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Epidemiologia - Introdução, conceitos, modelos

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EPIDEMIOLOGIA – INTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA 
 
Estudo dos eventos relacionados a saúde, como doenças, taxa de natalidade, epidemias, por exemplo. 
Em uma perspectiva histórica, Hipócrates, pai da medicina, escreveu um texto chamado “Água, ares e lugares” o 
qual preocupa-se com os eventos relacionados à saúde, afirmando que quem deseja entender a medicina de um 
local deve analisar o meio ambiente, a região, do mesmo. É feita a análise das doenças em bases racionais 
(afastamento da crença no sobrenatural). 
 
PERSPECTIVA HISTÓRICA: ​Teoria dos Miasmas​, enfermidades relacionadas ao meio ambiente (“os deuses 
não se agradaram”). Inicialmente era pouco explicado, contudo, nos dias de hoje, muitas doenças são explicadas 
através de problemas no meio ambiente. ​John Graunt (1620-1674) ​inicia a estatística dentro da epidemiologia, 
Edward Jenner (1743-1823) ​faz a vacina contra a varíola e ​William Farr (1807-1883)​, após a revolução 
industrial na Inglaterra, começa a estudar as causas das doenças, analisando as doenças com as formas de vida das 
populações. 
 
John Snow​ fez o estudo da cólera, analisando que o surto de cólera relacionado com água fornecida por bombas de 
algumas companhias, vendo o número de habitações que eram abastecidos e o nº de pessoas que morriam. Por fim, 
identificou que famílias que utilizavam determinada bomba estavam sofrendo os problemas de cólera. 
 
Sempre se estuda na epidemiologia onde está a população que está sendo analisada, seu espaço geográfico e o 
período de tempo em que está ocorrendo o estudo. ​O termo epidemia já estava presente nos textos hipocráticos, 
tendo um status de disciplina científica na metade do século XX. É o estudo sobre os eventos que irão acontecer em 
uma determinada população​. 
 
➔ É o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados a saúde 
em pop. específicas e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde. Last (1995). 
 
MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO: 
Método epidemiológico 
Frequência: ​Número de eventos; taxas; - comparação entre diferentes grupos populacionais; riscos de doença na 
população. 
Distribuição:​ ​tempo​ → tendência num período, variação sazonal; ​Lugar​ → distribuição geográfica, distribuição 
urbano-rural; ​Indivíduo​ → sexo, idade, profissão, etnia, etc / Sexo, idade, raça, utilização, etc. 
Determinantes:​ Busca das causas e dos fatores que influenciam na ocorrência dos eventos relacionados ao 
processo saúde-doença; Implementação de medidas de prevenção e controle. 
Obs.: A epidemio se preocupa muito com as causas, as quais não consistem apenas em agentes etiológicos (porém, 
hoje existem as doenças crônicas e degenerativas, como o câncer e a diabete.) 
 
Estados ou eventos relacionados à saúde:​ Originalmente preocupava-se com epidemias de doenças infecciosas. 
Atualmente abrangência ampliada a todos os agravos. 
Populações específicas:​ Preocupação com a saúde coletiva de grupos de indivíduos que vivem em uma 
comunidade. Qual população eu estou estudando? Ex: em Londres, no bairro x. A epidemio se preocupa muito com 
o coletivo (ex: animal com leptospirose é potencial transmissor, terá de ser isolado, pode ter importância como 
zoonose, dentro da saúde pública). Em termos populacionais utilizam-se, nos indivíduos da clínica, conhecimentos 
oriundos do estudo epidemiológico com base populacional. 
Aplicação:​ Oferece subsídios para ações de prevenção e controle; Instrumento para outras áreas / disciplinas. 
 
