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Teoria Geral do Direito

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – TEORIA GERAL DO DIREITO
Professor: Juliano do Santos Calixto.
Aluna: Vitória Maria T. F. do Carmo
Noberto Bobbio
Observe-se que o Bobbio tem uma visão para além do normativismo jurídico* - observado na teoria pura de Hans Kelsen. Bobbio apresenta uma TGD através de uma leitura fenomenológica do Direito. Tomando a norma como objeto de estudo Bobbio indica três critérios de valoração possível – justiça, validade e eficácia- e depois trata da diferenciação a ser feita entre norma jurídica e os demais tipos de normas. 
Bobbio tem uma forma especifica de positivismo jurídico, ele trata da estrutura normativa do direito e constrói uma teoria formal que esclarece e corrige o positivismo jurídico nas falhas que ele apresentava até então. Para Bobbio, norma jurídica estudada isoladamente não consegue revelar o Direito totalmente, mas em conjuntos sim, e esse conjunto de normas com relações particulares entre si é o ordenamento jurídico. Para haver direito deve existir organização, sistema normativo, sendo que a norma jurídica tem execução garantida por sanção externa e institucionalizada.
Para caracterizar o Direito através de algum elemento da norma jurídica pode-se considerar os critérios: formais, materiais, a quem a norma se destina, o sujeito que põe.
NORMA:
 Critérios de Valoração – são os problemas que a Fil. Do direito se ocupa, independentes entre si. 
Justiça: REAL x IDEAL; é um problema deontológico (dever ser, moral), são os valores supremos a que tende o direito, os fins sociais que se busca, cujo instrumento para realizar é o ordenamento jurídico. Para julgar a justiça de uma norma, deve-se compará-la a um valor ideal. Quem se preocupa com esse estudo é a Fil. da justiça, esse é um problema que se resolve com um juízo de valor.
Para Kelsen: não deve ser discutido na TPDD, cujo o objetivo é único e exclusivamente de conhecer o objeto do Direito, uma vez que justiça é um problema valorativo, situando-se fora da teoria pura – que se limita a análise do Direito positivo como sendo a realidade jurídica.
Validade: Garante a existência da norma e do ordenamento jurídico, faz-se uma investigação empírica racional para observar se ela cumpre os três critérios; 1- deve ser emanada por uma autoridade competente, deve-se observar se esta foi revogada ou se regulou a mesma matéria, deve-se observar a compatibilidade, isto é, se obedece a hierarquia das normas e a temporalidade. (Garante a existência da norma como jurídica) – questão ontológica- observância técnica, em que consiste o direito enquanto regra obrigatória e coativa, o que difere o ordenamento jurídico das demais ordens normativas, o direito é instrumento de realização da justiça? – se resolve com um juízo de fato.
Para Kelsen: observar se a norma foi produzida de acordo com uma hierarquia que leva até a norma fundamental (NF: pressuposto lógico racional)
Eficácia: Cumprimento da norma, análise fenomenológica, para Bobbio a eficácia é um problema reservado em função do cumprimento da norma jurídica pelos seus destinatários, logo não é um problema que versa sobre validade e nem justiça. Afirma que o problema de eficácia é verificável a partir de um procedimento investigativo histórico sociológico, isto é, como que o fenômeno jurídico se constrói em diferentes momentos da história, em diferentes tempos e espaços, como se dá a recepção social da norma jurídica.
Bobbio identifica que eficácia não se resolve a partir da sanção – não é em função da sanção que determinada sociedade vai seguir uma determinada regra de conduta. A sanção resolve apenas a necessidade do comando prescritivo do direito – dever- enquanto a eficácia indica organização e adesão necessária, fruto da sanção já institucionalizada, encaminha um problema entre força e consenso. Essa discussão FORÇA x CONSENSO é vista pelo enfoque fenomenológico, o que implica uma consideração importante: A NORMA É CONSTITUIDA DE SANÇÃO, MAS DESTITUIDA DE EFICACIA PROPRIAMENTE DITA.
Para Kelsen: A eficácia relaciona-se a aplicação e observação da norma. A eficácia é condição de validade, porém não é validade.
Kelsen x Bobbio: enquanto um trata do fenômeno jurídico em si o outro fala da norma jurídica em si.
	Critério de distinção dos tipos de prescrição 
Não é suficiente para diferenciar as prescrições.
Quanto ao sujeito ativo/passivo; imperativo autônomo – quem estabelece a norma e quem a executa são as mesmas pessoas; imperativo heterônomo: quem estabelece a norma e quem a executa são pessoas diferentes.
Quanto à forma: Imperativo categórico –ação boa em si mesma (ética) - e imperativo hipotético – ação que busca um determinado fim (se A, deve B)
Quanto a força obrigatória: comando (obrigatoriedade) ou conselho (faculdade)
			 PRESCRIÇÃO JURÍDICA
Bobbio: prescrição x descrição*
* (cientifica/lógica/demonstrativa)
As normas jurídicas são proposições construídas a partir dos textos (enunciados) do sistema de direito, observada a realidade social. As normas jurídicas não se confundem com os textos que as veiculam, sendo o produto da interpretação de enunciados do sistema positivo. A intersubjetividade e a organização são condições necessárias para formar uma ordem jurídica, mas o aspecto normativo é uma condição necessária suficiente.
Definição de norma jurídica através da sanção e sanção jurídica através dos aspectos de exterioridade e de institucionalização
Considerando o Direito como forma - modo com o qual a proposição se expressa – uma norma é proposição –comando- prescritiva** (normativa), sendo que se pode diferenciar as normas jurídicas das demais através de:
** visa influenciar o comportamento alheio, o destinatário a executa, pode ser justa/injusta, válida/inválida.
Conteúdo da norma: caráter intersubjetivo, isto é, a norma jurídica visa regular uma relação direito-dever, constituindo a bilateralidade sua característica fundamental que se revela pela instituição simultânea de um direito e um dever aos sujeitos no âmbito da relação (diferencia direito e moral)
Finalidade: conservar a sociedade regulada
 Sujeito que estabelece a norma – autoridade competente 
Justiça – tende a sua realização (argumento fraco)
Destinatário/natureza da obrigação– como é recebido pelo destinatário- o destinatário primário é a sociedade e o secundário é o Estado. P/ Kant a NJ: adesão exterior, para Haesaert: estamos convencidos de sua obrigatoriedade.
