Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA PRIVADA AULA 3 Prof. José Paulo D. Pereira 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula estudaremos os planos de segurança nos estabelecimentos financeiros, quais os produtos controlados pela segurança privada, as atividades do vigilante, como é composto seu uniforme e como são tratadas as infrações administrativas ocorridas no segmento de segurança privada. TEMA 1: PLANOS DE SEGURANÇA DOS ESTABELECIMENTOS FINANCEIROS A Portaria n° 387/2006 disciplina em seu Artigo 61 que os estabelecimentos financeiros que realizarem guarda de valores ou movimentação de numerário deverão possuir serviço orgânico de segurança, autorizado a executar vigilância patrimonial ou transporte de valores, ou contratar empresa especializada, devendo, em qualquer caso, possuir plano de segurança devidamente aprovado pelo DREX. O plano de segurança deverá descrever todos os elementos do sistema de segurança, que abrangerá toda a área do estabelecimento, constando, conforme o Artigo 62, incisos I a V, da Portaria n° 387/20016: I. A quantidade e a disposição dos vigilantes; II. Alarme capaz de permitir, com rapidez e segurança, comunicação com outro estabelecimento, bancário ou não, da mesma instituição financeira, empresa de segurança ou órgão policial; III. Equipamentos hábeis a captar e gravar, de forma imperceptível, as imagens de toda movimentação de público no interior do estabelecimento, as quais deverão permanecer armazenadas em meio eletrônico por um período mínimo de 30 dias; IV. Artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo sua perseguição, identificação ou captura; V. Anteparo blindado com permanência ininterrupta de vigilante durante o expediente para o público e enquanto houver movimentação de numerário no interior do estabelecimento. O § 1º, do Art. 62 da Portaria n° 387/2016 elucida que os itens “I” e “II” são obrigatórios, devendo, contudo, integrar o plano pelo menos mais um dentre os demais requisitos acima citados. 3 O alarme previsto no item “II”, quando não conectado diretamente a um órgão policial ou a outro estabelecimento da própria instituição, deverá estar conectado diretamente a uma empresa de segurança autorizada, responsável pelo seu monitoramento, cujo nome deverá constar do plano de segurança (previsão do Art. 99, § 5º, da Portaria n° 3.233/2012). Os elementos de segurança previstos nos itens “III” a “V” serão utilizados observando-se os projetos de construção, instalação e manutenção, sob a responsabilidade de empresas idôneas, observadas as especificações técnicas asseguradoras de sua eficiência, bem como as normas específicas referentes à acessibilidade de pessoas idosas e portadoras de deficiência, conforme apresentado no § 2º do Art. 62 da Portaria n° 387/2016. De acordo com a Portaria 387/2016 o plano de segurança perderá validade automaticamente caso a instituição financeira utilize a unidade móvel de atendimento em unidade da federação diversa daquela em que possui plano de segurança aprovado, nos termos do Art. 107, § 7º, da Portaria n° 3.233/2012. TEMA 2: USO DE PRODUTOS CONTROLADOS PELA SEGURANÇA PRIVADA O Artigo 114 da Portaria n° 3233/2012 prevê que as empresas de segurança especializadas e as que possuem serviço orgânico de segurança somente poderão utilizar as armas, munição, coletes à prova de balas e outros equipamentos descritos nesse tópico, cabendo ao Coordenador-Geral de Controle de Segurança Privada autorizar, em caráter excepcional e individual, a aquisição e uso pelas empresas de outras armas e equipamentos, considerando as características estratégicas de sua atividade ou sua relevância para o interesse nacional. As regras são as seguintes: Regra nº 1 (Artigo 114, § 1º): As empresas de vigilância patrimonial poderão dotar seus vigilantes, quando em efetivo serviço: Revólver calibre 32 ou 38; 4 Cassetete de madeira ou de borracha; Algemas. Regra nº 2 (Artigo 114, § 2º): As empresas de transporte de valores e as que exercerem a atividade de escolta armada poderão, além dos instrumentos acima, também dotar seus vigilantes de: Carabina de repetição calibre 38; Espingarda de uso permitido, de calibre 12, 16 ou 20; Pistolas semiautomáticas calibre 380 e 7,65 mm. Regra nº 3 (Artigo 114, § 3º): As empresas que exercerem a atividade de segurança pessoal poderão dotar, além do previsto no § 1º, seus vigilantes de: Pistolas semiautomáticas calibre 380 e 7,65 mm; Revólver calibre 32 ou 38; Espingarda calibre 12, 16 ou 20; Algemas. Regra nº 4 (Artigo 114, § 5º): As empresas com serviço orgânico de segurança poderão adquirir as armas e munição previstas para as empresas de vigilância patrimonial e as de transporte de valores, conforme a autorização que possuir. Regra nº 5 (Artigo 114, § 4º): As empresas de curso de formação poderão adquirir todas as armas e munição acima previstas, bem como material e apetrechos para recarga. Regra nº 6 (Artigo 114, § 10º): Nas atividades de vigilância patrimonial e segurança pessoal, as empresas poderão dotar seus vigilantes das seguintes armas e munições não letais de curta distância - até 10 metros: Espargidor de agente químico lacrimogêneo (CS ou OC) de até 70g, em solução (líquido), espuma ou gel; 5 Arma de choque elétrico de contato direto e de lançamento de dardos energizados. Regra nº 7 (Artigo 114, § 11º): Nas atividades de transporte de valores e escolta as empresas poderão dotar seus vigilantes, além das citadas no quadro acima, das seguintes armas e munições não-letais, de média distância - até 50 metros - e outros produtos controlados: Granadas fumígenas lacrimogêneas (cs ou oc) e fumígenas de sinalização; Munição no calibre 12 lacrimogêneas de jato direto, munição no calibre 12 com projéteis de borracha ou plástico e lançador de munição não-letal no calibre 12; Máscara de proteção respiratória modelo facial completo e filtros com proteção contra gases e aero-dispersóides químicos e biológicos. Ainda, no § 12, temos que as armas de fogo e sua munição, as armas não letais e sua munição e outros produtos controlados com prazo de validade expirado não poderão ser utilizados ou recondicionados, devendo ser entregues ao Exército Brasileiro para destruição. Já no Artigo 139 da Portaria n° 3.233/2012, temos que as empresas de vigilância patrimonial e as que possuem serviço orgânico de segurança poderão utilizar cães em seus serviços, desde que possuam autorização de funcionamento e certificado de segurança válido. Algumas cidades possuem leis próprias que proíbem o uso de cães pelas empresas. Esses cães, de acordo com o Artigo n° 140 da Portaria n° 3.233/2012, deverão preencher os seguintes requisitos: Ser adequadamente adestrados por profissionais comprovadamente habilitados em curso de cinofilia (adestramento); Ser de propriedade da empresa de vigilância patrimonial ou da que possui serviço orgânico de segurança, ou de canil de organização 6 militar, de Kanil Club ou particular. TEMA 3: COMPOSIÇÃO DO UNIFORME DE VIGILANTE No Artigo 149 da Portaria n° 3.233/2012 está claro que o uniforme do vigilante é obrigatório e de uso exclusivo em serviço, devendo possuir características que garantam a sua ostensividade. Em seu parágrafo 1º temos que, a fim de garantir o caráter ostensivo, o uniforme deverá conter os seguintes elementos: Apito com cordão; Emblema da empresa; Plaqueta de identificação do vigilante, autenticada pela empresa, com validade de seis meses, constando o nome, o número da CNV e fotografia colorida 3x4 e data de validade. Muito importante: O modelo de uniforme dos vigilantes não será aprovado quando semelhante ao utilizado pelas Forças Armadas, pelos órgãos de segurança pública federais e estaduais e pelas guardas municipais. Em caso de semelhança superveniente causada por criação de novo uniforme nas Forças Armadas, nos órgãos de segurança pública federais e estaduais e nas guardas municipais, capaz de causar confusão ao cidadão e ao Poder Público, a Delesp ou CV responsável pela autorização do uniforme na unidade da federação poderá rever a autorização concedida. Nessa hipótese, não haverá necessidade de completa reformulação do uniforme autorizado, bastando alterações ou acréscimos de faixas, braçadeiras, inscrições, emblemas ou outros elementos identificadores que, a critério da unidade responsável, sejam suficientes para elidir a semelhança observada, fixando-se prazo razoável para implementação das medidas fixadas. O traje dos vigilantes empenhados na atividade de segurança pessoal não necessitará observar o caráter da ostensividade, desde que o vigilante utilize em serviço traje adequado à missão, estabelecido pela empresa, não assemelhado ao uniforme das forças de segurança pública, portanto todos os documentos aptos a comprovar a regularidade da execução do serviço. 7 As empresas especializadas e as que possuem serviço orgânico de segurança poderão possuir mais de um uniforme autorizado, podendo um deles ser terno ou paletó, observadas as peculiaridades da atividade e o local de prestação do serviço, bem como a existência de apito, emblema da empresa e a plaqueta de identificação acima citados. Para obterem a autorização para modificação de uniforme já autorizado ou acréscimo de um novo, as empresas especializadas e as que possuem serviço orgânico de segurança deverão possuir alvará de autorização e certificado de segurança válidos, devendo protocolar requerimento à Delesp ou CV e anexar alguns documentos exigidos pela Portaria em estudo. A empresa que prestar serviços de vigilância em indústrias, usinas, portos, aeroportos, navios fundeados em águas nacionais ou em outros estabelecimentos que venham impor riscos à incolumidade física de seus vigilantes, deverá adotar, além do uniforme, equipamentos de segurança necessários ao desempenho do trabalho, tais como capacetes, botas, óculos, cintos especiais e outros necessários, observadas as regras de segurança do serviço a ser executado. TEMA 4: ATIVIDADES DO VIGILANTE A atividade do vigilante é regrada no Artigo 163 da Portaria n° 3.233/2012 que estabelece os seguintes DIREITOS dos vigilantes: O recebimento de uniforme, devidamente autorizado, às expensas do empregador; Porte de arma, quando em efetivo exercício; A utilização de materiais e equipamentos em perfeito funcionamento e estado de conservação, inclusive armas e munições; A utilização de sistema de comunicação em perfeito estado de funcionamento; Treinamento regular nos termos previstos nesta Portaria; Seguro de vida em grupo, feito pelo empregador; Prisão especial por ato decorrente do serviço. 