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TGP INTRODUÇÃO AOS PRINCIPIOS

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Artigos
Quinta, 18 de Dezembro de 2014 05h
ROBERTO  DE  SOUZA  CHAVES:  Procurador  Federal  (Advocacia­Geral  da  União).  Graduado  pela
Faculdade  de  Direito  da  Universidade  do  Estado  do  RJ  e  Pós­Graduado  em  Direito  Público  pela
Universidade de Brasília. Foi Técnico Judiciário e Analista Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho
da 1ª Região (RJ) entre os anos de 1998­2004. Aprovado e nomeado Procurador da República (MPF) no
ano de 2006
Introdução  ao  estudo  do  processo:  conceito,  natureza  jurídica  e  princípios
fundamentais
Resumo:  Serão  traçadas,  no  presente  trabalho,  breves  linhas  introdutórias  à  teoria  geral  do
processo, notadamente visando à  instrução do  iniciante no estudo do Direito. Todavia, poderá o
leitor  constatar  que  também  se  trazem  elementos  relevantes  à  otimização  da  visão  processual
mesmo de quem já tenha contato e experiência profissional com tal ramo do direito. Abordar­se­ão
as  principais  teorias  históricas  acerca  da  natureza  jurídica  e  do  conceito  de  processo;  e  se
apresentarão ao leitor os princípios que reputamos fundamentais à boa compreensão e ao perfeito
manuseio  da  relação  jurídica  processual  e  dos  institutos  componentes  do  Direito  Processual
pátrio.
Palavras­chave: Processo. Conceito. Natureza jurídica. Princípios.
I) INTRODUÇÃO
Numa  abordagem  etimológica,  "processo"  significa  "marcha  para  a  frente",
"caminhada". Assim, é absolutamente adequado o uso do termo "processo" para as mais variadas
áreas a que se volta a observação ou a atuação humana.
Em  sua  definição  atual,  extraível  dos  mais  variados  dicionários  da  língua
portuguesa,  pode­se  encontrar  o  vocábulo  "processo"  atrelado  a  vários  significados:  pode
representar método,  sistema;  ou  conjunto  de manipulações para obtenção de um  resultado;  ou
conjunto dos papéis referentes a um negocio; ou conjunto dos autos e outros documentos escritos
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numa  causa  judicial;  ou  pode  representar  a  própria  demanda,  a  ação;  ou  como  sinônimo  de
procedimento ou processamento; dentre outros tantos sentidos...
Considerando­se sua vasta gama de sentidos possíveis, mas que, direta ou
indiretamente,  sempre  guardam  afinidade,  ainda  que  mínima,  com  seu  sentido  etimológico  de
"marcha avante", trata­se de conceito que, também no campo jurídico  lato sensu,  transcende ao
direito  processual,  eis  que  presente  em  todas  as  atividades  estatais  (processo  administrativo,
legislativo...)  ou  não­estatais  (processos  disciplinares  dos  partidos  políticos  e  associações,  por
exemplo).
Importa­nos, para os propósitos do presente estudo, que o consideremos, a
partir  de  agora,  em  sua  feição  judicial,  que  está,  naturalmente,  indissociavelmente  ligado  ao
exercício da jurisdição.
Cabe ao Estado, via de regra, o papel de solucionar, em última instância, os
conflitos  decorrentes  da  vida  em  sociedade.  "Jurisdição"  é  esse  poder  de  compor  ou  extirpar
conflitos e pacificar pessoas ou grupos.
Todavia,  o  desempenho da  chamada  função  jurisdicional  não  se  concretiza,
jamais,  num  "estalar  de  dedos",  de  forma  instantânea,  já  que  há  de  se  percorrer,  subjetiva  e
objetivamente,  um  determinado  "caminho",  de  modo  a  que  a  jurisdição  seja  promovida  com
justiça,  observando  a  certas  regras  e  pressupostos,  para  que  restem  asseguradas  as  mais
fundamentais garantias do  indivíduo e da coletividade, dentre elas a plena e ampla participação
dos  interessados ou potenciais  interessados, bem como delimitando­se a atuação do Judiciário,
impondo­se­lhes deveres e coibindo­lhes eventuais excessos e abusos de autoridade.