Resposta à violação: sanção; a sanção é a ação que busca eliminar as consequências danosas de um ilícito, é um meio de salvaguardar a lei.
Observação -> Define Reale que: “O que efetivamente caracteriza uma norma jurídica de qualquer espécie é o fato de ser uma estrutura proporcional enunciativa de uma forma de organização ou de conduta que deve ser seguido de maneira objetiva e obrigatória”
A SANÇÃO – resposta à violação quando uma ação real não corresponde à ação prescrita. 
	MORAL
	SOCIAL
	JURÍDICA
	INTERIOR (produzida pelo próprio agente violador da norma)
	EXTERNA (proveniente de terceiros)
	EXTERNA – violação da regra primária estabelece a medida da sanção.
	ESCASSAMENTE EFICAZ (há indivíduos amorais e morais)
	EFICAZ
	EFICAZ (eficácia reforçada)
	Consequências desagradáveis para o próprio agente, angústia/remorso 
	FALTA DE PROPORCIONALI-DADE – se dá em graus distintos reprovação/ linchamento (VIOLAÇÃO-RESPOSTA) INCONSTANTE E SEM MEDIDA
	PROPORCIONAL, CERTEZA DA RESPOSTA, IMPARCIAL
	NÃO INSTITUCIONALIZADA
	NÃO INSTITUCIONALIZADA (não decorre da lei)
	INSTITUCIONALIZADA (REGULADA POR NORMAS FIXAS, PRECISAS, CUJA EXECUÇÃO ESTÁ CONFIADA ESTAEVLMENTE A ALGUNS MEMBROS AUTORIZADOS E DESIGNADOS PARA ISTO.)
Resposta de Bobbio aos não sancionistas que acreditam que o ordenamento se baseia na adesão espontânea e não na sanção, pois acreditam que uma ordem fundada na força não seria eficaz. Para Bobbio, a adesão espontânea é necessária, mas não suficiente à manutenção do ordenamento.
Norma sem sanção**, para Bobbio, a norma que não possuisanção é porque a sanção nesse caso é inútil*, uma vez que NJ quando chega nas partes elevadas da hierarquia não precisa disso, uma vez que quem produz a NJ e detém a produção da força coercitiva é a autoridade competente. *pressupõe que esses indivíduos têm senso de justiça e adesão espontânea. 
Norma sem sanção para Kelsen não existe, para ele existem as normas autônomas, que já possuem a sanção em seu comando “se A, deve ser B” e as normas não autônomas, que não possuem a sanção em seu comando direto e, sendo assim, possuem um caráter incompleto, sendo complementada por outra lei.
** Isto não é absurdo para Bobbio e nem enfraquece a sua definição de Direito, para ele a aplicação da sanção pressupõe a existência de um aparelho coercitivo e este necessita do poder. Assim, as normas superiores estão mais próximas das fontes do poder, não sendo possível, porque contraditório, que a fonte de poder esteja sujeita a coação. Ao passar das normas inferiores de um ordenamento àquelas superiores distinguimos um momento em que a força destinada a aplicar o direito passa a produzi-lo, ou seja, um plano em que o conceito de força como sanção de um direito já estabelecido se transforma num conceito de força como produção de um direito futuro. Quando as normas superiores do sistema não são seguidas, Bobbio diz que não ocorre violação, mas a produção de uma norma nova, isto é, uma modificação do sistema.
SANÇÃO PARA KELSEN: Não transcendental e socialmente organizada
ORDENAMENTO SEM SANÇÃO não existe para Bobbio, há uma deficiência na interpretação desses ordenamentos que se regem pela autotutela. – Ele coloca como exemplo o ordenamento jurídico internacional e exemplifica o fenômeno das guerras, embargos econômicos e políticos como sanção no ordenamento jurídico internacional. 
NORMA EM CADEIA E O PROCESSO INFINITO: Bobbio retoma a argumentação acerca da crítica a adesão espontânea no sentido de que esta também é admitida paralelamente.
DESTINATÁRIOS DAS NORMAS: se a norma jurídica é uma proposição cuja função é determinar o comportamento alheio, a quem ela é destinada? Pode se apresentar através de duas variantes; destinatário pode ser a pessoa ou o juiz 
 Normas jurídicas – Análise da estrutura lógica.
Norma Geral e Singular – toda proposição prescritiva, logo, a NJ é formada por um sujeito (destinatário) e por um objeto da prescrição. O sujeito pode ser universal ou singular e as prescrições podem ter ação singular ou universal
. Ex. de prescrição com destinatário universal: Código Civil art. 667 – das obrigações do mandatário. 
Ex. de prescrição com destinatário singular: sentença do juiz; 
 Prescrição universal: aquela que não se exaure na execução
Prescrição singular: uma vez cumprida a norma, ela perde a eficácia
Generalidade e abstrata: critério impreciso. Características da NJ enquanto dever ser.
 Universal em relação à ação (abstrata) –garantia da certeza- 
 Universal em relação aos destinatários (Generalidade) – garantia da igualdade
 Afirmativa/negativa:
 + te obriga a fazer algo, é o comando; - te proíbe fazer algo.
 Permissiva negativa: isenta alguém de fazer algo (permite fazer)
Permissiva afirmativa: isenta alguém de não fazer algo. (Não permite fazer)
Categórica e Hipotética:
Categórica: ação deve ser cumprida
Hipotética: ação que deve ser cumprida caso verifique certa condição
	Em suma, Bobbio fixa o critério distintivo da norma jurídica através da sanção e a sanção jurídica através dos caracteres de exterioridade e institucionalização. A norma jurídica não tem, portanto, uma estrutura interna que a diferencie das demais normas de conduta. Ela é jurídica porque faz parte de um complexo organizado de normas, isto é, de um sistema ou de um ordenamento que é jurídico.
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS:
Critério Especial – Reale.
Diz respeito a competências. Quem são os entes competentes que emanam a norma jurídica?
