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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA Faculdade de Ciências da Saúde Curso de Farmácia __________________________________________ FARMACOGNOSIA Roteiro de Aulas Práticas __________________________________________ PRÁTICA Nº 1 DETERMINAÇÃO DE UMIDADE EM GRÃOS DE AMIDOS A) Considerações Gerais Dentre os polissacarídeos que têm uso em Farmácia, os amidos são, sem dúvida, os mais empregados, tanto como excipientes em diversas formas farmacêuticas, como pela sua ação protetora e emoliente. São produtos relacionados ao metabolismo primário dos vegetais, funcionando como substância de reserva que se acumula principalmente em órgãos subterrâneos, frutos e sementes. Quimicamente, os amidos são polímeros de glicose. As unidades deste monossacarídeo estão ligadas por meio de pontes osídicas, sendo que as ligações - 1,4 dão origem a uma cadeia linear denominada amilose, constituindo aproximadamente 20% dos amidos e as ligações -1,4, juntamente com ligações -1,6, formando as cadeias ramificadas da amilopectina, que perfazem, em média, 80% dos amidos mais conhecidos. B) PROCEDIMENTOS Identificação do Amido Em uma lâmina de microscópio, colocar uma pequena quantidade (bem espalhada) da amostra de amido, anotando o respectivo número do frasco; Adicionar 2 ou 3 gotas de lugol diluído, cobrir com a lamínula e observar ao microscópio; Comparar as características morfológicas dos grãos observados com a descrição da literatura especializada e identificar a espécie vegetal que forneceu o amido em análise. Determinação de Umidade Pesar em um béquer (ou cápsula) tarado(a), de 1 a 2 g de amido (anotar o peso do béquer e do amido); Colocar em estufa a 110ºC por 60 minutos; Retirar, esfriar e repesar (anotar o peso e calcular a porcentagem de umidade do amido). O amido do milho, por exemplo, não deve perder mais de 14% de seu peso (água em excesso). Já o amido de trigo não deve perder mais de 15% de seu peso. PRÁTICA Nº 2 PROCESSOS EXTRATIVOS A) Considerações Gerais Na prática farmacêutica são utilizados vários tipos de processos extrativos com espécies vegetais, com a finalidade de obtenção de extratos vegetais. Dentre eles um dos mais importantes é o processo denominado percolação, no qual o solvente extrator passa pela droga vegetal, retirando/solubilizando os seus princípios ativos naturais. B) Objetivos Obtenção de tintura vegetal por percolação; Demonstração de processos extrativos por refluxo e sohxlet; Demonstração do funcionamento de rotaevaporadores. C) Procedimentos: Utilizar, como percolador, um funil de separação de fases de 250 ou 500 mL de capacidade; Pesar 30 g do pó da droga vegetal (Beladona, originária da Atropa belladonna); Em um béquer, com cuidado, umedecer o pó da droga com q.s. do líquido extrator, indicado pela monografia farmacopeica (etanol/água destilada na proporção 2:1). Preparar a quantidade total de líquido extrator a ser utilizada em todo o processo; Transferir a droga umedecida, aos poucos, para o funil de separação de fases (“percolador”), contendo uma pequena quantidade de algodão no fundo, compactando adequadamente/levemente, a cada porção adicionada; Colocar sobre a droga umedecida e compactada, um papel de filtro (cortá-lo, se necessário) e, por cima deste papel, material inerte (“bolinhas de vidro”), para servir de peso; Colocar, pela parte superior do funil com a torneira aberta, de uma só vez, a quantidade suficiente de líquido extrator; Observar o desenvolvimento da percolação e, após o início do gotejamento, recolher aproximadamente 10% do produto a ser obtido; Fechar a torneira