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O EXTRATIVISMO E A AGROPECUÁRIA NO AMAZONAS

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O EXTRATIVISMO E A AGROPECUÁRIA NO AMAZONAS
 O EXTRATIVISMO NO AMAZONAS
Entende-se por atividades extrativas o conjunto formado pelo extrativismo vegetal, animal e mineral. São as mais antigas atividades humanas, que retiram os produtos da natureza sem nunca repô-los, já que elas não reproduzem ou multiplicam as riquezas naturais. Foram elas que garantiram a vida das primitivas comunidades amazônicas e dos seus descendentes, que durante muitos anos tiveram uma economia baseada na extração de seus alimentos e outros artigos diretamente da floresta e dos rios.
Todavia, devido à forma rudimentar de produção, essas atividades têm se tomado incompatíveis à demanda e à preservação da natureza, daí estarem sendo substituídas por avançados processos de industrialização, como ocorre normalmente numa economia de mercado, capazes de garantir uma elevada produtividade compatível às necessidades de consumo, algo que o extrativismo tradicional, com sua ínfima produção, não consegue cumprir.
Assim, o extrativismo vegetal vem cedendo lugar ao plantio de espécies regionais ou que se adaptem ao clima, ou ainda a agrossilvicultura, que está relacionada às exigências internacionais de qualidade ecológica, ou seja, os produtos passam a ser de origem sustentada, através do reflorestamento das espécies desejadas, descartando a extração do tipo aniquilamento, que é nociva à recuperação pela natureza da planta matriz, objeto de interesse econômico. A extração da madeira, palmito e pau-rosa são exemplos que ilustram essa atividade.
A caça, que praticamente não existe mais, a não ser clandestinamente, uma vez que a captura de animais é proibida por lei, tem em seu lugar a pecuária. A pesca, que se mantém como atividade tradicional, vem cedendo espaço à piscicultura ou receberá uma maior fiscalização quanto à retirada do pescado, respeitando os períodos de produção das espécies, até que se desenvolvam conhecimentos consoantes à preservação.
Já o extrativismo mineral, sucedido pela mineração (indústria extrativa mineral), até o momento, não sinalizou com substituição, posto que ainda se desconhecem técnicas de reprodução de minérios, embora já se desenvolvam estudos para um aproveitamento mais racional. O aprimoramento da reciclagem representa uma opção, pelo fato de os minerais serem limitados no planeta.
Naturalmente, como o Amazonas faz parte de um país de economia liberal, o que determina um modelo de desenvolvimento capitalista, as substituições acima citadas, também estão ocorrendo em suas atividades extrativas. Contudo, o fato de estar na Amazônia, última fronteira ambiental da Terra, isso tem gerado grande impasse, na medida em que essas novas atividades industrializadas podem disseminar mudanças, talvez irreversíveis, no espaço geográfico.
Uns defendem essas novas atividades, argumentando que poderiam levar a um melhor aproveitamento da floresta, desapropriando pequenos proprietários e posseiros para a implantação, por exemplo, de grandes fazendas e empresas de mineração ou madeireiras, comprometendo todo o meio ambiente, inclusive as terras indígenas, que ainda não foram totalmente definidas.
Por isso muitos não concordam, contra argumentando que seria melhor evitar essa tendência, ou seja, preservar ao máximo a floresta, garantindo as terras dos indígenas e pequenos proprietários, incentivando, por exemplo, o extrativismo vegetal, como forma de exploração não-predatória, retirando apenas o necessário. São defensores da criação de reservas extrativistas (proposta por Chico Mendes), baseadas no próprio domínio público e não particular, já que a apropriação privada nem sempre prioriza as necessidades da população, e no fator tempo, ou seja, ganhar tempo, para se buscar uma tecnologia de ponta na exploração dos recursos renováveis e transmitir esses conhecimentos aos produtores da região.
A PESCA
A pesca é uma das atividades econômicas mais identificadas com as características geográficas da região, pois o ambiente natural do Amazonas apresenta uma malha hidrográfica com 45 mil km de rios e mais de 2,5 mil espécies de peixes. Sendo um dos poucos estados com bom potencial de crescimento na sua produção, a pesca é subexplorada, considerando que o peixe é um recurso que gera alimento, renda e atrai turistas para pesca esportiva.
