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Economia Institucional I Bibliografia: Fiani (2011), cap. 8; North (1994). Aula 16: Instituições, história e desempenho econômico de longo prazo na visão de Douglass North. 1 Aula 16 - Douglass North e as instituições Aula 16 - Douglass North e as instituições 2 1. Douglass North, vida e obra - I • Douglass C. North, n.1920. • PhD Economia, Berkeley, 1952. • Professor da University of Washington (Seattle, WA-EUA) de 1952 a 1983. • Professor da Washington University (Saint Louis, MO, EUA) de 1983 até hoje. • Ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1993 (junto com Robert Fogel), por “terem renovado a pesquisa em história econômica aplicando teoria econômica e métodos quantitativos para explicar a mudança econômica e institucional”. Aula 16 - Douglass North e as instituições 3 1. Douglass North, vida e obra - II • Principais obras: a. A ascensão do mundo ocidental (1973, com Robert Paul Thomas). b. Estrutura e mudança na história econômica (1981). c. Instituições, mudança institucional e desempenho econômico (1990). d. Entendendo o processo de mudança econômica (2005). e. Violência e ordem social (2009, com John J. Wallis e Barry Weingast). • O artigo que está na bibliografia, Custos de Transação, Instituições e Desempenho Econômico, de 1994, é um resumo do seu livro de 1990 (talvez o mais importante). Aula 16 - Douglass North e as instituições 4 2. Douglass North: principais pontos teóricos • O grande tema de North é ver como o marco institucional afeta o desempenho econômico. • Um tema fundamental em sua obra é a importância dos direitos de propriedade (uma instituição central para todos os institucionalistas, inclusive os OIEs) para explicar o desempenho econômico. • O estado tem um papel fundamental, pois é ele quem garante (ou não!) a propriedade. • North não da muita relevância à ordem espontânea e às instituições informais: a ênfase dele está nas instituições formais e no ordenamento jurídico. • O pensamento de North foi mudando ao longo dos anos, vamos destacar isso quando for preciso. Aula 16 - Douglass North e as instituições 5 3. Direitos de propriedade e desenvolvimento - I • North toma como paradigma de desenvolvimento a Inglaterra e os Países Baixos, e se pergunta porque eles se desenvolveram. • Para ele, a definição e a garantia dos Direitos de Propriedade (DDP) constituem o centro da explicação. Eles fornecem os incentivos para as atividades que promovem o desenvolvimento. • Há atividades que têm um retorno social alto (p.ex., atividades de inovação). Todavia, a decisão de implementá-las depende dos incentivos, que atuam no plano individual. • Se o retorno social de qualquer atividade for inferior ao seu retorno individual, ela não será produzida no nível socialmente adequado. Aula 16 - Douglass North e as instituições 6 3. Direitos de propriedade e desenvolvimento - II • Essa diferença ocorre pela presença de externalidades positivas, que seriam geradas pela definição inadequada dos DDP. Com as negativas ocorre o oposto. – Ou seja, se há uma atividade boa para todos que eu poderia fazer, eu faço menos do que o socialmente desejável porque não me aproprio dos retornos. Analogamente, se há uma atividade na qual eu posso “jogar” os custos nas costas dos outros, farei mais dela do que seria socialmente desejável. – North (& Thomas) usam o problema da medição da longitude como exemplo. Fiani menciona que eles supõem que a inovação nunca será um problema se houver incentivos adequados. – O exemplo negativo é a concessão de direitos de passagem aos pastores da Mesta, que teria desestimulado a produção agrícola da Espanha. Aula 16 - Douglass North e as instituições 7 3. Direitos de propriedade e desenvolvimento - III • Os DDP mal definidos seriam consequência do desejo do Estado de obter (maximizar) receitas fiscais. – Na França e na Espanha, a Coroa teria sido bem sucedida nisso. Nos Países Baixos e na Inglaterra, acidentes históricos teriam impedido que o rei pudesse agir dessa maneira. • Isso decorre do que North chamou de Teoria Neoclássica do Estado. Para ele, o Estado (ou o governo, que seriam equivalentes) é uma organização que oferece segurança e justiça e que cobra por esses serviços. Aula 16 - Douglass North e as instituições 8 4. O papel do Estado para North - I • Segundo North (1981), Um Estado é uma organização com vantagem comparativa no exercício da violência, estendendo-se sobre uma área geográfica cujos limites são determinados pelo poder de tributar os cidadãos. A essência dos direitos de propriedade é o direito de excluir, e uma organização que tem vantagem comparativa no exercício da violência está em