Federal – União / Estadual – Estado / Municipal – Município
Critério Imperatividade – Reale
- Norma cogente: são imperativas quando ordenam, impõe e proibitivas quando vedam ou proíbem os indivíduos de realizar uma determinada ação. Não são específicas, são generalizadas – são de ordem pública e por isso não pode ser modificada pela vontade das partes ou do juiz. TAXATIVA – ORA ORDENA ORA PROÍBE
- Norma dispositiva (ou permissiva): São normas interpretativas, esclarecendo a vontade do indivíduo manifestada de forma duvidosa, campo particular, ou integrativas, em que preenchem lacunas deixadas por ocasião da manifestação da vontade. LIMITA-SE A DISPOR COM GRANDE PARCELA DE LIBERDADE, isto é, visa tutelar interesses patrimoniais, e, por isso, podem ser modificadas pelas partes.
3- Critério Individuais e Gerais – Tércio Sampaio
Para Tércio, na hora de classificar a norma jurídica pelo critério de destinatário, as normas podem ser gerais ou individuais. Uma norma geral é a que se destina à generalidade das pessoas (Ex: pensão alimentícia ou a norma de D. Civil que estabelece que a cap.civil começa aos 18 anos) já as normas individuais são as que disciplinam o comportamento de um grupo de pessoas ou indivíduo, isto é, o destinatário está individualizado como pessoa – exemplo: sentença que condene ao pagamento de indenização, norma contratual que disciplina a vontade de duas partes, sentença que determina a prestação de alimento)
Norma jurídica para robert alexy
O critério de classificação das normas para Alexy é que as normas jurídicas se diferenciam em Regras e Princípios.
Para Alexy, a norma diz o dever ser, logo -> regras e princípios são normas, sendo assim, ambas se baseiam na ideia de dever/permissão/proibição.
Como diferenciar regras e princípios? Dentre todos os critérios, o mais utilizado é o de generalidade, inclusive é utilizado por Bobbio, sendo Regra (-) ------ Princípio (+) generalidade 
 Alexy afirma ter três teses acerca da distinção entre regras e princípios: 
1º Impossibilidade de divisão da norma em classes de regras e princípios devido a pluralidade.
2º Distinção e meramente de grau
3º Diferença é gradual e quantitativa.
Sendo que afirma ser a terceira tese a correta, essa distinção parte da dicotomia entre regras e princípios elaborado por Dworkin. Dworkin afirma que R e P possuem natureza logica e podem ser definidas pela natureza de orientação que oferecem para o caso. 
Assim, regras são aplicadas da maneira TUDO OU NADA de forma que ou ela é válida ou ela é inválida (A RESPOSTA QUE FORNECE É ACEITA OU EM NADA CONTRIBUI PARA A DECISÃO) – a sua aplicação deve ocorrer de forma imediata. Já os princípios possuem uma maneira mais complexa, uma vez que possuem a dimensão de peso/importância, assim, não basta que as condições sejam dadas para que os resultados jurídicos sejam determinados de modo binário.
Obs.: princípios não permitem por si mesmo alcançar uma solução, são razões de prima facie, mas não razoes definitivas – A prioridade estabelecida de um princípio sobre o outro pode ceder em um futuro, porém quem pretender modificar essa prioridade corre com a carga da prova.
Conflito de regras:
No caso de duas regras só é possível resolver o conflito através de duas hipóteses
A primeira é adicionando uma cláusula de exceção e caso esse tipo de solução não for possível deve-se excluir uma dessas regras do ordenamento, uma vez que validade jurídica não é um conceito graduável e isso é lógico, porque não é possível que dois dever-se de um mesmo ordenamento contraditórios entre si sejam válidos. Beleza, se eu não posso colocar uma clausula de exceção como escolher qual das duas vai ser excluída? O Alexy coloca, por exemplo, que pode se utilizar regras como a lex posterior ou olhar quais delas é mais importante, olhar hierarquia das normas ou a especialidade.
Logo, Regras diz respeito a validade.
 
Conflito de princípios:
No caso de dois princípios um deve ceder ao outro e isso não significa que o princípio cedente vai ser declarado invalido, nem que vai acrescentar a ele uma clausula de exceção. Nesse caso, deve-se avaliarcaso a caso, valendo-se da dimensão de peso/importância de cada um deles no caso concreto. Os princípios são mandamentos de otimização, pois são normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível, dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes. Além disso, o princípio ser aplicado em um caso concreto não significa que o que ele determina seja um resultado definitivo para o caso, por isso princípio não possui conteúdo de determinação.
O principal critério distintivo entre uma regra e um princípio é o modo como eles se comportam no caso de colisão. 
As regras estão vinculadas a subsunção e os princípios à ponderação, isto é, se efetuou ponderação, tem a estrutura de princípio. Quando um princípio limita a possibilidade jurídica de cumprimento do outro, deve-se, observada as circunstancias do caso concreto, devem ser indicadas as condições necessárias para que um princípio seja aplicado em detrimento do outro. Alexy acredita que a lei de colisão é válida para solucionar todas as colisões, pois formula um enunciado de preferência condicionada entre os princípios. A formulação desses enunciados é fundamentada através da ponderação.
Miaille
O direito para Kelsen deve ser concebido, fundamentalmente, em seu aspecto formal, isto é, a reflexão a respeito da esfera jurídica não é centrada sobre o conteúdo da norma jurídica, mas sobre a estrutura geral dessas normas. Deste modo, Kelsen difundiu uma concepção normativista do direito, afastando da presença de qualquer valor axiológico. As normas, deveriam ser compreendidas dentro da visão de validade, uma norma jurídica é um imperativo que prescreve uma sanção e determina uma conduta humana e só é válida se for criada pelo Estado através de um procedimento adequado e em consonância com a ordem jurídica superior. Kelsen: O direito para ser ciência deve estar dentro do campo das ciências normativas, estas exprimem a condição de imputabilidade, isto é, se A deve ser B; o caráter especifico da norma jurídica é a validade. A TPDD coloca o ordenamento jurídico como um conjunto de normas que se projetam de maneira hierarquicamente subordinada, isto é, retira sua existência e valor de uma norma superior e a NF é o cume dessa pirâmide em que todas as normas retiram sua validade (NF: pressuposto logico racional/ hipotética) 
 Miaille afirma que o ordenamento não pode ser compreendido e aplicado de maneira eficaz se for rebaixado a uma ordem de criação normativa e imperativos abstratos, assim, para ele, Kelsen tem uma percepção do direito como uma estrutura anacrônica com a realidade fática social, uma vez que o direito puro deve se furtar da indagação dos fatos geradores do direito, servindo apenas para difundir a ideologia da classe detentora do poder. Assim, o Direito para Miaille reafirma/consolida as conquistas burguesas, fazendo parte da estrutura de dominação. Em suma, para Miaille, o normativismo jurídico esconde o funcionamento de uma sociedade concreta e oculta os fenômenos sociais que determinaram o direito.