Tipos de Estudos Epidemiológicos​: Podemos simplesmente descrever situações (descritivos). 
- Estudos analíticos: grupos de casos ou fazer estudos experimentais, primeiramente, in vitro, depois com o 
uso de animais e então humanos com testagem de drogas terapêuticas nas fases finais das análises. 
- Outros estudos analíticos são os observacionais: transversal (levantamento de dados), coorte 
(acompanhamento ao longo do tempo de um coletivo - experimental), caso-controle (inverso do coorte - 
parte do efeito para a causa) e ecológico. 
Pilares da Epidemiologia​: Todas as áreas biológicas como clínica, por exemplo, além da estatística. 
Premissa Básicas​: Conhecer as doenças, analisar as situações e tomar atitudes conclusivas e preventivas. 
Elucidação dos fatores responsáveis pela distribuição das doenças. Demandam primeiro de conhecimento, para 
depois a prevenção. 
➢ Risco = probabilidade. Ex: nem todos que fumam vão ter câncer de pulmão, nem todos que não o fazem 
não terão. 
Objetivos Específicos​: Identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica das doenças, estabelecer 
métodos de estratégias. 
Questões Abordadas​: Diagnóstico, frequência, risco, prognóstico, tratamento, prevenção, .... 
Áreas Temáticas​: Doenças infeciosas, doenças crônico-degenerativas, serviços de saúde, ambiental, ocupacional, 
grupos de risco, epidemiologia clínica, nutricional, farmacológica, dentre outras. Epidemiologia clínica e social são 
as mais estudadas e abordadas atualmente. 
● A clínica e a epidemiologia irão necessitar uma da outra. 
 
CONCEITOS 
Os conceitos colocam quase exclusivamente doença e patologia, não se fala muito em saúde. Há dificuldade em 
conceituar saúde desde a grécia antiga, muitas definições e poucas certezas em relação à doença. Dificuldades em 
pensar saúde positivamente, não apenas como ausência de doença. 
 
As ​doenças​ podem ser classificadas de acordo com a duração e etiologia. Há ​doenças infecciosas​, que podem ser 
agudas (ites) ou crônicas (oses), contagiosas ou não contagiosas, períodos de incubação (desde o momento que 
adquire o agente até quando apresenta o quadro clínico) e de transmissibilidade (transmitir pra outros hospedeiros). 
E ​não infecciosas​, que podem ser agudas e crônicas, são caracterizadas por um período pré-clínico longo, com 
alterações irreversíveis, incapacidade residual, não há contágio, mas exposição (contato do indivíduo com o fator 
de risco). 
 
Sinais clínicos​: é o que o indivíduo manifesta, o que é percebido. 
Sintomas​: o que o paciente sente. Ex: pessoa mancando, sinal clínico é estar mancando, sintoma é a dor no pé. 
Manifestações clínicas ou quadro clínico pode ser usado para ambas as situações. 
Infecção​: presença do agente que pode ou não desencadear uma enfermidade, o SI pode dar conta da infecção. 
Enfermidade infecciosa​: há manifestações clínicas. 
 
Nas primeiras civilizações sempre queria-se colocar uma causa para a doença, seja esta natural ou sobrenatural 
(mágico, religioso, astros...). Há modelos explicativos pelas ciências biomédicas a respeito de saúde e doença. 
Há dois níveis dos fenômenos, sendo um deles a realidade (observação dos fenômenos) e outro a teoria (abstração). 
● Modelos: Cadeia de Eventos, Modelos Ecológicos, Causais, História Natural, Etiologia social e Visão 
sistêmica. 
 
CADEIA DE EVENTOS ou MODELO ESTRUTURAL 
Nesse modelo estuda-se a doença como uma estrutura, a forma como os eventos vão acontecer. É centrada na 
figura do agente etiológico. Bom modelo para doenças infecciosas ou parasitárias, que tem um agente etiológico 
envolvido. O modelo trata de como o indivíduo passa de infectado para suscetível. 
 
O modelo originou-se nos séculos XVI e XVII quando se começou a utilizar a matemática com a aritmética médica 
política, foi usada uma abordagem estatística para apurar dados quantitativos do estado. Houve uma ​perspectiva 
mecanicista​ por Descartes, usando um modelo do organismo comparado a uma máquina (se tem uma peça que não 
funciona direito tem que ser substituída), com isso teve uma tendência a individualizar as doenças, não observa o 
indivíduo como um todo, só aquela parte com problema. 
 
TEORIAS UNICAUSAIS: reforçam o foco em só um agente. Há a ​teoria miasmática​, que existe desde o final do 
século XVII. São problemas ou alterações do meio que vão acontecer e favorecer o aparecimento das doenças.E a 
teoria contagionista​, surgiu na era bacteriológica, quando observou-se que poderia haver influência externa de 
agentes etiológicos. Hoje em dia há uma junção dessas duas teorias. 
 
