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LIVRO TEXTO III - HISTORIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA

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HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
Unidade III
7 OS SÉCULOS XX E XXI
A partir de agora falaremos sobre as guerras mundiais da primeira metade do Século XX. Também 
investigaremos como, após os anos dourados, o mundo capitalista entrou em crise. Discutiremos o clima 
de tensão criado pela Guerra Fria e, finalmente, trataremos do colapso econômico do mundo socialista, 
da globalização e dos movimentos contrários a ela.
7.1 A Primeira Guerra Mundial
A Europa pós‑napoleônica havia encontrado um frágil equilíbrio a partir do Congresso de Viena 
(1814–1815). Na ocasião, os monarcas das grandes potências tinham concordado com um novo mapa 
do continente: a Inglaterra havia ficado com as ilhas de Malta e Jônicas, com a Cidade do Cabo, com 
o Ceilão e com algumas posições nas Antilhas. A Bélgica foi anexada à Holanda, com o objetivo de 
barrar os franceses que pretendiam alcançar a Antuérpia. A Rússia ficou com uma parte do território 
polonês e com a Bessarábia. A Prússia ficou com parte do território alemão e a Áustria ficou com parte 
do norte da Itália.
Esse acordo, entretanto, não tinha condições de sobreviver por muito tempo. Afinal, as nações 
europeias estavam envolvidas numa guerra sem tréguas por novos mercados, novas possessões e novos 
territórios, especialmente aqueles de elevado valor econômico.
Os países que se envolveram na Primeira Guerra Mundial não o fizeram por motivos 
ideológicos. As razões que explicam a maior guerra de todos os tempos são econômicas e dizem 
respeito à expansão europeia em direção às nações não industrializadas. A rivalidade econômica 
havia crescido com o desenvolvimento capitalista e com a competição econômica. Os países 
industrializados precisavam de algo fundamental para continuar sua expansão e seu crescimento: 
mercados consumidores de produtos manufaturados e ofertantes de produtos primários baratos 
e abundantes. Em suma: foi por causa dos mercados que os países europeus entraram em guerra, 
levando para o conflito outras nações.
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Unidade III
Figura 28 – As frentes envolvidas na Primeira Guerra Mundial (1914–1918)
Por causa da expansão territorial necessária para o contínuo crescimento de suas economias, a 
Alemanha e a Grã‑Bretanha entraram na guerra.
 Lembrete
A expansão da atividade industrial dependia da conquista de novos 
mercados que pudessem consumir os produtos manufaturados e oferecer 
as matérias‑primas necessárias à produção.
No caso da França, tratou‑se principalmente de compensar sua inferioridade demográfica e 
econômica diante de outras nações europeias: se a França tinha a intenção de ser uma potência, ela 
precisava lutar por essa posição (HOBSBAWM, 2008).
O conflito foi tão imenso que, a partir de 1914, o significado da palavra “paz” ganhou uma dimensão 
até então desconhecida; afinal, antes daquele instante, nunca todas as grandes potências haviam se 
envolvido no mesmo conflito simultaneamente e durante um período de tempo significativo. Em 
1854–1856, houvera a Guerra da Crimeia, com a Rússia opondo‑se à Inglaterra e à França: em nada 
esse cenário se parecia com o que se delineou a partir de 1914.
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HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
 Observação
O estopim da guerra foi o assassinato do sucessor do trono da monarquia 
austro‑húngara, Francisco Fernando, em 28 de junho de 1914, em Sarajevo 
(capital da Bósnia‑Herzegóvina), pelo estudante bósnio Gavrilo Princip.
Figura 29 – Desenho representando o atentado em Sarajevo. La Domenica Del Corrieri, julho de 1914
Não havia precedentes de guerras mundiais. Tudo mudou, porém, em 1914: a Primeira Guerra 
Mundial envolveu todas as grandes potências, em especial da Europa (apenas a Escandinávia, a Suíça, 
a Espanha e os Países Baixos não tiveram participação direta no conflito). Assim, a guerra foi mundial 
porque envolveu soldados das mais diversas nações e de todos os continentes, combatendo em território 
estrangeiro ou em sua própria casa. Até mesmo os Estados Unidos, (apesar da contraindicação de George 
Washington) acabaram se envolvendo na guerra. Os indianos foram enviados para a Europa e para o 
Oriente Médio, os combatentes chineses foram para o Ocidente e os africanos lutaram no exército 
francês. O conflito nos mares globalizou ainda mais a guerra, tornando‑a mundial. Segundo Araripe 
(2006, p. 319):
Percepções errôneas, avaliações de crise desastradas sucederam‑se, e 
a massa crítica que era a Europa entrou em reação em cadeia, levando 
o mundo à Grande Guerra, de 1914–18, e à Paz de Versalhes. A reação 
continuou: Segunda Guerra Mundial (1939–45), Guerra Fria (1945–89), 
conflito árabe‑israelense, Guerra da Bósnia (1992–95), guerras do Golfo 
Pérsico... Historiadores acreditam não se terem esgotado as consequências 
da Grande Guerra, mais tarde conhecida como a Primeira Guerra Mundial. A 
História Militar na universidade, os think‑tanks (“tanques de pensamento”— 
instituições votadas à pesquisa interdisciplinar), os institutos de estudos 
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Unidade III
estratégicos provam que a guerra há muito deixou de ser assunto privativo 
de militares. A Grande Guerra foi a mãe das guerras dos séculos XX e XXI.
A Primeira Guerra Mundial (1914–1918) envolveu, basicamente, a Tríplice Aliança de um lado (na 
qual se uniram França, Grã‑Bretanha e Rússia) e as “Potências Centrais” de outro (a Áustria‑Hungria, a 
Sérvia e a Bélgica). O acontecimento inicial foi o ataque austríaco à Sérvia.
A Grande Guerra alastrou‑se por 28 países, entre eles o Brasil, e além de 
operações terrestres, envolveu operações navais e aéreas. Travou‑se em 
seis frentes ou teatros de operação (TO) terrestres, dois principais e quatro 
secundários. As duas principais foram a Frente Ocidental, compreendendo 
o território invadido da França e da Bélgica, do mar do Norte à fronteira 
da França com a Suíça; e a Frente Oriental, que abrangia os territórios 
russos, poloneses e a Prússia Oriental, então território alemão. Em 1915 a 
Itália entrou na guerra ao lado dos Aliados, criando‑se a Frente Italiana, na 
fronteira com a Áustria‑Hungria. As frentes secundárias estendiam‑se pelos 
Bálcãs, o Oriente Médio e a região de fronteiras do Império Turco‑Otomano 
com a Rússia (ARARIPE, 2006, p. 332).
As potências inicialmente envolvidas achavam que aquela era uma luta que duraria poucas semanas. 
A Alemanha, por exemplo, imaginava liquidar rapidamente a França no Ocidente e partir para enfrentar 
a Rússia no Oriente, antes que os russos pudessem usar o seu enorme potencial militar humano. 
Extremamente segura de sua estratégia, a Alemanha tinha em mente uma campanha relâmpago. Nem 
relâmpago, tampouco de pouca duração: os alemães avançaram sobre a França, inclusive atravessando 
a Bélgica, sendo bloqueados a algumas dezenas de quilômetros a leste de Paris depois de cinco meses 
de declarada a guerra. O reforço em defesa da França a partir da chegada de forças belgas e britânicas 
acabou criando uma frente de batalha no lado ocidental que se tornou uma máquina de massacre sem 
precedentes na história da guerra.
Figura 30 – Soldados nas trincheiras (Primeira Guerra Mundial)
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Milhões de homens ficavam uns diante dos outros nos parapeitos de 
trincheiras barricadascom sacos de areia, sob os quais viviam como – e 
com – ratos e piolhos. De vez em quando os seus generais procuravam 
romper o impasse. Dias e mesmo semanas de incessante bombardeio de 
artilharia – que um escritor alemão chamou depois de “furações de aço” 
(Ernst Jünger, 1921) – “amaciavam” o inimigo e o mandavam para baixo 
da terra, até que no momento certo levas de homens saíam por cima do 
parapeito, geralmente protegido por rolos e teias de arame farpado, para 
a “terra de ninguém”, um caos de crateras de granadas inundadas de água, 
tocos de árvores calcinadas, lama e cadáveres abandonados, e avançavam 
sobre as metralhadoras, que ceifavam, como eles sabiam que aconteceria 
(HOBSBAWM, 2008, p. 33).
A vida dos soldados nas trincheiras era degradante e perigosa. Segundo Araripe (2006, p. 336):
O auge da provação na vida nas trincheiras não era atingido durante os 
bombardeios de artilharia, quando sempre presente estava o medo de ser 
estraçalhado pelos estilhaços de uma granada, morto pela concussão de seu 
arrebentamento ou, pior ainda, soterrado. Grande número dos listados como 
desaparecidos está nesse caso. Mais angustiante ainda era a hora da verdade, 
anunciada pelo comando “over the top” (para cima!). Equipamento ajustado, 
baioneta calada, o soldado transpõe o parapeito da trincheira e, seguindo 
seu comandante, se lança em direção à do inimigo, sob o fogo de canhões, 
metralhadoras e granadas de mão, até o assalto final. Então, é a hora da baioneta, 
da faca e da pá de trincheira, de tudo o que possa matar, ferir, eliminar o inimigo.
A Primeira Guerra Mundial foi devastadora: os franceses perderam mais de 20% de seus homens em 
idade militar e não mais de um terço dos seus soldados conseguiram sair ilesos. Os britânicos perderam 
meio milhão de homens com menos de trinta anos. Aproximadamente, 1,8 milhão de alemães e 1,6 
milhão de franceses morreram no conflito. Os EUA perderam 116 mil homens em apenas 18 meses de 
combate (HOBSBAWM, 2008).
