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Ajustes fisiológicos da gestação

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AJUSTES FISIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO 
 
 A gestação é acompanhada por alterações anatômicas, fisiológicas e psicológicas que 
afetam quase todas as funções orgânicas da gestante. Essas mudanças são necessárias para 
regular o metabolismo materno, promover o crescimento fetal, preparar a mãe para o trabalho 
de parto e lactação. 
 
Placenta 
Exerce função metabólica, endócrina, de trocas e proteção do concepto. Ao final da gestação 
pode pesar até 600 a 650g ao termo. No início da gestação, garante a nutrição do concepto, pois, 
a placenta sintetiza glicogênio, colesterol, ácidos graxos. Como função endócrina, produz, 
grande quantidade de estrogênio e progesterona. 
Os fluxos sanguíneos materno e fetal são independentes, circulam próximos mas não se 
misturam. Estão separados por uma camada muito fina de tecidos, conhecida como membrana 
placentária, através dessa membrana ocorre a principal troca de materiais entre mãe e concepto. 
 
Modificações funcionais 
 Sistema circulatório 
O débito cardíaco aumenta de 30% a 50% desde o início da gestação em função das mudanças 
no volume plasmático e das alterações hormonais, permanecendo aumentado até o fim da 
gestação. 
Pressão arterial: é observada uma queda ligeira na pressão sistólica (máxima), na ordem de 3-4 
mmHg e queda significativa na pressão diastólica (mínima), na ordem de 10 a 15 mmHg no 2º 
trimestre, retornando aos níveis pré-gravídicos no 3º trimestres. 
Volume sanguíneo aumenta a partir da 6ª semana, atingindo o pico (45 a 50% acima dos valores 
não-gravídicos) por volta da 30 a 34 semana de gestação. 
Volume globular aumentado em cerca de 25%, menores taxas de hematócrito e hemoglobina 
associados à elevação desproporcional do volume plasmático, originam a anemia fisiológica. 
 
 Sistema urinário 
Fluxo da urina é mais retardado devido à obstrução mecânica dos ureteres pela dilatação das 
veias ovarianas, aumentando a predisposição às infecções urinárias. 
 
 
 Sistema digestório 
Sintomas comuns no 1º trimestre: náuseas, enjoo e vômitos matinais (que podem estar 
relacionados com níveis sanguíneos crescentes de estrogênio) e que podem acarretar anorexia. 
Esses sintomas são responsáveis pela perda de peso em gestantes no 1º trimestre, 
principalmente quando associados a quadros de infeções e problemas familiares. Por outro lado, 
o aumento do apetite e dos “desejos” também é relatado no 1º trimestre. 
Gengivas edemaciadas, hiperêmicas (com muito sangue), sangram com facilidade, 
possivelmente devido à ação da gonadotrofina coriônica humana, progesterona e estrogênio. 
Diminuição do pH salivar (ainda não totalmente esclarecido) associada ao aumento da 
frequência alimentar e higiene bucal inadequada, propicia o desenvolvimento de 
microrganismos causadores de cárie dentária. 
No 1º e 2º trimestres ocorre redução na secreção gástrica de ácidos, explicando a incidência 
reduzida de úlceras e melhora dos sintomas preexistentes. 
Hipotonia (redução do tônus muscular) do sistema gastrintestinal devido à ação da progesterona 
que, associada à compressão das estruturas abdominais pelo útero gravídico, retarda o trânsito 
intestinal e, como consequência desse efeito, tem-se maior incidência de constipação intestinal 
e de hemorroidas. Ocorre, ainda, maior incidência de náuseas, pirose e refluxo gastroesofágico. 
Hipotonia do intestino delgado ocasiona maior tempo de contato entre nutrientes e mucosa 
absortiva, levando ao aumento da absorção de nutrientes e água (anabolismo). 
Ptialismo ou sialorreia (produção excessiva de saliva). Causas possíveis: estímulo dos ramos 
do nervo trigêmeo; hipertonia vagal; fatores psíquicos; ingestão de amido. 
 
 Sistema respiratório 
Ocorre aumento da ventilação pulmonar em face do aumento dos níveis de progesterona, 
causando a redução da pCO2 (pressão parcial de dióxido de carbono), tornando mais fácil a 
eliminação fetal através da placenta de aumento da pO2 (pressão parcial de oxigênio) no sangue 
materno, com melhor suprimento ao feto. 
Ocorrem alterações anatômicas que melhoram o intercâmbio gasoso nos pulmões. Ocorre maior 
movimentação do diafragma e do tórax, aumentando o volume corrente; a expiração é mais 
completa e maior quantidade de ar é expirada. 
 
