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Livro Fins do Estado

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FRANSCISCO FERREIRA DE CASTRO 
 
 
 
Fins do Estado: 
Principais Doutrinas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Advertência 
Ao nos propormos o assunto da tese Dos Fins do Estado, ficamos, de 
inicio, sobressaltados pela magnitude dos desenvolvimentos doutrinários 
que ela sugere. Com tudo, não recuamos na tarefa árdua que se nós 
antepunha, porque, a semelhança de Mitya em Os Irmãos Karamazov, 
preferimos antes ficar com um “daqueles que não querem milhões e , sim, 
resposta as suas perguntas” . 
Por isso, escolhemos para tema do nosso trabalho um estudo sobre os 
Fins do Estado, tendo em vista as principais doutrinas que os informam. 
Poderemos não haver alcançado a resposta desejada, mas para consegui-
la, fecimus quod potumimos, faciantmelióra potentes. 
 
 
 Do AUTOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO PRIMEIRO 
1. Considerações gerais sobre os fins do Estado 
2.Importancia do problema na Ciência Política e na Teoria Geral 
do Estado 
3.Os que negam a importância do problema 
4. Fins necessários e fins contingentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Considerações Gerais sobre os fins do Estado 
 
ACiência Política não possui tema de mais inquietante 
atualidade do que aquele de determinar quais os verdadeiros 
fins doEstado. Também, nenhum outrode maior complexidade 
,porque, de par com essa indagação sobre a teleologia 
estatal está entranhada toda uma ordem de valores que 
definem a postura espiritual do individuo em face dos 
problemas sociais jurídicos ,políticos e econômicos que o 
Estado representa, como síntese unitária das relações 
humanas tuteladas pelo direito, em cujas manifestações se 
expressam os objetivos colimados pelo homem no afã de 
alcançar o seu ideal de progresso e de justiça. 
De certo,esta indagação não apresenta a fixidezde princípios 
imutáveis que poderia levar o estabelecimento de regras 
permanentes ou inamovíveis de conduta e ordenamento 
social pois que se encontravam vinculadas as aspirações 
materiais e espirituais do homem, sempre renovadas pela 
necessidades de lograr mais altos níveis de desenvolvimento 
e aperfeiçoamento de própria personalidade . 
Mesmo assim a revelação das teorias sobre os objetivos 
finalísticos do Estado embora detonando uma aparente 
diversidade de manifestações teleológicas em relações aos 
critérios estimativos do direito que presidem a estruturação da 
vida funcional ou institucional do Estado, não implicam 
incoerência mas antes estágios ou posições assumidos pelo 
homem na luta para clarear sua caminhada pela vida na 
busca incessante de um ideal a cumprir. 
Instituição humana o Estado tende a expressar na 
instrumentalidade de sua organização socialpolitico jurídica e 
econômica uma concepção de vida.Daía razão de ser da sua 
grandeza dai também a motivação de suas crises periódicas . 
 
Aristóteles num texto célebrede sua politica já havia 
observado que “antes de definir o Estado ideal, importa definir 
a vida mais desejávelo ideal de vida para o individuo e o 
Estado” ,demostrando, em consequência, a correlação 
estreita dos conceitos atribuídos ao Estado com os ideias de 
realização efetiva da pessoa humana em cujo vinculo 
indissociável repousa a própria razão de ser do Estado e da 
legitimidade do poder que encarna na sociedade. Embora o 
velho e sábio lheringconfessa-se : “duvido que se chegue um 
dia a determinar esse limite(finalidade do direito). Tenho por 
certo que o problema ficará eternamente em 
incógnita”ACiência Política vai cada dia experimentando fincar 
novos marcos aclaradores nesse sentido. 
 
Vale a pena destacar a influencia sempre atuante das ideias 
no espirito humano, traduzindo a inquietação renovadora dos 
conceitos éticos, políticos e econômicos na sociedade, 
semdúvida de grande importância na organização estatal, 
conforme acentua com agudeza John H. Randall,Jr ... Quando 
escreve “em sua portentosa obra sobre a formação do 
pensamento moderno, que” a principal necessidade para 
desentranhar as crenças humanas e perseguir sua 
ascendência se deve ao fato, tão importante e tão pouco 
atendido pela grande maioria,de que as ideias não são como 
os deuses eternos do Olimpo, imutáveis e sempre jovens 
como todas as coisas humanas nascem, crescem e 
envelhecem e até podem morrer.” 
 
“As idéias são algo vivo, e tudo que vi tem um ambiente em 
que deve existir e a que deve ser adaptar-se. Há uma 
tendência a considerar o conjunto das próprias crenças como 
quem mira as montanhas, que ante os olhos aparecem fixos e 
imutáveis; e toda a manifestação que se aparte desse 
conjunto de crenças se considera essencialmente absurda. 
Ou se o trata como as moedas de ouro, que sempre podem 
passar em qualquer país ou época. Ainda que se 
reconheçamde bom grado as mudanças revolucionarias que 
ocorrem nas coisas materiais, poucos podem percebe-los no 
reino, mais intangível, do espirito.” 
Por isso, estudar os fins do Estado significa, para o tema que 
nos propomos analisar, embora sucintamente, as principais 
teorias ou doutrinas que presidem as linhas mestras da 
teleologia estatal e informam que é o que deve fazer o Estado 
como meio para lograros fins humanos e transcendentes da 
pessoa humana. 
 
Importância do Problema dos fins doestado na ciência política 
e na teoria geral do estado 
De fato, a importância do problema da determinação dos fins 
do estado é um assunto que interessa principalmente a 
ciênciapolítica e a teoria geral do estado. Entanto,dadasas 
enormes atribuições deferidas a competênciado Estado nas 
sociedades hodiernas e consequentemente, ao volume das 
atividades funcionais,torna-se uma necessidade reclamada de 
todos os setores,e, especialmente,na teoria política,a 
determinação dos seus fins em face dos critérios ético 
jurídicos que legitimam a atuação do poder publico na vida 
dos povos.Harold j. Laski ,com a sua habitual penetração dos 
fenômenos sociológicos contemporâneos já assinalava em 
suas reflexões sobre a revolução de nosso tempo que “existe 
por todas as partes em todos os países uma vontade de 
empreender a tarefa da redefinição do fim do Estado,e existe 
também a atitude espiritual que reconhece na índole de 
nossos perigos presentes a obrigação de obrar com grande 
audácia”. 
 
O eminente publicista argentino Owen G. Usinger,em seu 
rente livro sobre Os Fins do Estado, endossando , a respeito, 
as conclusões de Holyzendorf, escreve que a doutrina não 
chegou,toda via,a um acordo dos fins do Estado,não tanto em 
sua existência não discutida, senão em sua apreciação de 
qualidade e quantidade. Existe, no entanto, unanime 
assentimento sobre a necessidade reconhecida pelo homem 
da existência de uma autoridade política eminente que impeça 
asociedade de cair na anarquia, na dissolução ou na 
arbitrariedade”. 
A ausência de um acordo nas diversas doutrinas que 
disputam entre si a primazia na solução do problema 
finalistico do Estado está nabase do mesmo processo 
psicológico que as orientam na discussão, refletindo as 
variadas tendências do pensamento discursivo num 
determinado processo histórico ou político, onde caminhos 
diferentes podem ser apontados a solução dos grandes 
problemas sociais com que se defronta o homem. R. H. G. 
Crossman, em seu estudo denominado A Biografia do Estado 
Moderno, mostrava a existência irrecusável desse fator 
verificado naciência política,quando escrevia ser “a teoriapolítica o esforço mental para resolver melhor modo de 
organizar a vida dos seres humanos que vive num processo 
histórico. Não pode chegar nunca a conclusões finas porque o 
ambiente em que vivemos está continuamente mudado, em 
parte, por um incontrolável e natural processo, e, em outra, 
pelo próprio esforço humano”. 
 
A heterogeneidade das doutrinas reflexadas na vida do 
Estado não exclui, entretanto, a importância do problema da 
determinação dos seus fins, porque não se poderia admitir 
uma instituição, sem abordar o problema de seu fim:pois 
quem diz instituição, diz finalidade”. Conforme acentua, com 
autoridades Jean Dabin, na sua doutrina geral do estado 
como também as continuas e verificáveis modificações 
reclamadas ao longo de um processo históricode constante 
devem ir não devem impressionar mal, por um lado,por que as 
obras humanas são sempre contingentes e inacabadas e, por 
outro, como acentua Jellinek, porque todo estado tem,em 
cada momento, fins particulares para si e para seus membros, 
que pugnam por realizar.” 
 
As características da variabilidade destes fins resultam da 
concepção de cada povoe de sua situação na historia, 
ressaltada a importância que as condições sociais, político 
jurídicas e econômicas imperantes tem na sua 
formação,agrupando-se as tendências, em linhas gerais, em 
quatro espécies:a) uma empresta ao estado um fim em si 
mesmo,glorificando-o e dotando de uma onipotência tal que o 
exime de toda responsabilidade por seus atos; 
b) outra assinala um fim ou fins determinados porem 
condicionadas a doutrinas dominantes; 
c) uma terceiraafirma a existência de um único e supremo 
fim,comum a todos os estados coexistentes soba uma mesma 
forma politica, postulados das escolas que conhecem o direito 
politico estritamente abstrato e com fundamento da 
justificação das entidades soberanas:e 
d) por ultimo, as orientações representadas pelas correntes 
liberais do século XIX, principalmente com Von aller e 
Schelling, partindo de um cerrado individualismo que vai ate a 
negação da existência de fins reais,com o propósito de 
combater a divulgação das doutrinas que postulavam por 
maiores atribulações para o estado. 
Carré de malberg, Laband e Giner de los Rios, também põe 
em relevo especialmente, a importância da teleologia estatal, 
quando este diz:¨a existência do Estado como entidade social, 
funda-se exclusivamente no destino,no objeto de sua ação, já 
que as organizações sociais não tem outra razão de ser. 
De acordo com o pensamento de jullinek, podemos dizer, em 
síntese, que existem fins necessários, fundamentais ou 
absolutos, próprios do estado em sua função 
De meio para os fins da pessoa humana como ser individual 
social, e fins contingentes ou relativos, concernentes a um E 
estado em um momento de sua História, relacionados em 
seus fins individuais concretos e imediatos, a cujo assunto 
logo voltará. 
 