A guerra também aconteceu na frente oriental, com alemães combatendo russos, inclusive na Polônia. 
De fato, a Rússia lutou no sentido de impedir o avanço dos alemães, enquanto as potências centrais 
buscaram o controle na frente ocidental. Lá, a Grã‑Bretanha, a França e a Alemanha travavam uma luta 
sangrenta, enquanto, no lado oriental, a Rússia foi perdendo parte de seu território e ficando cada vez 
mais fragilizada e vulnerável (HOBSBAWM, 2008). Em certo momento, a guerra assumiu um tom de 
impasse, tanto no lado ocidental quanto no oriental. Até mesmo o conflito naval parecia indefinido, sem 
que um dos lados pudesse se afirmar como vencedor.
Uma das alternativas para pôr fim a esse impasse foi o incremento no uso da tecnologia. Os alemães 
desenvolveram gases venenosos; os britânicos utilizaram veículos blindados de esteira (tanques de 
guerra), embora seus generais ainda não soubessem como usá‑los. Os submarinos passaram a vigiar os 
mares, tornando‑se uma das principais forças de combate das nações em conflito.
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Unidade III
Figura 31 – Tanque britânico Mark IV
A guerra nos campos de batalha acabou atingindo os civis. Se não era possível vencer no combate 
vis‑à‑vis, era o caso de se tentarem outras estratégias. Assim, os submarinos alemães declararam guerra 
aos submarinos ingleses que transportavam alimentos para a população civil. Aliás, por pouco os alemães 
não foram bem sucedidos nessa manobra; de fato, eles chegaram bem perto do êxito que teria ocorrido 
caso os americanos não tivessem sido arrastados para a guerra pelos britânicos.
Os britânicos usaram a mesma estratégia, bloqueando o abastecimento de alimentos à 
população alemã. Como a economia alemã nem de perto se assemelhava à eficiência demonstrada 
durante as operações militares, a Alemanha passou a sentir os efeitos da guerra de forma 
significativa. De fato, após a entrada dos Estados Unidos na guerra (e a injeção de recursos 
ilimitados que isso representou para os países da Tríplice Aliança), os alemães foram perdendo 
terreno e as batalhas.
Para Hobsbawm (2008), a Alemanha, exausta, já prenunciava o fim do conflito em questão de semanas. 
As potências centrais assumiram a derrota e o desastre alimentou o os movimentos revolucionários 
que acabaram depondo os velhos governos que lá havia. Na verdade, nenhum dos países derrotados 
conseguiu escapar ileso de revoluções e de grandes transformações políticas: o final da guerra significava 
a chegada do momento de a população civil acertar as contas com os seus governos.
No caso da Rússia, os eventos foram surpreendentes. Embora a industrialização já estivesse 
presente em algumas regiões desse país, a pobreza era imensa. As precárias condições de vida do 
proletariado (trabalhadores que atuavam na extração do petróleo, na construção de ferrovias e na 
siderurgia) tornavam fértil o terreno para o que o discurso comunista pregava. A Primeira Guerra 
Mundial também havia alimentado o clima revolucionário, com seus milhões de mortos e com a 
crise de abastecimento que praticamente fizera desaparecer os alimentos e produtos de primeira 
necessidade dos mercados russos.
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Em março de 1917, o Czar russo foi deposto; em outubro do mesmo ano, o Partido Bolchevique 
derrubou o governo provisório estabelecido e instituiu um governo socialista. Tratava‑se de uma 
revolução que substituía a estrutura feudal por outra, não capitalista.
 Observação
A Revolução de Outubro de 1917 tornou‑se paradigmática em relação 
a todas as outras revoluções proletárias e aconteceu em duas etapas bem 
diferentes entre si. Na primeira, em fevereiro daquele ano, o czar Nicolau II 
foi obrigado a abdicar do poder após a ocupação do palácio por populares 
revoltados com a falta de alimentos e com a miséria.
Em fevereiro de 1917, a população faminta se revoltou, obrigando 
o exército à intervenção, mesmo contra a vontade das tropas. O czar 
Nicolau II foi obrigado a abdicar após a tomada do palácio por populares. 
Um governo provisório burguês assumiu o poder, sob a liderança de 
Kerensky que, entretanto, não conseguiu controlar as manifestações 
populares. Lênin, ao regressar à Rússia, propôs o rompimento com o 
governo de Kerensky e o estabelecimento da ditadura do proletariado. 
Trotsky tratou de organizar a milícia revolucionária e, em outubro daquele 
ano, o governo provisório foi substituído por conselhos populares, sob a 
presidência de Lênin. Um único partido foi criado, realizou‑se a reforma 
agrária e aboliu‑se a propriedade privada.
 Saiba mais
Sobre o tema, sugerimos os filmes Reds, baseado na vida de um jornalista 
norte‑americano que acompanhou os eventos revolucionários na Rússia 
em 1917 e O assassinato de Trostky, que narra o assassinato do intelectual 
encomendado por Stalin. Forçado a deixar a União Soviética, Trotsky foi 
viver no México mas, temeroso de que Trostky pudesse representar uma 
ameaça ao seu poder, Stalin, o presidente da União Soviética naquele 
instante (década de 1940), resolveu que ele deveria ser eliminado.
O ASSASSINATO de Trostky. Dir. Joseph Losey. Itália; França; Reino Unido: 
Dino de Laurentiis Cinematografica, 1981. 194 minutos.
REDS. Dir. Warren Beatty. EUA: Barclays Mercantile Industrial Finance, 
1981. 194 minutos.
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Figura 32 – Trotsky
Ao final, a Primeira Guerra Mundial havia deixado uma importante lição: para defender seus 
interesses, o capitalismo era capaz de qualquer coisa, até mesmo de sacrificarmilhões de vidas. Aliás, 
haveria algo capaz de impedir o até então contínuo crescimento desse sistema?
7.2 A crise de 1929
Apenas uma década havia se passado desde o final da Primeira Guerra Mundial quando outro 
acontecimento atingiu o mundo com força.
[…] a Primeira Guerra Mundial foi seguida por um tipo de colapso 
verdadeiramente mundial, sentido pelo menos em todos os lugares em que 
homens e mulheres se envolviam ou faziam uso de transações impessoais de 
mercado. Na verdade, mesmo os orgulhosos EUA, longe de serem um porto 
seguro das convulsões de continentes menos afortunados, se tornaram o 
epicentro deste que foi o maior terremoto global medido na escala Richter 
dos historiadores econômicos […] (HOBSBAWM, 2008, p. 91).
Durante a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos haviam‑se tornado o principal fornecedor de 
produtos industrializados para a Europa: afinal, toda a capacidade produtiva dos países europeus estava 
orientada no sentido de colaborar para o esforço de guerra. Em 1920, a indústria norte‑americana era 
responsável por mais de 42% de toda a produção industrial do mundo. Os Estados Unidos também 
eram o país que mais importava no mundo: eles eram os compradores de, aproximadamente, 40% das 
exportações de matérias‑primas e alimentos de quinze países.
A reorganização econômica da Europa fez com que a produção industrial voltasse aos seus níveis 
normais, reduzindo as compras de produtos industrializados dos Estados Unidos. Na verdade, a retomada 
da produção na Europa provocou excesso de oferta: havia muito produto sendo ofertado e nem mesmo 
as estratégias de redução de preços puderam conter a queda na produção, a superestocagem e o 
aumento do desemprego. A onda de falências atingiu as empresas americanas de forma contundente 
e o nível de desemprego cresceu de uma forma assombrosa. Apenas para que se possa ter a dimensão 
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do tamanho da crise, em 1933, 25% da população economicamente ativa nos Estados Unidos estavam 
desempregados.
A importância dos Estados Unidos na economia mundial provocou um efeito cascata. A crise se 
espalhou, atingindo a maioria dos países capitalistas. No seu pior momento (1932–1933), o desemprego 
chegou a 22% e 23% da força de trabalho da Grã‑Bretanha e Bélgica (respectivamente), 24% da força 
de trabalho da Suécia, 29% da austríaca, 31% da norueguesa, 32% da dinamarquesa e 44% da alemã 
(HOBSBAWM, 2008).
 Observação
A importância dos Estados Unidos como comprador de matérias‑primas 
é uma das explicações para a profunda crise na qual o Brasil se viu 
envolvido, posteriormente. Durante os anos seguintes à crise de 1929, 
as exportações de café – produto no qual se apoiava a economia 
brasileira – sofreram significativa queda. Aliás, em função da queda 
das exportações, o Brasil passou a ter muita dificuldade para importar 
produtos manufaturados, o que acabou estimulando o processo interno 
de industrialização em nosso país.
A crise se espalhava pelo mundo real, mas no mundo financeiro tudo corria às mil maravilhas. A 
especulação financeira continuava envolvendo milhares de pessoas que viam na compra de ações uma 
maneira fácil de enriquecer rapidamente.
Aos nossos olhos, nos dias de hoje, a equação que melhor traduziria aquele contexto seria: 
especulação + superprodução + desemprego = crise. Mas, em 1929, ainda não havia clareza quanto às 
possíveis crises pelas quais o capital poderia passar. Afinal, o capitalismo era indestrutível como sistema 
e modelo de organização econômica.
Um alvoroço incomum nos arredores da Bolsa de Valores de Nova Iorque 
chamou a atenção do comissário de polícia da cidade, Grover Whalen, na 
última quinta‑feira, dia 24. Por volta das 11 horas, um rugido cavernoso 
começou a escapar do edifício. Alguns minutos depois, já não era possível 
identificar se o bramido vinha de dentro ou de fora da Bolsa; uma multidão 
estrepitosa tomara as cercanias de Wall Street e Broad Street, como 
formigas rodeando um torrão de açúcar esquecido na pia da cozinha. 