Miaille concorda com algumas coisas na teoria de Kelsen, mas vê em sua teoria um problema metodológico – uma vez que ninguém concorda com sua teoria até o fim - critica que sua teoria abafa os conflitos presentes na sociedade, sendo um mecanismo de reafirmação das relações de dominação e desigualdades.
RESUMO DO GUSTAVO RICHARD:
O FETICHISMO DA FORMA DO DIREITO: O UNIVERSO RÍGIDO DAS NORMAS
O estudo cientifico da ciência do direito admite que se pode liberta-la dos elementos externos. É preciso definir o direito no que ele tem de específico, no que faz dele uma ordem de fenômenos irredutível. A diferença entre a ordem religiosa não matarás e o código penal que diz para não matarmos alguém é que cada uma delas intervém de uma forma radicalmente diferente. 
Temos que a característica do ato jurídico não é seu conteúdo, mas a forma como ele é expressa. Logo, o campo de estudos dos juristas encontra-se definido. " A ciência do direito encontra-se purificada à maneira como foram purificadas as disciplinas com estatuto de ciência, quando aceitaram eliminar do seu objeto toda contaminação de debates filosóficos ou teológicos.". 
Para o autor, a evolução do direito, de forma mais geral, diminuiria o formalismo jurídico. Na Roma antiga, para se efetuar um ato jurídico era necessária uma extensa formalidade, a qual sem ela o fato não tornaria válido. fl.297. 
 "Acreditar que se possa estudar um mundo de puras formas, sem nunca as referir aos conteúdos socioeconômicos, de que essas são a expressão, é pura ilusão para os juristas mais honestos ou pura hipocrisia para os juristas que conhecem as realidades que as formas escondem." Nos juristas internacionais, o formalismo é o objeto dos mais "vivos ataques" mais especificamente onde o formalismo tenta evitar que é as realidades socioeconômicas as quais as relações de dominação e de desigualdades são mais evidentes. 
Os símbolos por si só não possuem significados, mas quando associados a uma determinada cultura, com determinadas instituições adquirem.
TEORIA do ordenamento jurídico
Considerações iniciais: 
Bobbio inicia o livro fazendo uma retrospectiva do que foi abordado em teoria da norma jurídica. – Da norma ao ordenamento jurídico-.
Definir a norma jurídica em si, como foi feito no livro anterior, não é suficiente para definir o Direito. Além disso, cabe ressaltar que a norma jurídica não existe isoladamente, ela está sempre ligada a outras normas com as quais se forma um ordenamento jurídico. Satisfatoriamente só é possível compreender o fenômeno jurídico quando se analisa o ordenamento jurídico.
Kelsen foi um dos primeiros a isolar os problemas do ordenamento jurídico e fazer uma teoria do direito dividindo e duas partes o seu estudo: Teoria da Norma e Teoria do Ordenamento
 
Quando você tenta compreender o fenômeno jurídico a partir da norma, você sempre desemboca no ordenamento jurídico. Observa a seguinte situação: defina o que é a sanção jurídica -> ela é externa e institucionalizada – ok, para ser institucionalizada você precisa de uma organização sistemática normativa e, assim, você parte da norma, mas sempre chega no ordenamento.
Retomada da teoria da norma jurídica fazendo uma análise crítica dos critérios: - não coloquei todos, só 2 para mostrar porque o Bobbio acha que analisar apenas a norma não é suficiente para poder definir o direito e toda sua complexidade.
Classificação por um critério formal: 
Afirmativa/negativa: maioria dos sistemas normativos possuem
Geral ou individual: se o direito fosse reduzido a lei, talvez esse critério teria valor, mas no normativismo esse critério não oferece nenhum elemento caracterizador do direito em especial
Categórica ou hipotética: há vários sistemas normativos que se compõe de normas hipotéticas
Critério material: critério que se extrai do conteúdo das normas jurídicas, ou das ações reguladas – é muito vasto e inconcludente
Os critérios para definir o Direito – entende-se direito como um tipo de sistema normativo- através da norma é: sanção externa e institucionalizada, mas ainda assim, só é possível observar isso através de um complexo de normas.
Os problemas da existência de norma sem sanção, mal resolvido no plano da norma singular encontra solução no plano do ordenamento. Uma vez que a característica de sanção como elemento constitutivo do direito se refere ao ORDENAMENTO, assim, não implica que toda norma jurídica seja sancionada. (Vou aprofundar isso mais a frente, isso é só uma pequena obs.)
BOBBIO: “NÃO EXISTE O.J. PORQUE EXISTE N.J., EXISTE N.J. PORQUE HÁ UM O.J.
Porém, quais são os problemas do ordenamento jurídico? Unidade –hierarquia- o ordenamento jurídico é um sistema? Completude – lacunas do direito.
CAp. 02 – a unidade do ordenamento jurídico
As normas derivam de diferentes fontes e as ordens jurídicas são extremamente complexas, não há um poder que sozinho consiga produzir todas as normas para satisfazer as necessidades da sociedade. Assim, há fontes indiretas de produção, quesão a: recepção e a delegação.
A recepção: são as normas já feitas, produzidas por ordenamentos diversos e precedentes, como o costume. São chamadas de fontes reconhecidas. Assim, na recepção você acolhe um preceito já feito.
A delegação: são as normas produzidas por poderes/órgãos inferiores. São chamadas de fontes delegadas. Na delegação você ordena/manda o órgão fazer a produção.
Ao lado da fonte direta, que é a lei, há essas fontes indiretas. Assim, o poder soberano recorre à recepção e à delegação. – LINDB art.4º é um grande exemplo. O ponto de referência ultimo do ordenamento é o poder originário – denominado fonte das fontes. O poder soberano subtrai de si próprio parte do poder normativo e dá a outras entidades, assim, as normas afluem de diferentes canais.