OS QUE NEGAM A IMPORTANCIA DO PROBLEMA 
 
Por outro lado não poderíamos deixar sem registro especial a 
opinião de outros não menos abalizados estudiosos da Teoria 
Geral do Estado e do Direito Político, assentindo da validade 
das teorias relativas a importância do problema teleológico do 
Estado . 
Georg Jellinek , id. Ibd., p. 290 e segtes. 
Giner de los Rios, Estados Juridicos, p.204. 
Mortati não aceita teorias ou doutrinas sobre os fins do Estado 
como de importância capital e, mesmo não justifica a 
velocidade destas especulações na Ciência Política por 
carecer o seu estudo de importância para o Estado, se o 
considera como o complexo dos deveres típicos com atuaisa 
ele sob qualquer forma histórica em que se apresente, , ou 
como Gerber, julgado que a não poder-se precisar com 
claridade , o assunto deve manter-se sempre no plano das 
idéias gerais resultando difícil delimitar o domínio da vontade 
individual do da vontade do Estado, no que se refere a 
perfeição da vida em comunidade. 
 
Para Hans Kelsen, o estado dos fins do Estado é uma 
investigação que interessa antes a Política do que a Teoria 
Geral do Estado. Acrescenta:a questão em torno dos fins que 
se devem perseguir co o instrumento técnico social Estado é 
uma questão política que cai fora das margens da Teoria 
Geral do mesmo. Esta o considera como fim em si, o qual não 
pode significar a afirmação de que o Estado careça de fim, 
senão, unicamente, que prescindi de perguntar-se qual é esse 
fim. 
 
Filiando-se a outras correntes de pensamentos, há os que 
antes da consideração do problema teológico do Estado 
propõem o atendimento da questão de saber se o Estado é 
necessário e útil ou um mal necessário, condicionado a 
validade do estudo sobre os fins do Estado a posição 
assumida em face das hipóteses sugeridas. 
 
Embora esta indagação não esclareça melhormente o 
assunto, justifica-se, entretanto, pela contribuição inicial 
proporcionada com elementos novos de investigação. Porque, 
se o Estado é necessário e útil, a determinação de seus de 
seus fins será imprescindível para que seus poderes, por meio 
dos órgãos competentes de governado justifiquem a 
legitimidade de sua ação em busca do bem comum, aspiração 
suprema de toda a coletividade; se, ao invés,e um mal 
necessário, então, com maior força se impõe saber 
concretamente quais os seus fins para tratar de garantir sem 
perturbação o sistema de garantia aos direitos da pessoa 
humana e ao aperfeiçoamento do organismo social; e, 
finalmente, se o estado é um mal não necessário, tal 
determinação será suficiente para clarear o caminho ate a 
supressão deste mal não necessário. 
Buylla Y posada põe um tom sincero de censura nas suas 
palavras quando dizem que o problema dos fins do Estado 
não tem sido devidamente estudado “pela generalidade dos 
publicitas e pensadores e muito menos pelos redatores das 
constituições contemporâneas”. 
 
4.FINS NECESSARIOS E FINS CONTINGENTES – Temos, 
portanto, que Estado como instituição humana tem fins que 
lhe são próprios e aos quais deve perseguir mediante a sua 
atividade funcional de órgão do poder estatal da soberania 
nacional, Por isso, o estado está sujeito também aquelas 
normas de Direito que delimitam o esforço para alcançar as 
condições necessárias ao completo desempenho de sua 
social,jurídica e, sobretudo,política. 
 
Sendo instituição humana possui uma finalidade normal e 
natural manifesta e uma vontade consciente para 
determinados fins, distinguindo-o como uma unidade de fim 
ou unidade defim ou unidade teleológica daqueles fins 
particulares em cuja diversidade se conjugam os permanentes 
fins particulares em cuja diversidade se conjugam os 
permanentes, imutáveis e transcendentes, e outros variáveis 
ou contingentes, sujeitos ainfluencias das concepções 
doutrinarias reinantes, sujeitos as influencias das influencias 
das concepções doutrinarias reinantes já mencionada, por 
Jellinek, como “fins necessários” e “fins contingentes”. 
 
Pois, como pondera Owen G. Usinger afigura-se inadmissível 
a aceitação do critério do Estado como fim único jurídico, 
ético, do bem comum, da aquisição do maior poder possível, 
da segurança, da paz, da liberdade, etc.; em razão do que se 
poderia supor o Estado com um fim em si mesmo justificando 
um absolutismo sem limites, degradando-o, até “ fazer dele 
uma força cega e natural”; ademais, implicaria desconhecer 
que a heterogeneidade das ações humanas reflexadas no 
estado obedecem a múltiplas causas e tendem a diferentes 
fins; e, finalmente, em virtude de dar-se todos os fins 
mencionados no estado, em graus e agrupações diversas, 
simultaneamente, com a exceçãosobre o bem comum ou 
publico. 
 
Pode-se ainda agregar entre os fatores que contribuem 
diretamente para a formação do pensamento político, a 
influência dos partidos políticos, a influencia aos objetivos 
finalísticos do estado, os quais se diferenciam entre si 
precisamente pelos fins que pretendem para o estado e os 
meios propostos para sua realização, de acordo com os 
programas partidários defendidos. Neste sentido, são 
interessantes as observações de Hans V. Eckardt, em sua 
obra denominada fundamentosda política e, entre nos, os 
escritos do Prof. Orlando Carvalho, Universidade de Minas 
Gerais. 
 
Por outro lado, vemos definidos comumente nas constituições 
os objetivos sociais assinados as atividades funcionais do 
estado, e, alem da constituição dos seus órgãos e das 
atribuições que lhes competem, ali se encontram estipulados 
os fins a que tendem as atividades dos poderes estatais, cuja 
enumeração confere especial relevo aqueles estatutos legais 
máximos de uma nacionalidade, como se observará nos 
exemplos que se seguem: 
a) Constituição dos Estados Unidos (1789) : enuncia em seus 
preâmbulo os seguintes fins do estado: unidade nacional, 
estabelecimento da justiça, garantia da segurança, prover 
a defesa comum, o bem estar geral e a proteção da 
liberdade; 
b) Constituição da Alemanha ( de Weimar,1919): precisa-os 
em torno a proteção e segurança individual, os direitos 
fundamenteis a proteção nacional e da vida social e 
econômica; 
c) Constituição da Itália (1947): na parte denominada dos 
“princípios fundamentais” enumera fins políticos, sociais e 
econômicos. 
d) Constituição de França (1946): também sob a invocação 
de “princípios fundamentais” se refere a fins políticos 
sociais e econômicos em função aos direitos do homem. 
e) Constituição da Argentina (1949): no seu preâmbulo se 
especificam os seguintes fins: união nacional,afiançar a 
justiça, consolidar a paz interior, prover a defesa comum, 
promover o bem estar geral e a cultura nacional,assegurar 
os benefícios da liberdade, resumindo-os sob a geral de 
politicamente soberana; e na primeira parte da mesma se 
faz uma enumeração de outros fins que correspondem a 
categoria de contingentes. 
f) Constituição da Suiça (1874): menciona os fins 
implicitamente em seu artigo 2.ao falar da afirmação de 
independência com respeito ao exterior, da manutenção da 
ordem interna,da proteção da liberdade e da promoção do 
bem. 
g) Constituição da URSS, (1936): No capitulo X.,onde trata 
dos direitos básicos e deveres do cidadão, nos artigos 118 
a 133, consigna os pontos básicos que orientam os 
objetivos da administração e da política da união das 
republicas socialistas soviéticas. 
h) A constituição dos Estados Unidos e do Brasil,(1946): no 
capitulo referente aos direitos e Garantias individuais, 
constante do artigo 141 e parágrafos, diz que a 
constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no país a inviolabilidade dos direitos 
concernentes a vida, a liberdade, a segurança individual e 
a propriedade, e enumera ao longo de38 os termos em que 
são resguardados aquele direitos e a asseguradas aquelas 
garantias. 
 