Não há dúvidas quanto à sua importância para a população. Os peixes são a principal fonte de proteínas, destacando o Amazonas como o maior produtor de pescado de água doce do Brasil e o maior consumo per capita: 500g/dia no interior e 70~80k/ano na capital. A atividade envolve um grande número de pessoas (45mil empregos), organizadas em 42 colônias de pescadores, com perspectiva demais 10a partir de 2003 (Fepesca/Aipam).
O aumento no consumo de pescado vem determinando uma maior captura que, graças à industrialização, teve sua insumos adquiridos, assim como motores, equipamentos de conservação (refrigerador e isopor, por exemplo), redes de nylon, etc.
Embora a frota pesqueira tenha 660 barcos registrados, estima-se que haja 2,5 mil embarcações atuando no setor, prevalecendo os barcos com capacidade para transporte de l a l O toneladas de pescado (Fepesca/Aipam).
Estima-se que o potencial de exploração para o Amazonas está em tomo de 375.000 t/ano e que a pesca comercial gira em torno de 65.000 t/ano e a pesca de ribeirinho chega a 240.000 t/ano. Alguns defendem que a produção pesqueira comercial pode ficar em torno de 120~200 mil t/ano, equivalente a um aumento superior a 100%. Esses dados tomam-se ainda mais animadores quando se leva em conta a eliminação do desperdício de pescado, o qual é estimado em tomo de 30% do total da pesca comercial, através do manejo da atividade.
O principal mercado consumidor do pescado amazonense é Manaus, onde é comercializada quase 60% de toda a produção. O outro mercado para onde se destina parte da produção é o nacional, o qual vem apresentando um desempenho favorável, principalmente direcionado a São Paulo e Rio de Janeiro. Quanto ao merca do internacional, os EUA são o principal comprador, observando-se que estas exportações têm apresentado também um desempenho favorável nos últimos anos (1,5~2 mil t/ano). A propósito, deve-se esclarecer que o comércio de pescado, tanto o nacional quanto o internacional, é realizado por frigoríficos que atendem aos padrões de qualidade exigidos pêlos países compradores (Fepesca/Aipam).
Uma das oportunidades de investimento neste setor é a implantação de um terminal com infra-estrutura adequada para o desembarque, estocagem e comercialização em Manaus e nos principais pólos produtores de pescado. As indústrias aproveitam as oportunidades de associação com comunidades ribeirinhas para aquisição de peixes de áreas manejadas, usando esse fato para marketing, associando a marca comercial e a preservação dos recursos naturais. Um programa de certificação ambiental (Selo Verde) atende a esta demanda e viabiliza uma parcela do mercado internacional, interessada por produtos pesqueiros gerados por práticas ambientalmente saudáveis.
Neste caso as empresas tem projetos para fabricação de produtos como fishburger, surimi, filé, enlatados, embutidos, empanados, pratos congelados, pré-cozidos e produtos do beneficiamento da pele de peixe e a fabricação de derivados, como bolsas, sapatos, roupas, revestimento para estofamentos, etc.
Por outro lado, o aumento na produção preocupa quanto ao ritmo de exploração, acima dos níveis normais, não se respeitando nem o ritmo da natureza, colocando em risco a manutenção do principal alimento regional. Por exemplo, muitos peixes levados ao mercado sequer atingem um tamanho considerados ideal para captura e a escassez de alguns tipos já induziu à elevação em seus preços.
O DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES AGRÁRIAS
As recentes mudanças na agricultura
Até o início da década de 1990, quando se falava em desenvolver uma agricultura comercia! no Estado do Amazonas, logo se reportava à idéia equivocada da falta de vocação agrícola, reforçada pelo conhecimento da existência de solos imprópriospara as tradicionais monoculturas (café, soja, cana-de-açúcar, feijão, arroz, milho, algodão...) implantadas em regiões tropicais, e também da ocorrência de fenômenos típicos como a laterização e lixiviação, que causam a erosão.
Este pensamento surgiu mais das experiências mal sucedidas na Amazônia e da falta de conhecimentos e assistência técnica, do que propriamente das condições naturais da floresta, detentora de uma capacidade reguladora de seu estoque de nutrientes, configurando um tipo peculiar de fertilidade, contrariando o que se convencionou chamar "solo fértil", para os velozes interesses comerciais.