Fontes do Direito: Norma de estrutura e Normas de comportamento. Apesar de existir variadas fontes, todas remontam a uma única norma, que é a Norma Fundamental, a NF que faz das normas espalhadas um conjunto unitário denominado ordenamento jurídico.
Quando um órgão superior atribui poder a um inferior, ele estabelece os limites desse poder. O limite pode ser material ou formal.
- limite material: relativo ao conteúdo que a norma jurídica está autorizada a emanar
- limite formal: forma/modo pelo qual o processo de norma inferior deve ser emanado.
- quando a norma não obedece esses limites ela pode ser considerada ilegítima.
A sentença, deve corresponder ao limite da lei.
A norma fundamental confere validade ao ordenamento, uma vez que é o princípio unificador das normas de um ordenamento jurídico. A NF tem um papel também de: uma norma vai ser jurídica enquanto ela pertencer ao ordenamento jurídico.
Direito e força: a definição de direito não deve coincidir com a de justiça. A NORMA FUNDAMENTAL é a base do direito como ele é – positivo- e não como ele deve ser – direito justo. Além disso, a norma fundamental fala que é preciso obedecer o poder originário, mas o que é o poder originário?
- o poder originário é um conjunto de forças políticas em um determinado momento histórico, mas o direito não deve ser reduzido a força, é claro que o poder originário se repousa um pouco na força e no consenso. Assim, a fora é um instrumento necessário do poder e não o fundamento.
- o Direito é um conjunto de normas com eficácia reforçada, o direito é impossível sem o uso da força. O ordenamento jurídico só existe quando é eficaz. A grande diferença em Kelsen e Bobbio entra aqui também, porque para Bobbio a força é o instrumento para realizar o direito e para Kelsen a força é o objeto do direito.
- Kelsen: Direito é um conjunto de normas que regula o exercício da força em uma determinada sociedade
- Bobbio: Direito é um conjunto de normas que se torna válida através da força, ou é o conjunto de regras que organiza a sociedade mediante a força.
CAp. 03 – a COERÊNCIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO – daqui PARA A frente é a parte mais importante da matéria APÓS A SEGUNDA PROVA
Só se pode falar de unidade se você pressupor como base do ordenamento jurídico uma norma fundamental que se relaciona com todas as normas do O.J.
O ORDENAMENTO JURÍDICO É UM SISTEMA? Isto é, segue uma ordem? É uma totalidade ordenada?
Para Kelsen há dois tipos de sistemas, o estático (material) e o dinâmico (formal). O sistema estático: a norma deriva da outra como proposição de um sistema dedutivo. –Conteúdo- ele atribui aos ordenamentos morais. Enquanto sistema dinâmico é: as normas que compõe o sistema derivam uma derivam uma das outras devido as delegações de poder – autoridade que as colocou- para Kelsen, o OJ é um sistema dinâmico. Após entender o que é sistema para Kelsen você consegue entender porque o Bobbio descorda dele quando você vai analisar a coerência do ordenamento.
A coerência do ordenamento – esse problema só surge quando se analisa o ordenamento jurídico, pois uma norma jurídica não entra em choque quando vista isoladamente. O problema surge em função do ordenamento jurídico constituir-se por normas, as quais por emergirem de variadas fontes podem apresentar oposições entre si. Essa oposição só pode ser levada em conta se analisar o conteúdo da norma jurídica. 
Nesse ponto Bobbio diverge de Kelsen, porque para Kelsen o sistema jurídico é fundamentalmente dinâmico – formal- isso é, para ele o sistema jurídico se refere tão somente a maneira como a norma jurídica foi posta, ignorando as condutas que a norma regula. Assim, para Kelsen, duas normas jurídicas que se contradizem não tornam ilegítimo o sistema e nem invalida as normas. Para Bobbio, se você admitir o que o Kelsen diz, você viola a própria ideia de sistema como totalidade ordenada.
Assim, Bobbio apresenta três concepções distintas de sistema.
Existem três significados, o primeiro é o de Leibniz, o segundo é o de Savigny e o terceiro é o que Bobbio trabalha para falar sobre antinomias. 
Sistemas dedutíveis – Leibniz- são normas derivadas de um princípio geral, que existem independentemente do Direito, isso é o Direito é derivado desses direitos – ideia jusnaturalista.
Sistemas derivados da jurisprudência – Savigny- através de um sistema indutivo, isso é, partindo do conteúdo de simples normas, busca-se construir conceitos sempre mais gerais e classificações/divisões da matéria inteira, gerando um procedimento de classificação. Reunir dados fornecidos pela experiência com base nas semelhanças para formar conceitos mais gerais.
SISTEMAS QUE IMPEDEM NORMAS INCOMPATÍVEIS- deve-se falar de uma exigência de normas coerentes somente em suas partes simples e não de um OJ coerente no seu conjunto. Sistema equivale à validade do princípio que exclui a incompatibilidade das normas.
Assim, podemos analisar a questão das ANTINOMIAS JURÍDICAS.
O direito não tolera antinomias, isto é, não tolera o choque entre normas válidas e pertencentes ao mesmo ordenamento. 
São três casos relatados na página 86 do livro Teoria do Ordenamento Jurídico, que resumidamente são:
Uma norma ordena algo e outra proíbe fazê-lo (contrariedade)
Uma norma ordena fazer e outra permite não fazer. (Contraditoriedade)
Uma norma proíbe algo e outra permite fazer (contraditoriedade)
 + 
Devem pertencer a um mesmo ordenamento e ter o mesmo âmbito de validade – temporal, espacial, pessoal e material (p.88). Porque senão você não ia estar tratando de antinomia, né? Então deve ser um desses três casos + ser de um mesmo ordenamento e ter o mesmo âmbito de validade.
Segundo Ross há três tipos de antinomias:
TIPO-TIPO: normas incompatíveis com igual âmbito de validade, em nenhum caso uma das duas normas pode ser aplicada sem entrar em conflito com a outra.
PARCIAL-PARCIAL: validade em parte igual e em parte diferente, isso é, há uma parte que vai entrar em conflito e a outra parte não.