Tentamos justificar a importância do problema e a 
necessidade da determinação dos fins do estado para que 
se encontre legitimada sua atividade funcional na 
grandiosa missão de tutelar do direito, base de todaa vida 
social organizada. Demonstramos, também, a influencia 
das idéias e da ação renovadora do homemnum esforço 
constante de aperfeiçoamento ético, social, político jurídico 
da organização estatal, sujeito ainda às influencias varias 
da economia política e da tecnologia cientifica moderna 
que proporciona tantas e tamanhas modificações na 
fisionomia das sociedades humanas e despertam no 
homem moderno a noção de um indefinível permanente vir 
a ser, causas das muitas insatisfações que tão grande 
importância tem na vida do Estado moderno. 
Tratemos, a seguir, das principais doutrinas sobre os fins 
do Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPITULO SEGUNDO 
5.doutrinas do fim único do Estado:Generalidade. 
6.Teoria da Autoridade:Maquiavel. 
7.Doutrina do bem comum. 
8.Teoria do fim jurídico. 
9.Crítica as doutrinas do fim único do Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5.Doutrinas do fim único do Estado:generalidades 
Seriam tarefa superior as nossas forças e muito além dos modestos 
objetivos deste trabalho fazer uma exposição completa das 
doutrinas existentes sobre os gins do Estado. Ènosso propósito, tão 
somente nos reportarmos àquelas mais destacadas teorias que 
marcam época no pensamento humano como de duradoura 
importância para o assunto da teleologia estatal. 
Com isso, não demonstramos menosprezo as influencias 
momentâneas, porventura de maior ou menor preponderância 
doutras correntes ideológicas que apareceram na historia política 
dos povos, mas, por questão de método a que nos impusemos, 
estudaremos, preferentemente, as que representem maior 
contribuição a compreensão das doutrinas mais em voga em 
nossos dias. 
Reconhecemos e proclamamos que as idéias orientadoras dos 
estados atingidos possuíam o germe das organizações dos estados 
modernos, que neste ponto, apresentamsignificativos avanços 
adquiridosao longo de uma experiência multissecular de grandes 
conseqüências na formação e desenvolvimento do pensamento do 
pensamento hodierno. Neste sentido a polis grega, como a cidade – 
estado dos Romanos, conseguiram vinculas reconhecidos valores 
ao desenvolvimento dessa magnífica experiência histórica, 
emprestandoelementos seguros de pesquisas a respeito dessa 
importante instituição humana de organização da vida coletiva, sob 
o império da ordem legar, que é o Estado. Não foram instituições 
perfeitas, é certo e, por isso, quando a realidade do ambiente social 
desencantava os protagonistas daquela época das qualidades dos 
governantes ou das excelências dos regimes vigorantes, a resposta 
viria,ou na forma de uma republica ideal como a Platão, ou na 
cívicas Dei, de Santo Agostinho, ou por ultimo, ma Utopia, de 
Thomas Morus, expressando como que uma fuga das dificuldades 
circundantes ou um desejo de perfeição no governo dos homens. 
Não faltou porem, na obra se Santo Tomaz de Aquino, que orientou 
o seu pensamento pelos ensinamentos do sábio estagirita – 
Aristóteles- e nos escritos de Cícero, modificados pelo sentido 
bíblico de sua inspiração evangélica, um conselho a revolução para 
substituímos maus governos naqueles tempos em que o 
cristianismo lutavacontra aprepotência dos imperadores autocratas. 
Durante o Império Romano, sob a égide do Imperador Constantino, 
no século V, da nossa era, o cristianismo tornou-se a religião oficial 
do estado, passando, daí em diante, a ocupar um período áureo no 
desenvolvimento históricoque vai até a invasão do Império pelas 
hordas bárbaras e sua final desagregação. A concepção da unidade 
do mundo e de uma autoridade universal baseada na lei defendida 
por Cícero, de par com os ideais romanos de patriotismo e justiça 
acima de tudo, juntou-se, no império que se esboroava, a vigorosa 
contribuição dos povos teutônicos de que o individuo constitui a 
unidade da vida política, cujas idéias se coordenam com as 
doutrinas do Cristianismo, de exaltação da independência e do valor 
supremo do individuo 
Esta tendência desaparece na organização econômica e religiosa 
da idade media, quando o individuo se submerge na corporação, na 
guilda, na comuna ou na classe a que pertence; porem perdura com 
algumaextensão na organização política do feudalismo. 
Apesar da doutrina de Santo Agostinho, a maior parte dos 
escritores da Idade Média, eclesiásticos ou leigos, afirmava que o 
fim primordial do Estado era ético, ou seja, sustentar o primado da 
Justiça e do direito. As mudanças ideológicas que trazem consigo o 
Renascimento e a reforma, e a influencia progressiva das 
instituições teutônicas nos governos modernos, contribuem 
principalmente para a transmissão da doutrina da liberdade 
individual e dos direitos individuais ao mundo moderno. E já no 
século XIII, a Carta Magna, na Inglaterra, representa a realização 
das idéias da liberdade civil, constituindo o modelo de numerosos 
bills de direitos posteriores, em oposição ao predomínio absoluto da 
vontade do monarca. 
A Marsilio e Guilherme de Occam se seguiram as idéias políticas de 
Wyclif e Huss, os quais aparecem já nos últimos momentos da 
supremacia da Igreja através do seu Concilio corporativo de 
tendências democráticas, para, logo depois, com a ação construtiva 
dos juristas do século XV, “ao lado do direito natural, obra de Deus 
através da razão humana, aparecer o direito divino, relevado por 
Deus ao homem de maneira sobrenatural, e o direito das gentes, 
que consiste em um conjunto de regras, aplicadas a todas as 
nações e derivadas do direito natural”, como acentua Raymond G. 
Gettell, na sua primorosa obra histórias das idéias políticas. 
Por fim, vendo o pontífice desbaratados os seus planos de 
supremacia a intervenção nos negócios temporais, trata de 
reconquistar e fortificar sua posição dentro das organizações 
eclesiásticas; reúnem-se, raramente, os concílios da igreja, mas 
sempre sobre a tutela do papado. 
No mundo político, as tendências se fazem sentir preponderantes 
no sentido da monarquia e no nacionalismo. A antiga idéia da 
unidadeda Europa, regida por um império, perdeu sua importância e 
significação. 
Estabelecem-se claramente, as distinções e fronteiras nacionais; os 
diversosestados, seculares, por natureza, aparecem sob a direção 
de monarcas poderosos que, como na França, reduzem a 
impotência os últimos redutos das Assembléias 
feudais.Inaugurava-se uma nova era na condução dos negócios 
humanos que tanta importância teria na historia política dos povos 
da Europa. Nicolo Maquiavel era seu inspirador. 
 