Alarmado, o comissário logo enviou um destacamento especial para a 
região. A turba, contudo, não representava uma ameaça à ordem pública, 
como o oficial perceberia mais tarde. Com olhares horrorizados e incrédulos, 
os nova‑iorquinos, espremidos uns aos outros, estavam inertes. Eles apenas 
esperavam, não se sabe ao certo quem ou o quê. Era o pânico. Dentro do 
prédio, a consternação era semelhante, e estava ainda mais evidente na 
agitada face de corretores e operadores, protagonistas e testemunhas do 
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acontecimento que pode mudar os rumos da economia mundial. Símbolo 
maior da pujança econômica dos Estados Unidos, o mercado de ações, que se 
tornou verdadeira mania nacional nessa década gloriosa para os americanos, 
via seu baluarte, a rica e poderosa Bolsa de Nova Iorque, despedaçar‑se em 
poucos minutos naquela que já entrou para os anais como a “quinta‑feira 
negra”. Uma onda súbita e sem precedentes de vendas tomou de assalto 
o pregão nova‑iorquino. Ações outrora valorizadas simplesmente não 
encontravam novos compradores, nem mesmo por verdadeiras ninharias. 
Os preços dos papéis, fossem eles da United States Steel ou da American 
Telephone and Telegraph, caíam vertiginosamente, arrastando com eles 
as economias, esperanças e sonhos de milhares de americanos levados à 
bancarrota instantânea (QUEBROU, s.d.).
A crise finalmente explodiu: a partir da quebra da bolsa da maior economia do mundo, todas as 
economias mundiais foram afetadas. Para Dobb (1986), para além de perdas materiais, a crise significava 
uma terrível ameaça ao sonho do progresso econômico. Afinal, o capitalismo não era indestrutível.
Os próprios fatos desses anos sombrios, com suas falências repentinas, 
fábricas abandonadas e filas de gente a pedir pão, forçaram nos espíritos 
já refeitos a conclusão de que algo muito mais fundamental do que uma 
adaptabilidade lenta de desordenadas relações de preços devia estar errado 
no sistema econômico, e que a sociedade capitalista fora tomada por algo 
com todos os sinais de ser uma doença crônica e ameaçando tornar‑se fatal 
(DOBB, 1986, p. 322).
 Saiba mais
O filme O Grande Gatsby mostra com clareza o clima de euforia anterior 
à quebra da Bolsa de Nova Iorque:
O GRANDE Gatsby. Dir. Baz Luhrmann. EUA; Australia: Warner Bros., 
2013. 142 minutos.
O filme Vinhas da Ira, baseado em livro homônimo de J. Steinbeck, fala 
das dificuldades econômicas de proprietários de pequenas fazendas, falidos 
após a crise de 1929.
VINHAS da Ira. Dir. John Ford. EUA: Twentieth Century Fox Film 
Corporation, 1940. 129 minutos.
Vamos, agora, buscar entender as raízes da crise. Naquele momento, o capitalismo se apoiava, 
basicamente, na produção em massa, produção essa realizada de forma mecanizada e que pouco 
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variava em termos de planejamento ou direção, apoiada que estava na crença da existência de uma 
“mão invisível” capaz de coordenar os interesses da demanda com os interesses da oferta.
A realidade mostrou que as coisas não funcionavam exatamente como se imaginava. Pelo contrário, 
a situação parecia completamente fora do equilíbrio: o aumento da monopolização do mercado, a 
rigidez nos preços, a busca desesperada pela manutenção da taxa de lucro pelos capitalistas e o aumento 
do desemprego não combinavam em nada com a ideia de “equilíbrio automático”, tampouco com o 
otimismo com o qual o mercado de açõesse comportava.
Figura 33 – Após a Primeira Guerra Mundial, a produção industrial norte‑americana manteve o ritmo 
acelerado dos anos atípicos do conflito, o que contribuiu para o desastre econômico de 1929
Curiosamente, a Bolsa de Valores era o único lugar em que se tinha a sensação de que o capitalismo ia 
muito bem. Os lucros ali obtidos eram tão imensos que atraíam todos, independentemente de sua classe 
social e de seu nível salarial. A esperança de dias mais prósperos e com poucos riscos levava a sociedade a se 
envolver com as operações na bolsa. Não se previa que uma crise de tão grandes dimensões se aproximava.
Quando os escombros foram varridos, o estrago era assustador. Em dois insanos 
meses o mercado perdera todo o terreno que ganhara em dois anos delirantes; 
US$ 40 bilhões em valores haviam simplesmente desaparecido. Houve também 
o fato de que o americano médio usara sua prosperidade de forma suicida; ele se 
hipotecara até o pescoço, esticara seus recursos de forma perigosa sob a tentação 
de compras à prestação e acabara por selar o próprio destino comprando 
avidamente fantásticas quantidades de ações — cerca de 300 milhões de quotas, 
é a estimativa — com dinheiro emprestado (HEILBRONER, 1996, p. 233).
 Saiba mais
Sobre os efeitos devastadores da quebra da bolsa de Nova Iorque, 
sugerimos o filme:
O FIO da navalha. Dir. John Byrum. EUA; Reino Unido: Columbia Pictures 
Corporation, 1984. 122 minutos.
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Os efeitos da crise na economia americana foram devastadores. A produção caiu abruptamente e a 
desocupação, ao contrário, subiu de forma significativa. Em outras palavras: havia estrutura disponível 
para produzir, mas não havia produção.
Desocupação e produção
300
200
100
80
60
1929 1930 1931 1932 1933 1934
produção
desocupação1929 = 100
Figura 34 – Os efeitos da crise de 1929 na economia americana
Como características básicas do modelo monopolístico sob o qual o capitalismo se apoiava, as 
dificuldades para a entrada de novos parceiros eram inúmeras, o que provocava uma diminuição 
significativa de novos investimentos na economia. A falta de investimentos reduzia a oferta de novas 
vagas de emprego e o número de desempregados cresceu de forma preocupante.
Os milhões de desempregados eram como uma embolia na circulação 
vital da nação; e enquanto sua evidente existência argumentava com 
mais força do que qualquer texto para demonstrar que algo estava 
errado no sistema, os economistas retorciam as mãos, espremiam os 
cérebros e invocavam o espírito de Adam Smith, mas não conseguiam 
estabelecer qualquer diagnóstico nem remédio. Desemprego — este tipo 
de desemprego — simplesmente não se encontrava na lista dos possíveis 
problemas do sistema; era absurdo, irracional e, portanto, impossível. Mas 
estava ali (HEILBRONER, 1996, p. 234).
Não havia mais como acreditar que algum mecanismo mágico pudesse trazer a economia a uma 
situação de equilíbrio e não havia como utilizar os recursos disponíveis colocados à disposição para a 
produção. A Grande Depressão que se seguiu à Quebra da Bolsa mostrou, e de forma inequívoca, que o 
encontro automático entre oferta e demanda poderia não acontecer.
A saída encontrada veio sob a forma de um plano ambicioso de Roosevelt que recebeu o nome de 
New Deal (Novo Acordo). Para resolver o problema de 17 milhões de desempregados, em 1933, a solução 
foi a intervenção direta do Estado na economia, investindo e supervisionando os empresários, corrigindo 
as distorções e monitorando as atividades no mercado financeiro. Estava decretado o fim do ideal liberal 
do laissez‑faire, laissez‑passer. A partir da Crise de 1929, o liberalismo se apoiou cada vez mais no Estado 
como salvaguarda dos interesses do capital.
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 Lembrete
O laissez‑faire, laissez‑passer foi o lema dos liberais nos séculos XVII 
e XVIII, e significava “deixar fazer, deixar passar”. Esse lema representava 
a profunda convicção de todos na inadequação de qualquer política 
intervencionista do Estado na economia. Deixar fazer, deixar passar, 
portanto, significava ausência de regras e regulamentos.
De forma resumida, o New Deal buscou alcançar o equilíbrio na economia por meio de uma série de 
medidas:
• criou‑se um gigantesco programa de obras públicas para a construção de escolas, estradas, 
hospitais e aeroportos;
• criou‑se a Previdência Social e foram elaboradas leis para a proteção de empregados e 
desempregados;
• instituiu‑se um salário‑mínimo;
• diminuiu‑se a jornada de trabalho, sem qualquer redução de salário;
• os estoques de cereais foram comprados pelo governo e, posteriormente queimados, com a 
intenção de manter a renda do setor agrícola;
• o governo resolveu arbitrar os conflitos entre empresários com o objetivo de fazer acertos em 
relação aos níveis de produção e de preços;
• os bancos renegociaram as dívidas de pequenos proprietários de terra e aumentaram a concessão 
de crédito aos fazendeiros.
 Observação
Aqui no Brasil, a compra e a posterior queima de café seguiu o mesmo 
raciocínio do New Deal: Getúlio Vargas decidiu que o governo compraria o 
café disponível e estocado (e que não encontrava comprador no mercado 
internacional por conta da crise americana) e manteria a renda de todo o setor 
agrícola, remunerando empresários e trabalhadores. Mais: para que o excesso 
de oferta não provocasse diminuição do preço, o café comprado foi queimado.
Não havia “mão invisível” trazendo o equilíbrio ao mercado, mas tão somente a mão visível do 
Estado salvando o capital e a iniciativa privada e com muita competência. O New Deal aumentou o nível 
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de emprego, estimulou o aumento da produção e salvou o capitalismo das crises e tensões sociais que 
ameaçavam o sistema liberal que havia se organizado desde o século XVII.