TOTAL-PARCIAL: a primeira norma não pode em nenhum caso ser aplicada sem entrar em conflito com a segunda norma, mas há uma esfera de aplicação na segunda que não entra em contato com a primeira, isto é, uma norma toda entra em choque com parte da outra.
	Adendo que Bobbio faz:
ANTINOMIAS IMPRÓPRIAS
- De princípio: quando o O.J. é normalmente inspirando em valores contrapostos.
- De avaliação: injustiça; exemplo: delito menor é punido com pena mais grave que um delito maior
- Teleológica: (não entendi direito, mas o juliano não vai importar com essas antinomias, e sim com as próprias.
CRITÉRIOS PARA A SOLUÇÃO DE ANTINOMIAS
Deve-se excluir uma das normas, mas qual?
Há critérios tradicionais, mas estes não resolvem todas as antinomias. Assim, Bobbio faz uma nova distinção dentro das antinomias próprias; dividindo-as em solúveis (aparente) e insolúveis (reais).
As insolúveis são quando duas ou mais regras em conflito entre si podem ser aplicadas ou nenhuma se aplica.
Os critérios tradicionais resolvem as antinomias aparentes, são eles:
Cronológico: lex posterior derrogat priori –total eliminação
Hierárquico: Lex superior derrogat inferior – total eliminação
Especialidade: lexspecialis derrogat generali- parcial eliminação; ela resolve a questão de total parcial.
Insuficiência dos critérios: não havendo critério para solucionar, o juiz interprete (não tem poder normativo) tem três possibilidades
Eliminar uma das normas – interpretação ab-rogante
Eliminar as duas – dupla ab-rogação (resolve contraditoriedade)
Manter as duas- realizando uma interpretação corretiva, Bobbio diz que nesse caso o conflito é devido a uma intepretação ruim/superficial.
CONFLITO DOS CRITÉRIOS
Quando dois ou mais critérios podem ser aplicados as antinomias insolúveis/reais
Conflito entre hierarquia e cronologia: hierárquico prevalece sobre o cronológico, caso contrário não faria sentido a estrutura hierárquica do ordenamento.
Conflito entre especialidade e cronológico: especialidade prepondera, deve-se ter cautela e fundamento
Conflito entre hierarquia e especialidade: impossível uma resposta segura, não existe uma regra geral consolidada, tem aqui um tenso conflito entre respeito a ordem e justiça.
DEVER DA COERÊNCIA
Regra de coerência do ordenamento jurídico; existe uma regra que proíbe antinomia no ordenamento jurídico? Compatibilidade é condição necessária para a validade de uma norma jurídica? Não, porque: duas normas jurídicas incompatíveis e do mesmo nível são ambas válidas, entretanto não podem ser ambas eficazes, já que no caso concreto exclui-se a aplicação da outra.
A coerência é uma condição para justiça – princípio da certeza e da justiça - e não para validade.
completude do ORDEnamento jurídico
Completude: tem dois significados, pode ser quando o ordenamento tem normas para regular qualquer caso – logo ele não tem lacuna- o que é impossível de existir, é apenas uma idealização, ou pode significar que o direito sempre dará uma solução para um caso. Nesse sentido, todo ordenamento é completo. A incompletude consiste no fato de que o sistema não compreende nem a norma que proíbe nem a norma que permite realizar uma determinada conduta.
É uma condição sem a qual o sistema em seu conjunto não pode funcionar
Coerência: é quando um sistema não possui antinomias
Nexo entre completude e coerência: coerência é a exclusão de toda situação na qual pertençam ao sistema ambas as normas que se contradizem, enquanto a completude é a exclusão de toda situação na qual na qual não pertençam ao sistema nenhuma das normas que se contradizem.
Bobbio fala da classificação de Carnelutti: incompletude por exuberância: antinomia – porque tem mais norma do que deveria; por insuficiência: lacunas – porque há menos normas do que deveria.
A coerência é uma exigência, não necessidade. Na medida em que excluir todas as antinomias não é necessário para a existência do ordenamento jurídico, já a completude é uma necessidade nos casos que valem as duas regras a seguir:
O juiz é obrigado a julgar todas as controvérsias que se apresentarem ao seu exame
Deve o juiz julga-las com base em normas jurídicas pertencentes ao sistema
(LEIA A LINDB – o Brasil entra em um desses casos?)
O DOGMA DA COMPLETUDE 
O princípio de que o OJ seja completo para fornecer ao juiz, em cada caso, uma solução sem recorrer à equidade.
Crítica a completude: -escola de direito livre- Erlich – contra o fetichismo legislativo, dogma da completude e do conformismo diante do estadismo afirmava que o raciocínio tradicional do jurista se baseava nas normas jurídicas. O direito constituído para ele era cheio de lacunas e para preenche-las era necessário o poder do juiz. Ele era contra o monopólio estatal do Direito. Essa tendência vinha para abolir a crença de que o Direito estatal era completo.
Direito romano: corupus iuris, estava escrito que não haveria nada a acrescentar, pois todas as regras para os problemas estavam ali e dependia de um bom jurista para perceber as regras implícitas
Nos tempos modernos: escola de exegese – impunha o fetichismo da lei, que consistia em ater-se totalmente ao código, admiração condicional pelas leis, confiança cega – o dogma da completude jurídica.
ESPAÇO JURÍDICO VAZIO 
Argumento dos positivistas, toda norma jurídica representa uma limitação à livre atividade humana, ou seja, fora da esfera regulada pelo direito, o homem é livre.
Espaço jurídico pleno: regulado pela norma jurídica - Espaço jurídico vazio: não regulado, plena liberdade. Logo, não há lacuna na lei, porque um ato não pode estar nos dois espaços ao mesmo tempo
Critica a essa visão: para sustentar essa tese, deve-se excluir a permissão das modalidades jurídicas.
norma geral exclusiva e inclusiva
SEGUNDA TEORIA NA REAÇÃO CONTRA A ESCOLA DE DIREITO LIVRE.
Não há espalho jurídico vazio, apenas pleno, o direito nunca falta, uma norma que regula um comportamento, não só limita a regulamentação, mas ao mesmo tempo exclui dela todos os outros comportamentos, isso é, quando a norma impõe uma sanção a determinado ato, automaticamente ela expõe que todos os outros atos senão aquele estão livres dessa sanção.
