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Contratação Direta na Administração Pública

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	CONTRATAÇÃO DIRETA NA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Machado, Caroline Lemes Vieira. 
Contratação Direta Na Administração Publica. – Brasília, 2016. Projeto de pesquisa apresentado na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, integrante do curso de Direito das Faculdades Integradas Promove De Brasília - UNICESP. Orientador: Prof. Leonardo Ferreira Souza.
Resumo: O presente estudo visa realizar uma abordagem acerca da Contratação Direta na Administração Pública, que tem o objetivo de apresentar as excepcionalidades da Licitação, visando entender melhor o cabimento e uso dessas exceções. Sabemos que a Constituição Federal garante as melhores condições contratuais através da igualdade jurídica e do interesse público que compõem o que chamamos de princípio licitatório. A Administração Pública usa essa garantia para dar celeridade ao procedimento e encontra por base a Lei de Licitações, que tem por finalidade dispor sobre critérios e pressupostos inerentes aos contratos públicos, trazendo a uniformização dos procedimentos. Da mesma forma, essa modalidade de contratação visa atender ao melhor interesse não deixando de cumprir com os princípios da administração pública.
Palavras-chaves: Contratação Direta, Administração Pública, Inexigibilidade e Dispensa, Hipóteses.
Abstract: This study aims to carry out an approach on the Direct Hiring in Public Administration, which aims to present the bid exceptionalities, to better understand the pertinence and use of these exceptions. We know that the Federal Constitution guarantees the best contractual conditions by legal equality and public interest that make up what we call a bidding principle. The Public Administration uses this to guarantee to speed up the procedure and is based on the Bidding Law, which aims to provide for criteria and assumptions inherent in public contracts, bringing the standardization of procedures. Similarly, this type of contract aims at serving the best interests leaving to comply with the principles of public administration.
Keywords: Direct Contracting, Public Administration, Exemption and Exemption, Hypotheses.
Sumário: Introdução. 1. Licitação Pública. 1.1 Conceito, finalidade, objeto da licitação. 1.2 Princípios da Licitação. 1.2. Formalismo. 1.2.2 Publicidade dos Atos. 1.2.3 Igualdade (Isonomia). 1.2.4 Sigilo das Propostas. 1.2.5 Vinculação ao instrumento convocatório. 1.2.6 Julgamento Objetivo. 1.2.7 Probidade e Moralidade Administrativa. 1.2.8 Adjudicação Obrigatória ao Vencedor. 1.2.9 Competitividade. 2. Obrigatoriedade de Licitar. 2.1 Competência para legislar. 2.2 Obrigados a Licitar. 2.3 Pressupostos da Licitação. 2.4 Exceções ao Dever de Licitar. 3. Contratação Direta na Administração Pública. 3.1 Dispensa na Licitação. 3.1.1 Licitação Dispensável. 3.1.2 Licitação Dispensada. 3.1.3 Inexigibilidade. 3.2 A Justificação nas Hipóteses de Contratação Direta. Considerações Finais. Referencias.
INTRODUÇÃO
Regulamentada pela Lei 8.666/1993, as normas gerais de Licitação e contratos administrativos merece relevante observação dado aos preceitos necessários a fim de estabelecer a contratação de produtos e prestação de serviços em prol da Administração Pública. 
O contrato entre Estado e prestador de serviços e\ou produtos não se estabelece livremente. Nessa garantia das melhores condições contratuais através da igualdade jurídica e do interesse público, podemos compor os chamados princípios licitatórios.
Mesmo com a legislação visando tais garantias, foram estabelecidas algumas exceções a essas regras de procedimento: a dispensa e a inexigibilidade. Essas hipóteses garantem ao Ente público a contratação direta e independente de licitação.
Visando estudar as exceções de contratação na Administração Pública, o presente faz análise quanto à inexigibilidade e dispensa na licitação.
Observando o conceito geral de ambas, podemos dizer que dispensa é a permissão em casos específicos de contratação direta sem abrir concorrência entre outros que poderiam fornecer os mesmos bens e serviços. Já a inexigibilidade é a impossibilidade de realização do procedimento licitatório por ausência de serviços, bens ou produtos com características próximas às necessárias ou pela própria inexistência de pluralidade de licitantes quanto ao fornecimento dos mesmos.