Papel dos hormônios 
Os hormônios produzidos na gestação são responsáveis pelas modificações corporais nas 
gestantes e que vão permitir o desenvolvimento e o amadurecimento fetal, o parto e a lactação. 
São constituídos de esteroides (colesterol: progesterona e estrogênio) e proteínas 
(gonadotrofina coriônica humana, lactogênio placentário humano). A produção é influenciada 
pela saúde geral e pelo estado nutricional da gestante. 
 
A endocrinologia da gestação pode ser dividida em duas fases: 
 Ovariana: até 8 e 9 semanas de gestação. Nessa fase, ocorre o estímulo para produção de 
gonadotrofina coriônica humana (hCG), que é responsável pela secreção esteroidea. 
 Placentária: a partir de 8 e 9 semanas de gestação, quando a placenta passa a produzir 
esteroides em quantidades crescentes. 
 
Principais hormônios e suas funções na gestação: 
 hCG (células do trofoblasto e placenta): apresenta papel fundamental no início da gravidez 
enquanto a placenta não é capaz de produzir progesterona e estrógeno em quantidades 
suficientes para promover a evolução dessa nova condição fisiológica. Impede rejeição 
imunológica do embrião; estimula a produção de relaxina pelo ovário, peptídeo que, 
juntamente com a progesterona, inibe a contratilidade espontânea do útero. Estimula a 
produção de progesterona pelo ovário. É detectada no sangue 8 dias após a fecundação e 
em 15 dias se for pesquisada a urina. Sua detecção é a confirmação da gravidez, e é o 
hormônio usado nos kits para teste de gravidez comercializados em farmácias. 
 Progesterona (placenta): sua principal ação é relaxar a musculatura lisa do útero, mas 
interfere em outros órgãos, como o intestino, diminuído sua motilidade. Essa ação 
possibilita maior tempo para absorção dos nutrientes, porém desencadeia o quadro de 
constipação intestinal. Favorece a deposição de gordura; aumenta a excreção de sódio; 
reduz a pCO2 arterial e alveolar; interfere no metabolismo do ácido fólico; e participa da 
mamogênese; estimula o apetite materno na 1ª metade da gestação. O desequilíbrio na 
produção desse hormônio pode contribuir para o processo de ganho de peso durante a 
gestação. 
 Estrógeno/Estrogênio (placenta): sua principal ação é aumentar a elasticidade da parede 
uterina e do canal cervical. Essa ação é causada pela alteração dos mucopolissacarídios do 
tecido conjuntivo, tornando-o mais hidroscópico e, portanto, mais elástico. Reduz as 
proteínas séricas; afeta a função tireoidiana; interfere no metabolismo do ácido fólico; causa 
hiperpigmentação cutânea; diminui o apetite na 2ª metade da gestação. Promove o 
desenvolvimento do tecido glandular mamário, determinando a proliferação do sistema 
ductal e, em conjunto com a progesterona, inibe a secreção de prolactina no eixo 
hipotálamo-hipofisário e, consequentemente, a secreção de leite durante a gestação. 
 Lactogênio Placentário Humano (hPL) ou Somatomamotrofina Coriônica Humana (hCS) 
(placenta): Ação mamotrófica na gravidez, mas não está envolvido na produção láctea. 
Promove mobilização das reservas de glicogênio (glicogenólise), aumentando a glicemia 
materna, associada à resistência insulínica. Promove lipólise e elevação dos níveis 
sanguíneos de ácidos graxos livres. Assim, ficam bloqueadas a retirada da glicose circulante 
pela célula e a gliconeogênese, favorecendo a captação de glicose e aminoácido pelo feto. 
 Insulina (pâncreas): as gestantes têm resposta de insulina normal à glicose no inícioda 
gravidez, mas, à medida que o período gestacional avança, torna-se necessária mais insulina 
para transportar a mesma quantidade de glicose. A gestação é considerada um estado 
hiperinsulinêmico, pois se caracteriza pela menor sensibilidade à insulina, em parte 
explicada pela ação dos hormônios antagonistas da insulina, como progesterona, cortisol, 
prolactina e hormônio lactogênio placentário. Os níveis glicêmicos em jejum tendem a ser 
menos elevados na gestante; em compensação, os níveis pós-prandiais são mais altos, 
especialmente nas gestantes em que não há aumento adequado da produção de insulina. O 
aumento da glicose necessária para o feto sobrecarrega o sistema de tal modo que a insulina 
fica menos eficiente no final da gestação. 
Reduz a glicemia, para promover a produção energética e síntese de gordura. 
 Tiroxina (tireoide): esse hormônio regula as reações oxidativas envolvidas na produção de 
energia (taxa metabólica basal). Os hormônios progesterona e estrógeno participam de 
mecanismos homeostáticos que envolvem a tiroxina e o hormônio estimulante da tireoide 
(TSH). A hiperventilação promovida pela progesterona garante maior suprimento de 
oxigênio para a produção de energia, sem que seja necessário sobrecarregar a função da 
tireoide. 
 Hormônio do crescimento (hCT) (Pituitária anterior): Eleva a glicemia; estimula o 
crescimento dos ossos longos; promove a retenção de nitrogênio. 
 Glucagon (Pâncreas): Eleva a glicemia pela proteólise tecidual. 
 Aldosterona (Córtex adrenal): Promove retenção de sódio e excreção de potássio. 
 Renina-angiotensina (Rins): Estimula a secreção de aldosterona, promove retenção de sódio 
e água; aumenta sede. 
 Calcitonina (Tireoide): Inibe reabsorção óssea de cálcio. 
 