E, para se atingir tal fim, o instrumento idôneo é, portanto, o Processo.
O  processo,  que  tem  natureza  pública,  é,  nas  palavras  de  Willian  Couto
Gonçalves  Gonçalves[1],  “na  sua  essência,  garantia  da  jurisdição  que  ele  operacionaliza,
restringe, materializa, efetiva, especifica e torna eficaz”. 
II) CONCEITO e NATUREZA JURÍDICA
Ao  longo  da  história,  estudiosos  do  Direito  têm­se  debruçado  sobre  a
definição de "processo" ou sobre qual seria sua natureza jurídica.
Formularam­se, pois, algumas teorias sobre a natureza jurídica do processo:
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1. O processo como contrato: para esta teoria o processo é o resultado de um
contrato entre as partes através do qual se obrigam a submeter o conflito ao  juiz e a acolher a
decisão que  for por ele pronunciada. Tem mero significado histórico, pois parte do pressuposto,
hoje  falso, de que as partes se submetem voluntariamente ao processo e aos seus  resultados,
quando, na verdade, as partes se sujeitam ao processo e à  tutela  jurisdicional que o  juiz  impõe
independentemente da voluntária aceitação.
2. O processo como quase­contrato: enquanto no contrato as obrigações dele
decorrentes são determinadas diretamente pela própria vontade das partes, no "quase­contrato"
as  obrigações  são  determinadas  pela  lei  com  base  na  presumível  vontade  das  partes.  Assim,
segundo  esta  teoria,  o  processo  seria  um  quase­contrato,  pela  circunstância  de  as  partes
comparecerem  voluntariamente  e  de  se  submeterem  às  decisões  judiciais.  Trata­se  de  uma
explicação do processo a partir de uma perspectiva nitidamente privatista e individualista.
3. O processo como relação jurídica: o processo contém uma relação jurídica
entre  as  partes  e  o  Estado­Juiz,  a  chamada  relação  jurídica  processual.  Esta  se  distingue  da
relação de direito material por três aspectos: a) pelos seus sujeitos (autor, réu e Estado­Juiz); b)
pelo  seu  objeto  (a  prestação  jurisdicional);  c)  e  pelos  seus  pressupostos  (os  pressupostos
processuais).
4.  O  processo  como  situação  jurídica:  o  processo  não  seria  uma  relação
jurídica, mas,  isto  sim,  uma  situação  jurídica  –  que  é  o  estado  de  uma pessoa  enquanto  tenta
fazer  valer o direito material  afirmado em  juízo. A  teoria da situação  jurídica  foi  elaborada para
opor­se à teoria da relação  jurídica. A sua tese central é a de que o processo não encerra uma
relação jurídica entre os seus sujeitos, pois não há direitos e deveres jurídicos entre eles. A única
relação  jurídica  existente  seria  a  de  direito material. O  que  há  no  processo  são  possibilidades,
ônus  e  meras  expectativas  de  se  obter  vantagem.  Tal  teoria  foi  abandonada,  por  não  ter
conseguido convencer os estudiosos de que não haveria a relação jurídica processual.
5. O  processo  como  instituição:  O  processo  seria  uma  instituição  jurídica.
Seus defensores entendiam o processo como conjunto de regras de direito que formam um todo
único. A crítica imediata a tal teoria seria, de plano, a manifesta impossibilidade de se definir, com
precisão e convergência de entendimentos, o significado de "instituição  jurídica". Não se presta,
assim, a explicar minimamente a natureza jurídica do processo.
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6.  O  processo  como  mero  procedimento:  concepção  segundo  a  qual  o
processo  é  um  mero  procedimento,  ou  seja,  é  uma  série  ordenada  de  atos  previstos
normativamente tendentes à produção de um efeito jurídico final. Processo, aqui, seria espécie do
gênero procedimento. E tão­somente isso!