Assim, resta argumentar que o presente trabalho tem por objetivo abordar a contratação direta com comparações entre seus institutos, demostrando importância, sua aplicação, benefícios, problematização e demais consequências, sobre olhar aprofundado e crítico diante da conjuntura nacional atual.
1. LICITAÇÃO PÚBLICA
Em regra, as contratações na Administração Pública devem ser realizadas pelo procedimento licitatório, conforme dispõe o art. 2º da Lei 8.666/1993.
O procedimento licitatório permite que seja analisada a melhor proposta, garantindo segurança de igualdade participativa dos licitantes e resguardando os interesses de relevância, tais como respeito ao Erário, proposta mais vantajosa para a Administração Pública, respeito aos princípios constitucionais supramencionados e a não distinção entre os partícipes.
1.1 Conceito, finalidade, objeto da licitação.
Meirelles conceitua a licitação como ““ procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse �””. Deste modo, podemos dizer que são ações compreendidas entre a Administração Pública e terceiros com interesse, garantindo constitucionalmente seus princípios em contrato com determinada instituição ou ente público. 
Licitação traz o princípio da isonomia na disputa e que, ao fim, será escolhida a proposta com mais vantagem aos interesses públicos se concluindo em um contrato administrativo em que o Ente Público e o licitante vencedor realizam obras, serviços, compras, etc.
É um procedimento que envolve vários ““ atos autônomos coordenados, que visam uma finalidade definida, que é a habilitação específica para contratar;� ”” segundo Diogo F. Moreira Neto, ou seja, iniciado, o procedimento deve cumprir as regras fixadas, selecionando o licitante com uma proposta que melhor interesse, dentro dos quesitos de melhores condições, melhor preço, maiores vantagens para a Administração, que se torna seu objeto.
A Lei 8.666\93 veio sofrendo mudanças, principalmente no tocante a igualdade entre os participantes do procedimento licitatório, com a Lei 12.349\10. Na referida lei, o legislador flexibilizou o entendimento de igualdade, possibilitando maiores vantagens a empresas manufaturadas nacionais ou prestadoras de serviços nacionais, que atendam normas técnicas brasileiras.
Toda essa garantia de observância aos princípios constitucionais, de escolha da proposta mais vantajosa para administração, garantia de igualdade aos licitantes, a promoção do desenvolvimento nacional sustentável� como supracitado, caracteriza a finalidade da licitação. 
Não podemos deixar de observar que, com a vigência da Lei 12.349\2010, promover o desenvolvimento sustentável e conceder vantagens às empresas que fornecem à Administração Pública produtos e serviços nacionais se tornou tão importante quanto à necessidade de observação dos referidos princípios constitucionais.
1.2 Princípios da Licitação
O art. 3º da Lei 8.666\93 rege sobre a destinação das licitações, conforme visto anteriormente e, ainda, explicita os princípios básicos pertinentes ao processo licitatório, que são Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Igualdade, Publicidade, Probidade administrativa, Vinculação ao instrumento convocatório e Julgamento objetivo.
Em sua maior parte, são princípios ligados à Administração Pública e sua atuação. Serão apontados como princípios voltados à licitação os da vinculação ao instrumento convocatório e julgamento objetivo.
Outros princípios são considerados pela doutrina como correlatos ou implícitos ao processo licitatório, que são o princípio da competitividade,do procedimento formal, do sigilo das propostas e da adjudicação compulsória.
1.2.1 Formalismo
O processo licitatório será sempre formal, em principal, por se tratar de contratações as quais serão usados recursos públicos. Esse princípio, incluído por Meirelles, é encontrado no art. 4º, § único da Lei 8.666\93, na qual ““ O procedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração Pública� “”.
1.2.2 Publicidade dos Atos
O presente princípio consta tanto no caput do art. 3º da referida lei quanto em seu § 3º ao dispor sobre o dever de acessibilidade do público à licitação.
Sua finalidade é permitir que tal procedimento seja fiscalizado e acompanhado tanto pelos licitantes como pelos órgãos competentes de controle interna e externamente, alem da garantia do direito a informação a todo e qualquer cidadão.
Tal princípio garante que qualquer ato lesivo à Administração Pública, supervisionado por esses órgãos de controle, possam ser impugnados, sustados e\ou denunciados aos Entes Públicos competentes, tais como Ministério Público, Tribunais de Contas e etc.
