densa floresta pluvial 
tropical era o tipo de cobertura vegetal dominante na região. 
BARTHOLOMEU (2004), em seus estudos palinológicos em sedimentos 
turfosos da Praia Vermelha, Rio de Janeiro, datados entre 4.520 ± 80 anos A.P. a 4.270 
± 60 anos A.P, estudou variações ambientais ocorridos no Quaternário na entrada da 
Baía de Guanabara. Neste trabalho foi constatado que durante o intervalo de tempo 
citado havia inicialmente o domínio de vegetação similar à de restinga, apresentando 
semelhanças com a que se encontra atualmente na retaguarda do segundo cordão 
litorâneo e do primeiro cordão mais interno das restingas do litoral fluminense. Essa 
vegetação passou a ser dominada pela vegetação de brejo de restinga. Foi proposto que 
a idade de 4.520 ± 80 anos A.P. sugere a formação de um corpo lagunar/paludial nas 
imediações da atual Praia Vermelha após a máxima elevação holocênica do nível médio 
do mar em torno de 5.100 anos A.P. Sobre esta turfa foi depositada uma sequência de 
areias lamosas e lamas arenosas. Estas últimas foram capeadas por uma turfa que estaria 
relacionada à colmatação deste corpo paludial e que teve a idade de 4.270 ± 60 anos 
A.P. A última fase, caracterizada por uma deposição de areias modernas 
correspondendo ao ambiente de praia atual, estaria associada à transgressão marinha por 
ocasião da segunda elevação do nível médio do mar entre 3.800 e 3.500 A.P. 
SÃO-THIAGO (2005) analisou sedimentos quaternários provenientes do 
testemunho T4, de 133 cm de comprimento, retirado dentro dos limites da APA de 
Guapimirim, forneceram informações sobre a vegetação pretérita através da 
identificação de tipos polínicos caracterizadores de ambientes e formações vegetais, e 
sua evolução na bacia da Baía de Guanabara. Foram obtidos duas datações por 
14
C, uma 
a 122 cm de profundidade, do testemunho T4, de 1.760 50 anos A.P., e a outra a 90 
cm de profundidade, de 530 25 anos A.P. Ficou evidente a grande influência dos tipos 
polínicos da vegetação local que ocupa as margens dos rios das principais bacias da 
região do Recôncavo da Guanabara, classificada como Mata Pluvial Tropical. O bom 
estado de preservação dos palinomorfos sugere que os grãos não sofreram exposição ao 
 
 
 