NGExclusiva: exclui todos os comportamentos que não sejam aqueles previstos pela norma particular – isto é, regula de maneira oposta.
Falha: há um terceiro tipo de norma, NGInclusiva – ou regulamenta uma ação. Quando uma ação não está sendo regulada pela norma particular, ela recai sobre a norma geral exclusiva, mas há as normas gerais inclusivas que regula os casos não compreendidos na norma particular de maneira idêntica –análogas. O problema aparece quando se percebe que falta critério para saber se os casos são ou não parecidos, cabendo ao interprete decidir se aplica a NGE ou a NGI.
A lacuna reaparece não na falta de uma norma a ser aplicada, mas sim na ausência de um critério para decidir qual norma será aplicada.
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Lacuna ideológica ou imprópria– como ele é x como ele deveria ser. Quando falta uma solução satisfatória, apenas o OJ natural é completo. Para Bobbio dizer que um OJ é completo é um erro, isto é, falta norma justa.
Lacuna própria – dentro do sistema
Em um sistema que não aceita analogia, só pode haver lacuna imprópria – só é eliminada através da elaboração de uma nova norma.
Lacuna própria é resolvida mediante leis vigentes e pelo interprete, quando o sistema não oferece a devida solução.
AUTOINTEGRAÇÃO E HETEROINTEGRAÇÃO 
 Um OJ não é completo, mas é completável, para isso, pode-se recorrer a dois métodos.
Heterointegração: recorre-se a OJ diversos ou a fontes diversas da dominante
Tradicional: recorre ao direito natural
OJ anterior ao vigente ou OJ vigente contemporâneo
A lei é fonte dominante, quanto a heterointgração por fonte diversas:
Costume – fonte subsidiária,
Poder criativo do juiz (equidade, usado muito no direito anglo saxão)
Doutrina
Autointegração: integrar através do mesmo ordenamento, com a mesma fonte dominante.
ANALOGIA:
Legis - Atribui-se a um caso não regulamentado a mesma disciplina que a um caso regulamentado semelhante. (Semelhança relevante + ratio legis) tem que ter um nexo causal, tutelar o mesmo bem jurídico. Em nada se difere do princípio geral do direito (analogia iuris), pega-se uma regra que se refere a um sistema e leva a outro caso. Podem ser expressos (código/constituição) ou não expressos (se retirar por abstração de normas especificas ou menos gerais – Bobbio acredita que esses preencham as lacunas-
Interpretação extensiva: extensão do alcance da norma jurídica para casos não previstos por esta.
Exemplo do livro do Bobbio: proibição de livro obscenos.
falando da lindb
Analogia é um método de auto integração no ordenamento jurídico previsto no art. 4º da LINDB e no art. 108 do CTN- lei nº 5172 de 1966.
O JUIZ BRASILEIRO PODE APLICAR A LEI ESTRANGEIRA EM UM CASO CONCRETO? Segundo o art. 13 da LINDB demonstra que a prova dos fatos ocorridos fora do Brasil será regida pela lei do país no qual o fato ocorreu, mas os tribunais brasileiros não admitirão provas cuja lei brasileira desconheça. 
Ex.: sucessão de bens: usa-se a lei mais benéfica ao cônjuge ou dos filhos brasileiros. 
Divórcio: se o casamento não forhomologado no Brasil, utiliza-se a lei estrangeira.
Art.16: pode aplicar, mas não se utiliza a interpretação extensiva, não deve ser usado remissões de artigos, deve-se desconsiderar as remissões. Se o juiz desconhecer a lei, cabe a quem a invoca provar o texto e a vigência.
O JUIZ BRASILEIRO PODE CUMPRIR SENTENÇA PROFERIDA EM OUTRO PAÍS?
Sim, mas deve cumprir alguns requisitos dispostos no art.15 da LINDB, exemplo: sentença foi proferida no estrangeiro, num contrato de compra e venda, ele só vai ser executado no Brasil se cumprir os requisitos e se passar em julgado por todo o procedimento legal.
HÁ ANTINOMIAS –REAIS OU APARENTES- NO TEXTO DOS ART 15 da LINDB E O ART 105, I, DA CF/88?
Há uma antinomia aparente gerada pela confusão quanto a homologação pertencer ao STF segundo a LINDB e segundo a CF a homologação pertencer ao STJ. É facilmente resolvida quando analisa os critérios tradicionais para a solução de antinomias. A LINDB é uma lei de 1942, a emenda constitucional 45 é de 2004, logo é só obedecer ao critério cronológico para aferir que não há conflitos, que não há normas que se contradizem, uma vez que a EC 45 revoga o dispositivo da LINDB. Além disso, pode-se resolver por critério hierárquico, uma vez que a LINDB é infraconstitucional e está indo de encontro com o texto constitucional. Logo o inciso se tornou ineficaz – “tacitamente revogado”
RELAÇÕES ENTRE OS ORDENAMENTOS JURÍDICOS 
Último capítulo do Bobbio. Analisando a relação entre os ordenamentos jurídicos. Deve-se admitir a existência de vários ordenamentos, ao qual denominamos de pluralismo jurídico. As relações entre os O.J existentes pode ser de coordenação e de subordinação.
CLASSIFICAÇÕES.
EM RELAÇÃO AO GRAU DE VALIDADE
- Coordenação: entre estados soberanos que dão origem ao regime pactuário, isso é, o regime no qual as regras de coexistência é produto de uma autolimitação recíproca.
- Subordinação: encontrado entre ordenamentos estatais e sociais. Ex: sindicatos, igrejas, partidos, associações de classes e, outros que possuem estatutos próprios, cuja validade deriva do reconhecimento do Estado – qual a diferença disso para o que o Boaventura fala?
EM RELAÇÃO A EXTENSÃO RECÍPROCA DOS DIFERENTES ÂMBITOS DE VALIDADE:
- EXCLUSÃO TOTAL: não se sobrepõe em nenhuma das partes.
Exemplo: duas normas jurídicas de dois ordenamentos distintos, ou no caso de duas normas jurídicas validas em um mesmo território, mas que suas matérias possuem uma regulação distinta–ex.: foco normativo da igreja e do Estado
- INCLUSÃO TOTAL: um dos dois ordenamentos tem um âmbito de validade compreendido totalmente no outro.