Apesar de nunca ter sido o forte da economia do Estado, houve épocas em que a produção de certos produtos agrícolas regionais (mandioca, batata, laranja, banana, cacau, etc.) abastecia satisfatoriamente a população. Porém, a partir do final da década de 60, com economia voltando-se mais para a indústria da ZFM, a situação mudou. A maior parte da produção foi sendo levada no tradicional sistema de roça em pequenas propriedades. tomando-se uma agricultura de subsistência, com resultados insuficientes para garantir o abastecimento local, o sustento e a melhoria de vida tão desejada pêlos produtores do interior.
Chegou-se a ponto de até importar produtos facilmente adaptados à região como por exemplo, o cheiro-verde (50%), a laranja e a banana, de outros estados, a preços elevados, que chegavam via aérea, enquanto muitos agricultores do interior estavam impossibilitados de escoar e ampliar suas produções de hortifrutigranjeiros, por falta de apoio técnico-financeiro e logístico. Esses fatores estão na lista dos que contribuíram para a migração campo-cidade.
As barreiras impostas pelo "mito da falta de vocação agrícola ", a questão técnico-financeira e logística e a própria necessidade de abastecimento do crescente mercado consumidor, a partir do aumento da população, superior à produção rural, constituíram-se, entre outros, grandes desafios para um Estado que se tornou muito dependente de outras regiões no setor agrícola.
As experiências de insucesso do passado e o delicado contexto da ZFM têm reforçado a busca, pêlos produtores e pelo próprio governo, de uma agricultura produtiva e independente, que respeite as vocações e as potencialidades regionais. O ecossistema amazônico constitui uma região com características próprias, exigindo, portanto, uma tecnologia de aproveitamento e manejo também próprios.
O principal resultado desse programa foi o fomento dado à agroindústria, que de 1997 a 2002, segundo o IDAM, recebeu um incremento médio de 61,3% (seis principais produções). O aumento da produtividade no campo, a partir dos incentivos do Governo Estadual que distribuiu 400 mil implementos e equipamentos agrícolas para os 61 municípios do interior, contribuiu para o fortalecimento agroindustrial, aumentando, por conseqüência, renda e emprego.
Atualmente o Governo Estadual, seguindo os preceitos do desenvolvimento sustentável, desenvolve o programa Zona Franca Verde, cuja finalidade é a geração de emprego e renda para melhorar a qualidade de vida da população do interior, aliada à conservação do meio ambiente com proteção ao patrimônio natural, por meio de sistemas de produção florestal, pesqueira e agropecuária.
Essas iniciativas tem sido vitais para a superação dos entraves que ainda dificultam a consolidação do setor primário na economia, assim como, por exemplo:
a) Falta de conhecimentos e tecnologias aos pequenos produtores;
b) Construção e manutenção de uma malha viária capaz de garantir o escoamento da produção;
c) Falta de financiamentos ou juros elevados nos empréstimos agrícolas;
d) Não obediência ao Estatuto da Terra, que define direitos e deveres no campo;
e) Falta de apoio político, voltado para as lutas do homem do interior;
f) Lutas pela posse, envolvendo indígenas, posseiros, jagunços, peões, etc;
Neste último caso, não se pode esquecer de um desafio importante, por sinal um problema nacional, que é questão da estrutura fundiária, onde se observa que a maioria dos produtores são pequenos proprietários e boa parcela são apenas ocupantes, ou seja, ainda não possuem títulos de posse da terra. O Amazonas apresenta uma significativa concentração de terras, desde a época da borracha, quando as áreas de várzeas foram tituladas com os nomes de grandes seringalistas. Dos 100.623 estabelecimentos rurais existentes no início na década de 80, cerca de 83,63% possuíam uma área inferior a 50 ha, ocupando 12,49% da área total dos estabelecimentos, ao passo que 0,80% tinham área superior a l .000 ha, ocupando 51,9% da área total dos estabelecimentos (IBGE).
AS RIQUEZAS REGIONAIS COMO PRODUTOS POTENCIAIS
As iniciativas governamentais tem contado com o apoio incondicional das instituições de pesquisa na busca de soluções para superar os maiores desafios do setor primário. Além de apresentar o levantamento de certos recursos originais de plantas tropicais, indicando a sua utilidade medicinal e principais formulações, o estudo da FGV/ISAE encomendado pelo Governo do Estado e a Suframa, classificou as potencialidades regionais da seguinte forma:

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