do percolador e deixar em repouso (maceração) por 24 horas; Percolar, após este período, em velocidade moderada (1 gota por segundo), até obter o volume final necessário (para tintura: 5 vezes (p/v) a quantidade de droga): 150 mL; Não se esquecer de incluir os 10% recolhidos anteriormente. Filtrar e envasar, identificando corretamente o produto. PRÁTICA Nº 3 ALCALOIDES EXTRAÇÃO, PURIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO GENÉRICA A) Objetivos Realização do processo de extração e purificação (ácido-base) de alcaloides; Identificação genérica de alcaloides em drogas vegetais, utilizando as reações de precipitação. B) Procedimentos Pesar e colocar cerca de 2 g da droga pulverizada _____________________ em um béquer; Adicionar 20 mL de solução aquosa de ácido clorídrico (HCl) a 1%, aquecendo a mistura até o início da ebulição; Deixar esfriar e filtrar em papel de filtro para um funil de separação; Repetir a extração, com o mesmo pó da droga, com mais 10 mL de HCl 1%; Deixar esfriar e filtrar com o mesmo papel de filtro para o funil de separação; Alcalinizar o filtrado com solução de hidróxido de amônio (NH4OH) a 10%, utilizando, como indicador, o papel de tornassol; Extrair (fazer a partição) a solução alcalina com 3 porções, de 10 mL cada, de clorofórmio (colocar cada porção de 10mL de CHCl3, agitar levemente, esperar a separação das fases e retirar/escoar a camada orgânica, filtrando em algodão hidrófilo, para um béquer (densidade do Clorofórmio = 1,4 g/cm3); Evaporar o clorofórmio em banho de areia ou chapa quente até a secura (Fim da 1ª Parte); Redissolver o resíduo resultante em 2 mL de solução de HCl a 1%; Reservar 4 lâminas de microscopia limpas e, em cada uma delas, colocar uma gota da solução ácida anteriormente obtida e, ao lado, colocar uma gota dos reativos de precipitação: Mayer, Bertrand, Dragendorff, e Bouchardart (um reagente por lâmina); Unir as duas gotas com auxílio de um bastão de vidro de ponta fina; Observar o aparecimento de precipitado colorido na zona de contato dos líquidos (extrato ácido e reagente); Anotar e avaliar os resultados (cor, intensidade /sensibilidade do reativo (+/++/+++). PRÁTICA Nº 4 ALCALOIDES DOSEAMENTO - GRAVIMETRIA A) Considerações Gerais Os alcaloides podem ser extraídos das drogas com o uso de água acidificada (HCl 1%) e também com solventes orgânicos em meio básico. Os extratos brutos obtidos devem ser submetidos a diversas purificações posteriores, que, se feitas cuidadosa e adequadamente permitem a avaliação quantitativa de drogas alcaloídicas, como no caso da cafeína contida no pó das sementes de guaraná (Paullinia cupana Kunth). B) Objetivos Quantificação/doseamento de cafeína (alcaloide xantínico) pela metodologia da gravimetria (relação percentual entre o peso inicial de droga e o peso final de cafeína obtido no final do processo de purificação). C) Procedimentos Pesar cerca de 5 g de pó das sementes de guaraná (anotar o peso exato) e transferir para um funil de separação; Adicionar 40 mL de clorofórmio, 5 mL de solução de hidróxido de amônio a 10% e agitar vigorosamente por 5 minutos; Deixar em repouso por 10 minutos e filtrar o clorofórmio para um béquer, com uso de algodão hidrófilo; Repetir a extração com 3 porções de 20 mL de clorofórmio, agitando por 5 minutos e deixando em repouso, também por 5 minutos; Evaporar, em banho de areia, os extratos clorofórmicos reunidos, até a secura; Juntar ao resíduo seco, 15 mL de água destilada, 0,5 mL de ácido sulfúrico a 10% e ferver, suavemente, por 2 minutos; Resfriar e, em seguida, filtrar em papel de filtro para um funil de separação; Alcalinizar o filtrado