6.TEORIA DA AUTORIDADE:MAQUIAVEL 
A teoria da autoridade é aquela que considera o estado como uma 
forma política de império universal com caráter absolutista, tendo 
como único e fundamental fim a possessão dominante e 
proeminente do poder ou autoridade, de cuja máxima onipotência 
depende a existência do Estado. 
Esta doutrina, com importante influencia nos movimentos 
doutrinários e políticos se século XX, pertence aNicolo Maquiavel, 
cujas as idéias expressou em escritos famosos publicados no 
decorres do século XVI,e especialmente nos seus livros “O 
Príncipe” e nos “discursos sobre Tito Lívio”, com o propósito de 
obter a unidade e bem estar do povo italiano que se debatia em 
cruentas lutas fratricidas e era submetido as mais diversas e 
fragmentadas formas políticas, por meio de um sistema livre de toda 
influencia moral e religiosa, considerada perniciosa para alcançar 
esses objetivos. 
Ao terminar a idade média, os numerosos principados feudais e 
cidades livres se agrupam, na Itália, em cinco grandes grupos: as 
republicas de Veneza e Florença, o reino de Nápoles, o ducado de 
Milão e o território da igreja romana. Esse sistema da vida 
institucional peninsular trazia dificuldades ao processo de unificação 
nacional, especialmente, porque se agravavam as rivalidades entre 
os estados e a ausência de um governante ou estado único capaz 
de sobrepor-se ou subjugar aos demais, os quais eram estimulados 
ainda pela política do Papa, interessado em conservar a jurisdição 
nos seus estados e, oposto, por isso, decididamente, a unificação 
nacional, criando um clima de permanente excitação de uns 
estados contra os outros, onde se fazia sentir igualmente a 
intervenção de poderes estranhos que encontravam ambiente 
propício para saciar suas ambições na Itália. 
Sustentou Nicoloc Maquiavel, o notávelescritor florentino, para o 
estado um único objetivo ou fim primacial, que se compreende a 
aquisição do Maximo poder e na sua conveniente e discricional 
utilização pelo príncipe ou governante deve procurar seu Maximo 
engrandecimento, predomínio e segurança, para efetivar o bem 
publico e a prosperidade material, fatores da maior importância em 
toda atividade política; e, para isso, deve estar dotado de um poder 
ou autoridade suficientes para garantir sua estabilidade, a qual 
residirá na eficiência ou habilidade de quem detiver o poder, o que 
vale dizer, o governante, que utilizará todos os meios necessários a 
consecução deste fim primordial. 
Segundo a opinião de Raymond Gettell em seu livro sobre a historia 
das idéias políticas, Maquiavel não prestou qualquer atenção com 
respeito as pretensões da igreja em relação ao Estado, nem aos 
ensinamentos das sagradas escrituras; nem as opiniões dos santos 
padres; nem os princípios do direito natural. Para ele, o único 
método aceitável, em matéria política, era o histórico, ou seja, a 
maneira de focalizar os problemas do presente e ainda os do futuro 
a luz dos fatos passados. 
Maquiaveldistingue-se dos escritores que o precederam, 
principalmente, por sua posição em matéria religiosa e moral. 
Separa a política da ética, chegando inclusive ao paradoxo e ao 
escândalo. Estabeleceu, francamente, a subordinação de princípios 
éticos ao bem estar publico e as necessidades do estado. O estado 
é uma instituição humana e a igreja um dos fatores que tem de 
pesar os governantes para assinalar o caminho de sua política. A 
segurança e a prosperidade do estado são os fins supremos e 
permanentes; todas as demais considerações tem que se 
subordinar ao cumprimento destes postulados. 
Atribuiu-se a Maquiavel a Primazia como Fundador de uma 
concepção política. Diz que Savonarola havia intentado governar 
Florença através de sua influencia moral e fracassou na 
experiência. Maquiavel viu nesta desilusão de Savonarola como 
que a quebra do idealismo abstrato, inadequado para resistir às 
paixões do mundo e deduziu, então, de que a fortaleza do estado 
reside na força e na habilidade dos governantes. A arte da política 
se funda em razões de egoísmo, segundo atestam a historia e a 
experiência dos tempos. 
Partindo dessa concepção da natureza humana, cínica e 
pessimista, achava a explicação do amor à independência e do 
principio do self-government em um individualismo materialista e 
julgava que a prosperidade material era o fator mais importante e 
decisivo de toda ação política. Não fez uma aprovação terminante 
do dolo e da traição, porem, chegou a justifica, na conservação do 
poder, procedimentos semelhantes aos meios e formas com que se 
havia adquirido. Maquiavel elogia e admira a força e a eficiência 
como atributos do governante, e despreza e critica, ao contrario, 
qualquer política vacilante ou escrupulosa em seus procedimentos 
que ponha em perigo a independência do Estado ou a posição 
suprema de suas instituições”, e acrescenta que “todos os profetas 
armados venceram e os desarmados fracassaram”(18) 
Como já afirmou acima, a preocupação dominante do escritor 
florentino era a unificação de sua pátria, a Itália, por isso que 
assinala, frequentemente em sua obra o problema o problema da 
expansão territorial do Estado, pois, para Maquiavel, “o estado tem 
esta disjuntiva: perecer ou estender os seus domínios”, 
considerando, neste sentido, digno de ser imitadoo exemplo de 
Roma antiga. (19) 
È indiscutível a influencia exercida por Maquiavel no pensamento 
politico, apresar da critica que se tem feito das suas idéias, muitas 
vezes levadas por uma incompreensão que não justifica a 
condenação política de seu nome. Suas afirmações que informam a 
teoria da autoridade em matéria dos fins do Estado, hão contribuído 
da fixação de alguns princípios no direito político, tais como: a 
definição de política como arte, o uso do método experimental na 
ciência política, a distinção entre moral publica e privada e a 
oposição entre o conceito de norma positiva criada e garantida pelo 
poder soberano contra o direito Natural. 
Por outro lado, ao propor em sua teoria como fim único do Estado a 
onipotência do poder, da lugar a conseqüências não aceitáveis por 
favorecerem ao absolutismo estatal que vai ao extremo de absolver 
e anular totalmente o individuo, fazendo dele um simples meios de 
que se serve o estado, forma máxima do grupo social dentro do 
qual se subsume o individuo; ademais disso, as suas idéias levadas 
ao plano internacional, conduzem a forma imperialista do estado, 
provocadora de serias perturbações a convivência pacifica das 
nações. 
Por fim, considerada a projeção da teoria da autoridade no século 
em que vivemos, encontram-se os seus princípios ligados a 
doutrinas de ação política como o socialismo, o comunismo, o 
bolcheviquíssimo, o imperialismo, o fascismo e o nacional-
socialistas alemão, com pequenas variações. As tendências 
socialistas assim como o comunismo, o bolcheviquíssimo e o 
imperialismo, destacam princípios da teoria da autoridade quando 
postula a onipotência do estado, Maximo factótum no ordenamento 
jurídico politico econômico da sociedade. 
O fascismo e o nacional- ,socialismo tem alguns de seus 
postulados principais semelhantes aos fundamentos da teoria da 
autoridade nas suas concepções sobre os fins assinados ao estado, 
como veremos. Perseguiu como fim do estado a busca da ilimitada 
extensão do poder estatal, tanto no interior como no exterior, 
mediante reivindicações constantes no campo social, cultural, 
publico, econômico, possíveis sópor instituições corporativas, de 
modo que”o sentido do estado chega ate as ramificações extremas 
e no estado circulam, enquadradas em suas respectivas 
organizações todas as forças políticas, econômicas e espirituais da 
nação” (21) Fim que se revela notavelmente nas mudanças 
econômicas se o estado intervém eficazmente em favor do 
equilíbrio social e da concepção do trabalho como dever social. 
O estado fascista italiano teve os seus dias de grandeza e de gloria, 
conseguindo mesmo servir de modelo para experiências que já 
pertencem a historia, umas, e, outras, irremediavelmente 
condenadas pelo consenso livre dos povos. 
7. DOUTRINA DO BEM COMUM -A doutrina do bem comum é sem 
duvida, uma das que lograram maiores aceitação dentre aquelas 
que assinalam ao estado finalidade única e universal, sendo 
conhecido como uma das teorias clássicas sobre os fins do estado 
finalidade única e universal, sendo conhecida como umas das 
teorias clássicas sobre os fins do estado, quer este fim se resolva 
no interesse geral, na utilidade comum dos bens, no bem estar 
social ou do maior numero, etc., quer seja mediante mediante a 
regulamentação da vida em sociedade dentro do complexo de 
relações existentes em torno da segurança, da liberdade, do 
progresso da moral publica, da cultura, da defesa, etc. Exige, por 
conseguinte, a necessidade de identificação dos bens individuais e 
os da coletividade para que se cumpram os postulados enunciados 
ao Estado, momento em que se realizarão os objetivos supremos 
de toda sociedade jurídico-politica, dentro um clima de liberdade 
capaz de assegurar a efetivação destes fins. 
È esta, por sinal, uma das mais antigas doutrinas sobre os fins do 
estado. 
Com efeito, já em Aristóteles se encontram referencias ao bem 
comum dizendo que o fim da cidade é que todos vivam bem e 
infelizmente; Platão, a seu turno, asseverava que as leis se davam 
pela virtude, pela virtude pela paz e pela felicidade comum no que 
apresenta analogia com a observação de Cícero, ao dizer que as 
leis da cidade devem buscar o bem comum deles. (25) 
O direito Romano, alem de dar maior amplitude ao assunto, tratou-o 
mais concretamente, fixando conceitos que só mais tarde, com as 
escolas de Santo Tomaz de Aquino e Francisco Suarez, por um 
lado, e Christian Wolff e Bentham, por outro, obteriam matrizes 
diversos bem pronunciados nos seus desenvolvimentos. 
Os juristas romanos elaboraram a doutrina sustentando como fim 
do estado a procura do bempublico, partindo do desenvolvimento 
de sua tese da sentença: Res publica, Salus publica e Salus Populi 
suprema Lex. Considerando o bem do estado como o primeiro e o 
mais importante fim do estado, inferiam daí a necessidade da 
conjugação ou identificação entre ambos, coisa possível quando o 
estado tende ao progresso e ao aperfeiçoamento do direito dentro 
de limites naturais, para que, assim, a ordem jurídica devidamente 
orientada ao seu fim não interfira na liberdade privada nem na vida 
religiosa da comunidade e seja possível buscar a melhoria das 
condições e relações comuns de vida na sociedade. 
Com Santo Tomaz de Aquino, a doutrina do bem comum perde 
aquele caráter de generalidadeverificada no direito Romano, pois , 
em sua tese procura estabelecer a diferenciação entre o bem social, 
distinto, em espécie, do bem individual, porque só existe o bem em 
si, que éuno e ultimo, da mesma forma que só existe uma verdade, 
por isso, o estado deve ter presente que juntamente ao bem comum 
do povo se ordenam todos os bens particulares que os homens 
procuram, como: riqueza, saúde, comodidades, cultura, etc., 
devendo ser a lei, requerida para reger a sociedade, uma 
ordenação da razão para o bem estar comum. 
Em suma, convém a boa instituição do povo e como expressão fim 
de bem comum competente ao estado, que seu governo procure a 
suficiente “solicitudee cuidado de melhorar sempre as coisas, o qual 
se consegue se no que tem feito existe algo desordenado se 
corrige, se faltando algo, sesupre, e se algo podendo fazer-se 
melhor, procura-se aperfeiçoar.” (26) 
Como é fácil de observar-se, a doutrina do bem publico como fim do 
estado de Santo Tomaz de Aquino, sofreu a influencia do 
pensamento grego, marcante de Aristóteles, de que o doutor 
Evangélico se abeberou e também no direito Romano e nas 
sagradas escrituras, não se limitando a formula vaga de geral 
“procurar o bem comum”, mas, partindo da noção do bem em geral, 
analisa qual é o bem em particular, a origem e substancia da lei, e o 
que compete ao estado para lograr a realização o bem comum que 
comum que, em ultima instancia conduz ao bem transcendente para 
toda a humanidade. 
Suarez segue a doutrina de Santo Tomaz de Aquino, em suas 
linhas gerais, advogando a procura do bem comum para todos os 
componentes da sociedade. Para ele, ao direito Natural, como lei 
gravada por todos os homens devem conformar-se todos os 
princípios di direito positivo. 
O Estado deve ter como tarefa principal alcançar o bem comum, 
atuando no setor próprio de suas atividades e as correspondentes 
ao grupo social, incumbindo ainda servir de propulsor constante das 
energias sociais em busca da ordem e da justiça, propendendo, 
todavia, ao desenvolvimento e intensificação de uma ação 
encaminhada ao estímulo da cultura da sociedade. 
Para ele, a ação estatal deve tender ao necessário moralmente 
para obter os fins colimados pela lei, ou seja, o bem comum, 
velando pelo cumprimento da lei civil em beneficioda sociedade. 
Deste modo, a doutrina de Suarez não difere substancialmente da 
de santo Tomaz de Aquino, pois, baseando a norma positiva no 
direito Natural, mediante sua concepção de fim da lei atribuída ao 
estado, chega a afirmar que o bem comum é o fim do estado, 
determinado sua atividadecomo expressão da vida jurídica social. 
Postulando princípios doutrinários diferentes dos precedentes, 
situam-se Wolff e Bentham, ainda que sempre assinalando como 
único fim do estado o bem comum, expressos na felicidade ou bem-