12 
 
ar, tendo a sedimentação ocorrida em condições de redução. A linha de costa, em torno 
de 1.800 anos passados, provavelmente, deveria estar recuada em relação à dos dias 
atuais, sofrendo ao longo do tempo processos de progradação, possibilitando a 
aproximação da costa ao sítio de sedimentação do testemunho T4. Desde a base do 
testemunho até o topo são observados tipos polínicos de mangue, indicando a existência 
deste tipo de vegetação no entorno da Baía de Guanabara há 1.800 anos. 
BARRETO (2008) estudou os sedimentos de um testemunho de sondagem na 
Enseada de Jurujuba, Baía de Guanabara, litoral do Rio de Janeiro. A análise 
palinológica mostrou que antes de 3.520 anos A.P. a região da Guanabara era coberta 
predominantemente por uma Floresta Ombrófila. A partir de 3.520 anos A.P. os tipos 
polínicos de floresta tem um decréscimo, enquanto o pólen de plantas higrófilas, 
esporos de pteridófitas e algas apresentam um pequeno aumento. Esta mudança 
ambiental foi associada ao evento transgressivo do nível médio do mar, que favoreceu a 
expansão destes táxones nas áreas alagadas das planícies aluviais da Baía de Guanabara. 
Por volta de 2.820 anos A.P. foi possível observar um pequeno aumento nos percentuais 
dos representantes da vegetação Campestre e Pioneiras de Mata, resultado da retração 
da vegetação de Floresta. Este fato pôde ser correlacionado ao evento regressivo do 
nível médio do mar e à redução da precipitação atmosférica neste período. A intensa 
ocupação humana na região da Guanabara foi claramente evidenciada no registro 
polínico do topo do testemunho. A vegetação de Mata Atlântica foi fortemente reduzida, 
associada a um aumento expressivo da vegetação Campestre e à ocorrência de táxones 
exóticos introduzidos pelos europeus. 
COELHO et al.(2008) estudaram na Reserva Biológica de Poço das Antas, 
localizada no Estado do Rio de Janeiro, duas colunas de sedimentos e cinco amostras, 
que foram selecionadas para datação pelo método de radiocarbono, revelando as 
seguintes idades, da base ao topo dos estemunhos: coluna 1 – 1,20-1,16 m: 6080 ± 40 
anos AP, 0,775-0,735 m: 4090 ± 40 anos AP e 0,38-0,34 m: 1880 ± 80 anos AP; coluna 
2 – 1,22-1,18 m: 3520 ± 40 anos AP e 0,23-0,19 m, 1810 ± 40 anos AP. Foram retiradas 
três amostras da coluna 1 e duas da coluna 2 para análise palinológica: 1,20 m, 0,77 e 
0,37 m da coluna 1 e 1,22 m e 0,21 m da coluna 2. O tratamento químico foi baseado 
em metodologia padrão de preparação de amostras palinológicas. A análise palinológica 
indicou que em torno de 6.080 anos AP a área de estudo era dominada pela Floresta 
Ombrófila e que, por volta de 4.090 anos AP, a vegetação tinha mudado para uma 
 
 
 
13 
 
floresta fragmentada, restrita às baixas colinas circundadas por áreas de campo aberto, 
pantanosas e turfosas. A permanência desse tipo de vegetação entre 4.000 anos AP e o 
atual é sugerida pelas amostras datadas de 3.520, 1.880 e 1.810 anos AP. 
Durante o Pleistoceno há escassez de trabalhos palinológicos na região costeira 
do Rio de Janeiro, com exceção de MISUMI (2008). Entretanto alguns trabalhos 
envolvendo esse intervalo de tempo merecem destaque, mesmo sendo desenvolvidos em 
outras regiões. 
DE OLIVEIRA (1992) estudou os registros palinológicos da lagoa da Serra 
Negra em Minas Gerais, identificando três fases de resfriamento intenso no intervalo de 
tempo de 39.930 até 14.340 anos A.P., com fases úmidas e secas. A floresta 
inicialmente apresentava espécies tolerantes ao frio e à umidade. A partir de 34.000 
anos A.P., teve início uma fase seca e o nível de umidade oscilava entre 30.453 e 14.340 
anos A.P. com mais duas fases sazonais úmidas. 
LEDRU et al. (1996) analisaram os registros palinológicos de Salitre (MG) e 
interpretaram o paleoambiente entre 50.000 e 40.000 anos A.P. como seco, seguido por 
um período úmido, entre 40.000 e 27.000 anos A.P. 
BEHLING (1997), em seus estudos desenvolvidos no Morro de Itapeva, na 
cidade de Campos do Jordão (S.P), encontrou uma vegetação de Campo e sem floresta 
tropical atlântica entre 35.000 -17.000 anos A.P., indicando um clima mais frio e seco 
nesse intervalo de tempo. 
BEHLING & LICHTE (1997) estudaram sedimentos na vila de Catas Altas em 
Minas Gerais no intervalo de 48.000 a ca. 26.500 anosA.P., encontrando um período 
climático frio e seco. 
 BARROS (2003) analisou sedimentos quaternários provenientes de três 
localidades situadas no médio vale do rio Paraíba do Sul, abrangendo um intervalo de 
tempo entre cerca de 31.000 – 9.000 anos 14C AP. Os resultados obtidos indicam que 
durante o pré-último máximo glacial (cerca de 31.000 – 27.000 anos 14C AP) e o último 
máximo glacial (cerca de 27.000 – 13.000? anos 14C AP), a vegetação encontrada na 
região de estudo era composta de um mosaico floresta/savana, com a flora arbórea 
apresentando elementos de floresta temperada e floresta tropical, suportando um clima 
mais frio que o atual. Segundo a autora, a transição Pleistoceno/Holoceno glacial (cerca 
de 13.000 – 9.000? anos 14C AP) seria caracterizada por uma instabilidade vegetacional, 
climática e hidrológica, alternando estações de estio e estações de alta pluviosidade, 
com predomínio de savana/campo. Durante o intervalo de tempo analisado, não foram 
 