7. O processo como procedimento em contraditório: Complementando a teoria
anterior,entende­se,  aqui,  o  processo  como  procedimento  realizado  em  contraditório  e  propõe
que, no lugar da denominada relação jurídica processual, se passe a considerar como elemento
do  processo  essa  abertura  à  participação,  que  é  constitucionalmente  garantida.  Seria  o
contraditório  o  elemento  qualificador  do  processo,  hábil  a  distingui­lo  das  demais  espécies  de
procedimento. 
8.  O  processo  como  categoria  complexa.  O  processo  é  uma  entidade
complexa, podendo ser encarado sob o aspecto dos atos que  lhe dão corpo e da  relação entre
eles  (procedimento)  e  igualmente  sob  o  aspecto  das  relações  entre  os  seus  sujeitos  (relação
jurídica processual). Há,  pois,  na estrutura de  tal  entidade  complexa,  um aspecto extrínseco  (o
procedimento realizado em contraditório) e um aspecto intrínseco (a relação jurídica processual).
Compreende­se, pois, o processo como o procedimento realizado mediante o desenvolvimento da
relação entre os seus sujeitos, sempre presente o contraditório.
8. O processo como categoria  jurídica autônoma. Para os defensores de  tal
teoria, as demais teorias acerca da natureza jurídica do processo procuram, desnecessariamente,
classificá­lo  dentro  de  uma  das  categorias  jurídicas  já  existentes  ­  o  que  seria  um  erro
metodológico.  Optam,  pois,  por  atribuir  ao  processo  uma  categoria  jurídica  autônoma,  sob  o
simplório brocardo "o processo é o processo".
Destaquem­se,  assim,  didaticamente,  3  principais  acepções  da  palavra
"processo":
a) "Processo" como um sistema de técnicas coordenadas por uma ciência ou
área  de  conhecimento  específico,  que  visam  à  composição  de  lides,  a  solucionar  conflitos
jurídicos. Referimo­nos, aqui, ao emprego do vocábulo "processo" para designar o próprio  ramo
do direito conhecido como "Direito Processual". Seria uma acepção de cunho institucional.
b)  "Processo"  como  método  de  trabalho  para  a  efetivação  do  exercício  da
jurisdição,  da  ação  e  da  defesa,  pelos  respectivos  sujeitos  atuantes.  Trata­se  de  método  pré­
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definido pelo direito positivo e iluminado pelos princípios. É o "processo" como modelo abstrato a
ser observado pelos litigantes.
c)  "Processo"  como  vocábulo  utilizado  para  designar  a  realidade
fenomenológica  da  experiência  dos  juízes  e  das  partes  em  relação  a  cada  um  dos  conflitos
concretamente  trazidos  ao  Estado­juiz  em  busca  de  composição,  solução  ("processo"  como
realidade concreta). Corresponderia, aqui, aos autos do processo.
Para os propósitos do presente estudo, há de se conceituar "processo", numa
definição mais completa e aperfeiçoada, como uma série de atos interligados e coordenados que
visam  a  permitir  a  produção  da  tutela  jurisdicional  justa,  a  serem  realizados  no  exercício  de
poderes ou faculdades ou em cumprimento a deveres ou ônus.
Destrinchando­se  o  conceito  mais  completo  trazido  no  parágrafo  anterior,
observemos que a sequência de atos interligados e coordenados corresponde ao "procedimento",
enquanto  que  o  conjunto  de  situações  jurídicas  ativas  e  passivas  que  autorizam  ou  exigem  a
realização  dos  atos  (poderes,  faculdades,  deveres  e  ônus)  corresponde  à  "relação  jurídica
processual".
Em  resumidas  linhas,  portanto,  parece­nos  razoável  compreender  o
"processo", alinhando­nos a uma parcela respeitável da doutrina, como uma entidade complexa,
de  natureza  pública,  correspondente  ao  procedimento  realizado  em  contraditório  (aspecto
extrínseco) animado pela relação jurídica processual (aspecto intrínseco).
III) PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Há uma gama quase  infindável  de  tipos  de  classificação e metodologias  de
análise construídas na doutrina pelos estudiosos do assunto. Entretanto, no presente ensaio, que
jamais pretende esgotar o estudo sobre o "processo", mas tão­somente traçar as primeiras linhas
nocionais acerca de tão relevante tema, a abordagem dos princípios fundamentais aplicáveis ao
processo  se  fará  de  forma  direta,  simples,  elencando­os  sequencialmente,  muito  mais
comprometida com a identificação de seus conteúdos e características do que com suas possíveis
e alternativas formas de classificação.
Passemos, pois, a elencá­los e explicá­los, ainda que em breves linhas:
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­  Princípio  da  inafastabilidade  do  controle  jurisdicional:  insculpido  no  texto
constitucional (art. 5o, XXXV, da CRFB­1988), garante ao cidadão o acesso à  justiça quando se
achar  em  situação  de  lesão  ou  ameaça  de  lesão  a  direito,  mas  também  o  direito  à  efetiva  e
adequada tutela jurisdicional. Compreende, pois, um outro princípio: o princípio da efetividade da
prestação jurisdicional.
­ Princípio da  imparcialidade do órgão  jurisdicional: advém do apreço a uma
fundamental  virtude  democrática,  que  é  a  igualdade.  Exige­se  que  o  juiz  seja  teórica  e
concretamente  imparcial,  para  que  processe  os  feitos  que  lhe  são  submetidos  com  tratamento
igual aos litigantes ao longo do processo e na decisão da causa, observando às regras e demais
princípios processuais correlatos.
­ Princípio do juiz natural: tal garantia pode­se desdobrar em três aspectos: a)
só são órgãos jurisdicionais aqueles instituídos pela Constituição; b) ninguém pode ser julgado por
órgão  constituído  após  a  ocorrência  do  fato  (tribunal  de  exceção);  c)  entre  os  juízes  pré­
constituídos vigora uma ordem taxativa de competências que exclui qualquer alternativa deferida à
discricionariedade de quem quer que seja para alterar tal predefinição.
­  Princípio  da  igualdade:  a  igualdade  perante  a  lei  é  premissa  para  a
afirmação da igualdade perante o juiz: da norma inscrita no art. 5o, caput, da Constituição, brota o
princípio  da  igualdade  processual.  As  partes  e  os  procuradores  devem  merecer  tratamento
igualitário, para que tenham as mesmas oportunidades de fazer valer em juízo as suas razões[2].
­ Princípio do contraditório: a  lei deve  instituir meios para a participação dos
litigantes no processo e o  juiz deve  lhes  franquear esses meios. E  também o próprio  juiz deve
participar da preparação do julgamento a ser feito, exercendo ele próprio o contraditório. Deve­se
dar oportunidade de participação das partes na formação do convencimento ou cognição do juiz,
atribuindo­se­lhe  (ao  processo)  um  compasso  eminentemente  dialético.  Segundo  Leonardo
GRECO: "Numa noção elementar poderia ele ser definido como o princípio que  impõe ao  juiz a
prévia audiência de ambas as partes antes de adotar qualquer decisão (audiatur et altera pars) e o
oferecimento a ambas das mesmas oportunidades de acesso à Justiça e de exercício do direito de
defesa"[3].
­  Princípio  da  ação  ou  da  demanda:  princípio  segundo  o  qual  se  atribui
exclusivamente à parte (suposto titular da pretensão) a faculdade de, por sua iniciativa, provocar o
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exercício  da  função  jurisdicional.  A  jurisdição  é  inerte  e,  para  sua  movimentação,  exige­se  a
provocação  do  interessado.  Fala­se,  também,  sob  outro  prisma,  em  princípio  da  inércia  da
jurisdição.