1.2.3 Igualdade (Isonomia)
Com objetivos e finalidades extremamente amplas e ainda mais flexíveis após a Lei 12.439\2010, em suma, esse principio impõe a obrigatoriedade de tratamento igualitário entre os licitantes. É o dever de, através de critérios e quesitos pré-estabelecidos, seja conferidas condições da participação do mais abrangente universo de licitantes. 
Entre as inovações da referida Lei, a inserção da promoção do desenvolvimento nacional sustentável torna coerente algumas preferências às empresas nacionais de acordo com o critério de proposta mais vantajosa para a Administração Pública. 
Em exemplo, ao escolher uma prestadora de serviços nacional com o valor acima de uma estrangeira não caracteriza desigualdade, uma vez que, diante da visão econômica, há tributos adicionais inerentes aquele contrato. Há que se falar, ainda, nos benefícios indiretos mediatos e em longo prazo que a proposta nacional escolhida permitirá ao desenvolvimento nacional, considerando a proposta mais vantajosa, conforme preceitua a legislação.
Dentro deste universo, existem demais critérios adicionados pela Lei, tais como favorecimento a produtos e serviços nacionais (desempate, margens de preferência, participação restrita), preferência de contratação para micro e empresas de pequeno porte, as quais não serão abordadas por se tratar de objeto de estudo diferente ao presente.
1.2.4 Sigilo das Propostas
Contido no § 3º do art. 3º da Lei 8.666\93, visa garantir, em todo o decorrer do procedimento, a impessoalidade, resguardar a garantia de igualdade dos licitantes. Sendo fundamental na modalidade concorrencial, uma vez que o julgamento da habilitação dos licitantes deverá ocorrer sem o acesso às propostas.
A inobservância do sigilo das propostas caracteriza crime de violação, conforme prevê o art. 94 da referida Lei, sob pena de detenção de 2 a 3 anos e multa. Evidente que tal princípio combate a fraude a competitividade do procedimento.
1.2.5 Vinculação ao instrumento convocatório
Esse princípio deixa a Administração vedada de descumprir quaisquer condições e normas constantes no edital licitatório.
No mesmo art. 41 da Lei é assegurado a qualquer cidadão o direito de impugnar o edital publicado por ilegalidade.
1.2.6 Julgamento Objetivo
Determina que a decisão pela qual a Administração escolha a proposta mais vantajosa limite-se aos critérios estabelecidos na lei, regulamento e ato convocatório do procedimento.
A noção de critério de julgamento está vinculada ao tipo licitatório, sendo vista de acordo com sua tipificação.
1.2.7 Probidade e Moralidade Administrativa
Garante à licitação um padrão ético e lícito por parte da Administração, isto é, todos os atos do procedimento deverão ser praticados dentro da legalidade e de acordo com as normas e o agente público deverá agir dentro da ética e moralidade a eles exigidos.
 Vale ressaltar que o art. 37 da CF impõe, em seu § 4º, perdas de função pública, suspensão de direito político, ressarcimento ao erário e indisponibilidade de bens a quem pratica a improbidade administrativa, e esses atos considerados ilícitos estão regulados na Lei 8.429\1992, onde existe um rol de situações com suas respectivas sanções e punições.
1.2.8 Adjudicação Obrigatória ao Vencedor
O presente princípio garante ao vencedor a certeza da concessão de seu objeto licitado, além de garantir que não haja outro processo licitatório enquanto estiver válida adjudicação anterior.
Este é o ato final da licitação. Após sua conclusão com êxito – sem haver qualquer impedimento no procedimento – a Administração faz a convocação do licitante para assinar o termo de contrato. Só haverá uma convocação dos remanescentes se o vencedor não assinar o termo nas condições e prazos estabelecidos.
1.2.9 Competitividade 
Considerado o mais importante, esse princípio é fundamentado na desigualdade justificada entre os licitantes, garantindo, de fato, a proposta mais vantajosa para a Administração.
A Lei 8.666\93 proíbe o procedimento licitatório sem que haja marcas ou serviços similares, com exceção os casos tecnicamente justificáveis, art. 7º, § 5º.