 
 
14 
 
encontradas evidências da instalação definitiva da floresta pluvial tropical, semelhante à 
Mata Atlântica atual, na região de estudo. 
MISUMI (2008) estudou os registros palinológicos indicando a presença de uma 
vegetação de restinga e uma floresta pluvial aberta, limitada à encosta da Serra do Mar 
há 40.890 anos A.P. A baixa representatividade de grãos de pólen relacionados a 
espécies hidrófilas e de esporos de Pteridophyta/Bryophyta indica um ambiente de 
clima seco, porém com nível de umidade suficiente para o estabelecimento da 
vegetação. Cerca de 2.000 anos depois, o clima fica mais úmido acarretando numa 
maior freqüência de espécies hidrófilas. A vegetação de restinga sofre um leve recuo e 
verifica-se um processo de expansão da floresta pluvial. Restinga, floresta pluvial e 
campo coexistem sob um aparente equilíbrio. Há cerca de 35.200 anos A.P., o nível de 
umidade no ar aumenta mais ainda, o que se reflete no crescimento expressivo da 
vegetação hidrófila. A vegetação de campo e a floresta pluvial se mantêm. O clima frio 
durante a glaciação pleistocênica não impediu o estabelecimento e desenvolvimento de 
uma vegetação litorânea, porém foi o fator limitante da mesma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
3. EVOLUÇÃO DO LITORAL ENTRE CABO FRIO E ANGRA DOS REIS 
 
As flutuações do nível médio do mar ao longo do Quaternário constituem fator 
de grande importância na evolução das planícies costeiras do Brasil (MARTIN & 
SUGUIO, 1989). As evidências dessas flutuações do nível do mar no passado vêm 
principalmente do estudo de antigos cordões litorâneos nos continentes, de cordões 
atualmente submersos nas plataformas continentais, da presença de antigos bancos de 
corais e de depósitos de conchas acima do nível do mar atual (SALGADO-
LABOURIAU, 2007). 
A região costeira do Estado do Rio de Janeiro que vai de Cabo Frio a Angra dos 
Reis é denominado por MUEHE (1998) como „macro-compartimento dos Cordões 
Litorâneos‟. Segundo este mesmo autor, a brusca inflexão do litoral no sentido oeste, 
por efeito da zona de fratura do Rio de Janeiro, fez com que alinhamentos estruturais do 
embasamento de direção NE-SW, fossem truncados pela direção E-W do litoral. O que 
marca a fisionomia da paisagem deste compartimento é o desenvolvimento de cordões 
litorâneos, frequentemente ocorrendo na forma de duplos cordões, dispostos 
paralelamente entre si e separados por uma depressão estreita. Esses cordões, em cuja 
retaguarda se desenvolveu um conjunto de lagunas, imprimiram o aspecto retificado de 
todo o litoral. 
Em seus estudos sobre a baía de Guanabara, AMADOR & PONZI (1974) 
identificaram dois níveis de terraço marinho nas suas imediações. De acordo com 
AMADOR (1974, 1980), o nível de terraço marinho mais baixo (TM1) na praia de Mauá 
desenvolveu-se na retaguarda de uma linha de praias „fósseis‟, que atestariam um nível 
médio marinho cerca de 1,5 m acima do atual. 
A datação pelo 
14
C de fragmentos de madeira carbonizada coletados em 
sedimentos argilo-sílticos (paleoestuarinos), situados na porção basal destes depósitos 
de „paleopraias‟, revelou uma idade de 4.130±150 anos AP (Gx 3.180 - KE), indicando, 
segundo o autor anteriormente citado que a construção do nível de terraço mais antigo 
(TM2) seria anterior a esta idade e o nível mais recente (TM1) seria posterior, 
provavelmente de cerca de 3.000 a 3.600 anos A.P. 
Segundo AMADOR (1997) após a estabilização dos cordões litorâneos mais 
recentes, há cerca de 3.000 anos A.P., formar-se-iam inúmeros pântanos na orla da baía 
de Guanabara, entre os quais, um situado entre o cordão da praia Vermelha e da antiga 
praia da Saudade, não mais existente devido aos aterros. Estes cordões ligavam o 
conjunto de morros da Urca e do Pão de Açúcar ao continente. 
 