­ Princípio da disponibilidade: "poder dispositivo" corresponde à liberdade que
as  pessoas  têm  de  exercer  ou  não  seus  direitos.  Em  sede  de  direito  processual,  tal  poder  é
configurado pela faculdade de o indivíduo apresentar ou não sua pretensão em juízo, bem como
de  apresentá­la  do  modo  que  lhe  parecer  melhor,e  de  renunciar  a  ela  ou  a  certas  situações
processuais.  As  exceções  ou  limitações  a  esse  poder  dispositivo  no  processo  civil  (em  que  se
trata  de  regra,  ao  contrário  do  que  ocorre  no  direito  penal,  em  que  prevalece  o  princípio  da
indisponibilidade) podem ocorrer, por exemplo, quando se tratar de hipótese em que o  interesse
público há de prevalecer sobre o privado, quando o próprio direito material é indisponível.
­  Princípio  do  impulso  oficial:  uma  vez  instaurada  a  relação  processual,
compete ao juiz mover o procedimento de fase em fase (marcha processual), até exaurir a função
jurisdicional.
­ Princípio da publicidade:  trata­se de projeção da garantia constitucional do
direito à informação (CRFB­1988, art. XIV). A possibilidade de exame dos autos dos processos, a
priori,  por  qualquer  pessoa,  assim  como  o  franqueamento  do  comparecimento  e
acompanhamento,  pelo  público,  nas  audiências  são  seguros  mecanismos  de  fiscalização  do
exercício da jurisdição. A regra geral da publicidade dos atos processuais encontra exceção nos
casos  em  que  o  decoro  ou  o  interesse  social  aconselhem  que  eles  não  sejam  divulgados,
resguardando­se as partes.
­  Princípio  da  duração  razoável  do  processo:  O  processo  deve  demorar
apenas  o  tempo  razoável,  necessário  (o  que  não  se  confunde  com  princípio  da  celeridade).  A
avaliação  da  razoabilidade  da  duração  do  processo  dependerá  da  análise  de  determinados
parâmetros  vinculados  à  complexidade  da  causa  e  do  procedimento,  à  estrutura  do  órgão
jurisdicional e ao proceder das partes. Embora se trate de princípio processual acrescido ao texto
constitucional (artigo 5º, LXVIII, da CRFB­88) por Emenda relativamente recente (EC nº 45/2004),
já podia ser extraído do próprio princípio do devido processo legal antes mesmo de sua previsão
expressa.
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­ Princípio do duplo grau de  jurisdição: em termos gerais,  tal princípio reside
na possibilidade de  revisão, por meio de  recurso, das causas  já  julgadas em primeira  instância,
pelo juiz de 1º grau, garantindo­se, destarte, um novo julgamento por parte do órgão jurisdicional
superior. Parte­se da premissa, embora meramente teórica, de que o órgão jurisdicional superior,
normalmente dotado de maior experiência e conhecimento  jurídico,  terá melhores condições de,
se for o caso, desfazer uma injustiça perpetrada por erro da decisão de primeiro grau. Contudo, há
situações  em  que  não  ocorre  o  duplo  grau,  como  nas  hipóteses  de  competência  originária  do
Supremo Tribunal Federal.
­ Princípio da motivação das decisões  judiciais:  trata­se de uma garantia de
ordem política ou garantia da própria  jurisdição, dirigindo­se não apenas às partes e aos  juízes,
mas à comunidade como um todo. O mencionado pórtico constitucional compreende o dever que
tem o  juiz de analisar as questões postas a seu  julgamento, explicitando as  razões pelas quais
chegou  às  conclusões  adotadas.  Há  quem  considere  que  não  se  trata,  na  verdade,  de  um
princípio,  mas,  sim,  um  dever  imposto  ao  juiz.  De  qualquer  modo,  é  inegável  que  constitui
relevante garantia constitucional ínsita à cláusula do due process of law (devido processo legal).