Modificações metabólicas e bioquímicas 
 Taxa Metabólica Basal (TMB) 
Ocorre um aumento da TMB para suprir as necessidades fetais, para cobrir o consumo 
energético, na ordem de 15 a 20%, a partir do 3º mês, refletindo o custo energético da gestação 
e devido ao aumento das funções renal e cardíaca. 
 
 Metabolismo de carboidrato 
O feto requer glicose e aminoácidos para seu crescimento, mesmo em situações de jejum 
materno. A glicose é rapidamente transferida para o feto, por difusão facilitada. Com o 
consumo contínuo de glicose pelo feto, há uma diminuição fisiológica dos níveis de glicemia 
materna. Para atender às exigências fetais de glicose e aminoácidos, ocorrem ajustes 
metabólicos importantes no organismo materno, tais como menor utilização periférica de 
glicose (diminuição na ordem de 40 a 50% a partir do 3º trimestre), associada com ineficácia 
da insulina devido à redução na sensibilidade tecidual materna à insulina. Apesar de haver 
hiperplasia das células β-pancreáticas, pela ação do estrogênio e progesterona e, com 
consequente aumento dos níveis plasmáticos de insulina, esse hormônio torna-se menos eficaz 
pela ação dos hormônios contrainsulínicos hPL, hCT, estrogênio, progesterona, cortisona, 
prolactina, glucagon. 
 
 Metabolismo Lipídico 
Visando conservar a glicose para o consumo fetal e para o próprio sistema nervoso materno, 
ocorrem ajustes no metabolismo lipídico da gestante. Há maior mobilização da gordura corporal 
para produção de energia para o metabolismo materno e, com isso, ocorre elevação dos níveis 
plasmáticos de ácidos graxos, triglicerídeos, colesterol, lipoproteínas, apolipoproteínas, lipídios 
totais e fosfolipídios. Os níveis de colesterol aumentam em torno de 50%, enquanto os de 
triglicerídeos podem triplicar. A lipoproteína de baixa densidade (low density lipoprotein-LDL) 
atinge sua maior concentração plasmática por volta de 36 semanas, resultante da ação dos 
hormônios estrogênio e progesterona. A lipoproteína de alta densidade (high density lipoprotein 
– HDL) alcança seu nível máximo por volta de 25 semanas, diminui até 32 semanas e, a partir 
daí, mantém-se constante até o parto. Essas alterações estão associadas à ação dos hormônios, 
tais como adrenalina, hCT, glucafon, hPL. 
 
 
 Metabolismo proteico 
Os aminoácidos e a energia são indispensáveis para a síntese tecidual fetal e das estruturas 
maternas. A insulina estimula a síntese proteica, pois tem papel facilitador do transporte de 
aminoácidos para o interior das células. Os níveis séricos de aminoácidos são menores durante 
a gestação. A hemodiluição provoca redução das proteínas plasmáticas, principalmente 
albumina, facilitando o desenvolvimento de edema. 
 