 
 
16 
 
DIAS & QUARESMA (1996), a partir da análise do fundo da Baía de 
Guanabara, encontraram afloramentos de arenito ferruginoso relacionados a 
paleossolos. Estes afloramentos encontravam-se a 20m abaixo do nível do mar atual, 
(15.000 anos A.P.) no alinhamento das ilhas Pai-Mãe-Cagarras-Tijucas, que 
possivelmente estariam incorporadas a antigos cordões litorâneos. 
Uma laguna de grandes dimensões teria se formado entre Itaipu e a Ponta do 
Arpoador. O canal de maré (inlet), ligação da laguna com o mar aberto, estaria no 
mesmo alinhamento do atual canal balizado, de acesso dos navios de maior porte, 
passando entre a ilha de Cotunduba e a ponta do Leme e ao largo da Ponta do Arpoador. 
A Baía de Guanabara propriamente dita, nesta época, seria de dimensões bem menores, 
porém seu canal central já teria pelo menos 10 m de profundidade estendendo-se até as 
imediações do alinhamento atual da ponte (DIAS & QUARESMA, 1996). 
Segundo DIAS & QUARESMA (1996), em função do afogamento produzido 
pela transgressão marinha holocênica, houve progressivamente migração dos cordões 
litorâneos até ocuparem as posições atuais. 
Em seus estudos sobre as praias a leste da baía de Guanabara, MUEHE (1982, 
1984) sugere que os cordões mais interiorizados teriam sido formados durante a 
primeira transgressão holocênica (5.100 anos A. P.) e os cordões mais externos 
corresponderiam às flutuações do nível médio marinho posteriores. 
Com base em estudos geológicos anteriores elaborados por RONCARATI e 
NEVES (1976) foi realizado por MAIA et al. (1984) um estudo da evolução geológica 
da baixada de Jacarepaguá, através de inúmeras datações por 
14
C, apresentadas a seguir. 
Durante a fase final da transgressão entre 6.000 e 7000 anos A. P. teria se 
formado uma ilha-barreira isolando do mar aberto uma ampla laguna. Com a elevação 
contínua do nível marinho, a ilha-barreira migrou em direção ao continente, 
estabilizando-se no máximo de 5.100 anos A. P. 
Os segmentos de cordões litorâneos que afloram na planície se formaram em 
torno do máximo transgressivo e na regressão posterior, conforme apontam as idades 
obtidas de sedimentos lagunares situados sob estes cordões, 5.065±120 e 4.845±150 
anos A. P. 
Após o máximo de 5.100 anos A. P., iniciou-se uma nova fase regressiva durante 
a qual a ilha barreira sofreu progradação, formando a restinga interna. Segundo os 
 
 
 