com hidróxido de amônio a 10% (acompanhar a viragem do pH com papel de tornassol) e extrair a cafeína com3 porções de clorofórmio (20, 25 e 30 mL); Recolher os extratos clorofórmicos, filtrando-os com uso de algodão hidrófilo para um béquer previamente tarado; Evaporar o extrato clorofórmico em banho de areia ou chapa quente até a secura; Levar o resíduo seco a uma estufa a 90ºC por uma hora; Esfriar em dessecador, repesar e calcular a quantidade percentual de cafeína extraída; Avaliar e concluir, de acordo com o resultado (%) obtido, se o material analisado (pó das sementes de guaraná) enquadra-se nos padrões quantitativos estabelecidos em Farmacopeia para esta droga. PRÁTICA Nº 5 ALCALÓIDES DOSEAMENTO – TITULOMETRIA INDIRETA A) Objetivos Doseamento dos alcalóides totais presentes em extrato fluido. B) Procedimentos Transferir (pipetar volumetricamente) 10 mL de extrato fluido (por ex.: beladona), para uma cápsula de porcelana e aquecer em banho de areia até a eliminação total do odor alcóolico; Transferir quantitativamente o resíduo para um funil de separação, com o auxílio de 20 mL de HCl a 1%; Lavar a solução com 30 mL de clorofórmio, transferindo a fase clorofórmica para um funil de separação, contendo 10 mL de HCl a 1%; Agitar levemente e juntar a camada ácida, àquela anteriormente obtida (contida no outro funil de separação); Alcalinizar os extratos ácidos reunidos com solução de hidróxido de amônio a 10% (acompanhar a viragem do pH com papel de tornassol) e extrair os alcalóides com 4 porções de 20 mL de clorofórmio; Reunir os extratos clorofórmicos e evaporar em banho de areia ou chapa quente até a secura; Dissolver o resíduo em exatamente 15 mL de ácido clorídrico 0,01 M e titular o excesso de ácido, com hidróxido de sódio 0,01M, usando como indicador vermelho de metila (ou fenolftaleína); Calcular a porcentagem de alcalóides totais do extrato fluido de beladona, sabendo- se que cada mL de HCl 0,01M consumido corresponde a 2,894 mg de atropina (dl- hiosciamina); Anotar todos os resultados e avaliar/confrontar com os valores recomendados pela Farmacopéia. PRÁTICA Nº 6 GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNICOS EXTRAÇÃO, PURIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO GENÉRICA A) Considerações Gerais Dentro do grupo de compostos denominados glicosídeos/heterosídeos estão incluídos numerosos princípios ativos naturais, originários do metabolismo secundário de vegetais. São produtos de condensação de açúcares com compostos (quase sempre hidroxilados) de natureza química diversa, denominados geninas ou agliconas. Vários glicosídeos apresentam atividade farmacológica, em função da qual são utilizadas as drogas que os contêm, os medicamentos fitoterápicos ou mesmo os princípios ativos puros (como é o caso dos glicosídeos cardiotônicos). De modo geral, a identificação dos glicosídeos é feita pela caracterização das geninas que os compõem. B) Objetivos Extração, purificação e identificação/análise qualitativa das diferentes partes da molécula de glicosídeos cardiotônicos em drogas vegetais. C) Procedimentos Extração Pesar aproximadamente 2 g de droga pulverizada __________________________; Transferir para um béquer, adicionar 30 mL de etanol 50% e ferver por 1 minuto; Deixar decantar e filtrar o líquido sobrenadante, em algodão hidrófilo, para um béquer; Repetir a extração com o mesmo pó da droga, por mais duas vezes, utilizando em cada uma, 10 mL de etanol 50%, filtrando os extratos hidroalcoólicos em algodão e reunindo-os no mesmo béquer; Adicionar 10 mL de solução saturada de acetato básico de chumbo, agitar cuidadosamente e deixar