Qual a razão do sucesso do New Deal? Ele partiu do pressuposto, e acertadamente, que se a iniciativa 
privada não conseguia investir e se a produção estava paralisada, estava criado um círculo vicioso que 
não poderia ser corrigido a não ser com uma forte injeção de recursos. Quem poderia fazer isso? O Estado, 
construindo estradas, hospitais, obras de infraestrutura: empresas eram remuneradas, empregados eram 
contratados, salários eram pagos, dinheiro era gasto com consumo, empresas produziam mais. Pronto! 
O fluxo de produção/consumo/produção estava refeito.
Qual a lição que o New Deal nos deixou? Aprendemos que, caso o mecanismo natural de regulação 
do mercado não funcione, o Estado pode substituí‑lo, injetando recursos na economia e refazendo o 
fluxo de negócios. A partir disso, o Estado passou a intervir mais ou menos no sistema econômico e, nos 
países onde essa intervenção foi significativa, institui‑se o Welfare State, o Estado do Bem‑Estar.
 Observação
No Welfare State, o Estado chama para si a tarefa de preservar e 
garantir o bem‑estar social por meio de políticas intervencionistas e de 
atendimento às demandas sociais.
Um economista britânico se propôs a traduzir essa nova situação dentro 
dos rigores do pensamento econômico: seu nome era John Maynard Keynes 
e sua influência é visível até mesmo nos dias de hoje.
Os resultados com o New Deal foram satisfatórios: a economia americana voltou a crescer e nesse 
crescimento se manteve até a década de 1970.
7.3 A Segunda Guerra Mundial e os Anos Dourados do Capitalismo
7.3.1 A Segunda Guerra Mundial
Um grande número de historiadoresconsidera que a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) nada 
mais foi do que a continuidade da primeira, especialmente em função das rígidas punições às quais a 
Alemanha ficou sujeita após o término do conflito em 1918. No entanto, a tarefa de compreender os 
motivos que levaram boa parte da Europa e países de outros continentes a se envolverem em outro 
conflito mundial não é simples.
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Figura 35 – Hitler e Mussolini
Como país perdedor na Primeira Guerra, a Alemanha teve que aceitar os termos do Tratado de 
Versalhes, imposto a ela pelos países vencedores: afinal, segundo a percepção dos vitoriosos, havia 
sido a Alemanha a única responsável pela guerra, devendo arcar com todas as suas consequências. 
Parece claro, nos dias de hoje, que o real objetivo do Tratado de Versalhes (1919) foi enfraquecer ao 
máximo a Alemanha. O Tratado impôs ao país perdas territoriais, inclusive das colônias do ultramar 
(posteriormente distribuídas entre ingleses e franceses), a proibição de expansão da força marinha e 
aérea e a obrigação de limitar o número de soldados no exército. O Estado alemão também foi obrigado 
a pagar indenizações de guerra que comprometeram, de forma significativa, a sua capacidade de 
investimento e de reconstrução da economia pós‑guerra.
 Saiba mais
O economista inglês John Maynard Keynes reconheceu de imediato que, 
caso a Alemanha não fosse reintegrada à economia europeia, as chances 
de uma paz duradoura seriam pequenas. Algumas das suas ideias mais 
brilhantes sobre o tema podem ser encontradas em:
KEYNES, J. M. As consequências econômicas da paz. Tradução de Sérgio 
Bath. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado; Brasília: Editora Universidade 
de Brasília, 2002. 3 v. (Clássicos IPRI). Disponível em: <http://www.funag.
gov.br/biblioteca/dmdocuments/0042.pdf>. Acesso em: 4 dez. 2014.
O orgulhoso poderio alemão cedeu lugar à miséria e à frustração da guerra 
perdida, agravadas pelas reparações impostas pelo vencedor — o que facilitou 
que prosperasse o mito da Dolchstoss, a punhalada nas costas, explorado por 
dois ex‑combatentes: um deles, general e notável chefe da Grande Guerra, 
Erieh Ludendorff. O outro, o cabo da Boêmia, como o chamava Hindeburg 
aludindo a seu nascimento na Áustria, agitador, demagogo, mestre em 
discursos inflamados, Adolf Hitler. A paz de Versalhes facilitou a ascensão do 
nazismo e a preparação da nova Guerra (ARARIPE, 2006, p. 345).
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Com a ascensão do fascismo na Itália, a insatisfação passou a ganhar contornos mais perigosos. 
Enquanto isso, o Japão havia se tornado a maior potência do mundo oriental, e seus planos incluíam 
ganhos bem maiores do que os territórios que as potências imperiais estavam dispostas a conceder. Além 
disso, os japoneses tinham interesse em avançar em direção à China: um império em território chinês 
acabaria com os problemas de vulnerabilidade da economia, especialmente em função da escassez de 
terras e matérias‑primas.
O estopim para o conflito foi a invasão da Manchúria pelo Japão em 1931. Em 1935, os italianos invadiram 
a Etiópia; em 1936, a Alemanha e a Itália se envolveram nos conflitos da guerra civil espanhola; em 1938, a 
Alemanha invadiu a Áustria e a Tchecoslováquia, sinalizando também estar disposta a invadir a Polônia. O 
confronto acabou arrastando países de todos os continentes e a guerra tomou proporções absurdas.
Em um livro especializado da História da Segunda Guerra Mundial estão 
registrados os números de aviões produzidos pelos Estados Unidos entre 
1940 e 1945. Das fábricas da Boeing, da Ford, da General Motors, da Martin, 
da Douglas, da Nordi American, da Lockheed, da Courtiss, da Bell, da 
Grumman, espalhadas pelo território americano, saíram 304.887 aviões. Na 
mesma época, os alemães produziram 109.601 aeronaves. Os números, não 
exatamente frios, indicam a capacidade de mobilização material e humana 
para o maior conflito da história da humanidade. A isso chamamos de guerra 
total. [...] A Segunda Guerra Mundial foi uma guerra total no sentido lato da 
palavra. A política nazista de destruição dos judeus (a “solução final”) contava 
com sofisticada organização de busca, seleção, transporte, concentração e 
assassinato nos campos de extermínio (o chamado Holocausto), para onde 
também foram enviados ciganos, oposicionistas e até prisioneiros de guerra. 
Já em 1945, os americanos jogaram bombas atômicas em Hiroshima e 
Nagasaki, ameaçando o mundo com nova tecnologia de morte em massa. 
Essa foi a guerra total no último conflito mundial. Daí a mobilização de 
recursos simplesmente fabulosos (TOTA, 2006, p. 355–356).
 Saiba mais
A filmografia sobre o período é imensa e nossas sugestões são as seguintes:
• Sobre a ideologia nazista: ARQUITETURA da destruição. Dir. Peter 
Cohen. Suécia: Poj Filmproduktion AB, 1989. 119 minutos.
• Sobre a perseguição aos judeus: A LISTA de Schindler. Dir. Steven 
Spielberg. EUA: Universal Pictures, 1993. 195 minutos.
• Sobre a perseguição nazista aos homossexuais: BENT. Dir. Sean 
Mathias. Reino Unido; Japão: Channel Four Films, 1997. 108 minutos.
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• Sobre a influência nazista na política brasileira: OLGA. Dir. Jayme 
Monjardim. Brasil: Europa Filmes, 2004. 141 minutos.
• Sobre a presença nazista na França e o colaboracionismo francês: 
LACOMBE Lucien. Dir. Louis Malle. França; Alemanha Ocidental; 
Itália: Nouvelles Éditions de Films (NEF), 1974. 140 minutos.
• Sobre a presença nazista na Itália: O JARDIM dos Finzi‑Contini. Dir. 
Vittorio de Sica. Itália; Alemanha Ocidental: Documento Film, 1970. 
94 minutos.
Países neutros
Alemanha em 1º/9/1939
Adversários da Alemanha
Países ligados à Alemanha por um Tratado de Amizade
Figura 36 – A Europa, antes da Segunda Guerra
Alguns historiadores concordam em relação à beligerância da Itália, da Alemanha e do Japão e à 
hesitação dos países aliados em entrar em um novo conflito mundial.
E no entanto, se um lado não queria guerra, e fez todo possível para 
evitá‑la, e o outro a glorificava e, no caso de Hitler, sem dúvida a desejava 
ativamente, nenhum dos agressores queria a guerra que tiveram, quando 
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a tiveram, e contra pelo menos alguns dos inimigos com os quais se viram 
lutando. O Japão, apesar da influência militar em sua política, certamente 
teria preferido alcançar seus objetivos – em essência a criação de um império 
leste‑asiático – sem uma guerra geral, na qual só se envolveu porque os 
EUA se achavam envolvidos numa. Que tipo de guerra queria a Alemanha, 
quando e contra quem, ainda são temas de discussão, pois Hitler não era um 
homem que documentava suas decisões, mas duas coisas são claras. Uma 
guerra contra a Polônia (apoiada pela Grã‑Bretanha e a França) em 1939 
não fazia parte do seu plano de guerra, e a guerra em que finalmente se viu, 
contra a URSS e os EUA, era o pesadelo de todo general e diplomata alemão 
(HOBSBAWM, 2008, p. 45).
A Alemanha e o Japão pretendiam que a guerra fosse rápida, já que estavam conscientes de que os 
recursos de seus inimigos, caso fossem unidos e coordenados, seriam muito superiores aos seus. Já os 
países aliados sabiam que a guerra seria longa, e se prepararam para isso.
Na primavera de 1940, a Noruega, a Dinamarca, os Países Baixos, a Bélgica e a França já haviam sidoconquistadas pela Alemanha. Apenas a Grã‑Bretanha ainda resistia.
