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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Logística: Materiais e Armazenamento Aula 4 Professora Rosinda Angela da Silva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Olá! Seja bem-vindo à quarta aula da disciplina “Logística: Materiais e Armazenamento”! Nosso objetivo será: Lembrar terminologias dos métodos de estocagem; Entender o impacto da estrutura na produtividade do armazém; Aplicar técnica para o processo de escolha do método mais eficiente; Analisar as opções de equipamentos de movimentação interna disponíveis no mercado; Sintetizar os elementos-chaves da estocagem e da movimentação de materiais. Bons estudos! Contextualizando Em um passado não muito distante na economia brasileira, as empresas faziam estoques para se proteger da inflação. Nessa época (entre as décadas de 1970 e 1980), ter produto estocado significava que a empresa estava “bem”. O fato era que os gestores não tinham ideia de quanto custava o estoque parado, tampouco visualizavam os demais custos decorrentes disso (perdas, furtos, obsolescência e outros). Nessa fase, a armazenagem era predominantemente horizontal, e não havia muitos recursos tecnológicos para auxiliar na movimentação dos estoques. Porém, aos poucos, a economia começou a estabilizar, o mercado internacional iniciou sua abertura e novos concorrentes surgiram (inclusive internacionais), o que até certo ponto foi positivo, pois trouxeram consigo seus fornecedores parceiros e suas novas tecnologias. Com isso, os empreendedores brasileiros tiveram que buscar alternativas para permanecerem no mercado, que de repente se tornou extremamente competitivo. Dessa forma, os gestores compreenderam que necessitavam repensar suas estratégias. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Um dos caminhos foi questionar o volume dos estoques mantidos nas plantas e nos armazéns. Percebeu-se que a quantidade realmente era desproporcional às condições financeiras das empresas, que o índice de quebras dos produtos era expressivo e que o espaço necessário para a armazenagem era cada vez maior. E constatou-se que, mesmo havendo muitos produtos estocados, o atendimento ao cliente não estava adequado. Para mudar esse panorama, algumas mudanças urgentes se fizeram necessárias, tais como: rever a estratégia de atendimento ao cliente; planejar melhor os volumes de estoques; adequar os armazéns para utilizar os espaços aéreos (verticalização da armazenagem); manter os itens corretamente acondicionados e adquirir os novos equipamentos de movimentação interna que a concorrência utilizava. Essas ações fizeram com que as empresas brasileiras aos poucos se igualassem em termos de nível de serviço, agilidade e qualidade nos processos de logística interna. Surgiram, também, inúmeras empresas nacionais especializadas em estruturas de armazenagem e movimentação interna para suportar as novas exigências do mercado fornecedor. Como resultado, surgiram os sistemas de armazenagem dinâmicos e complexos, porém muito mais eficientes que outrora, pois atualmente os centros de distribuição e os armazéns dispõem de tecnologia de ponta e auxiliam na competitividade das organizações. Tema 1: Métodos de estocagem Em um passado recente, pelo menos no Brasil, a estocagem era realizada de forma horizontalizada, utilizando basicamente o piso dos depósitos, e quando havia a necessidade de ampliar a capacidade, eram feitos empilhamentos e blocagens de caixas, tambores e outros. Entretanto, a busca pela melhoria da produtividade dos depósitos e as novas soluções tecnológicas que surgiram possibilitaram a introdução da estocagem verticalizada nos armazéns brasileiros, o que significou melhor CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 aproveitamento dos espaços aéreos. Para isso, foram necessários certos ajustes na altura dos depósitos e na resistência do piso (por metro quadrado) para comportar o aumento do peso, o que por sua vez exigiu investimentos em equipamentos de movimentação interna e veículos industriais. Atualmente as empresas especializadas em sistemas de armazenagem têm desenvolvido novas soluções cada vez mais customizadas, visando tornar a operação de armazenagem eficiente, rápida e segura. Porém, o processo decisório da empresa em relação ao tipo de estocagem, em sua grande maioria, seguirá no mínimo, três passos, por meio da resposta a três questionamentos: A estocagem será interna ou externa? A estocagem será horizontal ou vertical? A estocagem será manual, mecanizada ou automatizada? Para compreender melhor cada um desses fatores, considere a breve explicação a seguir: Estocagem interna Esse tipo de estocagem é a mais utilizada, principalmente pelas empresas