em repouso por 5 minutos (para melhorar a sedimentação do precipitado formado); Centrifugar se necessário; Filtrar cuidadosamente a mistura (suspensão), em papel de filtro, para um funil de separação; Adicionar 20 mL de água destilada e extrair a solução hidroalcoólica, com duas porções de 15 mL de clorofórmio; Reunir os extratos clorofórmicos obtidos. Reações de Identificação: Do Núcleo Esteroidal - Reação de Liebermann-Burchard Evaporar cerca de 3 mL de extrato clorofórmico; Retomar o resíduo com cerca de 0,5 mL de anidro acético e transferir, cuidadosamente pelas paredes, para um tubo de ensaio contendo 1 mL de ácido sulfúrico concentrado (aproximadamente 1 cm no tubo de ensaio); Observar o resultado: a reação é considerada positiva com o aparecimento de coloração castanha-avermelhada na região de contato das duas camadas. Do Anel Lactônico Pentagonal – Reação de Kedde Evaporar, em cápsula de porcelana, cerca de 3 mL de extrato clorofórmico, misturar, ao resíduo, 8 a 10 gotas de solução alcóolica a 1% de ácido 3, 5- dinitrobenzóico e adicionar 2 gotas de solução de hidróxido de potássio 1 M. Verificar o aparecimento de vermelho-violácea (intensa e fulgaz), em caso de reação positiva. Do Anel Lactônico Pentagonal –Reação de Baljet Evaporar, em cápsula de porcelana, cerca de 3 mL de extrato clorofórmico, juntar, ao resíduo, 7 a 8 gotas de solução aquosa de ácido pícrico (2, 4, 6- trinitrofenol ) e duas gotas e solução de hidróxido de potássio 1 M; Verificar o aparecimento de coloração alaranjada intensa, em caso de reação positiva. Dos 2-desoxiaçucares - Reação de Keller-Killiani Evaporar cerca de 3 mL do extrato clorofórmico, dissolver o resíduo em cerca de 1 mL de ácido acético glacial e juntar, à solução, 8 a 10 gotas de cloreto férrico a 2%; Transferir cuidadosamente a solução, pelas paredes, para um tubo de ensaio contendo cerca de 1 mL de ácido sulfúrico concentrado; Observar o aparecimento de coloração vermelha-acastanhada na zona de contato dos líquidos, em caso de reação positiva. PRÁTICA Nº 7 GLICÓSIDOS ANTRAQUINÔNICOS IDENTIFICAÇÃO GENÉRICA A) Considerações Gerais O efeito catártico (purgativo/laxativo) de importantes drogas vegetais, ainda hoje muito empregadas na terapêutica, é de responsabilidade de compostos relacionados ao antraceno, mais especificamente, hidroxiantraquinonas (glicosídeos antraquinônicos). A reação de caracterização deste grupo de princípios ativos naturais – Reação de Bornträger – exige certas condições para os compostos testados, como a presença de hidroxilas nas posições 1 e 8 do núcleo antraquinônico. Caso as hidroxilas não estejam livres, um tratamento hidrolítico se faz necessário. São assim reconhecidos os O-glicósidos. Além disso, é relativamente comum encontrarem-se neste grupo de princípios ativos, os C-glicósidos que exigem condições mais drásticas para que seja efetuada a hidrólise (deve ser realizada com oxidantes fortes, como solução de cloreto férrico e aquecimento). B) Objetivos Extração, purificação e identificação genérica dos glicosídeos antraquinônicos e pesquisa do tipo de ligação glicosídica presente. C) Procedimento Ferver 0,3 g do pó da droga ___________________________ com 20 mL de ácido sulfúrico 2 M, durante 2 minutos; Deixar esfriar e filtrar para um funil de separação; Adicionar 10 mL de xileno, agitar e separar a camada orgânica (caso haja compostos antraquinônicos, a sua coloração deve ser amarelada); Transferir 2 mL do extrato xilênico para um tubo de ensaio, adicionar cerca de 2 mL de solução aquosa de hidróxido de sódio 2 M e agitar; Observar e interpretar o resultado obtido, considerando que, para