Modificações psicológicas 
Acredita-se que a gênese do contexto emocional da gravidez esteja mais associada aos fatores 
hormonais e socioculturais. 
Os fatores hormonais estão associados com: 
 Progesterona – efeito depressivo sobre o sistema nervoso central e influência sobre o 
comportamento introspectivo e regressivo da mulher; 
 Catecolaminas – papel regulador das emoções (depressão e euforia); 
 Corticoesteróides – responsáveis pelas variações emocionais (depressão, euforia, paranoia 
e problemas de cognição). 
Os fatores socioculturais envolvidos são de natureza complexa. Um aspecto importante diz 
respeito à visão da gestação como um estado intermediário entre o status de mulher e de mãe 
(evento social), muitas vezes associado com medidas restritivas (tabus) que visam proteger o 
estado de gravidez, com isso, têm-se dois estados sociais importantes, que sugerem a Gravidez 
como evento familiar e social. 
 
Sintomatologia na gestação/recomendação 
Náuseas e vômitos 
São situações frequentes no primeiro trimestre: aproximadamente 70% das mulheres relatam 
náuseas e 50% referem vômitos. São manifestações que aparecem por volta da 6ª semana e 
raramente se estendem além da 20ª semana. Pode estar relacionados com níveis crescentes de 
estrogênio e, conforme a gravidade do quadro, acarretar anorexia. Esses sintomas são 
responsáveis por perdas de peso em gestantes no primeiro trimestre, principalmente quando 
associados a quadro de infecções e problemas familiares e/ou financeiros. Por outro lado, o 
aumento do apetite e “desejos” também são relatados no primeiro trimestre. As gestantes devem 
ser tranquilizadas quanto a esse quadro e de que o fato de não conseguirem alimentar-se 
adequadamente nessa fase não vai prejudicar a nutrição do seu bebê. 
Conduta: 
 Indicar dieta fracionada (cinco a seis refeições por dia), com menor volume. 
 Evitar frituras, alimentos gordurosos e alimentos com odor forte ou desagradável ou os que 
causem desconforto/intolerância. 
 Modificar o tempero das preparações. Evitar o uso de condimentos picantes e preferir 
temperos suaves, podendo ser sugerido o uso de limão. 
 Preferir alimentos sólidos pela manhã e ricos em carboidratos (biscoitos, torradas, iogurte, 
geleia de frutas). 
 Ingerir bastante líquido nos intervalos das refeições, a fim de evitar a desidratação e acidose 
metabólica. Preferir frutas com caldo. 
 Para prevenir a anorexia, evitar a monotonia alimentar. 
 Evitar deitar-se após as grandes refeições (almoço e jantar). 
 Em caso de hiperêmese, referenciar a gestante para o serviço de assistência pré-natal de alto 
risco. 
 
Pirose (azia) 
É decorrente da ação da progesterona, que causa hipotonia do esfíncter esofagiano inferior e, 
associada ao maior tempo de esvaziamento gástrico, favorece o refluxo gastroesofágico e 
pirose. A restrição de alimentos ácidos, tais como frutas cítricas, pode comprometer a ingestão 
de vitaminas sem necessidade, pois a acidez das frutas não é maior do que o do HCL, sendo o 
refluxo gastroesofágico o maior responsável por esse sintoma. 
Conduta: 
 Indicar dieta fracionada (cinco a seis refeições por dia), com menor volume. 
 Evitar café, chá, mate, álcool, fumo,doces, frituras, pastéis. 
 Excluir/substituir alimentos que causem desconforto/intolerância. 
 O leite deverá ser incluído no planejamento dietético, evitando sua utilização como recurso 
para tamponamento gástrico, já que é capaz de estimular a secreção gástrica. 
 Elevar a cabeceira da cama e evitar deitar-se após as grandes refeições. 
 
Sialorreia ou ptialismo (salivação excessiva) 
Pode estar associada à ingestão de amido, estíbulo dos ramos do trigêmeo, hipertonia vagal e 
causas psicológicas. 
Conduta: 
 Indicar dieta fracionada (cinco a seis refeições por dia), com menor volume. 
 Aumentar a ingestão de líquidos, especialmente em épocas de calor. 
 Estimular o consumo de frutas com caldo. 
 Orientar para deglutir a saliva. 
 Orientação semelhante à indicada para náuseas e vômitos. 
 
Fraquezas e desmaios 
São comuns no início da gestação e podem estar associados à hipotensão arterial ou 
hipoglicemia. 
Conduta: 
 Indicar dieta fracionada (cinco a seis refeições por dia), com menor volume. 
 Evitar o jejum prolongado e intervalos grandes entre as refeições, visando prevenir a 
hipoglicemia e a hipotensão. 
 Orientar para a utilização normal do sal na alimentação, exceto em casos nos quais a 
ingestão de sal deve ser controlada. 
 