que compreendem os estoques como capital parado e os gerenciam de forma rigorosa. O fato é que, dependendo da natureza do produto que ficará armazenado, essa é a opção economicamente mais viável, pois os produtos de alto valor agregado realmente necessitam de uma atenção especial e de proteção. Entretanto, é válido lembrar que a estocagem interna ocupa espaço físico e requer mão de obra especializada Têm-se nesse modelo os depósitos internos, silos, tanques, armazéns gerais, almoxarifados e outros. Estocagem externa Empresas que produzem ou revendem determinados produtos, tais como implementos agrícolas, veículos, peças plásticas de grande porte, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 artefatos de cimento, tambores com produtos a granel e outros, necessitam de espaço externo para armazenagem. Isso decorre do alto custo da construção industrial e da necessidade de aumentar a capacidade da estocagem interna para outros materiais. Nesse contexto, deve-se entender estocagem externa como um espaço no próprio pátio da organização (não confundir com armazenagem em depósitos terceirizados). Dessa forma, alguns produtos podem e devem ficar armazenados no lado externo das organizações, principalmente aqueles que ocupam espaço em demasia e não sofrem danos com a ação do tempo. Entretanto, por mais que a empresa utilize a estocagem externa, quanto menor o tempo que o produto ficar exposto em céu aberto, menores os riscos de avarias e perdas. Estocagem horizontal Esse tipo de estocagem foi utilizado por muito tempo nas organizações brasileiras por não exigir altos custos iniciais de operação do armazém, além do custo da mão de obra ser relativamente baixo. Caracterizava-se pelo uso de estantes amplas e baixas, onde o foco era a segurança do produto e não a ocupação otimizada do espaço do depósito. Atualmente, poucas firmas utilizam esse modelo, pois os custos do espaço nos depósitos são significativos, o que requer o melhor aproveitamento possível. Estocagem vertical Esse tipo de estocagem revolucionou os depósitos ampliando a capacidade de armazenagem de forma expressiva. As empresas buscam utilizar ao máximo os espaços aéreos para justificar o investimento com as estruturas porta pallets e também com os equipamentos de movimentação que suportam a operação. Para aproveitar melhor o pé-direito dos edifícios, há necessidade de adquirir veículos e equipamentos compatíveis com a altura utilizada e capacitar os operadores de tais recursos. Porém, o fato é que, cada vez mais, os CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 depósitos estão altos e os estoques verticalizados, o que traz eficiência ao depósito e colabora com a competitividadepara as organizações. Estocagem manual Esse tipo de estocagem é uma possibilidade para a organização de pequeno porte que não comporta estrutura física e equipamentos de movimentação interna e, ainda, que tenha pouco volume de estoque, mas grande variedade de itens (como os minimercados, pequenas mercearias, padarias, confeitarias, bancas de jornal e outros), e que não justifica altos investimentos em estrutura física e tecnológica. Esse modelo ainda exige esforço do operador para transportar caixas com produtos e também para acomodar os produtos nas prateleiras, independente da altura das mesmas. Estocagem mecanizada Esse tipo de estocagem utiliza prateleiras porta pallets, que por sua vez necessita de equipamentos de movimentação interna, principalmente as empilhadeiras, os carrinhos porta pallets e os paleteiros hidráulicos. Nesse modelo, o esforço humano é substituído pelo uso dos equipamentos mecanizados ou elétricos, o que exige algumas mudanças no depósito. Isso porque, para utilizar esse modelo, o ideal é que o depósito unitize as cargas (pallets, fardos gaiolas, racks). Para isso é necessário deixar mais espaço entre as ruas (de uma coluna de estantes porta pallets e outra) para que o equipamento possa circular, aplicando por sua vez, o conceito de melhor acessibilidade. Estocagem automatizada É o avanço da estocagem mecanizada, pois nesse modelo o fator preponderante é o uso de sistema automatizado de movimentação e armazenagem de materiais. Em depósitos automatizados, é comum o uso de esteiras automatizadas, robôs e transelevadores integrados aos sistemas de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 movimentação. Esse tipo de estocagem automatizada requer altos investimentos em tecnologia, com objetivo de tornar o armazém inteligente para empregar o máximo da capacidade do edifício e acomodar corretamente as mercadorias, no mínimo tempo possível. A decisão de como será o sistema de armazenagem do depósito é séria, pois influenciará diretamente na estratégia da organização. Dessa