uma reação positiva, após a separação das fases, a fase aquosa deve estar intensamente vermelha, enquanto que a fase xilênica perde a coloração amarelada e torna-se incolor. PRÁTICA Nº 8 GLICOSÍDEOS FLAVONOÍDICOSIDENTIFICAÇÃO GENÉRICA A) Considerações Gerais Do amplo espectro de cores encontradas no reino vegetal, uma grande parte, desde o amarelo até os diversos tons de azul, é de responsabilidade de compostos químicos polifenólicos, conhecidos por flavonoides. Desempenham, assim, papel fundamental na vida dos vegetais, funcionando como atrativos e auxiliares do processo de polinização executado por insetos. Não bastasse isto, estes compostos são também responsáveis por uma série de atividades farmacológicas, destacando-se o aumento da resistência das paredes dos vasos e capilares do sistema circulatório animal. Por tal razão eram conhecidos por “vitamina P”, nome dado mais especificamente à rutina, referindo-se à ação diminuidora da permeabilidade capilar. Na identificação de compostos flavonoídicos utiliza-se quase sempre a propriedade química de formação de sais, denominados fenolatos, quando colocados em meio básico forte, além da intensificação ou mesmo modificação da cor de suas soluções aquosas. B) Objetivo Identificação da presença de compostos flavonoídicos em drogas vegetais. C) Procedimentos Extração Colocar 1 a 2 g da droga pulverizada _____________________________ em um béquer; Adicionar cerca de 20 mL de etanol 70%, aquecer até o início da ebulição e filtrar o extrato hidroalcoólico em papel de filtro. Reações de Identificação Com Hidróxidos Alcalinos Em um tubo de ensaio contendo cerca de 10 mL do extrato flavonoídico diluído em água (1:10), de modo a apresentar uma leve coloração amarela, acrescentar, pelas paredes, algumas gotas de solução aquosa de hidróxido de sódio 1 M; Na presença de flavonóides a adição de bases aumenta intensamente a coloração amarelada da solução (obs.: fazer o teste em comparação com um “branco”). Com Cloreto de Alumínio Umedecer áreas diferentes de um papel de filtro com extrato hidroalcoólico flavonoídico; Colocar, sobre uma das regiões umedecidas, uma gota de solução alcoólica de cloreto de alumínio a 5%; Esperar alguns minutos para secar e comparar a fluorescência das duas áreas, sob a luz UV (366 nm); Observar a intensificação de fluorescência na região de contato do extrato com o reativo, bem como a mudança ou intensificação da coloração amarelo-esverdeada. Reação de Shinoda ou Reação da Cianidina Adicionar a 3mL do extrato alcoólico flavonoídico, 2 a 3 fragmentos de magnésio metálico e 1mL de ácido clorídrico concentrado; Observar o desenvolvimento de coloração, variando de róseo a vermelho (obs.: o desenvolvimento da cor pode demorar alguns minutos para se iniciar). PRÁTICA Nº 9 GLICOSÍDEOS SAPONÍNICOS AVALIAÇÃO SEMI-QUANTITATIVA A) Considerações Gerais As drogas que contêm saponinas apresentam, em soluções aquosas, uma característica muito peculiar, que envolve a formação de espuma abundante e persistente, quando estas soluções são agitadas com vigor. A medida da propriedade formadora de espuma é uma maneira simples de se avaliar qualitativamente e semi-quantitativamente as drogas saponínicas. Há necessidade, evidentemente, de serem fixadas as condições experimentais dos ensaios realizados para que os resultados obtidos possam ser comparados. Pode-se assim determinar seu “índice de espuma” (afrosimétrico). Os glicosídeos saponínicos ou saponósidos apresentam também, em maior ou menor grau, uma atividade hemolítica, ou seja, a capacidade de lisar as paredes dos glóbulos vermelhos, liberando a hemoglobina para o