17 
 
mesmos autores as areias de fundo da laguna interna revelaram idades que variaram de 
5.740±150 a 4.090±110 anos A. P., indicando que a fase lagunar já se havia iniciado 
antes do máximo nível marinho holocênico. Amostras de cúspides da laguna interna 
mostraram idades oscilando entre 4.890±100 e 4.130± 110 anos A. P. formadas no 
período do máximo e na regressão posterior. 
Por volta de3.800 anos A. P., o nível médio marinho elevou-se novamente 
atingindo o máximo em 3.500 A. P. Durante esta transgressão a restinga interna foi 
parcialmente erodida e a restinga externa começou a se formar antes do máximo 
transgressivo. Idades obtidas de amostras de vasa orgânica da laguna externa oscilam 
entre 3.670±90 e 3.130±130 anos A. P. 
A análise de testemunhos realizada por IRELAND (1987) nas lagunas a leste da 
baía de Guanabara (do Padre, Itaipu e Itaipuaçu), datações pelo 
14
C de turfas, 
combinadas com estudo de algas apontaram que a barreira interna e os sedimentos 
subjacentes à mesma são de idade pleistocênica e que somente os sedimentos 
superficiais na área à retaguarda e à frente da barreira seriam retrabalhados durante do 
Holoceno, contrariando as suposições de MUEHE (1982, 1984) e as evidências de 
MAIA et al. (1984) de que as lagunas teriam idade holocênica. 
Segundo IRELAND (op. cit) as evidências antes de 7.100 anos A.P., tanto da 
laguna de Itaipu quanto a do Padre, indicaram um nível médio marinho com tendências 
negativas, sendo que as tendências positivas somente se iniciaram após 7.100 anos A. P. 
Após 3.600 anos A. P. há evidências nestas lagunas de queda do nível médio marinho 
que corrobora com os resultados obtidos por BITTENCOURT et al. (1979) para o 
Estado da Bahia entre 2.600 e 2.700 anos A. P., porém indicando um padrão mais 
complexo. 
Novos estudos no sistema lagunar de Araruama e adjacências, relacionados à 
sedimentação lagunar e algumas peculiaridades do cordão interno, realizados por 
TURCQ et al. (1999), fizeram com que estes autores reconsiderassem a cronologia 
elaborada anteriormente por MAIA et al. (1984). 
De acordo com os mesmos, testemunhos coletados dentro de um sistema lagunar 
externo, localizado na depressão intercordão, revelaram que este iniciou sua formação 
entre 7.000 e 5.000 anos A. P. 
Estas idades forçaram os autores a relacionar a formação do cordão interno a um 
episódio de nível marinho anterior ao Holoceno. Como o primeiro nível anterior, bem 
 
 
 
18 
 
representado na porção central da costa brasileira é datado de 123.000 anos A.P, 
conclui-se que as lagunas maiores, localizadas entre o cordão interno e o continente se 
desenvolveram durante o Pleistoceno e foram novamente submersas durante a 
transgressão holocênica, que, por sua vez originou o cordão litorâneo e a laguna externa. 
Isto vai ao encontro das evidências de IRELAND (1987). 
TURCQ et al. (1999) indicam ainda que o desmembramento do sistema lagunar 
externo em pequenas lagunas isoladas ocorreu durante as oscilações do nível marinho 
de 5.000 A. P. até o presente. 
Foram elaboradas importantes curvas de variações dos níveis relativos do mar 
nos últimos 7.000 anos ao longo de vários trechos do litoral brasileiro e do Rio de 
Janeiro, evidenciando as transformações ambientais ocorridas durante o período. A 
curva de Salvador (BA) foi utilizada como parâmetro para esta tese (Figura 2). 
 