estar geral e na utilidade dos bens da vida, cujas doutrinas 
estiveram em voga e influenciaram os movimentos políticos dos 
séculos XVIII e XIX, principalmente. 
Christian Wolff, professor em Halle, gozou de grande reputação em 
seu tempo, e, de maneirasemelhante a Locke, desenvolveu as 
teorias de Grocio e Prufendorf, examinando o direito natural, o 
direito das gentes e a doutrina do estad. Deduz o direito natural da 
natureza moral do homem e os deveres éticos, fundamentais na 
vida. Todos os homens são iguais, porque tem os mesmos direitos 
e deveres; não existe homem algum que possa alegar um direito, 
sobre outro, fundando na natureza. A origem do estado se encontra 
na cessão de certos direitos naturais por parte dos indivíduos; cada 
um se desprende de tudo quanto seja necessário a satisfação do 
bem comum. O fim do estado se encerra da defesa e proteção da 
comunidade e no fomento do bem estar individual. (27) 
A construção filosófica de Christian wolff é abstrata e matemática, 
porem, o jurista suíço E. DeVattel simplifica suas idéias e as 
introduz no animo dos intelectuais e homens de estado, 
influenciando enormemente nos “déspotas ilustrados” da Europa. 
“No seu livro anti-Maquiavel rechaça a doutrina que exime os 
governantes os governantes de obedecer, em sua conduta, as 
normas ordinárias e usuais da moral; e denigre a posição de 
Maquiavel favorável as idéias de interesse, grandeza, ambição e 
despotismo”. (28) 
Sobre os fins do Estado, escreve Wolff: “A prosperidade do estado 
e, em particular, de seus habitantes, é o fim primordial da sociedade 
política e das normas legais”. As leis do Estado não podem limitar a 
liberdade natural e os direitos dos cidadãos mais que no sentido 
que determinam os fins antes enunciados. (29) 
Jeremias Bentham, escritor inglês, recebeu a influencia de Wolff e 
suas idéias obtiveram grande aceitação, principalmente, no século 
XVIII. Bentham afirma como fim principal do estado obter “ o maior 
bem estar para o maior numero “, por isso que, sendo o prazer e a 
dor as causas propulsoras das ações humanas,encontram-se nelas 
a “legalidade” do querer do querer humano. As ações são boas ou, 
mas segundo conduzam a felicidade ou a infelicidade, daqui que o 
fim da ordem social seja à utilidade de todos. E como não se possa 
alcançar este fim, a lei suprema será lograr, quando menos, “a 
maior felicidade do maior numero”. 
A doutrina demonista predominou de maneira geral no século XVIII, 
influenciando no despotismo ilustrado da época, e, também, nos 
primeiros movimentosdoutrinários comunistas tendentes a 
transformar a sociedade num recanto de maior felicidade para 
todos. As afirmações de Bismarck, em seu discurso de 21 de 
fevereiro de 1881, patenteiam a influencia destas idéias : “para mim 
só há existido sempre uma única bussola, uma só estrela polar para 
qual dirijo a nave: saluspubluca”. (30) 
No Brasil, D. Pedro I, com o “fico”, teve uma declaração reveladora 
de influencia semelhante, quando disse: “Como é para o bem de 
todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico”. 
A crítica que é feita as teorias do bem comum ou bem publico como 
fim do estado, pode resumir-se, na opinião de 
váriosmasiadamentegeral e vaga na ordenação do esforço social 
para alcançar seus objetivos sociais supremos. 
Holtzendorff, citado pó Unsiger, adverte-nos contra as opiniõesmas 
divergentes a que pode levar, e, também que a máxima “salus 
publica suprema Lex est” não tem fundamento na prática política, 
nem dá base suficiente a organização do estado ainda tendo 
unicamente em conta o numero de cidadãos aos quais se aos quais 
proporciona o bem estar geral, agregando a impossibilidade de 
conceber uma constituição juridicamente ordenada se o valor de 
suas disposições houver de depender da prosperidade variável da 
maioria em cada momento”. (31) 
Dabin,por usa vez, afirma: “ dizer simplesmente que o fim do estado 
é o bem publico ou o interesse geral é uma idéia demasiado vaga, 
tanto em suas aplicações concretas como em linhas gerais e ainda 
em principio, sendo necessário esclarece la perfeitamente quanto a 
que finalidade do estado se refere”. 
Pelo mesmo crivo deobservações se expressam Del Valle, Posada, 
Jellinek, Graham Wilson eAhrens, todos julgando necessário 
discriminar ao conteúdo das expressões bem comum, bem publico, 
bem estar geral, maior utilidade etc., como fins assinados ao 
estado, pois, assim evitar-se-ão muitas interpretações perigosas 
que poderiam redundar numa ampliação ilimitada dos círculos de 
atividade do Estado. 
E Dabin escreve que o bem comum consiste, pois,”no conjunto dos 
meios de aperfeiçoamento que a sociedade politicamente 
organizada tem por fim oferecer aos homens e que constituem 
patrimônio comum e “reservatório” da comunidade; atmosfera de 
paz, de moralidade e de segurança, indispensável ao surto das 
atividades particulares e publicas: consolidação e proteção dos 
quadros naturais que mantém e disciplinam o esforço do individuo, 
como a família, a corporação profissional; elaboração, em proveito 
de todos e de cada um, de certos instrumentos de progresso,queso 
a força coletiva é capaz de criar (vias de comunicação, 
estabelecimentos de ensino e de previdência); enfim,coordenação 
das atividades particulares e públicas tendo em vista satisfação 
harmoniosa de todas as necessidades legitimas dos membros da 
comunidade”. (32) 
8.TEORIA DO FIM JURIDICO 
A doutrina teleológica dos fins jurídicos do estado obteve a sua 
expressão máxima no movimento ideológico que culminou com a 
formação e organização institucional do estado liberal burguês, cuja 
concepção clássica se resolve pela necessidade de limitar o poder 
publico em suas relações com os direitos humanos, fato somente 
verificável pela aplicação dos princípios genericamente 
reconhecidos sob o nome de constitucionalismo. 
Caracterizam-se a idéia sobre o novo conceito de fim jurídico por 
ser uma concepção cuja nota permanente e universal é a 
propensão do estado a velar pela segurança da propriedade 
privada, a garantia dos direitos individuais e a coexistência da 
liberdade, postulados estes em que a escola individualista se 
afirma, exigindo a necessidade de deixar em liberdade absoluta a 
pessoa humana e assegurada sua atuação dentro de limites 
naturais desde que não perturbe a liberdade alheia. 
Constitui, sem dúvida, uma das maiores realizações do pensamento 
humano a racionalização do poder, através de normas legais 
ordenadoras da vida social, sob a égide do direito, do qual o estado 
aparece como o guardião irrecusável. 
De acordo com o conteúdo ideológico, reconhecem-se diversos 
matizes na teoria dos fins jurídicos do estado, na conformidade em 
que se orientem para a segurança e das liberdades e direitos 
individuais,ou finalmente, na elaboração e vigência da origem 
jurídica e institucional do estado. 
Os primeiros fundamentos filosóficos desta doutrina correspondem, 
historicamente, ao aparecimento dos escritos de Grocio, 
assinalando a necessidade De exaltar o individuo em face do poder 
político ate chegar a supera l, que propiciouo movimento oriundo 
das doutrinas liberais do século XVIII como reação a tese do bem 
como ou interesse geral, propondo, em troca, como fim, a 
segurança pelo direito, donde se chamou ao estado “Estado de 
Direito” ao invés de “ Estado de Governo”. 
Este conceito da segurança pelo direito passa a ser opinião 
dominante Na Alemanha a partir de Kant e Fichte, com estreitas 
relações com as teorias dos economistas clássicos da Inglaterra. 
Já no século XIX estes princípios constituem elementos da teoria 
liberal do Estado, propugnaste da limitação de sua atividade ate 
reduzi-la ao mínimo concebível, encontrado sua melhor expressão 
no chamado Estado constitucional-liberal, forma em evolução ate a 
tendência atual do estado constitucional–social, por quanto 
experimentou-se que não é aconselhável nem eficaz buscar 
restringir a atividade estatal até converte-la em simples vigilância, 
senão em lograr a supressão de toda instituição danosa a 
sociedade a aos indivíduos, de maneira a chegar progressivamente 
ao desenvolvimento dos fins sociais importantes para o homem e 
para o Estado. 
A respeito do desenvolvimento doutrinário da teoria do fim jurídico 
do estado e indispensável um exame dos conceitos emitidos pelo 
filosofo de Koenisberg, Emanuel Kant, seu principal expositor, 
assim como a contribuição que emprestaram, neste sentido, 
Rousseau, Spencer, Humboldt, Eotvos, Fichte; sem que com essa 
menção, embora de passagem, sejam de desprezar os trabalhos de 
muitos outros ilustres juristas que dedicaram as suas atenções ao 
assunto. (33) 
Kant em sua teoria,chega a uma nova concepção do estado e de 
suas finalidades,contrapondo-se, de inicio, ao pensamento do 
estado policiaco-absotulista que caracterizou uma época, através 
do absolutismo reinante nas organizações estatais por que exige 
um poder respeitado e individual para determinar-se livremente a 
agir, sem limite exterior algum a não ser a exigência igualmente 
requerida pelos demais homens; de modo que será “toda ação que 
por si, não é um obstáculo a conformidade da liberdade do arbítrio 
de todos com a liberdade de cada u, segundo leis universais”.(34) 
julga o estado uma instituição para o direito, uma “Civita” formada 
pela reunião de um numero maior ou menor de homens sob leis 
jurídicas que lhe dão a organização suficiente e competente para 
garantir a coexistência das liberdades individuais ( o direito) pela 
coação, por ser precisamente o direito o único capaz de assegurar 
a convivência dos homens exercendo sua pressão externa sobre 
os indivíduos sem que estes possuam o direito de resistência contra 
o estado. 
Como se vê, corresponde ao ideal do estado visualizado na filosofia 
kantiana ocupar-se de realizar o direito, renunciando a toda 
intenção de lograr o bem comum, pois que, afirma de logo o seu fim 
único como eminentemente jurídico, ou seja, a formação ou 
manutenção da lei que assegure a liberdade. 
A contribuição de Rousseau a esta teoria afigura-se mais como um 
antecedente dela, sem embargo de que se possa observar pontos 
de contato destecom Kant, sobretudo na admissão do direito como 
regulador da vida do estado e fim deste como garantidor da 
liberdade individual. 
Com efeito, critério valorativo do estado na obra de Rousseaué a da 
necessidade de um órgão do poder coativo tendente à efetividade e 
vigência dos direitos absolutos e primordiais do homem são 
amparados no estado no estado de natureza, resultando importante 
no contrato social a conservação da liberdade humana mediante a 
ação do estado, o que pode chegar ate a imposição, se assim o 
exigirem as circunstancias. (35) 
Spencer com a origem sociológica de sua teoria é coincidente com 
Kant por sustentar como fim jurídico do estado e garantia da 
liberdade individual, considera-o como um organismo social 
formado por um todo cujas unidades constitutivas possuem 
capacidade própria para a felicidade ou a miséria, sendo impossível 
aspirar-se ao bem do todo social divorciando-o do de suas 
unidades. 
Por isso, escreve Spencer “verificamos que uma condição 
indispensável para a vida individual é, sob um duplo ponto de vista, 
uma condição indispensável para a vida social. A existência de uma 
sociedade, de qualquer dos dois pontos de vista que se observe, 
depende da salvaguarda dos direitos individuais.Se ela é apenas a 
soma da vida dos cidadãos, isto é implícito. Se ela consiste nestes 
multiplicidade de variadas atividades que os cidadãos exercem 
numa mútua dependência, esta existência, composta e impessoal, 
tem maior ou menor intensidade, de acordo como maior ou menor 
garantia da qual gozam os direitos individuais ”. (36) 
Humboldt foi, igualmente, um dos mais celebres divulgadores do 
conceito de estado liberal, que, por sinal, caracterizava-o 
rigidamente com uma extraordinária limitação de cada um 
encontravam barreiras apenas em suas próprias vontades, cujo fim 
se desenvolvida na segurança no interior, da defesa da pátria no 
exterior e na abstenção de toda intervenção, especialmente, na 
religião, moral, ensino, beneficência, indústria e comercio. 
Esta teoria não resistiu a pratica de tão rígidas cânones, quando, 
Humboldt, Ministro da Prússia, se viu obrigado a reconhecer a 
necessidade de admitir a ampliação do estado alem dos limites 
indicados pela segurança do direito. 
Eotvos advoga como únicos e absolutos fins do estado a segurança 
dos indivíduos, e, a seu turno, Fichte, partindo da premissa de que 
sendo estado, sob certas condições, o meio para constituição de 
uma sociedade perfeita e como se opera nele uma evolução até 
que “derrocadas a forças ou a astucia como suportes da sociedade 
humana, seja reconhecida por todos como supremo juiz, a razão 
pura” (37), chega a idéia do estado nacional como órgão do espírito 
da não, donde a vontade geral, precisamente a vontade de esta, só 
aspira uma coisa, q segurança dos direitos de todos. 
Modernamente, eminentes escritores como Posada, Heller, Kelsen, 
Jellinek, corre de Malberg, kranemburg, Merriam, etc., se bem que 
admitam a existência do fim jurídico do estado, demonstram que 
longe de ser único, coexiste com outros tão fundamentais como ele. 
(38) 
Dabin somente o trata em sua teoria do fim do estado, envolvendo-
o sob a denominação do bem publico temporal, advertindo o papel 
do jurídico dentro de uma reconhecida multiplicidade de fins. 
 