forma, quanto mais informações o profissional de logística tiver em relação ao futuro processo que ocorrerá no armazém, menores são as chances de investimentos desnecessários ou insuficientes. Tema 2: Estrutura necessária para armazenagem De acordo com informações disponíveis no site da WMSA Logística, algumas estruturas para armazenagem são: Estruturas porta pallets, os quais podem ser: Convencional: necessita de bastante espaço para corredores, mas compensa pela seletividade e rapidez na operação; Para corredores estreitos: otimiza espaço útil de armazenagem, mas não permite a utilização das empilhadeiras convencionais, normalmente utiliza trilhos para empilhadeiras trilaterais; Para transelevadores: otimiza a armazenagem vertical e é bastante utilizado em armazéns automatizados. Deslizantes: os pallets ficam mais seguros, exigem menos espaço e são utilizados para itens de baixo giro. Autoportantes: também utilizados na armazenagem vertical, necessita de menos estrutura predial, reduzindo os custos de investimentos. Já Moura (2000) informa também que, quanto à forma construtiva, as estruturas próprias de armazenagem podem ser: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Formáveis: com parafusos ou ganchos, mas capazes de serem movidas com ou sem carga de um lado para outro; Ajustáveis: com parafusos ou encaixes que permitem qualquer variação de tipo ou forma, possibilitando que sejam montadas ou ajustadas para as mudanças na estocagem; Permanentes: usualmente com vigas e montantes soldados, o que não permite a mudança de formas de estocagem, ou ainda construídas e montadas com o propósito de serem fixas, como em armazéns autoportantes. Tais estruturas podem ser utilizadas em qualquer tipo de armazém e de produtos, oferecendo vantagens, tais como: facilidade na localização e movimentação de um pallet específico sem a necessidade de mover os outros; flexibilidade para alterar rapidamente a composição do armazém devido aos ajustes possíveis das prateleiras; melhor aproveitamento dos espaços aéreos e proteção das mercadorias. As estruturas porta pallets não são as únicas utilizadas nos armazéns modernos, pois atualmente os gestores de logística utilizam sistemas híbridos, beneficiando-se das vantagens de cada modelo. De acordo com informações de Tadeu (2010), outras estruturas utilizadas para melhorar a eficiência dos depósitos são: Estrutura dinâmica: utiliza roletes transportadores para movimentar os pallets em velocidade constante. Auxilia na rotação automática de estoques e é adequado para o sistema FIFO; Cantilever: adequado para armazenar produtos compridos, tais como tubos, madeiras, barras de aço e afins. É uma estrutura de custo baixo, mas em alguns casos só permite colocação e retirada do material de forma manual; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Push-back: similar ao sistema drive-in, mas pode ser utilizado para cargas de natureza diferentes. Na atualidade, esse é o sistema mais eficiente porque traz inúmeros benefícios, tais como aumento da ocupação volumétrica da fábrica; maior agilidade nas operações de movimentação; agilidade no fluxo de materiais, entre outros; Flow-rack: sistema indicado para pequenos volumes e grande rotatividade. O produto é colocado num plano inclinado com trilhos que possuem pequenos rodízios deslizando até o ponto chamado “stop”. Nesse ponto, é possível colocar uma caixa para facilitar o picking (separação de pedidos); Estantes: é uma estrutura de armazenagem bastante simples, que pode ser utilizada para itens que sejam pequenos e leves. Certamente o mercado oferece soluções mais modernas e customizadas para as organizações que movimentam grandes volumes de estoques, mas as informações aqui apresentadas são úteis para que o profissional de logística compreenda quão importante são as decisões relativas à estrutura física necessária para o armazém. O desafio sempre será a busca do equilíbrio entre a necessidade da operação e o capital que a empresa pretende investir em infraestrutura. Para decidir mais assertivamente, alguns fatores cruciais devem ser considerados, além da natureza do produto, tais como: tipo e tamanho do pallet, resistência do piso, quantidade de prateleiras porta pallets, sistemas de segurança como espaço para os extintores, sprinkler, hidrantes, espaço para circulação e outros. Um dos recursos mais utilizados na armazenagem são os pallets porque compõem o conjunto da estrutura necessária para armazenagem. Então é pertinente conhecermos seus conceitos básicos. O pallet é um estrado para acomodar ou unitizar cargas, de forma que possibilite a movimentação a partir de empilhadeiras, carrinhos porta pallets, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 