Figura 2: Curvas de variações dos níveis relativos do mar nos últimos 7.000 
anos (SUGUIO et al., 1985). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
4. LAGOAS COSTEIRAS 
As lagoas costeiras são extensões rasas de água, situadas em planícies costeiras 
separadas do mar aberto por bancos arenosos ou ilhas barreiras, entretanto com canais 
de comunicação mais ou menos eficientes (SUGUIO, 2003). Elas representam 15% da 
zona costeira do mundo. Ao longo da costa brasileira são encontrados diferentes 
ecossistemas lacustres costeiros, tais como, lagunas, lagos, lagoas e brejos, 
diferenciados geologicamente e, sobretudo, ecologicamente (PHLEGER, 1969). De 
acordo com ESTEVES et al. (1984), há grande necessidade de direcionar pesquisas para 
preservar tanto as lagoas fluminenses, quanto as demais lagoas brasileiras. 
Os sistemas lagunares encontram-se sujeitos a complexos processos de erosão e 
sedimentação sendo assim bastante instáveis e possuindo um hidrodinamismo peculiar 
(MUZAVOR, 1986). A dispersão dos sedimentos no sistema processa-se através das 
correntes, incluindo zonas estreitas de maior agitação e de entrada e saída de grande 
volume de água, a cada ciclo de maré (MUZAVOR et al., 1993). 
As lagoas costeiras são de grande importância, constituindo-se em regiões de 
interface entre zonas costeiras, águas interiores e águas costeiras marinhas (ESTEVES 
1998). Elas constituem ecossistemas de grande produtividade, podendo estar sob 
influência de ambientes terrestres, marinhos e de águas doces. Em função da interação 
direta ou indireta com o mar, dos aportes de água doce e do balanço hidrológico de 
precipitação e de evaporação, em geral exibem gradientes longitudinais e temporais de 
salinidade (KJERFVE, 1994; SMITH, 1994). 
Segundo SUGUIO (2003) as lagoas costeiras apresentam em comum as 
seguintes características: 
1. Foram originadas durante o Holoceno, entre 4.000 e 7.000 A.P, em condições de 
abundante suprimento de areia para a zona costeira. 
2. Estão situadas em planícies costeiras adjacentes a amplas plataformas 
continentais de baixa declividade, onde a velocidade de transgressão marinha, 
em época pós-glacial, tenha sido muito lenta. 
3. Situam-se predominantemente ao longo de margens continentais, onde o mar 
atingiu só recentemente o atual nível relativo. 
 
 
 
 
20 
 
De acordo com ESTEVES (1998), tanto lagunas quanto lagoas costeiras têm sua 
origem vinculada aos processos transgressivos do mar, que ocorreram a partir do 
Pleistoceno e se prolongaram até os últimos dois mil anos do Holoceno, quanto ocorreu 
a gênese da grande maioria das lagoas costeiras do Brasil. A gênese desses ecossistemas 
evidenciou que nas suas formações participaram tanto processos fluviais, marinhos 
como fluvio-marinhos e eólicos. 
 
 
Segundo ESTEVES (1998), as lagoas também podem ser classificadas quanto à 
coloração. 
 
 Lagoas costeiras de águas claras. – são na maioria dos casos lagunas, cujas águas 
provêm do oceano e/ou de rios. 
 
 Lagoas costeiras de águas escuras – têm suas águas originadas, principalmente, 
do lençol freático de áreas arenosas, ou de rios cujas bacias de drenagem 
percorrem terrenos arenosos, como aqueles típicos de restinga. 
 
As lagunas costeiras podem ainda serem classificadas segundo os processos 
marinhos que influenciam sua morfologia em: dominadas por ondas, caracterizadas por 
extensas barreiras arenosas com poucos ou até nenhum canal de maré, ou lagunas de 
dominação mista, por ondas e marés. 
A sedimentação lagunar é controlada pelas condições hidrográficas e pela 
disponibilidade de sedimentos. Os sedimentos são depositados em subambientes no 
sistema barreira/laguna, sendo os principais: Leques de Sobrelavagem, Canais de Maré, 
Deltas de Maré, Planícies de Maré e o Fundo Lagunar (LAVENÉRE-WANDERLEY, 
1999). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
5. ÁREA DE ESTUDO 
 