meio em que se encontram. De igual forma, como no caso anterior, pode-se comparar o poder hemolítico de diversas drogas, utilizando para tal o “índice de hemólise”. B) Objetivos Identificação genérica de glicosídeos saponínicos em drogas vegetais e avaliação semi-quantitativa por meio da determinação do índice de espuma (índice afrosimétrico). O índice de espuma é a determinação da maior diluição em que 1 g de droga é capaz de formar 1 cm de espuma em determinadas condições. Através deste índice pode-se estimar a quantidade de saponinas que se tem na droga. C) Procedimentos Extração Pesar exatamente 0,5 g de droga pulverizada ___________________________, transferindo-a para um béquer; Adicionar 20 mL de água destilada e levar a fervura por 2 minutos; Decantar o extrato aquoso, filtrando o sobrenadante para um balão volumétrico de 50 mL de capacidade, mantendo o pó da droga no béquer; Realizar novas extrações, com o mesmo pó de droga, utilizando igual procedimento, com porções de 10 mL de água destilada, filtrando os extratos aquosos para o balão volumétrico, até completar o volume. Determinação do Índice de Espuma Escolher 10 tubos de ensaio de iguais dimensões, numerando-os; Colocar 5 mL de água destilada em todos os tubos, exceto no primeiro; Colocar 5 mL de extrato aquoso saponínico a 1%, no primeiro tubo de ensaio, 5 mL no segundo tubo e homogeneizar os conteúdos; Transferir 5 mL da solução do 2º tubo para o terceiro tubo, misturando bem. Continuar o processo em sequência, até o décimo tubo de ensaio, empregando a mesma pipeta. Desprezar, por fim, 5 mL da solução do último tubo; Agitar todos os tubos, vigorosamente, por 15 segundos, no sentido longitudinal; Deixar o conjunto em repouso por 15 minutos e, após este período, observar qual foi o tubo de maior diluição que manteve espuma persistente com anel de pelo menos 1 cm de altura. A sua diluição indica o índice de espuma da droga testada. Calcule o índice de espuma (índice afrosimétrico). Tubos I II III IV V VI VII VIII IX X Sol. da droga (mL) 5 5 Água destilada (mL) 0 5 5 5 5 5 5 5 5 5 Diluição 1/100 1/500 1/2500 1/12500 1/62.500 1/312500 etc etc etc etc Cálculos para determinação do Índice de Espuma Verificar quantos mL seriam necessários para diluir 1 g da droga para dar 1 cm de espuma. Exemplo: se o tubo III for a maior diluição que mantém espuma persistente com anel de pelo menos 1 cm de altura, ele seria o escolhido. Para ele seriam necessários 2.500 mL de água destilada para 1 g da droga para dar 1 cm de espuma. Resultado: Índice Afrosimétrico (de espuma) I.A. = 2.500. Observação: 1) o I.A. é um número inteiro sem unidade; 2) a maioria das monografias recomendam que o I.A. seja ≥ 200. PRÁTICA Nº 10 TANINOS IDENTIFICAÇÃO GENÉRICA A) Considerações Gerais O termo tanino designa um grupo de compostos químicos polifenólicos, de alto peso molecular, de origem vegetal, capazes de precipitar proteínas em solução, provocando na pele íntegra a sensação de adstringência e na pele sem vida um fenômeno conhecido por curtimento, que a transforma em couro. A natureza química complexa destas substâncias dificulta sua identificação, razão pela qual para este fim é utilizado um conjunto de reações, sendo que o resultado de nenhuma delas, isoladamente, serve para caracterizar o grupo. A variação do aspecto e coloração dos precipitados formados durante as mesmas vai depender da natureza e complexidade dos compostos tânicos presentes na solução. De maneira geral, os taninos são divididos em dois grandes grupos: os gálicos ou hidrolisáveis e os catequínicos ou condensados. Em farmácia são empregados, principalmente, pela sua