paleteiros elétricos ou outros. Pode ser produzido em madeira, metal, plástico, papelão ou outro material que comporte o peso que a carga necessita. Segundo Tadeu (2010) as principais características dos pallets são: Composição: o material que o pallet será construído; Número de entradas: corresponde às entradas para os garfos da empilhadeira ou do carro hidráulico; Reforço: é quando há, no meio do pallet e por baixo dele, uma tábua mais larga para reforçar a estrutura, devido ao peso do produto a ser paletizado. Ela é colocada em sentido contrário às tábuas da superfície. Dupla face: refere-se ao pallet com tábuas em cima e embaixo, que pode ser reversível ou não; Reversível:trata-se do pallet que tem a mesma configuração em cima e embaixo, ou seja, o mesmo número e tamanho de tábuas em cima e embaixo. No Brasil, existe um padrão para os pallets, conhecido como PBR (Pallet Padrão Brasil), que segundo Tadeu (2010) foi resultado de um trabalho que se iniciou em abril de 1988 e foi realizado por profissionais de diferentes origens, empresas e associações. Foi introduzido no mercado em 1990 pela Abras e por entidades que fazem parte do Comitê Permanente de Paletização (CPP), com assessoria do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). O objetivo dessa comissão foi criar um pallet mais versátil, que atendesse o maior número de segmentos da indústria, sendo economicamente viável. Entre as principais vantagens na utilização da paletização, pode-se considerar a redução dos custos e do tempo de manuseio, a melhora da ocupação dos espaços nas prateleiras porta pallets, a possibilidade de automação da movimentação, o melhor aproveitamento dos veículos industriais, entre outras. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Caso a empresa tenha alguma necessidade específica, é possível customizar os pallets, entretanto é sempre mais vantajoso adquirir os pallets padrões por questões de custo e melhor aproveitamento dos equipamentos. Tema 3: Sistema drive-in/drive through O sistema porta pallets drive-in, ou armazenagem por acumulação, consiste em um bloco contínuo de estruturas metálicas que não possui corredores intermediários. Nesse modelo, as empilhadeiras colocam e retiram os pallets pela mesma entrada (entram e saem pela mesma face). Nesse caso, o sistema drive-in comporta melhor o gerenciamento dos estoques no modelo LIFO (Last In First Out) e também é recomendado para cargas iguais. Da mesma forma que o drive-in, o sistema porta pallets drive through também é considerado armazenagem por acumulação e consiste em um bloco contínuo de estruturas metálicas que não possui corredores intermediários. Porém esse sistema possui duas entradas, o que permite que a empilhadeira adentre por uma face e se retire por outra, propiciando assim o uso do sistema de gerenciamento de estoque FIFO (First In First Out). Dessa forma, o sistema drive through é mais flexível que o drive-in. Segundo Tadeu (2010), esses sistemas apresentam como vantagens: A rentabilidade máxima do espaço disponível, pois dispensa os corredores entre as estanterias e, com isso, o investimento de capital em estrutura é relativamente mais baixo se comparado com outros sistemas; A estabilidade, porque não acumula e não sobrepõem as cargas; O manuseio dos pallets, já que não há necessidade de veículo industrial diferenciado, podendo utilizar as empilhadeiras tradicionais. Já as limitações dos sistemas drive-in e drive through são: Para alcançar um pallet que esteja armazenado no meio do sistema, os pallets que estiverem na frente terão que ser removidos primeiro (baixa CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 seletividade); Esses sistemas exigem controles rigorosos das entradas e saídas dos produtos no estoque por parte do setor responsável. Além disso, no caso do drive-in, o fato de utilizar o LIFO limita a variedade de itens as serem estocados ou subotimiza o uso do espaço, o que não ocorre quando o depósito utiliza o modelo drive through. Tais sistemas são indicados para armazéns com pouca variedade de itens, como na blocagem, e que mantenham as cargas estocadas por longo período de tempo. Tema 4: Equipamentos de movimentação interna Para suportar toda a estrutura do armazém, independentemente se é automatizada ou não, serão necessários investimentos nos equipamentos de movimentação. Na visão de Bowersox & Closs (2008), a movimentação interna é uma atividade da intralogística, que não pode ser evitada, mas que pode ser reduzida se os equipamentos que suportam essa tarefa forem escolhidos de forma adequada. Essa preocupação reside porque no depósito os produtos podem estar acomodados de forma distinta, tais como: a granel, embalados em caixas ou em cargas unitizadas. Essa