9. CRITICAS AS DOUTRINAS DO FIM ÚNICO- 
A critica formulada a doutrina que defende para o estado um fim 
estritamente jurídico, com o império da justiça, tendo em mira 
amparar os direitos individuais considerados na onipotência de sua 
transcendência humana, acusa-a de ser unilateral, insuficiente e 
não apta a explicação e justificação da existência do estado. 
È unilateral, diz Usinger, por presumir a vida e função do estado 
teleologicamente limitada a ter como único fim a manutenção da lei 
ou ordenamento jurídico em sentido estrito, ignorando em 
conseqüência o complexo de funções e fins que lhe compete no 
plano social, econômico, político, cultural, etc., máxime na 
atualidade em que se observe a notória tendência do estado a um 
maior controle em beneficio da coletividade, da harmonia e 
felicidade necessária a convivência social. A existência do estado 
não pode, pois, ficar reduzida a uma razão de simples vigilância, 
sem intervir nos múltiplos aspectos sociais que requerem 
necessariamente ordenação por um poder superior não limitado a 
contemplar o interesse particular senão em conjugação com o 
interesse publico. 
È insuficiente, porque ao falar do direito co,o único fira do estado, 
constringe seu conceito ate desnaturalizar o próprioconteúdo, 
sobretudo porque o direito, mais do que o fim da política é sua 
condição, de conformidade, aliás, com a observação já anotada no 
direito Romano que jamais considerou o “jus” como fim supremo do 
Estado. 
È por ultimo, postular a onipotência absoluta dos direitos individuais 
sem atender aos que atingem ao interesse e publico, presume o 
desconhecimento dos conceitos de sociedade e sobretudo do 
estado, que, longe de ser valorado como uma realidade necessária 
resulta num organismo jurídico –politico dotado de vida própria e 
fins fundamentais, termina por ser uma mera soma de indivíduos 
onde não existem as relações próprias da convivência social. (39) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPITULO TERCEIRO 
Os fins do Estado segundo as Escolas Individualistas, 
socialistas e Imperialistas. 
10. INDIVIDUDUALISMO: 
- Locke, Pufendorf, Wolf e Montesquieu. 
- Rousseau, a declaração dos direitos do homem. 
- Kant, Os fisiocrata, Spencer e Stuart Mill. 
- Leis orgânicas dos direitos individuais. 
- Os princípios individualistas em matéria dos fins do Estado. 
- Critica ao individualismo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10. INDIVIDUALISMO 
O que é o individualismo? Schatz responde: “unsustème d’ 
isolementedans I’ existence ET une apologie de I’ égoisme”, e 
Tocqueville chamava o individualismo: “La situation de I’ individo 
isole, desemparédans une fouledevenueinorganique”. (40) 
Historicamente a doutrina individualista, chamada também 
liberalista ou liberal, corresponde ao largo período das idéias 
politicas que predominaram desde 1750 até 1850, momento em que 
se enfrente com o socialismo, notando-se desde então o grau da 
influência adotados pelos estados organizados nos fins do século 
XIX e primeirasdécadas do século XX, assim como nas diversas 
doutrinas então aparecidas. 
O estudo desta doutrina tem um interesse singular para o problema 
dos fins pela posição que coloca o indivíduo frente ao estado e sua 
finalidade social. 
Ademais, constitui um dos capítulos mais fascinantes da historia do 
pensamento humano a elaboração intelectual do regime que 
configuraria o ideal do estado liberal-burguês como expressão 
jurídico-politica de uma nova concepção de vida e do homem, ao 
qual se encontram ligados os direitos imanentes de sua 
personalidade. 
Com o propósito de facilitar a compreensão dos fatores que 
originaram o aparecimento da doutrino liberal, transcrevemos, que 
de acordo com as observações Owen Usinger, as causas mais 
próximas de sua formação: 1) o influxo das doutrinas do direito 
natural, especialmente do inglês e das teorias da idéia do pacto ou 
contrato na origem do estado; 2) o anelo da burguesia ilustrada e 
economicamente forte de emancipar-se do Rei e do senhor feudal; 
3) a reação contra a tutela estatal apregoada pelas teorias 
mercantislistas,a sujeição coletiva impostas pelas organizações 
gremiais, a servidão campesina, e as limitações ao comercio livre; 
(41). Cada uma destas causas foram-se manifestando nas 
exteriorizações dos princípios individualistas. 
Assim foique, já no século XVII, com Locke, iniciavam-se as 
manifestações que passariam a integrar o corpo doutrinário do 
liberalismo, como o reconhecimento da existência de direitos inatos 
ao individuo, oposto ao estado, inalienáveis,invioláveis, possuídos 
por ele exclusiva e absolutamente, denominados direitos de 
liberdade e de propriedade , porquanto, diz Locke, o homem “busca 
e trata de unir-se em sociedade com outros com outros que já o 
estão ou tenham intenção de faze-lo, com objetivo de defender 
mutuamente suas vidas, liberdades e possessões és quais dou o 
nome de bens. O fim maior e mais importante, então que os 
homens perseguem ao formar comunidades e posse sob um 
governo é a conservação dos bens’. (42) 
O século XVII assinala na historia do pensamento humano um 
ponto culminante pela grande ebulição intelectual que o 
caracterizou, e, no campo da ação política, por importantes 
transformações na vida dos povos, às vezes, realizadas com 
violência inaudita. 
Montesquieu com sua teoria do fim do estado orientado em garantir 
a liberdade individual pela proteção legal dos atos do governo, 
limitados juridicamente, pela divisão dos poderes institucionais do 
estado e a consignação dos direitos individuais nas constituições 
escritas (43); Rousseau, buscando com maior precisão a 
preeminência do homem frente ao estado, afirma que sendo o 
individuo a medida de todas as coisas, é anterior a associação 
consequentemente surgida mercê do acordo voluntario individual, e 
por isso o estado tem como fim o amparo dos direitos do individuo 
impotente para efetuar sua defesa isoladamente. (44) 
A doutrina do pacto social de Rousseau encontra antecedentes nos 
mais intransigentes defensores do individualismo como Althusio, 
Grócio, Hobbes, Spinoza, Puffendorf e Locke, no entanto, como 
observa com agudeza o eminente professor A. de Sampaio Dória, 
“não erraria quem os filiasse-a doutrinas opostas”, pois, “ninguém 
mais individualista que Rousseau, quando aforma a soberania do 
cidadão, e, ninguém se prejudique com isto, porque a condição é 
igual para todos.” (45) E foi neste sentido, talvez, que o socialismo 
pode reclamar-se dos princípios da Revolução. Pois, como dizia 
Jaures , “ o socialismo é o individualismo lógico e completo; 
continua aumentando-o, o individualismo revolucionário”. (45-A) 
Com efeito, a contribuição da “declaração dos diretos do homem e 
do cidadão” a teoria individualista é marcante, sobre tudo quanto a 
influencia política que exerceu na organização institucional e política 
dos regimes democráticos nascentes, inspirados na concepção 
filosófica do liberalismo burguês. 
Assim é que, ao declarar:“ Leshommesnaissent ET demeurent 
libres ET égauxendroits; lesdistincions ne peuventêtrefondée que 
sur I’ utilitécommune”, (Decl., I); “Le but de touteassociation 
politique eset La conservation dês droitsnaturels ET imprescriptibles 
de I’ homme: cesdroitssontsont La liberte, lá propieté...etc”, (Decl.II); 
e, “La proprieté, etant um droitinviolabre ET sacré...” (Decl.XVII), 
traçava os objetivos principais a serem colimados pelo estado que, 
expressando a ordenação jurídico política daqueles ideais, devia 
persegui-los em proveito da ordem social vigente. 
Por outro lado, a influência dessas fontes filosóficas e das literárias, 
no século XVII, se fez sentir especialmente nas colônias inglesas da 
América através dos escritos de Locke, cujas idéias, reduzidas a 
formulas jurídicas pelo famoso jurisconsulto inglês Blackstone, 
continham já uma enumeração das liberdades individua-os, por 
onde se vê a origem imediata das declarações de direitos do estado 
de Virgínia, de 12 de junho de 1776. 
Neste sentido, todas as escolas se mostram de acordo, ainda 
mesmo a dos fisicratas,a frente da qual figuram como principais 
representatesQuesnay, Turgot e Adam Smicth, não só sustentando 
que os fins do estado se realizam com a garantia dos direitos , 
projetos devidos a iniciativa privada”, como assinalMaurice Hauriou. 
(46) 
Antes de encerrar estas ligeiras considerações sobre o 
desenvolvimento histórico e das fontes filosóficas inspiradoras do 
individualismo como doutrina de ação jurídico-politica, é 
interessante fixar a posição marcadamente individualista de John 
Stuart Mill, em seus escritos da primeira época, julgando como fim 
precípuo do estado abster-se de toda intervenção em matéria 
própria da iniciativa privada e garantir a independência absoluta que 
natural e logicamente goza o individuo, a sua vez, somenteresponsável perante aquele quando os demais são lesadosem seus 
direitos por seus atos (46-A); bem assim, colocar em destaque a 
contribuição de Spencer que, fundamentando-se nos princípios 
darwuinianos, segundo os quais a limitação é proporcional ao 
aumento da especialização das funções requeridas pela 
evolução,deduzindo daí que os fins do estado devem tender a 
limitar sua atividade aos deveres e obrigação especifica emergentes 
da necessidade da manutenção da paz e da ordem, abstendo-se de 
intervir na esfera individual, porque o altruísmo entre os indivíduos é 
o que modera e regula espontaneamente as ambições egoístas. 
(47) 
Por fim, convém por em relevo a importância da Revolução 
Americana, tanto a saxônica e hispânica como a portuguesa, com 
seu profundo caráter individualista evidenciando na consideração 
do individuo onipotente e soberano em direitos naturais inatos, 
garantidos, no Brasil, desde a constituição Imperial de 1823, art. 
179. (48) 
LEIS ORGANICAS DOS DIREITOS INDIVIDUAIS 
As declarações de direitos não enunciaram mais que os princípios 
de cada um dos direitos individuais, não podendo, por isso, 
introduzir, por si sós tais direitos na legislação. Diz Hauriou, “é 
necessário que se organize cada direito individual, quer dizer, que 
as condições e os limites, nos quais possa exercitar-se sejam 
determinados por uma leu orgânica”. Hauriou julga necessárias as 
fixações, em lei, destes direitosindividuais justamente porque 
existem numerosos direitos individuais entre os quais se pode 
suscitar conflito e que ao direito de um individuo podem opor-se os 
direitos de outro; e que esta determinação orgânica dos direitos 
tanto pode ser obra de leis constitucionais nos países em que as 
constituições escritas se encontram suficientemente desenvolvidas, 
como de leis ordinárias e ainda de simples regulamentos 
administrativos quando ainda não existe lei orgânica e a 
regulamentação é favorável à liberdade. (49). 
OS PRINCIPIOS INDIVIDUALISTAS EM MATERIA DE FINS DO 
ESTADO 
Após ligeiro exame dos antecedentes histórico-doutrinários 
realizados, cumpre fixar os princípios básicos do individualismo 
referentes ao problema teleológico do estado. 
Como principio geral esta doutrina se funda na existência de direitos 
do homem, inalienáveis, primários ou fundamentais, anteriores a 
sua consideração como parte integrante de um estado, e que ao 
formar parte deste, o faz com a condição “sinequa non” de que 
aquele defenda estes direitos com o exercício de um poder 
soberano encaminhado a manter a ordem e a coexistência das 
liberdades individuais estritamente, sujeitando-se a limites 
prescritos em lei. 
Por conseguinte, de acordo com os postulados básicos desta 
doutrina, o individuo esta numa posição superior em relação ao 
estado, pois, gozando de uma liberdade absoluta e exercida ao seu 
livre arbítrio, só encontra limitação ou restrição quando o exercício 
dessa liberdade põe em perigo a segurança de todos, reduzindo-se 
ao estado a mero guardião das regras legais e regulamentares do 
livre jogo das competições humanas, ou, por vezes, interessando-
se, como agente policial, intervindo, com a sua autoridade, em favor 
do restabelecimento da ordem legal, quando a atividade de um 
prejudica a liberdade de outro atuar, a este reclama a sua proteção 
de estado gendarme “como instrumento de defesa dos indivíduos 
lesionados”. (50) 
Ao estado, tudo era negado fazer ou ajudar a fazer, com exceção 
de pequenos favores a ação privada e no desenvolvimento dos 
princípios de cultura (éticos, estéticos e científicos).Era-lhe proibido 
interessar-se pela riqueza coletiva, procurar a melhoria dos 
costumes, organizar a assistência social, aspectos todos privativos 
da iniciativa particular e alheios completamente a organização 
estatal. Os propósitos ou finalidades que sintetizam o estado de 
direito tendiam a elevar dignidade humana a cidadania universal e 
ao pacifismo, favorecendo, também a tolerância religiosa pela 
separação da Igreja do Estado; e, sendo a liberdade onipotente, os 
contratos seriam livremente celebrados pelas partes interessadas. 
Porem, a concepção negativista ou absenteísta das atividades 
estatais não se reduziam aos assuntos meramente jurídicos 
políticos e social, também e principalmente, ao econômico, matéria 
onde se postula pela vigência do livre comércio e a afirmação de 
que de que a economia só esta sujeita suas próprias leis naturais 
imutáveis do laissozfaireetlaissezfasser,as quais não podem nem 
devem estar submetidas nem ao direito nem ao estado, devendo 
existir,imprescindivelmente, a liberdade ilimitada em materiais de 
contratos, de concorrência e comércio, de direitos hereditários de 
livre propriedade. 
Com estes princípios informadores organizou-se o estado de direito 
assentando as suas bases no assentimento popular, e, regido por 
uma preponderante Assembléia representativa, sustentando o 
sufrágio universal a fim de estabelecer o controle popular dos 
poderes constitucionais na pratica da verdadeira democracia, a 
qual, os ideais revolucionários de liberdade, igualdade e 
fraternidade, emprestavam um significado grandioso de rara beleza 
com a aceitação e pratica dos ensinamentos cristãos laicizados. 
Bem cedo, no entanto, tornam-se evidentes as fraquezas daquele 
regime porque o progresso moral da humanidade ainda não estava 
amadurecido bastante para opor barreira às lutas e competições 
que a vida acarreta; aos progressos científicos e da tecnologia 
moderna não acompanhou idêntico aperfeiçoamento moral, porque 
o tremendo avanço da ciência não vejo trazer mais liberdade para o 
homem , como observa Huxleu: “man, as moral, social 
andpoliticalbeingissacrificedto homo faber, ormanthesmith, the 
inventor na forgerof new gadgets”, (51), e por isso, observadas 
aquelas falhas e as injustiças originadas no seio dessa organização 
estatal, fazi-se reclamaria uma revisão dos valores cultuo-sociais 
que a informavam, que não tardou. 
 