ação adstringente, o que os tornam úteis como agentes hemostáticos, antidiarréicos, etc. B) Objetivos Análise qualitativa/caracterização da presença de taninos em drogas vegetais. C) Procedimentos Extração Ferver, em um erlenmeyer, durante 5 minutos, 1 g do pó da droga __________________, com50 mL de água. (obs.: se necessário, acrescentar mais água para manter o volume); Esfriar e filtrar o extrato aquoso tânico por papel de filtro; Verificar o sabor adstringente do extrato obtido. Reações de Identificação Transferir, para tubos de ensaio marcados, alíquotas do extrato aquoso tânico conforme indicado para cada reação. Para a melhor observação das reações, fazer escorrer pelas paredes de cada um dos tubos de ensaio, algumas gotas dos reativos abaixo relacionados. Anotar a intensidade e a tonalidade da coloração adquirida pela solução ou do precipitado formado, quando da adição de cada reativo. Reação com Sais de Ferro A 0,5 mL extrato aquoso tânico, juntar cerca de 5mL de água e algumas gotas de solução de cloreto férrico a 2% ou solução de alúmen de ferro a 1% em água; Observar a coloração obtida pela solução ou, eventualmente, formação de precipitado. - Coloração azul = taninos hidrolizáveis - Coloração Verde = taninos condensados Reação com Acetato de Chumbo Adicionar, a 3 mL do extrato aquoso tânico, algumas gotas de solução aquosa a 10% de acetato de chumbo; Anotar a cor do precipitado formado. Reação com Acetato de Cobre Juntar, a 3 mL do extrato aquoso tânico, algumas gotas de solução aquosa de acetato de cobre a 3%. Anotar o resultado. Reação com Alcalóides Acrescentar, a 3 mL do extrato aquoso tânico, algumas gotas de solução aquosa a 0,5% de um sal de alcalóide solúvel em água (sulfato de quinina, por exemplo). Verificar a formação de precipitado (geralmente, branco). Reação com Gelatina (Hidrolisado de Proteína) Acrescentar, a 2 mL do extrato aquoso tânico, a solução aquosa de gelatina a 2,5%, gota a gota, para evitar a redissolução de precipitado formado. PRÁTICA Nº 11 GOMAS E MUCILAGENS A) Considerações Gerais: As gomas e as mucilagens são polissacarídeos originados do metabolismo secundário de alguns vegetais, apresentando como característica importante a viscosidade elevada de suas soluções aquosas. No caso específico das mucilagens, a grande capacidade de se entumescerem em presença de água, permite a avaliação da qualidade das drogas que as contenham e justificam seu uso terapêutico como laxantes de volume. B) Objetivos Observação microscópica do intumescimento da camada mucilaginosa das sementes de Plantago e determinação do seu índice de intumescimento. C) Procedimentos Observação microscópica Em uma lâmina de microscopia, colocar algumas sementes e acrescentar algumas gotas de solução diluída de azul de metileno; Observar, ao microscópio, a camada intumescida de células epidérmicas da semente. Determinação do Índice de Intumescimento Colocar 1 g de sementes de Plantago sp em uma proveta de 25 mL de capacidade, com tampa, verificando o volume (V1), ocupado pelas mesmas; Adicionar água destilada até que o volume atinja cerca de 20 mL, agitando suavemente a mistura a cada 15 minutos, durante a primeira hora; Nas 2 horas subseqüentes, agitar ocasionalmente o conteúdo da proveta e, após o repouso de 4 horas, medir o volume (em mL – V2), ocupado pela droga; A diferença entre o volume ocupado pelas sementes intumescidas (V2 - V1) representa o índice de entumescimento da semente de Plantago testada. PRÁTICA Nº 12 ÓLEOS ESSENCIAIS EXTRAÇÃO a) Considerações Gerais Os óleos essenciais são, como misturas de compostos químicos vegetais, voláteis e imiscíveis