Território alemão
Territórios ocupados
Territórios aliados
Figura 37 – Territórios ocupados pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial
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A Segunda Guerra Mundial teve como característica determinante o fato 
de que os países em conflitos visavam a pretensões ilimitadas. Em outras 
palavras, tinham como objetivo a submissão absoluta do adversário. Se na 
Primeira Guerra Mundial o objetivo das nações em combate era a derrota 
do inimigo no campo de batalha e a imposição de condições de paz, isso 
não era exatamente válido para a Segunda Guerra Mundial. A Alemanha 
de Hitler, por exemplo, pretendia dominar a Europa e transformar os países 
do Ocidente em estados vassalos. O plano nazista para o lado oriental 
era reduzir a União Soviética à condição de colônia e transformar sua 
população em serviçais dos “senhores” germânicos. Do lado dos Aliados, 
isto é, da Grã‑Bretanha, Estados Unidos e União Soviética, os objetivos não 
eram limitados: só a rendição incondicional é que valeria. Não se aceitaria 
uma paz negociada, não haveria condições. O inimigo seria combatido até a 
última bala (TOTA, 2006, p. 356).
Essa nova atitude em relação aos adversários também era uma herança da Primeira Guerra Mundial. 
Não era apenas o caso de vencer aquela guerra, mas o de destruir completamente o inimigo para que 
nunca mais ele pudesse atacar.
[...] tornou‑se bastante evidente para os políticos, pelo menos nos países 
democráticos, que os banhos de sangue de 1914–1918 não seriam mais 
tolerados pelos eleitores. A estratégia pós‑1918 da Grã‑Bretanha e da 
França, tal como a estratégia pós‑Vietnã nos EUA, baseava‑se nessa crença. 
A curto prazo, isso ajudou os alemães a ganhar a Segunda Guerra Mundial no 
Ocidente em 1940, contra uma França empenhada em agachar‑se por trás 
de suas fortificações incompletas e, uma vez rompidas estas, simplesmente 
não querendo continuar a luta; e uma Grã‑Bretanha desesperada por 
evitar meter‑se no tipo de guerra terrestre maciça que dizimara seu povo 
em 1914–1918. A longo prazo, os governos democráticos não resistiram à 
tentação de salvar as vidas de seus cidadãos, tratando as dos países inimigos 
como totalmente descartáveis (HOBSBAWM, 2008, p. 34)
Em julho de 1941, Hitler resolveu invadir a URSS. Pareceu (e foi) uma decisão insensata, por que a 
partir daquele momento, a Alemanha teria que lidar com duas frentes (a guerra no lado ocidental e a 
guerra em território russo). No entanto, apesar dos riscos que Hitler sabia estar correndo, a conquista 
de um vasto território oriental rico em recursos e trabalho escravo significaria ganhos incalculáveis. 
Segundo Hobsbawm (2008), em meados de outubro de 1941, os alemães já tinham alcançado os 
arredores de Moscou:
[...] e há indícios de que, durante alguns dias, o próprio Stalin ficou 
desmoralizado e pensou em fazer paz. Mas o momento passou, e as simples 
dimensões das reservas de espaço, força humana, valentia física e patriotismo 
russos, e um implacável esforço de guerra, derrotaram os alemães e deram 
à URSS tempo para se organizar efetivamente (HOBSBAWM, 2008, p. 47).
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A guerra foi muito mais longa do que poderiam imaginar e desejar os alemães. Como acontecera 
com outros grandes exércitos, o inverno russo era um obstáculo significativo: mesmo que não vitimasse 
todos os soldados, os prejuízos em homens e armamentos seriam tão grandes que deixariam os alemães 
em situação de extrema vulnerabilidade. No verão de 1942, os alemães finalmente foram detidos em 
Stalingrado: a derrota era só uma questão de tempo (HOBSBAWM, 2008).
Em 1941, os japoneses entraram em conflito com a Grã‑Bretanha e EUA; o que foi uma péssima 
decisão. Para piorar, atacaram uma base americana em Pearl Harbor, em 7 de dezembro de 1941, criando 
uma nova frente de combate no Pacífico e oficializando a entrada dos Estados Unidos na guerra.
 Saiba mais
Sobre o assunto, sugerimos o filme:
PEARL Harbor. Dir. Michael Bay. EUA: Touchstone Pictures, 2001. 183 
minutos.
O Japão não contava com uma resposta rápida do Ocidente tal como acontecera quando Hitler e 
Mussolini haviam começado a se expandir. No entanto, os países aliados reagiram prontamente, usando 
todas as forças e recursos disponíveis. Se a intenção japonesa era imobilizar a marinha americana e se 
tornar uma potência no Oriente, essa se mostrou uma manobra suicida. De fato, a entrada dos EUA na 
guerra praticamente definiu os vencedores do conflito.
Hitler, embora esgotado pela guerra com os russos, declarou guerra aos EUA. Estrategicamente, os 
EUA se concentraram em inicialmente derrotar a Alemanha para, depois, partir para cima do Japão.
[...] Winston Churchill tinha razão quando exclamou confiante depois 
de Pearl Harbor que a vitória pela aplicação correta de uma força 
esmagadora era certa (KENNEDY, p. 347). Do fim de 1942 em diante, 
ninguém duvidou de que a Grande Aliança contra o Eixo ia vencer. Os 
aliados começaram a concentrar‑se no que fazer com a sua previsível 
vitória (HOBSBAWM, 2008, p. 49).
Em junho de 1944, Eisenhower (presidente americano) e Churchill (primeiro ministro inglês) 
planejaram o desembarque de tropas aliadas na Europa (na Normandia), em uma operação que ficou 
conhecida como Dia D e que significou o começo do fim da guerra na Europa.
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Figura 38 – O Dia D: as forças aliadas desembarcaram na Normandia, abrindo uma terceira frente de avanço contra a Alemanha
 Saiba mais
Sobre o fim da guerra, sugerimos:
O RESGATE do Soldado Ryan. Dir. Steven Spielberg. EUA: DreamWorks 
SKG, 1998. 169 minutos.
Hitler permaneceu no poder, mesmo quando a derrota já era iminente: contra ele houve apenas uma 
tentativa de golpe, com generais planejando matá‑lo e tomar o poder. Como a tentativa fracassou, os golpistas 
foram mortos, o que fortaleceu mais ainda a posição do Führer. À notícia da aproximação das tropas aliadas 
em terras alemãs, Hitler suicidou‑se no bunker em que se escondia. A guerra na Europa havia acabado.
 Saiba mais
Sobre os últimos dias de Hitler, sugerimos o filme:
A QUEDA! As últimas horas de Hitler. Dir. Oliver Hirschbiegel. Alemanha; 
Áustria; Itália: Constantin Film Produktion, 2004. 155 minutos.
Sobre os julgamentos dos crimes de guerra cometidos pelos nazistas, 
sugerimos:
NUREMBERG. Dir. Yves Simoneau. Canadá; EUA: Alliance Atlantis 
Communications, 2000. 180 minutos.
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Faltava resolver o conflito no Pacífico: a rendição japonesa no leste com o ataque atômico às cidades 
de Hiroshima e Nagasaki.
O lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945 
não foi justificado como indispensável para a vitória, então absolutamente 
certa, mas como um meio de salvar vidas de soldados americanos 
(HOBSBAWM, 2008, p. 35).
Figura 39 – A bomba atômica
 Saiba mais
Sobre a guerra do Pacífico, sugerimos:
CARTAS de Iwo Jima. Dir. Clint Eastwood. EUA: DreamWorks SKG, 2006. 
141 minutos.
A CONQUISTA da honra. Dir. Clint Eastwood. EUA: DreamWorks SKG, 
2006. 132 minutos.
A vitória dos aliados em 1945 foi inequívoca e nenhum acordo de paz ou tratado foi assinado: 
apenas dividiram‑se os despojos da vitória entre os países vencedores. Ao final, chegara o momento decontabilizar as perdas: 6 milhões de judeus pereceram nos campos de concentração, da mesma forma 
como ocorreu com outras minorias étnicas. A morte também alcançou entre 10% e 20% da população 
total da URSS, Polônia e Iugoslávia; entre 4% e 6% da Áustria, Itália, Alemanha, Hungria, Japão e China; 
a Grã‑Bretanha e a França tiveram baixas menores do que na Primeira Guerra Mundial (cerca de 1%). 
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As estatísticas soviéticas sobre as baixas variaram muito: alguns dados apontaram para sete milhões de 
perdas, outros para 20 ou mesmo para 30 milhões de mortos.
Quais as lições e heranças deixadas pela Segunda Guerra Mundial? Em primeiro lugar, a criação 
da ONU, órgão internacional responsável por intermediar os antagonismos existentes entre as 
várias nações.
Pensava‑se no estabelecimento de uma paz duradoura para compensar 
os anos de sofrimento e horror que a humanidade havia passado nos 
2.194 dias de guerra. O organismo pensado para coordenar as diretrizes 
para a manutenção da paz foi a ONU (Organização das Nações Unidas). 
[...] A formalização da ONU deu‑se na Conferência de São Francisco, 
em junho de 1945. Roosevelt, um dos seus grandes arquitetos, havia 
morrido pouco antes. Na ocasião da formação da ONU, 50 nações 
assinaram uma carta com 11 artigos. Como órgão máximo da ONU, 
criou‑se o Conselho de Segurança, composto por cinco membros 
permanentes (Estados Unidos, União Soviética, Grã‑Bretanha, França 
e China) e dez membros rotativos, que exercem o cargo por dois anos 
e são eleitos pela Assembleia Geral. Ao Conselho de Segurança, cabe 
manter a paz e a segurança internacional. Aos cinco membros do 
Conselho, foi atribuído o direito individual de veto. Os Estados Unidos, 
com maioria no Conselho de Segurança e direito de veto, concentraram 
poder maior que o de qualquer outra potência no quadro das Nações 
Unidas (TOTA, 2006, p. 387).