 
13 CRÍTICA AO INDIVIDUALISMO: 
A crítica se fez sentir, impiedosa e contínua, demolidora, e sobre os 
escombros edificando uma nova fé socialista que deveria substituir 
o liberalismo burguês. È que, como acentua Jacques Maritain “a 
tragédia das democracias modernas esta no fato que ainda não 
terem conseguido realizar a democracia”. (52) 
Então foi democracia que se percebendo da importância crescente 
e da justiça daquelas criticas que lhe faziam, sentiu necessidade de 
rever muitos dos seus postulados em defesa própria, e também 
como sinal de adaptação ao progresso e as novas condições 
imperantes, modificando aquela posição inicial em que o Estado 
aparecia como simples espectador das lutas travadas pelos 
indivíduos para garantir sua sobrevivência, Porque de fato já não 
era mais admissível conceber-se oEstado apenas como árbitro do 
que Sir Henry Maine chamou a benéfica guerra privada. 
Aldous Huxley, Seience, Liberty and Peace-(Harper and Brothers 
Publishrs, 1946 ),P. 19 . 
Jacques Maritain, Cristianismo e Democracia, (ed, 1945),p.33. Da 
que feza um homem empenhar-se em trepar sobre os ombros de 
outros e quedar-se ali em virtude do direito de sobrevivência dos 
mais aptos.(53) 
Era preciso adotar outra atitude aconselhada pelo entrechoque dos 
interesses e reclamada pela necessidade de conservar o equilíbrio 
social, que os críticos do regime apontavamcomo de 
imprescindívelrazoabilidade, sobretudo depois que os progressos 
científicostornarampossível a organização industrial das sociedades 
modernas com a formação da classe operaria, e o contrate social 
resultante da emulação entre patrões e trabalhadores tendiama 
engendrar como bem o disseDisraeli, duas nações dentro de uma 
mesma linguagem, que raras vezes sabem manter uma unidade de 
ação. (54) 
Aquelas antigas normas jurídicas dos primeiros tempos da 
Revolução, enfaixadas no Código Civil Frances e que serviram de 
padrão a outros povos estavam carecedoras de uma revisão dos 
princípios concernentes à finalidade do Estado em função dos 
múltiplos problemas sociais sobre os quais os parlamentos eram 
chamados a discutir e legislar, numa atividade incessante e 
multifária. “Mas, a democracia possui a sua mística, como assinala 
Rouger, em Lamystiquedémocratique, nem politicamente outra 
forma de governo democrático, nem politicamente outra forma 
desejável” (55), e, diante do assédio da critica doutrinaria socialista, 
procurou adaptar-seas novas condições existentes com a sua 
filosofia otimista do evolucionismo spenceriano, confiante em que o 
progresso traíra, afinal, solução favorável aos seus problemas mas 
ingentes. Pois, como dizia Masaryk, em seu livro ladémocratie: “O 
homem moderno obedece plenamente ao progresso...Crer no 
progresso é acreditar que hoje vale mais de que ontem, que 
amanhã será melhor do que hoje. “O evolucionista é um otimista.” 
(56),e a fraternidade sucumbia face ao egoísmo gerado nas 
entranhas duma sociedade organizada e sustentada a base da 
competição e do lucro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11.-Socialismo:considerações gerais 
-socialismo cientifico 
-kant, Fich, Gegel,Engels Fuerbach Marx 
-O Manifesto Comunista 
-O Estado, Segundo Marx- Variantes do marxismo. 
-Socialismo utópico ou Reformista – outras escolas socialistas. 
-Critica ao Socialismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11-O socialismo: considerações gerais 
A corrente doutrinaria denominada genericamente de socialismo, 
esta colocada de frente e em oposição ao individualismo, postulado 
novas soluções politicas, jurídicas, econômicas, sociais, éticas e 
culturais que permitem a formulação de uma teoria do problema 
teológico doestado, que se projeta nos tempos atuais com a 
importância que dificilmente poderá ser exagerada. 
Chega mesmo a constitui verdadeira evangelho político para boa 
parte da humanidade que acredita encontrar no imponente corpo de 
ideias socialistas uma nova fé e um cominho certo que haverá a 
cumprir destino grandioso num mundo sem classes e coquetemente 
sem estado. 
Aliás,Harould J. laski examinando a doutrina socialista teve essas 
palavras a respeito: Axhamonos no meio de um período de cambio 
revolucionário que é provável seja mais profundo que qualquer 
outro na historia moderna da raça humana. 
Não compreendemos sua natureza intimaamenos que 
reconheçamos tão significativo a sua essência como aquele que viu 
a queda do Império Romano, o nascimento com a reforma da 
sociedade capitalista, ou , como em 1789. Ocapitulo final da 
dramática exceção da classe media. (57) 
Historicamente os fundamentos socialistas estão contidos nos 
ensaios denominados utopias ou comunismo filosófico de Platão, 
Tomas Moro e Campanela, no socialismo o tópico de Babeuf, 
BlanckIowen, no socialismo liberal de laskiAttleeStafordCripps e 
Siches, no socialismo cinético de Marx, Lenine Stáline e Vishinsky e 
no “ socialismo humanista” Rosevelt Wallace e ainda em outras 
tantas irradiações do pensamento socialista cujos princípios 
importam numa replica as imperfeições da sociedade industrial 
formada e engrandecida pelo capitalismo moderno, pretendendo 
suplanta-la com um governo social justo e igualitário que atue por 
meio da socialização da riqueza ate lograr a satisfação as 
necessidades do homem. 
Mas o que é o socialismo? Cavignac responde em seu catecismo 
socialismo, de 1849 o evangelho em ação. Como?O socialismo tem 
prometa realizar entre os homens os quatro princípios fundamentais 
do evangelho: amai-vosuns aos outros, não façais aos demais o 
que não quereis que vos façam o primeiro devos será os servos dos 
demais paz a todos os homens de toda vontade, (58), cujo 
pensamento esta de acordo com as conclusões de Becker, Lener, 
Bluner, MacIver e outros que, também veem nessa ideologia uma 
doutrina de forte tonalidade religiosa ostentando na figura algo 
exótico dos seus asseclas a configuração dos primeiros cristãos. 
Assim é Bluner pretende que Mark seja o major Sainter,devendo 
das capital se incluído no campo da literatura sagrada. 
Não deixa de haver, por outro lado, dentre os opositores da doutrina 
os que não concedem semelhantes regalias as ideias socialistas e 
façam como Sorokin, severas restrições especialmente o Marx, seu 
expoente máximo, taxando-o de obscuro e ambíguo, especulativo e 
dogmático uma vez comparado com a doutrina dos padres da 
igreja. 
 