O modelo é interessante no entendimento das relações entre os agentes e os hospedeiros para ter uma noção de 
prevenção ligada ao rompimento de um dos elos da cadeia e fazer a identicação dos pontos fracos da cadeia para 
que possa haver a aplicação de recursos simplicada com os maiores benefícios e menores custos. 
 
FI (vias de eliminação) → vias de transmissão → HS (porta de entrada) 
 
As ​fontes de infecção​ são os enfermos (doente que tem quadro clínico), os portadores (elimina o agente, mas não 
apresenta o quadro) e os reservatórios (é onde o agente vai estar, quem alberga o agente). 
 
Os ​enfermos​ podem ser ​típicos​ (tem todo o quadro clínico “de livro”), ​atípicos​ (não tem todos os sinais 
característicos, falta algum) ou ​prodrômicos​ (está no período inicial, ainda não tem-se a doença, mas vai 
desencadear). A importância dos enfermos atípicos e prodrômicos é devido identificar corretamente a doença para 
poder tratar e não “espalhar”, contagiando outros. 
Os ​portadores​ podem ser em ​incubação​ (incubando o agente sem ter o quadro. Ex: raiva), ​convalescente​ (já 
passou pelo quadro, mas ainda está liberando o agente), ​sadios​ (não tem nem teve a doença, mas está liberando o 
agente) ou ​subclínico​ (apresenta um quadro que não consegue identificar, pode ser ou não que tenha a doença). 
Os ​reservatórios​ é onde o agente vai estar, o que vai albergar o agente, fora as fontes de infecção dos animais 
domésticos em si. Podem ser ​ecológicos​ (vetores), ​epidemiológicos​ (silvestres) ou ​adicionais​ (solo). 
➢ Todo vetor é reservatório, mas nem todo reservatório é vetor. ​Vetor é apenas artrópode​. Ratos seriam um 
reservatório. 
 
MECANISMOS ou VIAS DE TRANSMISSÃO: Há as portas de entrada (via oral, cutânea, mucosa…), vias de 
eliminação (como ele sai da fonte de infecção e sai no hospedeiro suscetível) e vias de transmissão. 
As vias de transmissão podem acontecer por contato direto (beijo, cópula, amamentação), ou indireto (fômites). 
Pode ser também aerógena (importante, principalmente se terá contato mais estreito, como animais em criação 
extensiva), solo, veículos (água, alimentos - no caso da Maria, ela é a fonte de infecção e a comida é o veículo)​. 
 
Os vetores podem ser mecânicos (só carreia o agente de um lugar para o outro) ou biológicos, que podem ser 
reprodutivos (há reprodução/multiplicação do agente dentro do vetor, ex: febre amarela, peste), evolutivo (sofre 
alteração no seu ciclo evolutivo, ex: doença de chagas), ou transovariano (transmite pras gerações dele, ex: 
babésia). 
● Fonte de contaminação​ é inanimado (água, alimento...), enquanto a fonte de infecção são indivíduos 
(enfermos, portador ou reservatório). 
 
Esse modelo é insuficiente para representar toda realidade do processo da doença, mas não leva em consideração 
outros fatores relacionados ao indivíduo. É unicausal, não vê muito o coletivo, não trata o ponto de vista social, 
nem nota inter-relações entre saúde e condições de vida. É somente para doenças infecciosas. 
 
MODELOS ECOLÓGICOS 
São dois modelos: dupla ecológica e tríade epidemiológica. 
 
Dupla ecológica:​ Neste modelo falta o agente, aborda apenas o hospedeiro e o aspecto externo do ambiente, por 
isso não utilizamos tanto. 
Tríade ecológica: ​Representado por um triângulo equilátero, pois devem estar em equilíbrio. 
Se houver desequilíbrio, deslocamento do triângulo, ocorre uma enfermidade. 
 
1) Agente:​ quando se vê a descrição de uma enfermidade há: 
a) Morfologia​ do agente (vírus, bactéria, fungo…): Importante para saber como conhecer, tratar e ter 
uma profilaxia eficiente. 
b) Dose do agente​: quantidade de agente necessária para produção da enfermidade. 
c) Imunogenicidade:​ é a capacidade do agente de fazer o hospedeiro produzir uma resposta. 
d) Infectividade:​ capacidade do agente de multiplicação e penetração no hospedeiro. I/P 
e) Patogenicidade:​ capacidade que o agente tem de produzir lesões e manifestações clínicas. D/I 
f) Virulência:​ intensidade/gravidade das lesões ou manifestações clínicas. DG/D 
g) Viabilidade/resistência:​ sobrevivência do agente no meio (sobrevivência de acordo com o meio). 
h) Variabilidade:​ capacidade que o agente tem de se adaptar à diversas condições (no hospedeiro). 
i) Persistência:​ capacidade do agente de permanecer numa determinada população. 
 