Outra herança foi o fim da hegemonia europeia na condução da política e da economia 
mundial. Os Estados Unidos emergiram desse conflito como a maior liderança e a economia mais 
poderosa do mundo, tendo como oponentes apenas as nações socialistas lideradas pela União 
Soviética.
O fim da Segunda Guerra Mundial marcou o encerramento da hegemonia 
europeia e deflagrou a disputa entre o mundo ocidental, liderado pelos 
Estados Unidos, e o bloco socialista, liderado pela União Soviética. [...] O 
conflito entre a União Soviética e o mundo capitalista era inevitável. Em 
vez de tentar uma acomodação com o mundo socialista, os Estados Unidos 
deveriam dedicar‑se em conter a expansão do comunismo até que surgisse 
nova forma de governo mais moderado e não totalitário na União Soviética, 
diziam alguns líderes políticos e altos funcionários americanos. [...] Em março 
de 1947, Harry Truman dirigiu‑se ao Congresso americano e proclamou a 
doutrina que seria batizada com seu nome: “A política dos Estados Unidos 
deverá ser de apoio total aos povos livres que lutam e resistem às tentativas 
de submissão de povos, pela força das armas ou não...”. Era a Guerra Fria que 
se anunciava (TOTA, 2006, p. 388).
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7.3.2 Os Anos Dourados do Capitalismo
No mundo pós‑guerra, os avanços da ciência se refletiam na produção de bens e serviços, mesmo 
que a ciência ali envolvida fosse impossível de ser compreendida pelos usuários desses mesmos bens e 
serviços (HOBSBAWM, 2008). Por exemplo: a física quântica de Einstein era utilizada na fabricação de 
produtos utilizados no dia a dia, para isso não precisando que o usuário entendesse qualquer coisa a 
respeito de física ou física quântica.
A competição entre países capitalistas e socialistas também estimulou a corrida tecnológica: 
tratava‑se de descobrir qual dos dois sistemas era capaz de chegar primeiro ao espaço, de vencer no 
maior número de esportes, de fabricar as melhores armas, de produzir o melhor jogador de xadrez.
Ao mesmo tempo em que a tecnologia surpreendia e prenunciava um admirável mundo novo, ela 
também assustava: afinal, a ciência produzira a bomba atômica que, da mesma forma como fizera em 
Hiroshima e Nagasaki, poderia dizimar milhões de pessoas em segundos. Aliás, nunca antes a humanidade 
progredira tanto e nunca antes estivera tão perto da destruição total.
Apesar da incerteza e das dificuldades impostas pela reconstrução da Europa pós‑guerra, e talvez até 
mesmo em função disso, os Estados Unidos estavam vivendo naquele instante os anos de maior fartura 
e desenvolvimento. A guerra, afinal, fora um excelente negócio, e as indústrias americanas continuaram 
funcionando a todo vapor.
O desenvolvimento e o pleno emprego aconteciam nas economias dos países desenvolvidos e 
até mesmo nas economias do bloco soviético. Nunca antes o capitalismo havia mostrado tamanho 
crescimento e tanta prosperidade. Mesmo com a explosão populacional e com a contínua exclusão 
de determinadas nações na distribuição da riqueza do mundo, a fome e a miséria ainda não se 
haviam tornado endêmicas. A impressão compartilhada por todos era que as economias continuariam 
crescendo indefinidamente. Na década de 1960, apenas quinze anos após o término da Segunda Guerra 
Mundial, a produção mundial de manufaturas se quadruplicara e o comércio mundial dos produtos da 
industrialização se multiplicara por dez (HOBSBAWM, 2008).
A ajuda financeira aos perdedores da Segunda Guerra colaborou ainda mais com o crescimento 
das grandes corporações transnacionais. A guerra havia estimulado a indústria nos países vencedores 
e a reconstrução dos países perdedores incentivou ainda mais os negócios. Até mesmo os organismos 
internacionais criados ao final da década de 1940 (FMI e Banco Mundial) estavam a serviço das políticas 
hegemônicas norte‑americanas, já que o sucesso econômico dessas políticas era indiscutível.
No período entre 1950 e 1970, o crescimento econômico foi surpreendente e único. Segundo Judt 
(2008, p. 331‑333),
[...] na Europa Ocidental, as três décadas que seguiram a derrota de Hitler 
foram deveras “gloriosas”. A extraordinária aceleração do crescimento 
econômico foi acompanhada por uma era de prosperidade sem precedentes.
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O final da década de 1940 também foi marcado pela Revolução Chinesa. Em 1949, Mao Tse Tung 
liderou um movimento de revolta contra o governo de Chiang Kai‑shek, que perseguia os partidários do 
comunismo. Mao pretendia distribuir terras e adotar uma política mais agressiva em relação às forças 
imperialistas, e por isso se opôs a Chiang Kai‑shek. Vitorioso, Mao instituiu a República Popular da China 
e promoveu a coletivização das terras, a nacionalização das empresas estrangeiras e a apropriação do 
aparato econômico nas mãos do Estado.
Figura 40 – Peça de campanha publicitária utilizada para promover Mao Tse Tung e o comunismo como modelo de organização social
Outro movimento importante ocorreu dez anos depois: a deposição de Fulgêncio Batista, em Cuba, 
e a tomada do poder por Fidel Castro que, durante as décadas seguintes, tratou de estabelecer na região 
um regime antiamericano e anticapitalista.
Figura 41 – Fidel Castro, líder da revolução que depôs Fulgêncio Batista
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Sobre a juventude de Fidel Castro, sugerimos:
DIÁRIOS de motocicleta. Dir. Walter Salles. Argentina; EUA; Chile; Peru; 
Brasil;Reino Unido; Alemanha; França: FilmFour, 2004. 126 minutos.
Em 1976, Fernando Morais lançou um interessante livro sobre sua 
viagem à Cuba:
MORAIS, F. A Ilha. São Paulo: Cia. das Letras, 2001.
Em 1960, a média de desemprego na Europa Ocidental era de 1,5%; além disso, a produção de 
alimentos cresceu mais depressa do que a população, tanto nos países desenvolvidos, quanto nos não 
industriais. No caso das manufaturas, a produção quadruplicou entre o início da década 1950 e o início 
da década de 1970 (HOBSBAWN, 2008).
Outras estatísticas provam o clima de euforia e riqueza do período: durante a década de 1950, o 
índice anual médio de produção per capita cresceu 6,5%, na Itália 5,3% e na França, 3,5%. Até mesmo 
a economia alemã alcançou uma média anual de 1,8%. As economias do oeste europeu prosperaram 
em níveis historicamente incomuns. Na Alemanha, o PIB per capita alemão mais do que triplicou, 
em termos reais, entre 1950 e 1973. A França cresceu perto de 6,52% ao ano. A Itália, mesmo tendo 
partido de patamares econômicos inferiores, registrou níveis ainda maiores de crescimento. Até 
mesmo os países historicamente pobres apresentaram elevadas taxas de crescimento: na Áustria, o 
PIB per capita cresceu 203% e na Espanha, 265% entre 1950 e 1973, enquanto, no mesmo período, a 
Holanda cresceu 3,5% ao ano (JUDT, 2008). Esse crescimento todo podia ser atribuído a três principais 
fatores: a expansão do comércio, o aumento da produtividade do trabalho e a mudança de uma 
Europa quase toda ainda pré‑industrial.
Em todo o mundo, os governos passaram a investir em obras de infraestrutura, enquanto 
os empresários trocavam máquinas e equipamentos por outras novas e com mais tecnologia 
(MODESTO, 2013). Foram anos dourados e, até o final do século XX, o volume mundial de 
exportação cresceria pelo menos dezesseis vezes, ao mesmo tempo em que a produtividade 
superaria três vezes os índices registrados nos oitenta anos anteriores. Na Europa e nos outros 
continentes, economias que ainda se amparavam nas atividades de extração e agrícolas passaram 
a viver cada vez mais da industrialização. Esse processo ocorreu na Itália, na Áustria, na França, 
na Alemanha Ocidental, na Espanha, na Bélgica e no Reino Unido: em todos esses lugares, a força 
de trabalho empregada na agricultura foi decrescendo, ao mesmo tempo em que foi subindo a 
porcentagem de trabalhadores nas fábricas.
O Plano Marshall, levado a cabo pelos Estados Unidos, foi outro fator que contribuiu 
decisivamente para esse progresso e crescimento (MODESTO, 2013). O plano de ajuda econômica 
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e financeira para a Europa tinha dois objetivos: em primeiro lugar, dar condições aos países 
europeus de importarem produtos manufaturados norte‑americanos; em segundo, evitar que a 
miséria na Europa pós‑guerra pudesse estimular a população na direção de governos comunistas 
ou socialistas. Na verdade, outra guerra, dessa vez não explícita e não formalmente declarada, 
estava prestes a estourar.
7.3.3 A Guerra Fria
Chamamos de Guerra Fria o impasse Pós‑Segunda Guerra Mundial entre URSS e EUA, as duas 
superpotências que emergiram com o final da Segunda Guerra Mundial. Não houve confronto 
direto entre URSS e EUA, e a palavra “guerra” buscou mostrar apenas o estado de beligerância e 
franca agressividade entre as duas nações. Na verdade, a batalha entre elas foi indireta, sempre 
em território estrangeiro e quase sempre na tentativa de expandir a influência de seu modo de 
vida e do seu sistema político‑econômico. Em resumo, foi uma disputa pela hegemonia militar, 
econômica e política.
