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Noções de genética bacteriana II Fernanda Abreu Variabilidade Genética em bactérias • Sobrevivência de uma espécie está relacionada a transferência de material genético aos descendentes; • No entanto, variações genéticas podem ocorrer e são responsáveis pela evolução; • Geração de diversidade e aparecimento de novas características fenotípicas. • Vantagem seletiva diante das modificações do ambiente Fluxo da informação genética Pergunta feita na aula Pergunta feita na aula Supporting movie 1 Variabilidade Genética em bactérias • Em bactérias a variação genética é decorrente de: – Mutações; – Transferência de DNA entre bactérias • recombinação Mutações • Definição: mudanças na sequência nucleotídica de uma molécula de DNA (cromossômico ou extracromossômico); • Resultante de uma substituição, deleção ou inserção de nucleotídeo(s); • Gerando forma variante do gene. • Como pode ocorrer? – Duplicação do DNA – Danos químicos – Elementos de transposição Espontâneos x Induzidas • Espontâneas: ocorrem naturalmente, geralmente em função de erros cometidos pelas DNA-polimerases. Não há ação de agente externo. São raras. – Outra possibilidades: danos químicos podem ocorrer naturalmente. Ex.: Desaminação da citosina, levando o aparecimento de uracil Vai parear com adenina Espontâneos x Induzidas • Espontâneas: – Outra possibilidades: danos químicos podem ocorrer naturalmente. Ex.: Desaminação da adenina em hipoxantina 2 pontes de H com citosina Desaminação da guanina em xantina 2 pontes de H com citosina Espontâneos x Induzidas • Ex.: Hidroxilamina: introduz –OH no grupo amina da citosina pareamento com adenina Espontâneos x Induzidas • Mutações induzidas: ocorrem devido a ação de um agente externo (agente físico ou químico – agentes mutagênicos). Principais tipos de mutação 1. Substituição de bases; – Mutação silenciosa – Mutação da sentido alterado conservativa – Mutação de sentido alterado não conservativa – Mutação sem sentido 2. Mutações que alteram a sequencia de leitura das bases (frameshifts) – Inserção de nucleotídeos – Deleção de nucleotídeos Mutação – Substituição de bases • Também chamada de mutação de ponto ou pontual; • Classes das substituição: – Transições (mais comuns) • purina por purina (A G ou GA) • pirimidina por pirimidina (CT ou TC) – Transversões • purina pirimidina Mutação – Substituição de bases • Tipos de mutações pontuais 1. Silenciosa: altera códon, mas continua codificando mesmo aa. Sem alteração no polipeptídeo. Sem alteração fenotípica. 2. S. alterado conservativa: altera códon, codificando aa com propriedades semelhantes. 3. S. alterado não conservativa: altera códon, codificando aa com propriedades diferentes. Setina Treonina ---- Neutro Hidrofóbico Resultado no polipeptídeo: atividade parcial ou inativa ou função alterada. Mutação – Substituição de bases • Tipos de mutações pontuais 4. Sem sentido: • Criação de códon de terminação; • Parada prematura da cadeia polipeptídica • Resultado: peptídeo truncado; • Maior parte dos casos: perda de função. Mutação - Frameshifts 1. Inserção de nucleotídeos - Forma de leitura dos códons é alterada a partir do ponto em que ocorreu a inserção - Efeito irá depender do ponto de onde ocorreu a inserção - Quanto mais próxima ao extremo 5’ do gene mais deletério é o efeito. Mutação - Frameshifts 2. Deleção de nucleotídeos - Forma de leitura dos códons é alterada a partir do ponto em que ocorreu a deleção - Efeito irá depender do ponto de onde ocorreu a deleção - Quanto mais próxima ao extremo 5’ do gene mais deletério é o efeito. Elementos de transposição • Definição: segmentos de DNA que podem transpor de uma posição para outra dentro da mesma molécula de DNA ou para outra. -DNA que doa: replicon doador - DNA que recebe: replicon receptor -Replicon: qualquer molécula capaz de duplicação -Local de inserção: sítio-alvo -Recombinação independente de homologia Elementos de transposição • Tamanho e organização funcional variados • Características comuns: – DNA dupla fita; – Encontrados em Gram-positivas, Gram-negativas e arquéas; – Não são encontrados de forma livre e autônoma no citoplasma; – Sempre associados ao DNA cromossômico, plasmídeos ou DNA de fagos – Geralmente possuem terminais com repetições invertidas (sítios essenciais para o processo de transposição). Elementos de transposição • Participação de proteínas codificadas pelo próprio elemento transposases; • Endonucleases que se ligam às repetições invertidas nas extremidades e causam sua transposição por mecanismos específicos de recombinação. • Endonucleases: clivam ligações