2) Hospedeiro​: dentro do hospedeiro há características próprias e variáveis. Dentro das próprias há: 
a) Espécie:​ doenças que acometem raças específicas, como raiva em canídeos. 
b) Raça:​ quando acomete uma raça específica, como otite em cães de orelha comprida. 
c) Sexo:​ mastite em vacas, piometria só em fêmeas. 
d) Idade:​ parvo, cinomose em cães novos, por exemplo. 
e) Susceptibilidade:​ individual para cada hospedeiro. 
f) Imunidade:​ pode ser ativa (natural e artificial) ou passiva (natural e artificial). 
Dentro das características variáveis: 
a) Estado fisiológico:​ como gestação ou lactação. 
b) Utilização:​ utilização do animal, se é corte, leite, lã… 
c) Densidade populacional​. 
 
3) Meio ambiente​: Há compostos físicos, biológicos e socioeconômicos e culturais. Dentro dos físicos: 
a) Clima:​ temperatura, umidade, ventos, radiação. Ex: doenças tropicais. 
b) Hidrografia:​ água contaminada, transmissão hídrica. 
c) Topografia e Solo. 
Componentes biológicos: 
a) Flora:​ disponibilidade de alimentos. 
b) Fauna:​ presença de espécies que podem ser reservatórios. 
Componentes socioeconômicos e culturais - relacionados à ​ação do ser humano facilitando ou dificultando 
o aparecimento de enfermidades​: Hábitos e costumes, Estrutura de produção, Comercialização, Grau de 
conscientização, Vias de comunicação, Manejo e Higiene, Uso da tecnologia. 
 
Esse modelo pode ajudar a descrever cada um dos componentes, porém é um problema quando não é uma doença 
infecto-contagiosa ou parasitária. Ex: no câncer ou diabetes faltaria o agente etiológico. O próprio ser humano pode 
às vezes agir como agente em, por exemplo, casos de zoonose. 
 
MODELOS CAUSAIS 
Critérios de Causalidade (Hill 1965) 
1. Sequência cronológica: a exposição ao fator de risco deve anteceder o aparecimento da doença. 
2. Força da associação: a incidência da doença deve ser significativamente mais elevada nos indivíduos 
expostos do que nos não expostos (risco). 
3. Relação dose-resposta: relação entre intensidade (ou duração) da exposição e a ocorrência (ou gravidade) 
da doença. 
4. Consistência: os resultados devem ser confirmados por diferentes pesquisadores, usando diferentes 
métodos em diferentes populações. *Evans não falou disso. 
5. Plausibilidade: os fatos novos enquadram-se coerentemente, no conhecimento já existente. 
6. Coerência: presença de antecedentes na literatura que permitam estabelecer a causalidade em outras 
situações similares; 
7. Especificidade: uma causa leva a um único efeito e não múltiplos efeitos. A remoção da causa reduz o 
risco. 
8. Evidência experimental: possibilidade da relação causal de ser testada mediante modelo experimental bem 
conduzido. 
9. Analogia: com outra doença ou outra exposição. Se há drogas e infecções que produzem certos efeitos, é 
possível que outros medicamentos e infecções também tenham os mesmos efeitos. 
 
COMPARAÇÃO: os postulados de ​Koch​ (fim do século 18) 
foram vistos os microorganismos como causas únicas das 
enfermidades (teoria unicausal), onde a doença ocorria devido à 
presença de um agente. Nos do ​Hill​ ocorre uma associação entre 
a exposição e a doença ou condição de saúde. ​Evans​ já associa 
um fator causal hipotético e a exposição. Nos dois últimos 
aceita-se outras causas que não só os agentes etiológicos 
(multicausalidade)→ 
Teoria Unicausal:​ Apenas um evento. 
Multicausalidade:​ Não haverá apenas uma bactéria, haverá outros fatores relacionados não só ao agente mas 
fatores relacionados ao próprio hospedeiro ou ao próprio meio em que está inserido. São todos estes fatores (fatores 
de risco=probabilidade) que irão ajudar no aparecimento da enfermidade. Pode ser que todo o meio favoreça ao 
aparecimento da enfermidade, podendo o animal estar em stress ou em um ambiente ruim, ou pode ocorrer de o 
animal apresentar memoria imunológica, estar em um ambiente bom, então pode ser que a enfermidade apareça ou 
não, isso vai depender do agente estudado. Outras explicações: 
 