SOCIALISMO CIENTIFICO- De todas as doutrinas socialistas, a 
mais importante é sem duvida aquela exposta por Karl Marx, em 
sua obra monumental denominada DAS KAPITAL, especialmente 
pela enorme transcendência de suas concepções 
filosóficcientificoo-politicas sobre o Estado, as quais lograram 
invulgar popularidade e constituíram tendências politicas 
dominantes no século XX . 
Antes de fixarmos os postulados sobre os fins do Estado atribuídos 
pelo socialismo, é interessante conhecer, sumariamente, embora a 
gênese sociológica e filosófica do socialismo que Marx designava 
de comunismo para patentear diferença que a separava do 
socialismo utópico em voga. 
Segundo Usinger, a origem sociológica se evidencia com os 
estudos levados a efeito nos séculos XVIII E XIX e os princípios 
formuladospor Saint Simon, especialmente em suas observações 
sobre a miséria do proletariado remediável unicamente pela 
agrupação social quando seu fim seja a direção de toda a 
exploração mundial até que a politica seja absorvida pela 
economia;com OWEN, pretendendo reformar o governo da 
sociedade constituindo um mundo moral laico, onde a cooperação 
social seja regida por conselhos, fazendo desaparecer a 
propriedade privada, a religião,o matrimonio e tratando de aliviar a 
pobreza e a desventura dos assalariados; com Fourier e sua cidade 
igualitária ou falansterio; e com Blanc afirmado o direito ao trabalho 
organizado pelo Estado, cujos conceitos serviriam como preciosos 
elementos para os profundos desenvolvimentos dos estágios da 
sociológica marxista. (59) 
Por sua vez os fundamentos filosóficos da doutrina socialista são 
encontradas com anterioridade a obra Marx nos escritosde 
,Locke,hume, kant, Fichte, Hegel é Feuerbach,que lhe ministraram 
o substratum basilar para as lucubrações de sua portentosa 
concepção apresentada no capital. 
Com efeito,foi Locke quem deu uma premissa para o sistema 
hegeliano ao julgar os conhecimentos como meras sensações 
subjetivas,postulados complementados por Hume, ao acrescentar 
Que esses conhecimentos são consequências de puros 
fenômenos.Adotados por Kant estes conceitos 
conceitodeduzindo,em consequência, que o conhecimento sensível 
só permite ver as coisas “como aparece” porem, não como são,dai 
o homem só conhecer o fenômeno (tese de hume) ignorando o que 
esta fora dele, na esfera de noumenon. Este conceito, tomado por 
Fichte, diz que tudo que esta fora do eu individual é mera criação 
individualista não existindo um mundo isterior fora do eu pensante, 
ou seja, só existe a ideia Hergelbasiando-se nesses princípios 
formula sua doutrina idealista ainda que de formação materialista, 
sustentando a realidade de um mundo exterior como realidade 
inegável, porem, que se realiza em cada um dos seres segundo 
uma ideia preconcebida denominada

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