informação irá orientar a escolha dos equipamentos adequados, pois no caso do granel e das cargas unitizadas não há preocupação com avarias de embalagens, mas são necessários equipamentos que possam movimentá-los. Se os produtos estiverem embalados em caixas, talvez haja a necessidade de investimento em embalagens de proteção e acondicionamentos, o que onera o produto também. O mercado oferece inúmeros tipos de equipamentos de movimentação e veículos industriais, então no meio de tantas opções a escolha assertiva se torna um desafio. Segundo Bowersox & Closs (2008, p. 351), as diretrizes que podem auxiliar o gestor a escolher adequadamente os equipamentos de movimentação interna e os veículos industriais são: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Equipamentos de movimentação e armazenagem devem ser padronizados; Sistemas projetados para manter fluxo contínuo de produtos; Investir em equipamentos de manuseio e também em estruturas estáticas (prateleiras e estantes, entre outros); Os equipamentos de manuseio devem ser usados intensamente; Os equipamentos de manuseio escolhidos devem ter a menor relação possível entre peso e carga útil; Sempre que possível, a força da gravidade deve ser aproveitada. Naturalmente, as empresas procuram adquirir equipamentos de movimentação de materiais que tornem suas operações mais ágeis e que exija menos esforço físico do operador, mas que convirjam para um custo acessível também. Além disso, a escolha assertiva dos equipamentos aumentará a capacidade de estocagem, reduzirá o custo da movimentação e tornará a tarefa mais segura para o operador, minimizando os custos com acidentes de trabalho e danos aos materiais. Os elementos de maior impacto na capacidade e qualidade da atividade de movimentação são: a carga unitizada, os equipamentos de movimentação interna e os veículos industriais utilizados pelo depósito. São eles que auxiliam o operador a melhorar a produtividade do armazém, porque possibilita o transporte de mais produtos em cada movimento. Atualmente, não é possível conceber a movimentação interna sem o uso das cargas unitizadas, tais como: pallets, bombonas, fardos, rolos, entre outros. É totalmente inviável permitir que um colaborador descarregue e transporte grandes volumes de estoques de forma manual. O tamanho do depósito, ou múltiplos depósitos, também interfere na produtividade da movimentação de materiais, pois certamente o transporte interno ocorrerá por distâncias maiores, o que exigirá mais recursos. Por isso, a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 unitização das cargas se tornou tão importante para a eficiência dos depósitos. Para realizar a escolha correta, é ideal analisar as características do material que será movimentado, como será esse movimento, a distância percorrida diária, a capacidade do equipamento, bem como os custos de manutenção que ele terá em um futuro próximo. Os equipamentos de movimentação interna de materiais possuem a seguinte classificação proposta por Moura (2000): Embalagens, recipientes e unitizadores: são dispositivos de uso repetitivo destinado a conter e proteger o material no ciclo de movimentos e armazenagem, tais como: caixas, caçambas, pallets, berços, contenedores e paletizadores; Equipamentos para elevação e transferência: são dispositivos aéreos ou elevados utilizados para movimentar cargas variadas, intermitentemente, entre dois pontos dentro deuma área limitada pelos trilhos de apoio e guias, onde a função primária é a transferência. Exemplos: pontes rolantes, guindastes, guindastes giratórios, elevadores e talhas; Estruturas para estocagem: construídas por perfis modulares dispostos de modo a formarem prateleiras, berços e outros dispositivos de sustentação de cargas. Exemplos: estanterias, estruturas porta pallets, armazéns estruturais, silos, tanques, reservatórios e transelevadores; Transportadores contínuos: são dispositivos mecânicos ou por gravidade comumente utilizada para transportar continuamente cargas uniformes de um ponto a outro sobre trajetória fixa, onde a função primária é o transporte. Exemplos: transportadores de rolos, transportadores de correia, rampas ou calhas, transportadores aéreos, correntes transportadoras e transportadores pneumáticos. Veículos industriais: mecanismos equipados com rodas e empregados CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 para mover cargas mistas ou uniformes, em caminhos variáveis com superfície adequada, onde a função primária é manobrar e transportar. Exemplos: carrinhos industriais, empilhadeiras, rebocadores, poliguindastes e colchões de ar. Esse assunto será detalhado mais adiante nesse material. A maior parte das empresas, quando se depara com a necessidade