Para Hobsbawm (2008), a Guerra Fria pode ser dividida em dois períodos: o primeiro, de 1945 até 
meados da década de 1970 e o segundo, da década de 1970 até a dissolução da União Soviética em 
razão dos múltiplos processos de independência de suas repúblicas, em 1991.
Em termos concretos, a Guerra Fria não representou um perigo iminente de guerra mundial, já que 
as duas superpotências haviam concordado com a distribuição de forças no fim da Segunda Guerra 
Mundial: a URSS controlava ou influenciava uma parte do globo (as zonas ocupadas pelo Exército 
Vermelho e/ ou forças comunistas no fim da guerra), e os EUA controlavam e exerciam predominância 
sobre os países capitalistas, além do hemisfério norte e oceanos. No entanto, o perigo pairava no ar e, 
por causa dele, cada uma das nações aumentou seus arsenais de armas, buscando inclusive a supremacia 
da conquista das estrelas, da Lua e do espaço.
 Saiba mais
Em 1949, explodiu a primeira bomba atômica soviética. Os EUA 
procuraram, de forma persistente, os culpados pelo envio de “informações” 
secretas à União Soviética que teriam permitido aos russos a construção desse 
artefato. Os culpados foram rapidamente identificados, julgados, condenados 
e executados na cadeira elétrica, em 1953, após um processo judicial cheio de 
erros: o casal de cientistas norte‑americanos judeus Ethel e Julius Rosenberg.
Sobre o assunto, sugerimos o filme Daniel, baseado em livro homônimo 
de E. L. Doctorow, que reconstitui, ficcionalmente, o caso Rosenberg:
DANIEL. Dir. Sidney Lumet. Reino Unido; EUA: Paramount Pictures, 
1983. 130 minutos.
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Sobre a Guerra Fria, sugerimos o filme:
O ESPIÃO que veio do frio. Dir. Martin Ritt. Reino Unido: Salem Films 
Limited, 1965. 112 minutos.
Esse estado de beligerância entre as duas nações tinha antecedentes, mas as divergências haviam 
sido relevadas em função da existência de inimigos comuns mais perigosos: o nazismo e o fascismo. 
Derrotados esses inimigos, as nações pretendiam fazer o seu acerto de contas (JUDT, 2008).
Claro que as duas superpotências sabiam da impossibilidade de um confronto direto: afinal, ambas 
tinham um arsenal nuclear suficiente para acabar com toda e qualquer forma de vida no planeta. No 
entanto, o medo de que a nação rival prevalecesse em termos de força e influência empurrava ambas 
para uma corrida armamentista descontrolada.
Contudo, dessa situação surgiu uma política de confronto dos dois lados. 
A URSS, consciente da precariedade e insegurança de sua posição, via‑se 
diante do poder mundial dos EUA, conscientes da precariedade e insegurança 
da Europa Central e Ocidental e do futuro incerto de grande parte da Ásia. O 
confronto provavelmente teria surgido mesmo sem ideologia (HOBSBAWM, 
2008, p. 230).
No lado socialista, alinharam‑se os países ligados pelo Pacto de Varsóvia, que reunia URSS, China, 
Cuba, Alemanha Oriental, Albânia, Coreia do Norte, Polônia, Romênia e Tchecoslováquia, entre outros.
No lado capitalista, alinharam‑se os países vinculados à Otan (Organização do Tratado do Atlântico 
Norte): EUA, Grã‑Bretanha, França, Alemanha Ocidental, Canadá, Itália, Áustria, Suécia, Espanha, Bélgica, 
Dinamarca, Holanda e Grécia.
O mundo estava dividido em dois grandes blocos, cada um deles representando um sistema 
político‑econômico.
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Países do Leste Europeu
República da ex‑URSS
Outros países
Região de Kaliningrado, pertencente à República Russa
Figura 42 – Leste europeu (1945 a 1989)
Um combate direto entre as duas superpotências nunca ocorreu, mas vários foram os picos de 
conflito entre elas:
• A Guerra da Coreia (de 1950 a 1953), conflito militar que envolveu, de um lado, Coreia do Sul, 
Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido; do outro, Coreia do Norte, China e União 
Soviética.Saiba mais
Sobre a Guerra da Coreia, sugerimos o filme Mash, uma comédia 
debochada que retrata um acampamento militar americano durante o 
conflito na Coreia.
MASH. Dir. Robert Altman. EUA: Aspen Productions,1970. 116 minutos.
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• A construção do muro de Berlim, em 1961. A cidade de Berlim foi dividida por um muro: ao 
lado do bloco socialista, a Alemanha Oriental ficou sob o domínio soviético; e, ao lado do bloco 
capitalista, ficou a Alemanha Ocidental.
Figura 43 – Muro de Berlim
• O episódio da Baía dos Porcos (em Cuba, 1962), resultado da tentativa de invasão do território 
cubano (e deposição do governo de Castro) por exilados cubanos armados e treinados pelos 
Estados Unidos, sob a presidência de J. Kennedy. A União Soviética, por outro lado, tratou de 
armar os cubanos. A invasão americana acabou fracassando, mas o conflito quase provocou uma 
guerra entre americanos e soviéticos.
 Saiba mais
Sobre o episódio da Baía dos Porcos, sugerimos o filme:
TREZE dias que abalaram o mundo. Dir. Roger Donaldson. EUA: New 
Line Cinema, 2000. 145 minutos.
• A Guerra do Vietnã, que se estendeu de 1965 a 1975 e que envolveu, de um lado, Vietnã do Sul, 
EUA, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Filipinas, Tailândia e Taiwan; de outro, Vietnã do 
Norte, China, Coreia do Norte e União Soviética. De forma resumida, a guerra foi resultado da 
iniciativa americana de buscar conter o avanço do comunismo na região. Depois de anos de guerra 
e após milhões de mortes, o governo americano saiu do Vietnã que, em 1973, foi reunificado e, 
desde então, adotou o regime socialista de governo.
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Figura 44 – Vietnã
 Saiba mais
A filmografia sobre a guerra do Vietnã é imensa. Sugerimos, em especial:
AMARGO regresso. Dir. Hal Ashby. EUA: Jerome Hellman Productions, 
1978. 122 minutos.
APOCALIPSE now. Dir. Francis Ford Coppola. EUA: Zoetrope Studios,1979. 
202 minutos.
CORAÇÕES e mentes. Dir. Peter Davis. EUA: BBS Productions, 1974. 112 
minutos.
O FRANCO atirador. Dir. Michael Cimino. Reino Unido; EUA: EMI Films, 
1978. 183 minutos.
PLATOON. Dir. Oliver Stone. Reino Unido; EUA: Hemdale Film, 1986. 120 
minutos.
Outro fenômeno importante também pode ser imputado ao clima paranoico da Guerra Fria: a 
ocorrência de inúmeros golpes militares na América Latina, a maioria deles para resguardar a população 
do ataque e do avanço comunista. Isso ocorreu no Brasil, na Argentina e no Chile, países que passaram 
por duradouras ditaduras militares durante as décadas de 1960 e 1970.
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De qualquer forma, aos poucos, a polaridade entre EUA e URSS foi perdendo importância. Outros 
países conseguiram dominar a tecnologia nuclear, mudando o equilíbrio de forças: Grã‑Bretanha (1952), 
França e China (década de1960), Israel e África do Sul (décadas de 1970 e 1980). Em função dos efeitos 
do Plano Marshall, a Alemanha e o Japão se tornaram também verdadeiras potências. De acordo com 
Hobsbawm (2008, p. 238),
[...] à medida que a Guerra Fria se estendia, abria‑se um crescente fosso entre 
a dominação esmagadoramente militar, e portanto política, que Washington 
exercia na aliança e o enfraquecimento da predominância econômica dos EUA.
Para além da crise política e ideológica que havia polarizado o mundo no pós‑guerra, outro problema 
já dava sinais de outra crise econômica que afetaria todos os países do mundo: o processo inflacionário.
Não se tratava de outra elevação generalizada de preços como já ocorrera em outros instantes. Dessa 
vez a inflação era o centro da crise, atingindo os países em desenvolvimento com o mesmo ímpeto que 
atingia as nações industrializadas e desenvolvidas.
7.3.4 A crise do petróleo e os efeitos na economia mundial
Há várias explicações para o processo inflacionário que atingiu todas as economias e normalmente 
elas giram em torno de três fenômenos: a inflação que teve início nos Estados Unidos, em função do 
aumento de gastos com o conflito no Vietnã, a quebra de safras agrícolas, que provocou aumento dos 
preços, e o choque do petróleo, que aumentou o preço do principal recurso de produção da economia 
capitalista. Em função desses acontecimentos, em 1973, os preços apresentaram violenta variação, 
elevando‑se de forma generalizada.
 Observação
Em 1973 eclodiu a guerra do Yom Kipur entre Israel e as forças do 
Egito e da Síria. Como represália ao apoio dos Estados Unidos a Israel, os 
países árabes exportadores de petróleo se reuniram na Opep e decidiram 
aumentar o preço do petróleo de um dia para o outro, provocando um 
efeito cascata de aumento de preços em todas as partes do globo.
Depois de um grande período de crescimento econômico, a maioria dos países começou a apresentar 
altas taxas inflacionárias associadas à diminuição no ritmo da atividade econômica, o que gerou elevados 
índices de desemprego. A esse cenário, damos o nome de estagflação, processo de inflação associado à 
diminuição do crescimento econômico.
Além disso, os países em desenvolvimento que haviam contraído dívidas com o FMI (Fundo Monetário 
Internacional), viram sua dívida externa aumentar cada vez mais em função da elevação da taxa de 
juros. O segundo choque do petróleo, em 1979, tornou complicada uma situação que já era terrível. 