com a água, na sua grande maioria, extraídos pelo processo de arraste a vapor ou por meio de sistemas mais práticos como a hidrodestilação. Para este fim, usa-se em ensaios analíticos o aparelho de Clevenger modificado, representado na figura abaixo. Apesar da constituição complexa dos óleos essenciais, com alguns deles chegando a ter várias centenas de componentes, existem aqueles onde há o predomínio de um determinado composto como, por exemplo, o óleo de cravo da Índia, constituído na sua maior parte pelo eugenol; o óleo de hortelã, contendo mentol e ainda, o óleo de canela, com grande teor de aldeído cinâmico. B) Objetivos Obtenção de óleos essenciais por hidrodestilação, utilizando o aparelho de Clevenger modificado. C) Procedimentos Extração de Óleos Essenciais por Hidrodestilação Colocar _______ da droga ou da planta fresca, adequadamente rasurada ou moída no balão de destilação de boca esmerilhada; Adicionar água quente de modo a ocupar pouco mais da metade do volume do balão; Acoplar o aparelho de Clevenger e preencher com água fria a parte do tubo graduado e do tubo de retorno; Promover o aquecimento do balão até a fervura da água, controlando a ebulição e mantendo a destilação por _____ horas; Após este tempo, medir no tubo graduado a quantidade de óleo obtida e calcular a porcentagem, em relação à droga. PRÁTICA Nº 13 ÓLEOS ESSENCIAIS ANÁLISE CROMATOGRÁFICA A) Considerações Gerais: A cromatografia consiste em um método de separação de misturas de compostos químicos por meio da migração diferencial dos mesmos entre duas fases, uma fixa ou estacionária e outra móvel, que desliza sobre a primeira e mostra-se extremamente útil na análise de óleos essenciais, bem como na purificação ou mesmo no isolamento de seus componentes. Os parâmetros de caracterização das substâncias separadas variam conforme a modalidade ensaiada. No caso da cromatografia em camada delgada (CCD), emprega- se comumente o valor de Rf, ou seja, a relação entre as distâncias percorridas pelo composto e pela frente do solvente. B) Objetivos Separação e identificação dos principais componentes de alguns óleos essenciais, por meio da cromatografia em camada delgada (CCD). C) Procedimentos Cromatografia em Camada Delgada (CCD) Cromatografar, segundo a técnica usual, as amostras dos óleos essenciais disponíveis, utilizando o(s) sistema(s) abaixo relacionado(s): Adsorvente: Silicagel G sobre placa de vidro Espessura da camada: 0,25 mm Ativação: por aquecimento a 105ºC por 1 hora Cuba: de vidro com saturação total Desenvolvimento: simples ascendente Percurso: 10 cm Fase móvel: FM 1 - hexano: acetato de etila (96:4) FM 2 - clorofórmio: benzeno (75:25) FM 3 - tolueno: acetato de etila (93:7) Amostras: soluções dos óleos essenciais a 1% em etanol _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ Padrões: soluções alcóolicas a 0,5% dos compostos puros presentes nos óleos _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ Aplicação: depositar as amostras de óleos nos pontos de partida (a 1,5 cm da base da placa e distanciados 2,0 cm entre si) ao lado dos respectivos padrões. Amostras: ___ toques Padrões: ___ toques Visualização: aspergir de maneira uniforme sobre a camada de sílica, cerca de 10,0 mL do(s) revelador(es) escolhido(s). R1 – Anisaldeído sulfúrico R2 – Sulfovanílico Após a nebulização, aquecer a placa cromatográfica a 105ºC por 10 minutos. Observar à luz do dia e à luz UV366nm (ondas longas). Anotar os resultados obtidos: número de manchas, sequência, valores de Rf, cor, forma e intensidade das mesmas, comparando com os padrões.
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