2. OBRIGATORIEDADE DE LICITAR
A obrigatoriedade de licitar, de forma genérica, se encontra no inciso XXI, art. 37 da referida carta magna, vejamos:
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
O referido inciso admite a possibilidade da exceção de licitação em contratos administrativos, diferentemente de outros tipos de contratos específicos, como concessão e permissão de serviços, os quais sempre serão pactuados através de procedimento licitatório, a exemplo o art. 175 da CF\88: “”Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos�”” (grifo nosso).
2.1 Competência para legislar 
A União possui a competência para legislar sobre normas gerais das licitações e contratos administrativos, conforme dispõe inciso XXVII, art. 22 da Constituição Federal de 1988 (CF\88). São essas normas nacionais, as quais todos os entes federados estão acobertados.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III
Os Estados e Distrito Federal possuem legitimidade para legislar sobre especificações do procedimento, isto é, normas específicas, sempre observando a não contrariedade das normas gerais editadas pela União.
2.2 Obrigados a Licitar
Essa obrigação de licitar está contida no art. 37, XXI, da CF, e se aplica, com exceção a casos específicos, a todo ente da administração pública direta ou indireta. Todo termo de contrato que tem por objeto obra, serviço, compras e alienações, bem como concessão e permissão de serviços públicos, deverá ser antecedido por procedimento licitatório.
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitiráas exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
Essa obrigatoriedade estabelecida no presente artigo também é aplicada à renovação do contrato administrativo quando indispensável, não podendo ser confundido com a prorrogação contratual que pode ser admitida se estiver previamente estabelecida no termo de contrato e edital do processo licitatório, sob pena de nulidade do ato prorrogativo.
2.3 Pressupostos da Licitação
Com a obrigatoriedade imposta pela CF, se faz necessário um processo licitatório em que a Administração conduza mais transparente e igualitária possível, dentro de seus princípios e condições previamente estabelecidas com aqueles que desejam se tornar contratados por ela, nos casos estipulados pela norma geral.
Assim, podemos indicar três pressupostos imanentes à licitação o jurídico, lógico e fático. O pressuposto Jurídico é o que diz respeito ao fato concreto, que deve servir ao interesse público. A licitação é um meio para chegar a um resultado, uma relação jurídica por ela estabelecida sem a qual não seria possível realizar-se. 
O lógico pertence à necessidade da existência de uma pluralidade de objetos e ofertantes, elemento sem o qual não há como realizar o procedimento licitatório.
Já o pressuposto fático está relacionado com a existência do interesse de concorrência, isto é, de interessados em participar do certame, sem o qual inviabiliza sua realização. Por esse motivo, em situações específicas é considerada sua dispensa ou inexigibilidade, que é colocada de acordo com disposição legal.
2.4 Exceções ao Dever de Licitar
Esse afastamento da imposição da licitação é definida e interpretada em sentido estrito, por se tratar de conceito infraconstitucional e regulado pela Lei Federal 8.666\93. Suas hipóteses são duas: dispensa e inexigibilidade. 
Na dispensa, que pode ser dispensada e dispensável, a legislação entende que há razões previstas que tornam desnecessário o procedimento da competição. Ressaltamos que a referida lei estabelece limites de valor contratual para essa exceção.
Já na licitação inexigível caracterizamos a inviabilidade da competição, por quaisquer que sejam os motivos, fáticos, jurídicos ou lógicos, ou seja, não se faz possível a realização do procedimento. 
3. CONTRATAÇÃO DIRETA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 Conforme visto, as hipóteses de não realização prévia da licitação às contratações em geral, exceto as concessões e permissões de serviços públicos, são bipartidas em duas vertentes: inexigibilidade e dispensa.
Vale ressaltar que a contratação direta pela Administração não interfere nos princípios inerentes a ela e, menos ainda, autoriza a livre atuação do administrador público. Deverá ser seguido procedimento específico, assegurando tais princípios constitucionais e formalidades necessárias.
Não deve ser confundido o procedimento específico da contratação direta com falta de ordenamento por parte da Administração Pública. Essas contratações feitas no âmbito administrativo também exigem procedimento prévio observando o que dispõe a Lei 8.666/93.
Assim, os procedimentos para dispensa e inexigibilidade deverão seguir submetendo a diversos atos como através da solicitação de aquisição, previsão orçamentária, estudo de viabilidade econômica e técnica, etc.  A administração deve priorizar a melhor hipótese usando os princípios regentes e adequação devida para concluir em melhor solução de inexigibilidade ou dispensa.