­ Princípio do devido processo legal: em sentido processual, constitui fórmula
sintética  destinada a  afirmar  a  indispensabilidade de  todas as garantias  inerentes ao processo,
tais como o direito ao contraditório, ampla defesa, juiz natural, à motivação das decisões, etc. Sob
um aspecto substancial (substantive due process of law), consiste em um vínculo autolimitativo do
poder estatal, fornecendo meios de censurar a própria legislação e ditar a ilegitimidade de leis que
afrontem  as  bases  do  regime  democrático.  Em  resumo,  o  contexto  de  garantias  tipificadas  e
atípicas  contidas  na  fórmula  due  process  of  law  oferece  aos  litigantes  um  direito  ao  processo
justo, com  oportunidades reais e equilibradas.[4]  
Em um Estado Democrático de Direito, deve­se garantir ampla possibilidade
de participação das partes, no processo, de  forma  isonômica,  respeitando­se o contraditório e a
ampla  defesa,  bem  como  os  demais  princípios  componentes  da  fórmula  sintética  do  devido
processo legal.
IV) CONCLUSÃO
Como  dito  logo  ao  inicio  do  presente  artigo,  objetivou­se,  com  a  edição  do
mesmo, reunir, especialmente dirigidas ao iniciante no Direito, noções introdutórias ao estudo do
processo.
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Abordaram­se  as  principais  teorias  históricas  que  tentaram  identificar  a
natureza  jurídica  do  processo  e  conceituá­lo,  passando­se,  em  sequência,  à  apresentação  dos
princípios  que  reputamos  fundamentais  à  boa  compreensão  e  ao  perfeito manuseio  da  relação
jurídica processual e dos institutos componentes do Direito Processual pátrio.
Ao final do estudo, podem­se extrair alguns pontos marcantes dentro de todo
o conteúdo abordado:
O processo tem natureza pública e é, na sua essência, garantia da jurisdição
que ele operacionaliza, restringe, materializa, efetiva, especifica e torna eficaz. 
Alinhamo­nos,  dentre  as  teorias  históricas  quanto  à  natureza  jurídica  do
processo, àquele que compreende o processo como sendo uma entidade complexa. Em sucinta
definição, portanto, parece­nos razoável compreender o "processo" como uma entidade complexa,
de  natureza  pública,  correspondente  ao  procedimento  realizado  em  contraditório  (aspecto
extrínseco) animado pela relação jurídica processual (aspecto intrínseco).
No  Estado  Democrático  de  Direito,  deve­se  garantir  ampla  possibilidade  de
participação  das  partes,  no  processo,  de  forma  isonômica,  observando­se  ao  contraditório  e  à
ampla defesa. O Direito Processual deve ser estudado e tratado à luz dos direitos fundamentais
da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal, de forma a que, para a composição
ou  solução  dos  conflitos  sociais  submetidos  ao  Judiciário,  a  construção  das  decisões  deve  ser
promovida não apenas pelo órgão jurisdicional, mas, quanto mais possível, com a participação de
todas as partes envolvidas e/ou interessadas.
De  todo modo,  o  direito  processual  é  inequivocamente  dinâmico, mutável  a
todo instante, o que demanda de todos os seus operadores uma inelutável busca pela atualização
do  conhecimento  jurídico  em  relação  às  normas,  princípios  e  tendências  doutrinárias  que  se
renovam incessantemente.
NOTAS:
[1] GONÇALVES, Willian Couto Gonçalves. Garantismo, finalismo e segurança jurídica no
processo judicial de solução de conflitos.  Belo Horizonte: Lumen Juris, 2004.
[2] CINTRA, Antonio Carlos  de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Candido
Rangel. Teoria Geral do Processo. 20ª Ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2004, p.53.
[3] GRECO, Leonardo. O princípio do contraditório. São Paulo: Revista Dialética de Direito
Processual, n.24, 2005. p. 72.
[4]  DINAMARCO,  Cândido  Rangel.  Instituições  de  Direito  Processual  Civil,  vol.  I.  4ª
edição. Malheiros Editores. 2004. p. 244­248
Conforme a NBR 6023:2000 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico
eletrônico deve ser citado da seguinte forma: CHAVES, Roberto de Souza. Introdução ao estudo do processo: conceito, natureza
24/03/2017 Imprimir:
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jurídica  e  princípios  fundamentais.  Conteúdo  Jurídico,  Brasília­DF:  18  dez.  2014.  Disponível  em:
<http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.51509>.Acesso em: 24 mar. 2017.

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