de adquirir o sistema de movimentação de materiais, busca auxílio nas empresas especializadas no assunto ou nos fabricantes dos equipamentos para ter garantia de que o equipamento adquirido atenderá a real necessidade da organização. Isso é positivo porque frequentemente novas opções são lançadas no mercado, trazendo mais produtividade para o armazém com custos mais acessíveis. Tema 5: Veículos industriais Por veículos industriais entendem-se também os equipamentos motorizados ou não, utilizados nos depósitos para movimentar todo e qualquer tipo de material. Para conhecimento, alguns veículos industriais serão apresentados a seguir, os quais foram escolhidos por sua boa aceitação no mercado e custos acessíveis: Carrinhos industriais São veículos não motorizados dotados de rodas (2 ou mais), os quais são constituídos na maioria das vezes por uma estrutura metálica tubular, e que possuem uma plataforma para acomodar a carga. Na maioria das vezes, possuem grade de proteção e puxador ergonômico (cabo) para o operador empurrar sem grande esforço físico. São equipamentos baratos e versáteis, os quais podem ser utilizados em diversos tipos de armazéns. Empilhadeiras Um dos veículos industriais mais utilizados pela sua versatilidade e capacidade de movimentação e transporte de carga, as empilhadeiras se CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 apresentam em várias configurações. Moura (2000) as classifica da seguinte maneira: Fonte de energia que necessita: manual; elétrica; combustão interna (gasolina, diesel, gás liquefeito de petróleo GLP); Maneira de controle: controlado por operador (sentado ou em pé); controlado por pedestre; sem operador (indução magnética, controle remoto, navegação a laser); Pela maneira de deslocamento e repuxo: unidirecional; bidirecional; multidirecional; deslocamento dirigido; repuxo lateral; repuxo frontal e lateral. Ainda segundo o autor, algumas características das empilhadeiras: Empilhadeira de acionamento manual: é de pequena capacidade, velocidade e raio de ação, requerendo piso regular; Empilhadeira de acionamento elétrico: é compacta, pois parte do contrapeso é da própria bateria. São manobráveis e costumam ter custos baixos de manutenção, evitam ruídos, poluição e aquecimento; Empilhadeira de acionamento de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo): possui custos de manutenção e operação baixos também, tem boa capacidade de carga e aplicações variadas, sendo geralmente utilizada em ambientes fechados, mas que possua ventilação; Empilhadeira de acionamento a gasolina: também bastante utilizada e com aplicação diversificada. Possui boa capacidade, autonomia e versatilidade; Empilhadeira de acionamento a diesel: são empregadas em condições mais rústicas e de maior carga, como portos, minas a céu aberto e serrarias. Raramente são usadas em ambientes internos devido ao seu nível de ruído. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Paleteira manual É um carrinho elevador manual de patolas e garfos que, através de um dispositivo mecânico ou hidráulico nas rodas, libera pallets do piso a uma altura mínima suficiente para o transporte horizontal. Por sua fácil utilização e boa manobrabilidade, é de uso comum em áreas de expedição, produção e também em atacadistas e varejistas, liberando a empilhadeira para movimentação e transporte de cargas mais pesadas. Além disso, são equipamentos de baixo custo de aquisição e manutenção. Transpaleteira elétrica São veículos industriais autopropelidos utilizados para o transporte horizontal de cargas paletizadas, sendo dotados de patolas que entram sobre o pallet, liberando-o do piso. As transpaleteiras podem ser acionadas de forma elétrica, pois podem ser alimentadas por baterias automotivas ou tracionarias. Normalmente substituem os carrinhos hidráulicos manuais em locais onde o uso da carga paletizada, movimentada ao nível do piso seja constante. São utilizadas em áreas de expedição e linhas de produção, livrando a empilhadeira para suas funções de carregar e descarregar materiais. Esses não são os únicos veículos industriais que o mercado oferece, mas são os mais conhecidos. O mais importante disso tudo é que o profissional de Logística compreenda que a contribuição dos veículos industriais foi imprescindível para que os armazéns se tornassem ágeis e eficientes como são atualmente. Na Prática Leia parte da reportagem a seguir, intitulada “Ourofino Agrociência investe 15 milhões em armazenagem”: “Com seis anos de mercado, a Ourofino Agrociência mostra o porquê é considerada uma das mais modernas produtoras de defensivos agrícolas do mundo. Nesta quinta-feira (30/06/2016), a empresa anuncia a expansão de sua CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 