3.1 Dispensa na Licitação
 Abrangendo as hipóteses de dispensa da licitação, vemos que é definida pelos casos que, mesmo havendo possibilidade jurídica do procedimento, a legislação permite o contrato direto ou até mesmo determina a exclusão do processo licitatório.
3.1.1 Licitação Dispensável
A primeira a ser analisada, licitação dispensável, é fundamentada pelo art. 24 da Lei 8.666\93 onde o texto traz expressamente o termo dispensável seguindo suas hipóteses cabíveis. Se caracteriza pela autorização da lei em não realizar o procedimento, mesmo diante da possibilidade da competição, isto é, a Administração pode dispensar a licitação conforme seus critérios e conveniência. 
Segue a listagem de hipóteses cabíveis de licitação dispensável e suas relevâncias.
O inc. I dispõe das obras e serviços de engenharia de valor até 15 mil, desde que não sejam parcelas de um mesmo objeto ou objetos de mesma natureza que possam ser realizados conjuntamente. Vale ressaltar que em casos de consórcios públicos, sociedades de economia mista e empresa pública, autarquia ou fundação classificada como Agência Executiva, esse limite é dobrado.
O inc. II diz sobre outros serviços e comprar com limite de até 8 mil e para alienações, dentro da previsão da lei e desde que não seja pertinente a parcelas de um mesmo objeto que podem ser realizada em uma só vez. Esse inciso também dobra o limite nos casos supracitados.
Nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem, contido no inc. III.
Em situações de emergência ou calamidade pública se restar definida como urgência de atendimento de situação de perigo ou prejuízo maior, isto é, que comprometa segurança das pessoas, bens públicos ou particulares e somente para necessidade do atendimento que concluam-se no prazo de 180 dias consecutivos e sem interrupção, contado da data da ocorrência e proibida sua prorrogação (inc. IV). 
Em caso de licitação deserta em que haja justificativa de prejuízo para a Administração em caso de repetição do procedimento, devendo ser mentidas todas condições preestabelecidas – inc. V. 
Conceitua-se licitação deserta o processo que, após convocação, não é habilitado nenhum licitante, não há interessado. Nesse caso torna-se dispensável a realização de uma nova licitação quando se torna comprovado o prejuízo, tendo que manter as condições do instrumento convocatório. Lembrando que não há limite de valor instituído em lei geral.
O inc. VI fala da dispensa quando a união tiver que intervir no domínio econômico para regular preço ou normalizar o abastecimento.
Já no inc. VII temos uma situação particular. Em geral a licitação fracassada, diferentemente da deserta, não é hipótese de licitação dispensável, isto porquê na fracassada os interessados aparecem mas nenhum é selecionado em decorrer de uma desclassificação de proposta ou inabilitação. Tal regra consta no parágrafo 3º do art. 48 da referida lei.
Nesse inciso, há a possibilidade da dispensa se todos os licitantes forem desclassificados por conter, em suas propostas, preços muito superiores ao de mercado nacional ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais. Se os licitantes não reformularem os preços e propostas no prazo de 8 dias, poderá ocorrer dispensa.
Demais hipóteses contidas no art. 24:
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;        
IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional;
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia;       
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes,realizadas diretamente com base no preço do dia; 
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;  
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público;
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;  
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia;       
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do inciso II do art. 23 desta Lei:   
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto;    
XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão de obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.
No inciso XXI cabe a hipótese de dispensa para a aquisição de bens e insumos destinados à pesquisa científica e tecnológica de recursos concedidos pela Capes, FINEP, CNPq ou por ele credenciada para esse fim. Continuemos:
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica;        
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.            
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão.     
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida.  
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação. 
XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão.           
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da Força.         
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal. 
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação dela constantes.             
XXXII - na contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes produtos durante as etapas de absorção tecnológica.
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e produção de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água.      
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito público interno de insumos estratégicos para a saúde produzidos ou distribuídos por fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da administração pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.
Os incisos XXXII ao XXXIV foram acrescidos pelas Leis 12.715\2012, 12.873\2013 e 13.204\2015 respectivamente.
Alguns incisos foram explanados para que fossem valorados os tetos e limites estabelecidos no artigo e, ainda, melhor compreensão do disposto pelo legislador.
Evidentemente as hipóteses de licitação dispensável vêm sendo acrescidas no decorrer dos anos principalmente por não caber interpretação extensiva por parte do administrador, sob pena de incorrer em crimes.