posição para especificar e garantir direitos de propriedade. • Nesse sentido, o governo monopoliza a definição e garantia dos DDP, e é remunerado através do pagamento de impostos. • Veja-se que para North o Estado é um agente com interesses próprios, que age com os demais tentando maximizar seus ganhos. Aula 16 - Douglass North e as instituições 9 4. O papel do Estado para North - II • No modelo de North, o Estado tem três características: I. Ele tem economias de escala na definição e proteção dos DDP (seria mais caro se cada um tivesse que se virar sozinho para isso). A existência dessas economias de escala permite o aumento da renda da sociedade, gerando uma poupança privada. • Esse aumento é de alguma maneira dividido entre os cidadãos e o estado. II. Ele age como um monopolista discriminador, que cobra preços diferentes por seus serviços de acordo com a capacidade de pagamento das pessoas/grupos. III. Sua capacidade de agir como monopolista depende da existência de rivais potenciais. Aula 16 - Douglass North e as instituições 10 4. O papel do Estado para North - III • Dado que North vê o Estado como o “rei”, ele não vê inicialmente nenhuma dificuldade em fazer valer “sua” vontade. O Estado agiria sempre em forma unificada. • Para ele, nem sempre as regras (instituições) que maximizam a receita do Estado são as que maximizam o ganho social (ex: a Mesta). • Todavia, North reconhece a existência de problemas de agência no interior do Estado. Pode haver, portanto, uma dissipação das rendas de monopólio. • Em sua visão, os serviços fornecidos pelo estado muitas vezes tem custos em forma de U; logo, haverá um tamanho máximo para o estado (como sempre, no qual o CMg dos seus serviços iguale a RMg da arrecadação). Aula 16 - Douglass North e as instituições 11 4. O papel do Estado para North - IV • North fez essa análise para explicar o bom desempenho dos países que deram certo na Europa moderna, mas reconhece que o mesmo modelo não explica a atuação do estado democrático de hoje. • Ele afirma que no estado democrático, o essencial não é apenas a proteção dos DDP, mas também das liberdades políticas, religiosas e civis. Quanto mais seguras as liberdades, menores os custos de transação, e custos de transação declinantes são (....) uma fonte histórica crucial de crescimento econômico. Aula 16 - Douglass North e as instituições 12 5. North e a mudança institucional - I • Para North, as instituições tendem a serem estáveis, mas mudam quando mudam a tecnologia, as preferências ou quando há um contato entre culturas. • O agente da mudança é o empreendedor. Mas a direção da mudança depende da matriz de payoffs que se abre aos agentes. • Os incentivos nem sempre favorecem o aumento da produtividade. – Pode ter direitos de propriedade mal definidos e também free-riding.Aula 16 - Douglass North e as instituições 13 5. North e a mudança institucional - II • North diferencia dois tipos fundamentais de atividades, as produtivas e as redistributivas. – Se os payoffs forem maiores em atividades produtivas, estas serão estimuladas. O mesmo ocorre com as redistributivas. • As mudanças de incentivos no CP geram resultados, geralmente não intencionais, no LP. • As mudanças são “esmagadoramente incrementais”. – As instituições formais podem mudar de um dia para o outro, as informais não Aula 16 - Douglass North e as instituições 14 5. North e a mudança institucional - III • A avaliação dos resultados possíveis das ações dos empreendedores vai depender da forma de ver o mundo. Nesse sentido, as ideologias desempenham um papel fundamental no desenvolvimento. – As instituições fornecem o marco geral, mas os indivíduos têm liberdade de ação. • Os mercados nos quais os indivíduos interagem não são semelhantes aos da teoria tradicional. Eles têm: 1) Altos custos de negociação; 2) Rendimentos crescentes. Por isso, o processo de desenvolvimento é path-dependent. • Os altos custos de negociação decorrem de que a informação é custosa, os custos de transação são altos e os agentes têm racionalidade limitada. Aula 16 - Douglass North e as instituições 15 5. North e a mudança institucional - IV • O desenvolvimento das sociedades ocidentais começa com a especialização de alguns agentes no comércio, e mais ainda no surgimento do comércio de longa distância. • O seu avanço vai depender da resolução dos problemas de agência e na melhora do cumprimento (enforcing) dos contratos. • Mas, uma vez conseguido isso, foram essenciais instituições que permitiram: 1) Aumento da mobilidade dos capitais; 2) Redução dos custos de informação; 3) Surgimento de mecanismos de dispersão de riscos.
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