fábrica com a construção de dois novos galpões de armazenagem, que tiveram investimento de R$ 15 milhões. O projeto soma-se à planta localizada no cinturão químico de Uberaba (MG) e está preparado para receber produtos inflamáveis em, aproximadamente, 10 mil posições de paletes. São 6 mil metros quadrados de área para armazenagem, que tem como objetivo centralizar estoques para otimizar as operações da fábrica, aumentar o nível de serviço e de produtividade e oferecer mais eficiência no atendimento de demandas. A fábrica da Ourofino Agrociência possui área total de 324 mil m2, sendo que 54 mil m2 são construídos e já planejados para extensão das atividades. Com equipamentos modernos, o projeto foi concebido dentro dos padrões “World Class Manufacturing". A planta é composta por duas fábricas independentes, uma para a produção de herbicidas e outra destinada a fungicidas, inseticidas, espalhantes adesivos e óleo mineral, o que evita riscos de contaminação cruzada. O processo de produção é altamente automatizado, focado em segurança do trabalho, qualidade dos processos, saúde dos funcionários e cuidado com o meio ambiente. A capacidade de produção é de 120 milhões de litros ao ano. Tantos cuidados, estudos e responsabilidade com a agricultura brasileira trazem a Ourofino Agrociência importantes certificações em práticas de fabricação (ISO 9001), gestão ambiental (ISO 14001) e gestão de saúde e segurança dotrabalho (OHSAS 18001). Em 2016, a empresa também recebeu uma certificação que atesta a capacitação técnica da equipe de laboratórios para realização de análises, o ISO 17025. “A expansão e o novo processo de armazenagem possibilitarão a Ourofino Agrociência a consolidação do seu crescimento sustentável e o fortalecimento da competitividade por meio de custos de operação mais baixos e eficientes. Além de beneficiar as pessoas que vivem na área com a geração CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 de empregos diretos e indiretos", diz Andrea Mujali, gerente executiva de Operações Industriais da empresa” (...). Disponível em: <http://www.grupocultivar.com.br/noticias/ourofino-agrociencia-investe- 15-milhoes-em-armazenagem>. Acesso em: 7 jul. 2016. A partir da sua leitura da reportagem e do material da aula, faça o que se pede a seguir: a. Identifique a capacidade de armazenagem da empresa no momento e caracterize o tipo/método de estocagem que a empresa está projetando. b. Relacione os objetivos que a empresa está almejando com a construção dos novos barracões. c. Explique o foco da empresa em investir na produção automatizada. d. Relate os diferenciais que a empresa tem acumulado com o modelo de gestão (de investimentos estratégicos) que tem adotado. Síntese Essa aula trouxe os conceitos pertinentes à estrutura física que um armazém necessita para que as operações sejam executadas de forma dinâmica e eficiente, auxiliando as organizações a atingir suas metas de bom atendimento ao cliente. Diante de todo o contexto apresentado, é importante que você reflita sobre o passo a passo para construir o armazém adequado, o qual pode ser visualizado da seguinte forma: Defina o método de estocagem mais apropriado para a empresa, considerando a localização do armazém, o tipo de produto que ficará estocado e os recursos que estarão disponíveis; Determine se a estocagem será horizontal, vertical, externa, interna, manual, semiautomatizada ou totalmente automatizada; Escolha o tipo adequado de estantes para a armazenagem: porta CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 pallets, cantilever, flow rack, drive-in, drive through ou um sistema híbrido; Depois disso, avalie os equipamentos de movimentação interna que serão necessários para que a movimentação seja ágil e de qualidade; Para concluir, escolha os veículos industriais suficientes para a operação. Todas essas decisões devem levar em conta o bom senso, isso significa dizer buscar a melhor alternativa para tornar o armazém um verdadeiro centro de armazenagem, sem descuidar dos investimentos iniciais da operação e dos custos da manutenção da estrutura no futuro. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Referências BOWERSOX, Donald J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2008. MOURA, Reinaldo Aparecido. Equipamentos de Movimentação e Armazenagem. São Paulo: IMAM, 2000. 5. edição revista e ampliada (Série Manual de Logística volume 4). RUSSO, Clovis Pires. Armazenagem, Controle e Distribuição. Curitiba: InterSaberes, 2013. TADEU, Hugo Ferreira Braga. Gestão de estoques: fundamentos, modelos matemáticos e melhores práticas aplicadas. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
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