5.1. LAGOA DE ITAIPU 
A lagoa de Itaipu é um corpo costeiro semifechado, com cerca de 1,5 km
2
 de 
espelho d‟água. Está localizada no município de Niterói, estado do Rio de Janeiro, entre 
as latitudes 22º57´S e 22º 59´S e as longitudes 43º 01´W e 43º 03´W e faz parte de um 
conjunto de lagunas costeiras que se distribuem ao longo do litoral em direção norte 
(LAVENÈRE-WANDERLEY, 1999). (Figuras 3 a 7). 
De acordo com KJERFVE (1986), LAVENÈRE-WANDERLEY (1999) e 
SALVADOR (1999), a lagoa de Itaipu possui um canal de maré que lhe permite uma 
comunicação com o oceano de caráter restrito, constituindo-se assim, em uma laguna 
costeira do tipo “Choked Lagoon”. Este tipo de laguna geralmente é encontrado em 
regiões da costa com altaenergia de onda, deriva litorânea significativa e marés com 
alturas máximas inferiores a 2 metros. 
A batimetria e o espelho d‟água da lagoa de Itaipu foram bastante alterados, 
fruto de ações antrópicas que ela sofreu ao longo dos anos (KUCHLER et al., 2005) 
(Figura 5). O mapa batimétrico revelou um fundo plano de superfície suavizada na sua 
parte mais interior e junto às margens, apresentando profundidades inferiores a 1 metro 
(LAVENÈRE-WANDERLEY, 1999). A lagoa está sujeita ao efeito de micromarés com 
altura média de cerca de 0,71m, chegando a um avanço de 10 metros, lateralmente sobre 
seu entorno, durante as marés de sizígia. 
A lagoa de Itaipu foi formada através das flutuações holocênicas do nível do 
mar, ocorridas em torno de 7.000 anos A.P. Esta comprovação foi estabelecida pelas 
datações de sambaquis existentes neste trecho do litoral em 7.958 anos A.P. (KNEIP et 
al., 1980) e pelos registros que marcam a transgressão marinha nos testemunhos datados 
na lagoa de Itaipu em 7.100 anos (IRELAND, 1987). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 Figura 3. Mapa de localização da lagoa de Itaipu, modificado (LAVENÈRE- 
WANDERLEY, 1999). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Figura 6: Fotografia da laguna de Itaipu (obtida em 20/6/2005. Acervo do 
Laboratório de Palinologia). 
 
 
Figura 7: Fotografia da serra da Tiririca e ao fundo a lagoa de Itaipu (disponível no 
site: http://guiserpa.multiply.com/photos/photo/125/14, acessado em 30/9/2008). 
 
 
 
 
 
 
26 
 
5.2. GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA. 
 
 A paisagem da área de estudo apresenta uma série de alinhamentos montanhosos 
de direção SW / NE, concordantes com a estrutura geológica do litoral fluminense de 
formação pré-Cambriana. O embasamento pré-cambriano cristalino se apresenta em 
forma de montanhas rochosas notando-se pontões (FRANCISCO et al., 1982). O 
embasamento cristalino é representado pela unidade Cassorotiba, composta por 
migmatito-diatexito com abundantes porfiroblastos k-feldspato pouco deformados, 
envoltos em matriz granoblástica, composta de biotita, quartzo e plagioclásio. A 
subunidade Itaipu apresenta gd-bi-qz-fd-gnaisses, claros, bastantes marcantes na região. 
Outro representante do domínio no pré-Cambriano é o Gnaisse Facoidal, composto por 
migmatito-diatexito com uma estrutura dada por abundantes porfiroblastos de feldspato 
(rosa e cinza), contornados por matriz composta dos elementos quartzo, biotita e 
plagioclásio (FRANCISCO et al., 1982). 
 De acordo com LAVENÈRE-WANDERLEY (1999), os sedimentos que 
constituem a bacia de drenagem e a região litorânea podem ser subdivididos em: 
 Sedimentos Fluviais: compostos por areias grossas, médias e finas, mal 
selecionadas, apresentando quartzo, feldspato e máficos, grãos subangulares a 
angulares, geralmente com matriz argilosa a síltica exibindo cores creme-
amarelada, acastanhada, esbranquiçada, esverdeada e acinzentada de leques 
aluviais e argila cinza a cinza-amarelada, geralmente micácea. 
 Sedimentos Paludiais: compostos por argilas de coloração cinza e depósitos de 
turfa de ambientes de lagos, pântanos ou brejos. Argilas de coloração negra, 
bioturbadas de mangues. 
 Sedimentos Litorâneos: compostos por areias quartzosas, bem selecionadas, 
podendo apresentar feldspato e matriz argilosa, com coloração esbranquiçada, de 
origem marinha de cordões litorâneos. Os grãos de quartzo exibem muitas vezes, 
efeitos de abrasão, aos quais pode ser atribuída origem eólica. (FRANCISCO et 
al., 1982). 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
Segundo a PREFEITURA MUNICIPAL DE NITERÓI (1995), a Região 
Oceânica de Niterói possui dois domínios geomorfológicos característicos: os maciços 
costeiros e a baixada litorânea, sendo esta formada pela planície costeira e depressões 
lagunares, barradas por restingas, cobertas ou não por dunas. 
 