3.1.2 Licitação Dispensada
Em contraponto à licitação dispensável, a legislação enumera outras situações em que, embora se faça possível o procedimento pela visão jurídica, não ocorre devido à dispensa da própria norma de sua realização.
As hipóteses dessa licitação dispensada estão arroladas no art. 17 da Lei 8.666\93 e, em regra, referem-se à alienação de bens. Seguimos:
Art. 17.  A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta eentidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
a) dação em pagamento;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i;  
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei;
d) investidura;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo;
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública;
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição;
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública;
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia Legal onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais;
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência socioeconômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação;
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica;
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe.
(...)
 § 2o A Administração também poderá conceder título de propriedade ou de direito real de uso de imóveis, dispensada licitação, quando o uso destinar-se:       
I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, qualquer que seja a localização do imóvel;
II - a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento ou ato normativo do órgão competente, haja implementado os requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e exploração direta sobre área rural situada na Amazônia Legal, superior a 1 (um) módulo fiscal e limitada a 15 (quinze) módulos fiscais, desde que não exceda 1.500ha (mil e quinhentos hectares);  
§ 2º-A.  As hipóteses do inciso II do § 2o ficam dispensadas de autorização legislativa, porém submetem-se aos seguintes condicionamentos:     
I - aplicação exclusivamente às áreas em que a detenção por particular seja comprovadamente anterior a 1o de dezembro de 2004;       
II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do regime legal e administrativo da destinação e da regularização fundiária de terras públicas; 
III - vedação de concessões para hipóteses de exploração não-contempladas na lei agrária, nas leis de destinação de terras públicas, ou nas normas legais ou administrativas de zoneamento ecológico-econômico; e 
IV - previsão de rescisão automática da concessão, dispensada notificação, em caso de declaração de utilidade, ou necessidade pública ou interesse social.  
§ 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo:  
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não sujeito a vedação, impedimento ou inconveniente a sua exploração mediante atividades agropecuárias;
II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, desde que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada a dispensa de licitação para áreas superiores a esse limite;  
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área decorrente da figura prevista na alínea g do inciso I do caput deste artigo, até o limite previsto no inciso II deste parágrafo.
(...)
§ 4o  A doação com encargo será licitada e de seu instrumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o prazo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de interesse público devidamente justificado;
Vale ressaltar ainda que o art. 38 da Lei 11.952\2009 autoriza a venda direta de imóveis em condições específicas. Refere-se a hipótese de licitação dispensada. Vejamos:
Art. 38. A União e suas entidades da administração indireta ficam autorizadas a proceder a venda direta de imóveis residenciais de sua propriedade situados na Amazônia Legal aos respectivos ocupantes que possam comprovar o período de ocupação efetiva e regular por período igual ou superior a 5 (cinco) anos, excluídos:
I - os imóveis residenciais administrados pelas Forças Armadas, destinados à ocupação por militares;
II - os imóveis considerados indispensáveis ao serviço público.
Em suma, licitação dispensável será quando a Administração adquirir de forma direta o objeto pretendido, obedecendo a critérios constantes nas normas gerais e específicas.
3.1.3 Inexigibilidade
Sempre que houver impossibilidade jurídica de licitar será caracterizada a inexigibilidade. Diante do conceito de que licitação é uma disputa, quando inexiste uma pluralidade de objetos e ofertantes a Administração fica impossibilitada de realizar o certame que preceitua a Lei.
Em caso de necessidade de serviço extremamente específico, também não se fará possível prévio procedimento licitatório, diante da inexistência de pressuposto lógico. Assim, a Lei 8.666\93, em seu art. 25, caracteriza situações as quais se torna inviável a licitação.
Meirellles doutrina que a “” impossibilidade jurídica de competição decorre da natureza específica do negocio ou dos objetivos visados pela Administração, não cabendo pretender a seleção de “melhor proposta” quando só uma pessoa possui o bem o qual o Poder Publico necessita�””. Esse entendimento se estende, em seu ensino, sobre capacidade de uma única pessoa realizar adequadamente determinado contrato com objeto único.
Observamos o que dispõe o art. 25 da citada Lei:
Art. 25.  É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;(grifo nosso).