Sensação de plenitude 
É comum em casos de gestação gemelar ou no último trimestre de gestação devido à 
compressão gástrica pelo útero aumentado. 
 Ajustar a alimentação conforme a tolerância, evitando grandes volumes por refeição. 
 Aumentar o fracionamento e, em casos graves, modificar a consistência das preparações 
(pastosa), principalmente no jantar e ceia. 
 Diminuir o volume das refeições e aumentar a densidade energética, por meio da utilização 
de óleo ou açúcar nas preparações. Indicar complemento nutricional, caso o valor energético 
da dieta não seja alcançado. 
 Evitar deitar após a refeição. 
 Orientar para preferir roupas amplas e confortáveis. 
 
Constipação intestinal e flatulência 
Estão associadas à ação da progesterona, a qual promove a redução da motilidade do trato 
gastrintestinal, retardando o trânsito intestinal. Estão relacionadas, também, com erros 
alimentares, baixa ingestão de líquidos e sedentarismo. 
Conduta: 
 Aumentar a ingestão de líquidos. 
 Aumentar a ingestão de fibras: frutas de modo geral, frutas laxativas (mamão e ameixa), 
frutas com bagaço e vegetais crus. 
 Estimular o consumo de produtos integrais (cereais, pães, biscoitos, farinhas). 
 Estimular o consumo de farelo de trigo ou aveia. Pode-se iniciar com uma colher de chá e 
aumentar conforme a tolerância, chegando a até duas colheres de sopa/dia, pois são 
descritos casos de distensão abdominal no início do tratamento. Pode-se recomendar 
alimentos industrializados à base de fibras, porém, deve-se considerar o valor energético 
elevado de algumas marcas e a presença de edulcorantes artificiais. É recomendável 
pesquisa de mercado antes da indicação do produto, verificando o valor energético e a 
composição detalhada. Os alimentos ricos em fibras (ex. farelo de trigo e aveia) devem ser 
ingeridos junto com líquidos e não devem ser incluídos às grandes refeições (almoço e 
jantar), pois podem interferir na absorção do ferro não-heme. Além disso, a gestante deve 
ser informada que o efeito da fibra pode não ser imediato, pois não é medicamento, mas seu 
uso prolongado é eficaz. 
 Observar a tolerância a alimentos flatulentos (alho, batata-doce, brócolis, cebola, couve, 
couve-flor, ervilha, feijão, milho, ovo, rabanete, repolho, entre outros). 
 Aumentar a atividade física, caminhadas e movimentação em geral para regularização do 
hábito intestinal, caso não haja contraindicação médica e obstétrica. 
 Orientar para o atendimento do reflexo retal. Criar o hábito sanitário diário, de preferência 
pela manhã, após o desjejum. 
 Mastigar bem os alimentos, evitar falar durante as refeições e comer devagar. 
 Fazer as refeições em ambiente calmo. 
 
Hemorroidas 
Surgem como complicação da constipação intestinal e pela compressão do intestino grosso pelo 
útero aumentado. 
Conduta: 
 Dieta para evitar constipação 
 
Picamalácia 
Algumas gestantes relatam um apetite incontrolável por substâncias não alimentares, 
condimentos incomuns ou combinações alimentares atípicas. A etiologia desse comportamento 
é desconhecida, tendo como possíveis hipóteses o alívio de náuseas e vômitos pelas mães e o 
suprimento de deficiência de cálcio e ferro, contidos na maioria das substâncias-almo dessas 
compulsões. É importante ressaltar que esse comportamento é prejudicial à gestação, pois há 
riscos de contaminação por substâncias tóxicas, diminuição no aporte de nutrientes saudáveis, 
infecção por parasitas intestinais. 
Conduta: 
Conversar com a gestante, investigando problemas emocionais ou familiares que possam estar 
associados. Orientá-la a substituir essa prática pela ingestão de alimentos de sua preferência e 
evitar o contato com a substância “desejada”. Esclarecer que a prática pode contribuir para 
ocorrência ou agravo de anemia, interferir na absorção de nutrientes, acarretar doenças como 
parasitoses e intercorrências gestacionais. 
 
Fonte/Referência 
ACCIOLY, E. Nutrição em Obstetrícia e Pediatria. Guanabara Koogan. 2012. 
VITOLO, M.R. Nutrição da Gestação ao Envelhecimento. Rubio. 2014.

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