Supondo que estamos trabalhado com um agente infectocontagioso em diversas situações: 
 
A B C D 
Microorganismo 
Stress 
Alimentação 
Habitat 
Microorganismo 
Manejo 
Stress 
Baixa imunidade 
 
Microorganismo 
Alimentação 
Habitat 
Manejo 
 
Microorganismo 
Baixa imunidade 
Stress 
Manejo 
 
 
Em todas as situações ocorreu a doença. Observa-se que o microrganismo está presente em todas as situações, 
sendo este chamado então de ​causa necessária​, pois aparece todas as vezes. A todo conjunto das situações (como 
stress, baixa imunidade etc), chama-se de ​causa eficiente​, que compreende o conjunto de componentes causais. Há 
necessidade de uma causa necessária e será uma ​Doença Multifatorial​, haverá um conjunto de fatores. 
 
A ​rede de causalidade​ é um emaranhado de ​fatores que vão se associar​ onde todos tem uma sequência lógica, uma 
coisa levará a outra que levará a outra. São os ​proximais, intermediários e distais​, seguindo uma sequência lógica. 
Se estes fatores estão mais próximos são proximais, mais distantes, distais, etc. 
 
A doença não é explicada como um único fator ou exposição, mas sim consequência de vários eventos que formam 
uma cadeia de acontecimentos. A eliminação de algum fator antecedente a causa tende a reduzir ou eliminar a 
doença, prevenção. 
 
Associação não causal:​ Ex: cigarro está associado a câncer de boca. Numa pesquisa, faz-se várias perguntas à 
pessoas com câncer de boca (se são fumantes, se tomam café…). Se por exemplo a maioria dos fumantes toma 
café, pode ter-se uma interpretação errada e afirmar que o café também é um causador de câncer. 
Associação causal:​ A causa de uma doença A pode levar a uma infecção B, portanto estão associadas, a infecção 
com Haemonchus contortus pode levar a hiperplasia de mucosa. 
a) Direta:​ Um indivíduo andando, cai, surge uma equimose. Uma infecção com Salmonella spp. Causa a 
enterite. 
b) Indireta:​ Leptospirose causa hemólise e esta por sua vez causa a Hemoglobinúria. 
 
Tipos de exposição do suscetível aos fatores etiológicos: 
● Aguda​: principalmente enfermidades infectocontagiosas. 
● Intermitente reiterada​: pela exposição frequente, um fator de risco maior que acaba levando a doença 
(exposição ao sol por muito tempo sempre leva ao câncer de pele, por exemplo. 
● Múltipla associada​: há vários fatores associados que geram a doença, inclusive dieta, stress etc. 
 
Formulação de uma hipótese causal leva em consideração tempo, lugar e população. Métodos estudados: 
● Diferença​: o que aconteceu para a enfermidade ocorrer? 
● Coincidência/concordância​: Comparar semelhanças, em uma propriedade ocorre algo e na do lado não está 
ocorrendo ou também está. 
● Variação concomitante​: analisar fatores → faz-se algo e tem-se uma resposta. Ex: troca a ração e o animal 
melhora. 
● Analogia​: no sentido de pesquisa relacionada com animais que levam resultados aos seres humanos. 
 
Fatores na causação: 
● Fatores predisponentes​: criam um estado de suscetibilidade. Idade, sexo, doença prévia, espécie, raça. 
● Fatores facilitadores​: favorecem o desenvolvimento da doença. Fatores sócio-econômicos, desigualdade 
social, má nutrição, habitação deficiente, cuidados inadequados. 
● Fatores precipitantes​: aparecimento; princípio da doença. Exposição a um agente específico de doença. 
● Fatores agravantes​: agrava a evolução da doença. Exposição repetida, idade, peso, hábitos individuais… 
 
MODELO DE HISTÓRIA NATURAL 
É um modelo processual, ou seja, o fenômeno saúde-doença é visto como se fosse um processo. Esse modelo é 
uma grande crítica à unicausalidade e é interessante pois trata da evolução clínica do agravo de um processo. É 
visto o que acontece desde antes do aparecimento da enfermidade até o final, no seu desfecho. 
 