III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
 Os serviços técnicos que trata no inciso II estão contidos no art. 13 da lei, onde analisamos que serão incluídos os de publicidade e divulgação. 
Podemos observar que o simples fato de um serviçoser caracterizado como profissional especializado não é pressuposto único para inexigibilidade, ou seja, tal serviço deverá ser também único, singular. Não poderá a Administração contratar objeto usual, cotidiano para sua satisfação, mas justificar a existência de uma nítida especialização.
Vejamos a disposição do art. 13:
Art. 13.  Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a:
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;
II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras;
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;  
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.
Podemos ver que a lei conceitua como nítida ou notória especialização aquele profissional ou empresa prestadora de serviços que desempenham, indiscutivelmente, o trabalho mais adequado para cumprir com objeto do contrato, tais quesitos relacionados a desempenho, estudo, aparelhamento, equipe técnica dentre outros anteriormente desempenhados.
Tanto a Lei tenta proteger essa garantia de necessidade da justificativa de notória especialização, que o parágrafo 3º do referido artigo dispõe que:
A empresa prestadora de serviços técnicos especializados que apresente relação de integrantes de seu corpo técnico em procedimento licitatório ou como elemento de justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação, ficará obrigada a garantir que os referidos integrantes realizem pessoal e diretamente os serviços objeto do contrato.
É a garantia do caráter personalíssimo necessário à plena satisfação do contrato com a Administração Pública. Lembramos que, conforme o § 1º, “”os contratos para a prestação de serviços técnicos profissionais especializados deverão, preferencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso�””, devendo respeitar os critérios de tal modalidade e previa estipulação de prêmio ou remuneração.
Relevante reportar que a inexigibilidade da licitação deve ser motivada expressamente, isto é, deverá haver uma publicação dos motivos que levaram a Administração a essa conclusão, destacando as justificativas da impossibilidade jurídica da competição, regra contida no art. 26 da Lei 8.666\93.
 Uma preocupação legislativa que merece atenção é a obrigatoriedade dos contratos de publicidade e divulgação serem licitados, conforme destacamos acima e que, também, consta assimilado nos caputs dos art. 1º e 2º da lei vedando expressamente essa contratação diretamente.
O cuidado excessivo da legislação sobre essa forma de contrato se dá pela comum utilização de critérios pessoais em que, na sua maioria, o agente público a frente da administração selecionava agencias e profissionais com as quais havia trabalhado em campanha eleitoral ou recebido apoio, tornando-se objeto de manobra política e plataforma eleitoral. 
3.2 A Justificação nas Hipóteses de Contratação Direta
 Conforme visto anteriormente, o artigo 26 da Lei 8.666\93 traz a exigência de, além da motivação, há necessidade de justificação e comunicação da contratação sem licitação às autoridades superiores e imprensa oficial. No texto legal:
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo único do art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia dos atos.
 Tal procedimento, de justificação, acompanha uma série de requisitos essenciais para validar e garantir eficácia no ato de dispensa ou de inexigibilidade licitatória. A inobservância de tais quesitos e suas formalidades ultrapassa a discussão de ineficiência ou invalidade desses atos ou contrato, adentrando na esfera de crime contra a administração púbica, conforme art. 89 da Lei.
Em frente com a análise do artigo, vemos a composição necessária para instruir o procedimento de dispensa ou inexigibilidade:
Parágrafo único.  O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que couber, com os seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for o caso;
II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
III - justificativa do preço.
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão alocados.
 No primeiro inciso, temos uma referência à dispensa por motivo do inc. IV do art. 24, estudado anteriormente, na qual Meirelles aponta “” caracteriza-se pela urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízos ou comprometer a incolumidade ou a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, exigindo rápidas providências da Administração para debelar ou minorar suas consequências lesivas à coletividade� ””.
 No inc. II, a doutrina majoritária considera as razões citadas como sendo o preço, prazo de entrega, qualidade do produto, idoneidade do contratado, ponderando que as hipóteses de dispensa e inexigibilidade não excluem o critério da contratação mais vantajosa para a administração.
O inciso III dispõe da necessidade de justificativa do preço como indispensável à contratação direta, partindo do critério de ser uma regra geral, se no processo o preço contratado for o menor, a justificação da escolha se dá pela razoabilidade do ato.