5.3. VEGETAÇÃO 
A riqueza que possuía o litoral fluminense em termos de flora, fauna e belezas 
naturais até o século XIX está bem documentada nos livros que contam as viagens dos 
naturalistas estrangeiros que passaram por essa região. Entretanto, o cultivo de cana-de-
açúcar nas baixadas, de café e, mais tarde, de laranjas nos morros, além da exploração 
madeireira, eliminaram as florestas primitivas e até grande parte das matas secundárias 
KNEIP et at., (1980). A bacia de drenagem da lagoa de Itaipu e os morros que a 
circundam não escaparam a este processo de degradação ao meio ambiente. 
A vegetação existente na região está condicionada a vários fatores como o clima, 
relevo, drenagem e a litologia. Na sua bacia de drenagem são identificados quatro tipos 
principais de vegetação (LAVENÈRE-WANDERLEY, 1999). 
1. A vegetação típica de restingas desenvolveu-se sobre o cordão arenoso que 
separa a laguna do oceano, exibindo espécies xerófitas adaptadas ao solo 
arenoso, salobro e sujeito ao dessecamento pela brisa marinha. 
 
2. A vegetação de mangue desenvolveu-se na porção marginal da laguna, associada 
a locais de sensível influência marinha, onde o solo permanece saturado de água 
salobra ou salgada, e onde a litologia é fina e impregnada de matéria orgânica. 
(Figuras 8 e 9). 
 
3. Nas baixadas, associadas à deposição de sedimento fluvial, onde o solo 
encontra-se livre da influência da água salobra, desenvolve-se a vegetação que 
está associada a regiões de altitudes de até 3 metros e concentra grandes 
quantidades de matéria orgânica vindo a desenvolver depósitos de turfa sob 
solos arenosos permanentemente encharcados. 
 
4. Na região montanhosa, recoberta por solos derivados da decomposição de rochas 
metamórficas, desenvolveu-se a mata tropical úmida, característica do litoral 
brasileiro (LAVENÈRE-WANDERLEY, 1999). 
 
 
 
 
28 
 
Os primeiros levantamentos florísticos na área de estudo e adjacências foram 
publicados a partir da década de 1980 com os trabalhos de ARAUJO & HENRIQUE 
(1984) na restinga de Itaipu, LOPES (1992) no Alto Mourão, MEIRELLES et al. (1999) 
no Costão de Itacoatiara, FEVEREIRO & SANTOS (2001) na restinga de Itacoatiara e 
BARROS (2008) na serra da Tiririca. Embora ainda existam outras áreas florestadas, as 
informações florísticas estão disponíveis apenas em coleções de herbários que são muito 
pobres em relação à flora do município de Niterói (BARROS, 2008). 
 
 
Figura 8: Fotografia da vegetação atual de borda da lagoa (disponível no site: 
http://guiserpa.multiply.com/photos/photo/125/ 30, acessado em 30/9/2008). 
 
 
 
Figura 9: Fotografia da vegetação atual da encosta e de borda da lagoa (disponível 
no site: http://guiserpa.multiply.com/photos/photo/125/41, acessado em 30/9/2008). 
 
 
 
 
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5.4. CLIMA 
 O clima do município

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