É útil, pois consegue-se aplicar esse modelo tanto pras doenças infecciosas quanto para as não infecciosas. Os 
unicausais só colocam as causas para identificar onde pode-se atuar para quebrar. Já o da história natural é mais 
complexo, podendo explicar vários tipos de doença e não explicando só a causa. Agrega vários tipos de modelo. 
 
A origem desse modelo aconteceu nos EUA, na década de 1940, onde surgiu um movimento originado por Flesner. 
Ele começou a trabalhar a questão de saúde. Então Leavell & Clark começaram a estudar as enfermidades e como 
elas aconteciam, para poder ser feita uma prevenção. Além disso, colocaram a saúde e doença como um processo 
gradual. 
 
Pode existir enfermidades agudas onde ​mal chega a acontecer e 
leva o indivíduo a morte​. Umas que ​pioram aos poucos e levam a 
cura​. Outras que ​surgem, vão se cronificando e levam a morte​. 
Outras que ​apresentam quadro ou não conforme um período, 
variando no horizonte clínico​. Algumas enfermidades geram 
sequelas, outras ​ficam agudas e o animal volta a ser saudável 
novamente. 
 
 
● Iceberg: ​Quando há o aparecimento de uma enfermidade numa população sabe-se apenas a ponta do 
iceberg, existem muito mais coisas e situações que não são vistas ou analisadas, sendo uma preocupação 
dos epidemiologistas em identificar o que realmente está acontecendo. 
 
Período pré-patogênico​: há todas as condições necessárias para o aparecimento da enfermidade, como ambiente, 
temperatura etc. Ainda não há a doença, mas existem as condições. 
 
Período patogênico:​ inicialmente tem-se uma interação: ou o indivíduo diminuiu a resistência, o agente se 
multiplicou demais, o ambiente mudou etc. Dentro desse período tem-se um ​período de latência​, em seguida 
ocorrem ​alterações​ tissulares\fisiológicas do próprio indivíduo. Em seguida, a doença ultrapassa o horizonte 
clínico, passando a apresentar um ​quadro clínico​ da doença, de onde evolui para ​morte, sequela ou cura​. 
 
Porém, existem situações que passa direto do período pré-patogênico para o desfecho, como morte repentina antes 
de entrar no estado de latência, não desenvolve a doença. O modelo mostra como seria a evolução do quadro 
clínico até a enfermidade, podendo ficar também com cronicidade, não significando que vai morrer. 
 
Existem autores que dizem que, em meio a um período pré-patogênico, existem situações em que vamos passar por 
um período patogênico para chegar ao desfecho, porém, outras não precisam. Ou seja, pode ser que em um 
determinado evento, em vez de passar por todo o período patogênico, vá direto ao desfecho: o ​Período patogênico 
imediato​. Este pode ocorrer, por exemplo, quando acontece um atropelamento. 
 
A partir do momento em que existe a interação (contato) a doença vai desenrolar, apesar da ​interação já ser 
considerada um período patogênico​. Objetivo: identificar pontos onde pode ocorrer a intervenção. 
 
● Vertente epidemiológica: quando estão presentes todos os fatores 
● Vertente patológica: interação está aqui dentro. 
● Desenlace: quando ocorre desfecho. 
 
Muitas vezes existem interações despercebidas entre os componentes. Por ser um modelo teórico, alguns casos não 
se adequam ao modelo em questão da realidade. As críticas desse modelo estão no foco principal na causa 
imediata: não permite compreensão da complexidade com inter-relações e interdependências dos elementos. Há 
ênfase nos componentesestritamente biológicos da doença, muitas vezes deixa de ver o cultural\socioeconômico. 
 
SAÚDE E DOENÇA - ETIOLOGIA SOCIAL 
Existem basicamente duas vertentes estudadas: uma delas coloca um componente forte do ponto de vista política, 
sendo a doença consequência de uma ​estrutura social e política​ (baixas condições econômicas falta de acesso ao 
sistema de saúde). A segunda responsabiliza fatores de risco e principalmente o próprio indivíduo sendo 
responsável pelo agravo que vai ocorrer. Tal explicação é usada mais para a medicina. A estrutura social pode ser 
resultado de irresponsabilidade do próprio indivíduo, grau de escolaridade também por falta de orientação, ter o 
animal e não vacinar. 
 