8 Já no Artigo 164 da referida portaria, nos deparamos com os deveres dos vigilantes: Exercer suas atividades com urbanidade, probidade e denodo, observando os direitos e garantias fundamentais, individuais e coletivos, no exercício de suas funções; Utilizar, adequadamente, o uniforme autorizado, apenas em serviço; Portar a CNV; Manter-se adstrito ao local sob vigilância, observando-se as peculiaridades das atividades de transporte de valores, escolta armada e segurança pessoal; Comunicar ao seu superior hierárquico quaisquer incidentes ocorridos no serviço, assim como quaisquer irregularidades relativas ao equipamento que utiliza, em especial quanto ao armamento, munições e colete à prova de balas, não se eximindo o empregador do dever de fiscalização. TEMA 5: DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS Quando da ocorrência de uma infração administrativa, as empresas de segurança privada deverão comunicar imediatamente à Delesp ou CV de sua circunscrição a ocorrência de ilícitos penais com o envolvimento de seus vigilantes, desde que tais ilícitos estejam ligados ao exercício de suas atividades. Ainda, as empresas deverão colaborar nas investigações e apurar o fato em procedimento interno, sendo que deverão juntar também as cópias do boletim de ocorrência e de outros documentos que poderão elucidar os fatos. Assim que terminar o procedimento interno, deverá a empresa encaminhar uma cópia à Delesp ou à CV. O Artigo 165 da Portaria n° 3.233/2012 trata dessa apuração. Importante ressaltar que qualquer punição administrativa recairá sobre a empresa, e não haverá qualquer tipo de imputação de responsabilidade ao vigilante. Fique bem claro que essa falta de imputação está restrita à esfera administrativa. 9 Condutas faltosas praticadas pelo vigilante ensejarão responsabilidade administrativa à empresa, e no caso uma punição ocorrerá, pois, a empresa agiu com omissão na fiscalização. Temos como exemplos as condutas elencadas no Artigo 169 da Portaria n° 3.233: I. Utilizar uniforme fora das especificações; II. Trafegar com veículo especial de transporte de valores desacompanhado de cópia do Certificado de Vistoria; III. Deixar de utilizar equipamento de proteção individual fornecido pela empresa, como por exemplo: capacete, botas, óculos, cintos especiais e outros necessários; IV. Exercer as atividades de vigilante sem uniforme; V. Utilizar uniforme fora do serviço; VI. Trafegar com veículo especial de transporte de valores com o Certificado de Vistoria vencido; VII. Utilizar em serviço armas, munições, coletes à prova de balas ou outros equipamentos que não estejam em perfeito estado de funcionamento, ou; VIII. Fora do prazo de validade; IX. Utilizar em serviço armamento, munições ou outros produtos controlados que não sejam de propriedade da empresa; X. Guardar armas, munições ou outros produtos controlados que não sejam de propriedade da empresa; XI. Guardar armas, munições ou outros produtos controlados em local inadequado; XII. Negligenciar na guarda ou conservação de armas munições ou outros produtos controlados; XIII. Utilizar armamento e/ou munição da empresa fora do serviço; XIV. Exercer vigilância patrimonial fora dos limites do local de serviço; XV. Trabalhar em estabelecimento financeiros que realizem guarda de valores ou movimentação de numerários, ou em serviço de transporte de valores, desarmado ou sem colete à prova de balas; XVI. Deixar de assessorar a empresa para que seja comunicado ao Departamento de Polícia Federal dentro de 24 horas da ocorrência de furto, roubo ou qualquer forma de extravio ou a recuperação de armas, munições e colete à prova de balas. 10 NA PRÁTICA Muito comum vermos vigilantes andarem fardados fora do posto de trabalho. O uso de uniforme fora de seu horário de trabalho é proibido, Lei n° 7.102/83, Art.18 e Art.118, inciso II, poderá ocorrer multa e advertência à empresa em razão do descumprimento da Portaria n° 387/2006, Cap. XIII, Seção I, Art.122, inciso II, Art.123, inciso IV. Lembrando que as fardas se assemelham aos uniformes policiais e isso pode trazer risco à incolumidade do vigilante. SÍNTESE Vimos nesta aula o que são planos de segurança nas instituições financeiras, o uso de produtos controladospelas empresas de vigilância, a composição do uniforme do vigilante e como usá-lo, as atividades do vigilante em sua rotina diária e as infrações administrativas na esfera da segurança privada. REFERÊNCIAS LEI nº 7.102, de 20 de junho de 1983. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7102.htm>. Acesso em: 23 jan. 2017. PORTARIA nº 3.233, de 10 de dezembro de 2012. Disponível em: <http://www.lex.com.br/doc_24057336_PORTARIA_N_3233_DE_10_DE_DEZ EMBRO_DE_2012.aspx>. Acesso em: 23 jan. 2017.
Compartilhar