fosfodiéster não terminais; • Geralmente ocorre duplicação do sítio-alvo; • Sítio-alvo demonstra pouca especificidade; • Assim, a maioria do elementos de transposição apresenta transposição múltipla randômica. Classes do elementos de tranposição 1. Sequencias de Inserção ou elementos IS: – Designados pela letra IS, acompanhada de um número em itálico; – Podem ser encontrados no cromossomo, plasmídeos ou integrado ao DNA de fagos; – Tamanho pequeno (>2kb); – Possuem apenas genes relacionados a transposição. Classes do elementos de tranposição 2. Transpósons: – Designados pela letra Tn, acompanhada de um número em itálico; – Frequentemente em plasmídeos, mas também em integrado ao cromossomo e DNA de fagos; – Tamanho maior que 2kb Classes do elementos de tranposição 2. Transpósons: – Podem ser classificados em: • Transposóns Complexos: repetições invertidas na extremidade; 1 ou + genes envolvidos na transposição; 1 ou + genes codificando características fenotípicas adicionais. • Transpósons Compostos: elementos IS idênticos ou quase idênticos em suas extremidades, na mesma orientação ou orientação invertida; IS flanqueiam região central contendo marcadore genéticos. Mecanismos de Transposição • Tipos de mecanismos: 1. Transposição Conservativa: elemento de transposição deixa o replicon doador e se insere no receptor. Geralmente replicon doador é reparado circularização. 2. Transposição Duplicativa: transposição de uma cópia do elemento de transposição. Ambos os replicons carrearão o elemento de transposição. Elementos de tranposição – Agentes mutagênicos • Como elementos de transposição podem causar mutações? – Transposição para sequencias de DNA codificadoras de genes; – Transposição para sequencias reguladoras, necessária para expressão dos genes. Elementos de tranposição – Agentes mutagênicos • Como elementos de transposição podem causar mutações? – Presença de inúmeras cópias pode causar: • deleção de regiões por recombinação homóloga • inversão de regiões por recombinação homóloga • fusão de moléculas diferentes de DNA Consequência desse eventos depende dos genes envolvidos Formação do cointegrado Variação genética em procariotos • Transferência de DNA entre procariotos 1. Transformação 2. Conjugação 3. Transdução Transformação Griffith (1928) 28 Transformação • Definição: Mecanismo de transferência de genes através do qual um segmento de DNA livre no meio, oriundo da célula doadora geralmente morta e lisada, implanta-se na célula receptora. • Inserção do DNA exógeno no material genéticoda célula: Ocorre recombinação dependente de homologia Sistema Rec bacteriano Doadora Receptora DNA livre Transformação Etapas da Transformação • Célula precisa estar no estado competente para receber DNA exógeno; – Estado transitório, de curta duração, geralmente do meio para o final da fase logarítmica de crescimento. • Diferença entre Gram + e Gram - Etapas Básicas Competência: Mudanças nas proteínas de superfície: ligação e captura do DNA Etapas da Transformação • Adsorção: ligação do DNA a superfície da célula – inespecífica em algumas bactérias – Específica em outras (necessidade de sequencia específica para que DNA exógeno se ligue a proteína de ligação na superfície da célula) • Penetração do DNA exógeno: conversão do DNA transformante em forma resistente a DNAases durante o processo de remoção do meio externo. – Apenas uma fita é internalizada, geralmente a partir do extremo 3’. – Associação a proteínas básicas denominadas ptn de eclipse receptora nuclease transporte eclipse Gram negativa: Poro na M.E. Etapas da Transformação • Substituição de um segmento de DNA na receptora pelo processo de recombinação por homologia A célula que sofre transformação é chamada de transformante. Gene a inativo: transformado gene A ativo. Transformação • Ocorrência: – Quase sempre entre bactérias da mesma espécie ou espécies relacionadas; – Recombinação dependente de homologia • Diferença entre a transformação na natureza e in vitro (transformação de células com plasmídeos): – Independente da espécie; – Métodos artificiais de transformação: • Eletroporação • Via protoplastos: DNA adicionado a protoplastos em meio hipertônico; • Via esferoplasto: arqueas desprovidas de parede. EDTA ou endopeptidases • Via choque térmico • Biobalística: bombardeamento de células com partículas contendo DNA Conjugação • Definição: processo altamente específico através do qual DNA é transferido de uma célula doadora para uma célula receptora por um complexo multiproteico denominado aparato de conjugação. MM = meio mínimo contem apenas glicose como fonte de C -Presença de DNAase