No ultimo, inc. IV, inserido juntamente com inciso XXI do art. 24 ele estabelece documentação necessária na justificativa da dispensa para “” aquisição de bens destinados exclusivamente a pesquisa científica� ””.
Essa justificação para contratar diretamente deverá observar devido processo interno, conforme dispõe o art. 38, exceto as contratações diretas de pequeno valor dispostas nos incisos I e II do art. 24 da Lei.
Essa ratificação por autoridades superiores, citada no art. 26, diz respeito ao regulamento interno e, em falta dele, autoridade a qual a comissão de licitação está subordinada. Esse critério apresenta a ideia de aprovação, conhecimento e uma suposta fiscalização se procedimento se encontra dentro dos parâmetros legais.
A inobservância dos devidos procedimentos na contratação direta pode ser considerado ilícito penal e ficar a cabo das sanções contidas no art. 89 da Lei 8.666\93. Como disposto:
Art. 89.  Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.
Tal preceito só se aplica caso seja comprovado dolo na conduta dos agentes públicos, podendo findar na inexistência da ilicitude penal, mas, ainda, ter a conduta culposa, negligente, imprudente ou por imperícia julgada quanto à tipicidade da improbidade administrativa, prevista no art. 37, parágrafo 4º, da Constituição Federal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, conceituamos o procedimento licitatório na vertente da contratação direta na Administração Pública, ponderando as hipóteses de dispensa e inexigibilidade.
Conclui-se que apesar da regra geral ser a aplicação da licitação em contratos por Entes Públicos, e esta quando realizada deve estar pautada dentro de seus princípios, a legislação possibilita em suas exceções a busca do interesse público e da propostamais vantajosa.
As hipóteses de dispensa e inexigibilidade, com devido respeito aos ditames constitucionais e específicos, acima de tudo com a observação do cumprimento normativo, busca dar solução a situações que podem causar prejuízo à Administração, tanto econômico quanto de pressuposto lógico.
Nas situações de preocupação da funcionalidade do procedimento, garantia da moralidade e impessoalidade administrativa, da inserção da promoção do desenvolvimento nacional sustentável como objetivo do processo licitatório, essas Leis visam garantir a prática correta da Administração Pública.
Demonstra-se a importância da licitação no controle dos recursos públicos. A cautela ao dispensar ou inexigir o procedimento licitatório, essa imposição de limites e critérios discricionários, a punição no deixar de observar as formalidades exigidas são normas que trazem a garantia do cumprimento das obrigações e princípios que pertencem ao interesse público.
Em uma conjuntura nacional atual desacreditada por práticas abusivas contra a economia pública, resta o ensinamento, por nossas normas, que o administrador público deve não só cumprir com a legislação, mas, também, usar seus poderes, direitos e princípios éticos como forma de preservar os bens públicos, que são inerentes a todos os brasileiros.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
BRASIL. Lei de Licitações e Contratos Administrativos n° 8.666, de 21 de junho de 1993.
MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Delcio Balestero; FILHO, Jose Emmanuel Burle. Direito Administrativo. 41. ed, Malheiros: São Paulo, 2014.
NETO, Diogo de Figueiredo Moreira, Curso de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, Ed. Forence, 2014
� MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Delcio Balestero; FILHO, Jose Emmanuel Burle. Direito Administrativo. 41. ed, Malheiros: São Paulo, 2014.
� NETO, Diogo de Figueiredo Moreira, Curso de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, Ed. Forence, 2014.
� Redação adicionada pela Lei 12.349\2010 para “harmonizar” com a isonomia a concessão de grandes vantagens a empresas produtoras de bens e serviços nacionais. 
� MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Delcio Balestero; FILHO, Jose Emmanuel Burle. Direito Administrativo. 41. ed, Malheiros: São Paulo, 2014.
� BRASIL. Lei de Licitações e Contratos Administrativos n° 8.666, de 21 de junho de 1993.
� MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Delcio Balestero; FILHO, Jose Emmanuel Burle. Direito Administrativo. 41. ed, Malheiros: São Paulo, 2014.
� BRASIL. Lei de Licitações e Contratos Administrativos n° 8.666, de 21 de junho de 1993.
� MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Delcio Balestero; FILHO, Jose Emmanuel Burle. Direito Administrativo. 41. ed, Malheiros: São Paulo, 2014.
� BRASIL. Lei de Licitações e Contratos Administrativos n° 8.666, de 21 de junho de 1993.
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