De fato, o aumento do preço do petróleo havia causado mais dano do que uma guerra nuclear teria 
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conseguido causar. Para um sistema capitalista que imaginava que os recursos naturais eram infinitos e 
baratos, a ação da Opep havia causado um estrago e tanto.
Através da Opep, os Estados árabes do Oriente Médio tinham feito o 
possível para impedir o apoio a Israel, cortando fornecimentos de petróleo 
e ameaçando com embargos. Ao fazer isso, descobriram sua capacidade 
de multiplicar o preço do petróleo no mundo. E os ministérios das 
Relações Exteriores do mundo todo não podiam deixar de observar que os 
todo‑poderosos EUA não faziam nem podiam fazer nada imediatamente a 
respeito (HOBSBAWM, 2008, p. 242).
Oleoduto
Porto de embarque
Refinaria de petróleo
Jazidas de petróleo
Jazidas de gás natural
Circulação de petróleo
Gasoduto
Figura 45 – Oriente Médio, palco de conflitos em função das reservas de petróleo
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A diminuição da oferta do produto fez com que seu preço disparasse e, com isso, aumentassem 
os custos das empresas de forma significativa. O repasse dos aumentos de custos para os preços 
aos consumidores provocou, além da inflação dos preços, a diminuição dos lucros das empresas. 
Como já havia acontecido antes na História, as empresas resolveram o problema de queda de 
lucros com a dispensa de mão de obra. Além da inflação, o desemprego também se tornava 
endêmico.
Não foram apenas as economias capitalistas que sofreram com a crise: as economias dos 
países do bloco soviético começaram a apresentar balanças comerciais com saldo negativo e 
passaram a contrair empréstimos junto aos bancos e outros órgãos de financiamento. Assim, 
as economias socialistas haviam passado a dever muito dinheiro, mesmo algumas delas sendo 
produtoras de petróleo.
Aliás, um fato deveras curioso marcou esse período:como os países exportadores de petróleo 
estavam superavitários (tinham muito dinheiro estocado), tornaram‑se os maiores financiadores dos 
países que necessitavam de recursos financeiros. Assim, os países em desenvolvimento passaram a 
contrair empréstimos de maneira descontrolada, tanto para financiar a importação de petróleo como 
para financiar obras de infraestrutura.
 Observação
O Brasil foi um dos países que mais emprestou recursos financeiros 
nesse período e que mais sofreu com o processo inflacionário.
As repúblicas soviéticas entraram em crise no final da década de 1980, precipitando, assim, a crise no 
mundo socialista. Mikhail Gorbachev (1985–1991), o então presidente da União Soviética, anunciou uma 
era de reformas por meio de dois mecanismos: a perestroika (que significava reestruturação econômica) 
e a glanost (a partir da qual se pretendia obter transparência na organização política).
Essas medidas iniciadas por Gorbachev na URSS refletiram‑se também na Alemanha Oriental e em 
outros países que dependiam dos recursos russos para sobreviver. Fragilizada, a URSS não conseguiu 
conter os movimentos separatistas e a favor da independência de várias de suas repúblicas: o império 
soviético se desmontava. Em 1989, o Muro de Berlim foi derrubado, o que uniu novamente os dois lados 
da Alemanha. A Guerra Fria estava terminada.
 Observação
O movimento de abertura política na URSS foi idealizado por setores 
da elite soviética – alguns poucos dirigentes do Partido Comunista e uma 
classe média com acesso à educação e formação técnica – dado que a 
maior parte da população jamais havia conhecido outro regime.
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Para Hobsbawm (2008, p. 246), Gorbachev foi fundamental para o fim da Guerra Fria.
Provavelmente era mais fácil para um líder soviético do que para um 
americano tomar essa iniciativa [de por um fim à Guerra Fria], porque, ao 
contrário de Washington, Moscou jamais encarara a Guerra Fria como uma 
cruzada, talvez porque não precisasse levar em conta uma excitada opinião 
pública. Por outro lado, exatamente por isso, seria mais difícil para um líder 
soviético convencer o Ocidente de que falava sério. Desse modo, o mundo 
tem uma dívida enorme com Mikhail Gorbachev, que não apenas tomou 
essa iniciativa como conseguiu, sozinho, convencer o governo americano e 
outros no Ocidente de que falava a verdade.
Figura 46 – Gorbatchev e sua esposa, Raísa. Paris, julho de 1989
Em seguida ao desmanche da União Soviética, os países da Europa do Leste adotaram regimes 
democráticos e os russos se retiraram do Afeganistão. Uma a uma, as repúblicas declararam‑se 
independentes do poder central soviético e conquistaram a soberania.
 Saiba mais
Sobre o tema, sugerimos o filme Adeus, Lenin, uma comédia que narra 
as mudanças ocorridas nos países socialistas após a queda do Muro de 
Berlim:
ADEUS, Lenin. Dir. Wolfgang Becker. Alemanha: X‑Filme Creative Pool, 
2002. 112 minutos.
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Enquanto isso, na China, o governo comunista também sofria com revoltas e manifestações 
populares em favor de maior liberdade. A brutal violência contra manifestantes na Praça Celestial de 
Pequim provocou repercussões indignadas e Deng Xiaoping acabou renunciando alguns meses depois.
Figura 47 – Jovem em frente a tanques em Pequim
Ao final da década de 1980, os mundos capitalistas e socialistas já não brigavam mais entre si: o 
mundo havia se tornado um grande e único bloco capitalista. No entanto, como resolver as crises que 
se haviam disseminado em todos os quadrantes? A resposta encontrada foi o retorno aos tempos de 
liberalização econômica, com reduzida participação do Estado e aumento da liberdade de mercado.
 Saiba mais
Ao final da década de 1980, o historiador nipoamericano Francis 
Fukuyama defendeu a ideia de “fim da História”. Afinal, se o sistema liberal 
ocidental saíra fortalecido e vitorioso da Guerra Fria, e se não havia mais 
conflitos entre capital e trabalho, não haveria mais História a ser contada. 
Para saber mais sobre isso, sugerimos a leitura do artigo:
ALMEIDA, P. R. O “fim da História”, de Fukuyama, vinte anos depois: o 
que ficou? Mundorama, 21 jan. 2010. Disponível em: <http://mundorama.
net/2010/01/21/o‑fim‑da‑historia‑de‑fukuyama‑vinte‑anos‑depois‑o‑que
‑ficou‑por‑paulo‑roberto‑de‑almeida/>. Acesso em: 10 dez. 2014.
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8 O NEOLIBERALISMO E SEUS DESDOBRAMENTOS
8.1 O neoliberalismo e o Consenso de Washington
Não, a História não havia chegado ao fim. Na verdade, ela dava quase uma meia‑volta, buscando 
fazer a releitura das velhas ideias preconizadas pelo liberalismo dos séculos XVIII e XIX. Assim, esse 
neoliberalismo atual reafirmou valores que defendiam uma menor intervenção do Estado na economia, 
reabilitando o velho “laissez‑faire, laissez‑passer”: o mercado trataria de comandar a economia, ficando 
o Estado apenas responsável pela defesa nacional, pela proteção da propriedade e pela execução de 
poucas políticas sociais.
Enfatizamos: poucas políticas sociais. O Estado deveria ser mínimo: mínima intervenção, mínimas 
barreiras ao livre‑comércio, impostos mínimos, benefícios sociais mínimos. Deveriam sobreviver os países 
que soubessem aproveitar as oportunidades do mercado e as empresas que identificassem vantagens 
competitivas.
Esse novo liberalismo não buscou apenas reinterpretar a crença na “tendência natural do mercado em 
direção ao equilíbrio”: como o mundo não se encontrava mais polarizado entre socialistas e capitalistas, 
a partir da década de 1990, desenvolveram‑se inúmeras relações de multipolaridades, que redesenharam 
o mapa até então construído por meio de guerras e conflitos armados.
Legenda Áreas ainda indefinidas
Os três principais 
polos ou centros da 
economia mundial 
nos dias atuais.
1. CEI - Comunidade de Estados Independentes (ex-URSS). Por um lado, pode 
vir a tornar‑se uma periferia da Europa; por outro lado, pode ocorrer a incorparação 
das Repúblicas meridionais e islâmicas ao Oriente Médio. Pode também vir a ser um 
mercado comum efetivo, menos importante que os três principais.
2. China. Pode ser periferizada pelo Japão ou tornar‑se uma nova potência, embora 
secundária.
Linha divisória 
entre o Norte 
desenvolvido e o 
Sul subdesenvolvido
3. Oriente Médio. Área de disputa entre os três polos ou centros importantes, com 
vantagem momentânea para os Estados Unidos; pode também vir a ser uma região 
original pela união dos povos e Estados islâmicos, com tendência a não alinhar 
preferencialmente em nenhum dos três centros.
Figura 48 – O mundo multipolar dos anos noventa
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Unidade III
O Consenso de Washington foi o marco dessa nova era. O nome, dado em função de a cidade de 
Washington ter sido o local para a realização de uma importante reunião de economistas, em 1989, 
acabou simbolizando o receituário desse novo liberalismo, destinado especialmente às economias em 
desenvolvimento. Afinal, segundo os especialistas, se essas economias buscassem eliminar barreiras 
comerciais e subsídios do governo a determinados setores, estariam tornando o mercado mais 
competitivo.
 Saiba mais
Sobre o tema, sugerimos o filme:
A DAMA de ferro. Dir. Phyllida Lloyd. Reino Unido; França: Pathé, 2011. 
105 minutos.
O Consenso de Washington de 1989, portanto,

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