Há um conflito entre a causa social contra a causa natural. Uma das vertentes diz que a culpa é da sociedade como 
um todo, falta de condições socioeconômicas e culturais, e outra diz que a culpa é do indivíduo. 
 
Essa determinação surge das origens históricas, na origem da saúde pública. 
Há outro cenário de surgimento, sendo esse na década de 60. O estado capitalista tinha uma visão de bem estar 
social, porém chegaram à conclusão que não conseguiriam colocar todos em bem estar social devido ao custo. O 
estado então começou a diminuir os gastos em cima disso. Houve também o início da medicina curativa com o 
surgimento de grandes laboratórios e indústrias farmacêuticas, produzindo medicamentos e equipamentos. No 
entanto, esses medicamentos\equipamentos não serão de acesso para toda a população, devido aos custos. 
Houve então um movimento social na américa latina colocando explicações com cunho comunista\esquerdista. 
 
Mais para frente foram colocadas ​categorias de causação-social​, sendo elas: 
● Causas sociais básicas: elementos sócio estruturais, classe, raça, sexo, educação; 
● Causas sociais próximas: vizinhança, ambiente de trabalho; 
● Causas sociais mediadores: apoio social, rede social, estado civil. Onde as pessoas tentam se ajudar entre 
si. 
Os níveis de manifestação do processo pode ser ​individual ou singular​, do ​grupo social​ ou da ​estrutura social​ (perfil 
de cada sociedade). 
 
Há algumas explicações de associação entre status socioeconômico e saúde. Com relação, por exemplo, à 
expectativa de vida (podemos ver que países mais desenvolvidos apresentam uma maior), taxa de mortalidade 
geral, taxa de mortalidade infantil, desordens mentais, principais categorias de causas de morte da CID 
(Classificação Internacional de Doenças). 
Diferenças de Gêneros: Homens apresentam mortalidade mais elevada em todas as idades e tem maior frequência 
de doenças coronarianas, crônico-respiratórias e úlceras. 
 
Grupos Individuais:​ Câncer, doença mental. 
Stress:​ Podendo gerar doenças cardíacas, diabetes. 
Mudanças no Perfil Epidemiológico:​ a princípio se viu que existiam tendências a reduzir doenças infecciosas, 
porém posteriormente isso começou a subir. 
Mudanças devido a Mudança no Trabalho:​ Mulheres entrando no mercado de trabalho. 
Limitações da Determinação Social:​ As causas dos fenômenos relacionados à saúde e doença se reduz a explicação 
social. 
 
VISÃO SISTÊMICA 
Nessa visão percebe-se saúde e doença como algo geral, há uma visão como um todo do que está acontecendo. 
Surgiu da teoria geral dos sistemas, por Bertalan, que disse “o todo é mais do que uma soma de todas as partes”, ou 
seja, para compreender algo devo ter noção da interação daquilo. Coloca-se o processo saúde e doença e escolho 
estudar o agente, a evolução da enfermidade, a explicação social da doença...um de cada vez. 
 
Cada um dos modelos quando observados individualmente geram uma interpretação muito segmentada, a visão 
sistêmica ajuda a integrar e se aprofundar nisso. 
 
Essa teoria surge como uma reação ao reducionismo (onde se reduz o organismo à uma máquina). Existem níveis 
de complexidade, quanto mais quiser se aprofundar em determinado ponto, consegue-se usando essa visão. 
➢ Ex: episódio da doença de chagas e SC. Posso estudar sobre vários modelos: ecológico, história natural, 
com quadro clínico e evolução. Vai então para medidas profiláticas, aspectos sociais e culturais, tento uma 
visão geral de todos os aspectos da mesma enfermidade. Isso gera uma visão de que existe um todo. 
 
Características:​ substrato ecológico com perspectiva sistêmica, engloba modelos anteriores, assinala que as 
causas das doenças podem estar em diferentes níveis de causalidade. Além disso, desloca preocupações dos 
aspectos orgânicos individuais para outros aspectos. 
 
Limitações:​ Alta complexidade, há muitos fatores envolvidos para a compreensão no estudo das relações externas 
de um sistema. Se não for bem compreendido, analisado e interpretado pode tornar-se reducionista, não cumprindo 
seu objetivo.

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