não impedia o aparecimento de prototróficos Necessidade de contato Conjugação • Experimentos posteriores mostraram a necessidade de plasmídeos conjugativos nas células doadoras (plasmídeos F). • Plasmídeos conjugativos possuem genes codificadores de estruturas ou moléculas na superfície da célula doadora envolvidas no contato celular; • Ocorre em Gram-positivas e Gram-negativas; – Gram -: plasmídeos conjugativos promovem conjugação em meio líquido e sólido – Gram +: dois tipos de plasmídeos conjugativos • Meio líquido: alta frequência • Meio sólido baixa frequência • Diferença na forma de contato entre as células Etapas da Conjugação • O processo pode ser divido do didaticamente em duas etapas: – Estabelecimento de contato entre células – Transferência do DNA Etapas da Conjugação • Bactérias Gram-negativas – Célula doadora apresenta pilus sexual (estrutura filamentosa formada pela ptn pilina cilindro oco); – Pilus é necessária para reconhecimento da célula receptora e formação de pares durante a conjugação. – Geralmente ocorre retração do pilus e conversão do contato pilus/parede em contato parede/parede. – LPS parece ser receptor do pilus e Omp A parece desempenhar papel na estabilização dos pares. Etapas da Conjugação • Bactérias Gram-positivas – Mecanismo para conjugação em meio sólido não foi elucidado; – Mecanismo para conjugação em meio líquido: • Plasmídeos que respondem a ferormônios sexuais liberados no meio pelas células receptoras; • Ferormônios sexuais podem ser de vários tipos e codificados pelo cromossomo da receptora; • Ferormônio se liga a receptor específico na superfície da doadora, codificado pelo plasmídeo; • Produção de substância de agregação pela doadora, que auxiliam o estabelecimento do contato celular. Etapas da conjugação • Transferência do DNA – Transferência inicia-se com a clivagem da ligação fosfodiéster em uma das fitas no sítio nic da região oriT pela endonuclease chamada relaxase. – Relaxase permanece ligada a extremidade 5’P no ponto de contato celular; – Ocorre transferência de uma das fitas iniciando pelo terminal 5’ ligado a relaxase; – A duplicação das fitas é promovida pelas enzimas codificadas pelo cromossomo da célula. Conjugação • Pode ocorrer transferência de DNA cromossômico por conjugação; • Plasmídeo conjugativo deve estar integrado ao cromossomo; • Estirpes bacterianas que possuem plasmídeo conjugativo integrado ao cromossomo são denominadas Hfr (alta frequencia de recombinação). Conjugação de plasmídeos não conjugativos • Plasmídeos não-conjugativos são pequenos e não codificam aparato conjugativo; • Podem ser classificados como: – Plasmídeos não-conjugativos mobilizáveis: • Possuem oriT e genes que codificam relaxase; • Não possuem genes que codificam estruturas de contato celular. Não conjugativo Conjugação de plasmídeos não conjugativos • Podem ser classificados como: – Plasmídeos não-conjugativos não-mobilizáveis: • Não possui oriT, nem genes que codifiquem relaxase e aparato de conjugação. Transdução • Definição: mecanismo de transferência de genes entre bactérias mediado por bacteriófago. Lederberg & Zinder Bacteriófagos temperados poderiam promover a transferência de genes entre bactérias, pois nãocausam extensa degradação do cromossomo da célula infectada. Célula de Escherichia coli Bacteriófago Cromossomo de E. coli Forma circular do cromossomo do fago Ciclo lítico Ciclo lisogênico Recombinação sítio-específica Profago Replicação Montagem Lise Duplicação do cromossomo e do profago nas células filhas. in d u çã o Transdução • Transdução generalizada – Todos os genes bacterianos têm chances iguais de serem empacotados nos novos vírus; – Fago possui apenas DNA da célula hospedeira. 48 Transdução • Transdução especializada – O empacotamento ocorre de forma específica, sendo necessária a presença de determinadas sequencias para empacotamento. – Fago empacota DNA bacteriano com o viral; – Apenas genes bacterianos vizinhos ao ponto de inserção do genoma viral são empacotados nos novos vírus. 49 Célula transduzida Recombinação homóloga Prática Prática 9 • Leitura do antibiograma – Observação do halo de inibição – Halo de inibição é medido em milímetros com auxílio de régua; – Medida é comparada com tabela-padrão de interpretação que considera: • Espécie/grupo de bactéria • Agente anti-microbiano • Concentração Prática 9 Prática 9 • Leitura de antibiograma – Colônia que aparecem no halo de inibição: • Mutantes resistentes; • Contaminação; • Coloração de Gram poderia tirar a dúvida – Halos geminados: efeito sinérgico de dois antibióticos
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