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Definição de educação

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Fundamentos Sociais, Políticos, Econômicos da Educação 
Enfermagem – 
Profª Claudia Gouveia 
 
Definição de Educação 
 
De um jeito ou de outro ninguém escapa da educação – em casa, na rua, igreja, escola – 
todo dia a vida se mistura com a educação, para aprender, ensinar, saber, fazer, ser ou 
conviver. 
É uma educação ou são várias educações? Não há uma forma única, nem modelo único 
de educação, ela não acontece só na escola, ela não é só praticada pelo ensino escolar, 
nem somente pelo professor. 
Em mundos diferentes a educação é diferente, é diferente em tribos e em países 
industrializados, em mundos sociais sem classes ou com classes, com conflitos ou sem. 
Ela existe nas categorias diferentes de um mesmo povo, em povos diferentes, existe nos 
povos que se submetem e nos que dominam estes inclusive podem usá-la como recurso 
de dominação. 
A educação se difunde em todos os mundos sociais, desde quando não havia classes, 
livros e professores, até quando houve. 
A educação pode existir livre, entre todos, e pode ser a forma de formar uma 
crença/ideia coletiva; também pode ser imposta por um sistema de poder que a usa para 
reforçar e controlar a desigualdade nos bens, no trabalho, nos direitos. 
A educação é uma parte do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam 
como uma das invenções de sua cultura. Produzindo e praticando os grupos reproduzem 
a educação que compõe palavras, regras de conduta, de trabalho, formas de arte, 
religião, tecnologia que todo povo precisa para viver em grupo e individualmente 
através de trocas com a natureza e homens, que a educação ajuda a explicar pelas 
gerações. 
Vale salientar que, a educação do colonizador – contendo o saber do seu modo de vida e 
confirmando a legalidade dos seus atos – não serve para o colonizado e vai contra a 
educação do dominado que própria do seu mundo e de sua cultura. 
Quando são necessários guerreiros ou burocratas a educação é uma das formas de criá-
los, porque ajuda não só a criar, mas também a pensar tipos de homens e a passar os 
ingredientes que os constituem através das gerações. 
A educação também faz parte da produção de crenças e ideias, qualificações e 
especialidades que envolvem símbolos, bens e poderes que constroem as sociedades. 
Mas às vezes imaginando que serve ao saber e a quem aprende, o educador pode estar 
servindo a quem lhe fez professore e de forma escusa atendendo aos interesses políticos 
impostos nela. 
No imaginário de indivíduos e grupos a educação existe para transformar sujeitos e 
mundos em algo melhor, mas na prática ela pode educar e deseducar, fazendo o 
contrário do que se pensa. 
A educação existe independente da escola e por todo lugar podem existir redes e 
estruturas sociais de transferência de saber entre as gerações, porque se aprende a 
continuar o trabalho da vida – o transporte de uma espécie a outra, de uma geração a 
outra, os princípios com os quais se aprende e ensina a viver e evoluir. 
O animal irracional aprende de dentro para fora – instinto. Já o homem, que transforma 
com seu trabalho e sua consciência a natureza em cultura, aprendeu a transformar as 
trocas feitas na cultura em situações de aprender-ensinar-e aprender, ou seja, em 
educação. 
Na espécie humana a educação está no viver cotidiano através das trocas de símbolos, 
intenções, padrões culturais, relações de poder e tem como objetivo fazer o homem 
evoluir, ficando mais humano. 
Em uma sociedade complexa, na qual se tem divisão social do trabalho e do poder é que 
se pensa nas formas e nos processos de transmissão do saber, daí a educação passa a 
fazer parte da consciência e educar se torna um trabalho com espaço, sistema, tempo, 
regras, categorias de profissionais e de educandos com maneiras menos simples de 
ensinar e aprender. 
Mas ensinar e aprender pode acontecer em qualquer lugar e qualquer tempo, existindo 
de formas diferentes, praticadas em situações diferentes. 
Quando antropólogos do século XX pesquisaram as ditas culturas primitivas – 
sociedades simples - descreveram tudo delas, mas não usaram a palavra educação, 
embora tenham descrito relações do dia a dia, rituais de aprendizagem. Por que? Porque 
não falaram de processos formalizados de ensino, visto que onde tais sociedades 
praticavam processos sociais de aprendizagem não há situação forma escolar de 
transferência do saber tribal – de fabricar arco e flecha ou recitar rezas, por exemplo – 
porque sabedoria não “dá aula” e alunos “não aprendem na escola”, tudo se adquire 
vivendo muitas e diferentes situações de trocas entre pessoas, através da convivência o 
saber flui. 
Na tribo a criança se relaciona com a natureza guiada por um adulto em situações de 
aprendizagem na quais vê, entende, imita, aprende com a sabedoria que já existe no 
fazer a coisa, também nas trocas de bens e serviços – caçada, pesca, canto, lavoura, 
brincadeira, rituais religiosos. O saber da comunidade são situações pedagógicas 
interpessoais, familiares, comunitárias que não têm técnicas pedagógicas propriamente 
ditas, nem um profissional exclusivo de aplicação. Tem dimensão pedagógica porque 
conteúdo é transmitido, aprendido e replicado. Então tudo que é importante para a 
comunidade e existe como um saber, também existe como modo de ensinar. Cada grupo 
humano cria e desenvolve situações, recursos e métodos para ensinar o saber, as 
crenças, os gestos. 
As várias formas vivas e comunitárias de ensinar e aprender têm vários nomes, mas ao 
processo global se dá o nome de socialização através da qual ao longo da vida, 
passamos por etapas sucessivas de introjeção de categorias de saber e habilidade, que 
constroem identidade, ideologia, modo de vida do grupo, também a opinião de cada um, 
o que se é, se sabe, se faz, se ama. A socialização realiza projetos e necessidades da 
sociedade e faz cada membro ser reconhecido como seu. 
O processo de aquisição pessoal de uma cultura com seu saber, crença e hábito é a 
endoculturação, aprendendo de maneira mais ou menos intencional, envolvendo corpo, 
mente e afetividade nas situações de relação com a natureza e entre os homens. 
A educação é uma parte da endoculturação, o modelar que leva o indivíduo a ser o que 
sua sociedade espera, seu grupo, sua categoria profissional, seu gênero. O homem 
natural é a matéria-prima e através da educação, que é parte da endoculturação, que faz 
parte da socialização, ele cresce, amadurece e se transforma. 
A educação para o educador é o que dá a forma e o polimento. 
 
 
Referência 
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2013.

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