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DIREITO PENAL II Prof. Bruno Gilaberte Penas restritivas de direitos Direito Penal II São penas autônomas que visam a evitar a imposição de uma pena privativa de liberdade, substituindo-a. Eventualmente podem surgir cominadas de forma independente a um tipo penal, conforme verificamos, por exemplo, no art. 28 da Lei n. 11.343, de 2006. São elas (art. 43 do CP): (a)Prestação pecuniária (inciso I) (b)Perda de bens e valores (inciso II) (c)Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas (inciso IV) (d)Interdição temporária de direitos (inciso V) (e)Limitação de fim de semana (inciso VI) / Direito Penal II Requisitos para a substituição (art. 44, CP): • Pena privativa de liberdade de até 4 anos (concretamente aplicadas) • Delito cometido sem violência física ou grave ameaça • Não reincidência em crime doloso • Prognose de suficiência da substituição OBS: Os dois primeiros requisitos não se aplicam aos crimes culposos. A reincidência também pode ser flexibilizada, caso a medida seja socialmente recomendável (art. 44, § 3º, CP). / Penas restritivas de direitos Pena de multa Direito Penal II Arts. 49 a 52 do CP e 164 a 170 da Lei n. 7.210, de 1984 (LEP). Trata-se do pagamento de uma quantia, fixada de acordo com o sistema dos dias-multa, ao Fundo Penitenciário Nacional. Pode ter cominação cumulativa com a pena de prisão, alternativa à mesma pena, ou isolada. SISTEMA DOS DIAS-MULTA (art. 49 do CP) (a)determinação do número de dias-multa aplicável à hipótese (10 a 360); (b)estipulação do valor de cada dia-multa (1/30 a 5X o maior salário-mínimo mensal vigente à época do fato); (c)multiplicação entre o número de dias-multa e o respectivo valor de cada um deles. Direito Penal II AUSÊNCIA DE CONVERSIBILIDADE Transitada em julgado a sentença condenatória, a pena de multa passa a ser considerada dívida de valor. Respeitará as regras concernentes à dívida ativa da Fazenda Pública (art. 51, CP). Enunciado n. 521 do STJ: “a legitimidade para execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública”. Pena de multa Suspensão condicional da pena Nome da Disciplina É o sobrestamento, por certo período, de pena privativa de liberdade fixada. Consiste em um direito subjetivo. REQUISITOS (art. 77, CP) (a)pena privativa de liberdade igual ou inferior a 2 anos; (b)não reincidência em crime doloso; (c)análise da culpabilidade, dos antecedentes, da conduta social e da personalidade do agente, bem como dos motivos e circunstâncias do crime, de modo a averiguar a viabilidade da concessão (valoração positiva); (d)impossibilidade de substituição da pena de prisão por pena restritiva de direitos (caráter subsidiário do sursis). ESPÉCIES • Comum – pena de até 2 anos / período de prova de 2 a 4 anos • Especial – igual ao comum + reparação do dano + circunstâncias inteiramente favoráveis = condições mais leves • Etário – pena de até 4 anos / período de prova de 4 a 6 anos / condenado com idade superior a 70 anos • Humanitário – pena de até 4 anos / período de prova de 4 a 6 anos / justificação por razões de saúde REVOGAÇÃO – Obrigatória (art. 81 do CP) ou facultativa (art. 81, § 1º, CP) LEI DE DROGAS – Vedação para alguns crimes (art. 44 da Lei n. 11.343). Constitucionalidade duvidosa. Suspensão condicional da pena Livramento condicional Colocação do condenado em liberdade após cumprimento de parcela da pena privativa de liberdade. Requisitos: a) Pena privativa de liberdade, fixada em sentença transitada em julgado, igual ou superior a 2 anos. Penas relativas a vários crimes podem ser unificadas para a finalidade do livramento condicional (art. 84 do CP). OBS: Súmula n. 715 do STF: “A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução”. OBS 2: Súmula n. 441 do STJ: “A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional”. b) Cumprimento de parcela da pena – 1/3 da pena (condenado não reincidente em crime doloso e com bons antecedentes - inciso I do Art. 83); 1/2 da pena (reincidente em crime doloso - inciso II); 2/3 da pena (crime hediondo ou equiparado, , salvo se reincidente específico em crimes desta natureza - inciso V). Livramento condicional c) Comprovação de comportamento satisfatório durante a execução da pena, de bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e de aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto (inciso III). d) Reparação do dano causado pela infração penal, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo (inciso IV). • CONDIÇÕES – Art. 132, § 1º (obrigatórias) e § 2º (facultativas) da LEP • REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO – Obrigatória (art. 86, CP) e facultativa (art. 87, CP) Efeitos da condenação A imposição de uma pena é o efeito principal da sentença penal condenatória. Todavia, outros efeitos, chamados secundários, também podem ocorrer. Estes terão natureza penal, como a possibilidade de reincidência, a interrupção do prazo prescricional etc., ou extrapenal. EFEITOS EXTRAPENAIS GENÉRICOS (ocorrem qualquer que seja o crime praticado e dispensam manifestação expressa) • Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime (inciso I) • Perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito (inciso II, a) • Perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso (inciso II, b) Nome da Disciplina EFEITOS EXTRAPENAIS ESPECÍFICOS (reservados a certos delitos; exigem motivação do magistrado) • Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo (inciso I) • Incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado (inciso II). • Inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso (inciso III). Efeitos da condenação Medidas de segurança Nome da Disciplina São espécie do gênero sanção penal, em regra aplicáveis aos inimputáveis por doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado (art. 26 do CP), ou, excepcionalmente, aos casos de semi-imputabilidade e de superveniência de doença mental. Têm unicamente a função de prevenção especial. ESPÉCIES: internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou estabelecimento assemelhado, ou tratamento ambulatorial. O CP determina que o tratamento ambulatorial seja subsidiário. Assim, o tratamento ambulatorial somente será possível se o fato praticado for punível com pena de detenção (art. 97 do CP). Contudo, como as medidas de segurança tem caráter curativo, deve ser usado o tratamento que for mais adequado (precedentes do STJ). DURAÇÃO: Duração mínima de 1 a 3 anos (art. 97, § 1º, in fine, CP). Esse é o prazo da primeira perícia médica, para a constatar a cessação da periculosidade do agente. A partir daí, a perícia se torna anual, podendo ser realizada em tempo menor, se assim determinar o juiz (art. 97, § 2º, CP). Discussão quanto ao prazo máximo. Art. 97, § 1º: duração por tempo indeterminado. O dispositivo viola a Constituição (vedação a sanções de caráter perpétuo). DESINTERNAÇÃO, LIBERAÇÃO E EXTINÇÃO: Constatada acessação da periculosidade do agente por perícia médica, será ele desinternado ou liberado. Durante o prazo de um ano, verificar-se-á se, de fato, ele deixou de ser perigoso. Caso pratique qualquer ato indicativo de periculosidade, a medida de segurança é restabelecida. Caso não haja qualquer comportamento indicativa do retorno dessa periculosidade, a medida de segurança é extinta. Medidas de segurança
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