Exemplo: o ordenamento do município está totalmente compreendido no do Estado Federal (validade espacial), ou o ordenamento da igreja está totalmente incluído no do Estado (validade material)
- EXCLUSÃO PARCIAL OU INCLUSÃO PARCIAL: tem uma parte em comum e outra parte não.
Exemplo: quando um ordenamento estatal absorve parte do ordenamento da Igreja ou de uma associação particular, exemplo é o próprio ordenamento moral – roubo e dívida de jogo- parte desse ordenamento entra numa zona de mera licitude.
 - O capítulo fala de absorção, reenvio e indiferença também, entre o Estado e Ordenamentos menores, não acho que vai cair.
RELAÇÕES TEMPORAIS: se dois ordenamentos se diferenciam em relação a esses âmbitos é provável que eles não tenham interferência entre si.
Exemplo: tem em comum o âmbito temporal e material, mas não o espacial– ordenamentos que estão em vigência no mesmo tempo, regula a mesma matéria, mas estão em dois territórios diferentes.
Ordenamentos que tem em comum âmbito temporal e espacial, mas não o material: exemplo do Estatal e o da Igreja. Mesma jurisdição e mesmo tempo, mas as matérias estabelecidas são diferentes.
Ordenamentos que tem em comum o espaço e o âmbito material, mas não o temporal, como o caso de dois ordenamentos estatais que se sucederam no tempo, no mesmo território.
RELAÇÕES ESPACIAIS: Quando o Estado recorre a normas de um outro Estado para solucionar alguma controvérsia. Exemplo da LINDB que o professor dá, quando você tem uma relação jurídica existente que está situada em um outro Estado, com sujeitos pertencentes a um mesmo Estado ou um é de um estado e o outro de um segundo estado, o comum é a aplicação da legislação estrangeira
RELAÇÕES MATERIAIS: quando é vigente em um mesmo território, mas não se identificam os ordenamentos, porque se diferenciam no âmbito de validade material, como foi dito entre a igreja e o Estado.
Observações
Para Kelsen as lacunas são inadmissíveis, pois para ele, se as lacunas existirem, o direito buscaria fundamento fora dele, o que diverge de sua teoria. Assim, Kelsen fala que há uma imprevisão legislativa, não uma lacuna.
Definição para antinomia, por Tércio Sampaio: Antinomia jurídica é a oposição que ocorre entre duas normas contraditórias – total ou parcialmente- emanadas de autoridade competente em um mesmo âmbito normativo que coloca o sujeito numa posição insustentável pela ausência/inconsistência dos critérios aptos a permitir-lhe uma solida nos quadros de um ordenamento jurídico dado.
Princípio geral do direito para Reale: são verdades fundantes, enunciações normativas de valor genérico que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para a sua aplicação e integração, quer para a elaboração de novas normas. Para o autor, alguns PGDD têm tanta importância que o legislador confere a eles força de lei. 
Os PGDD são esquemas que se inserem na experiência jurídica, convertendo-se em elementos componentes do Direito. Qual a origem deles e o fundamento?
Reale fala das três correntes existentes: a primeira fala sobre o direito nacional, que os PGDD estão dentro/implícitos na legislação positiva, a segunda fala sobre o direito comparado, colocando que os PGDD são uma manifestação da cultura universal e a terceira corrente é a que o Reale concorda, do direito natural, para o autor, o DN tem um conteúdo variável, muda ao longo da história sem que haja prejuízo de uma forma constante – há PGDD que são recortados pela realidade social e histórica.
Falando sobre o pluralismo jurídico:
Para Boaventura, reconhecer a pluralidade de O.J não implica a perda da centralidade do Direito Estatal, isto é, falar de pluralismo não deslegitima o Direito estatal. O pluralismo jurídico enseja um debate sobre as novas formas de representação e de legitimação, compreendendo o direito de forma mais abrangente, isto é, ultrapassando o âmbito da juridicidade estatal. Assim, o direito não está apenas na lei, rompe-se a barreira do legalismo e, compreende-se que o direito está na dinâmica da sociedade. 
O pluralismo jurídico reconhece formas alternativas de resolução de conflitos.
“Boaventura de Sousa Santos identifica duas origens possíveis para o surgimento do pluralismo: uma origem colonial e uma não colonial. No primeiro caso, o pluralismo desenvolveu-se em países que foram dominados econômica e politicamente e onde, por isso, vigorou o ordenamento jurídico do estado colonizador paralelamente ao direito tradicional. No segundo caso, o autor identifica três situações diferenciadas: o caso dos países com cultura e tradição jurídicas próprias, mas que adotaram o direito europeu como forma de modernização e de consolidação do poder do Estado, e que não eliminaram, no plano sociológico, o direito tradicional; o caso dos países que, após passarem por uma revolução social, continuaram mantendo o direito tradicional, muito embora esse conflitasse com o direito revolucionário e, por último, os casos da populações indígenas ou nativas que foram dominadas por uma metrópole, mas tiverem permissão, implícita ou explícita para, em certos domínios, manterem seus direito tradicional.”
- O livro do Boaventura, fala de uma comunidade que tinha um direito diferente do estatal que era fruto da organização social entre os moradores. O Direito estatal considerava ilegal as práticas sociais realizadas ali, já que não eram originadasde títulos legais, mas isso não inibia que, no interior da comunidade, admitisse a forma dinâmica social e uma normatividade paralela do estado. Assim, o direito da comunidade tinha uma validade restrita ao interior dela, tinha um discurso jurídico informal e uma linguagem comum, diferente do formalismo jurídico imposto pelo direito positivo.
As diferenças entre o direito dessa comunidade – que Boaventura chama de Pasárgada – e o estatal são muitas, mas ele destaca por exemplo a forma de resolução de conflito, que na comunidade é a mediação e negociação, enquanto o estado polariza as decisões entre vencedor e vencido. A distinção entre forma e conteúdo na comunidade é pouco rígida, enquanto no direito estatal esses são os argumentos. A institucionalização em Pasárgada é pequeno, o que aproxima os agentes. No que diz respeito aos instrumentos de coerção, a comunidade, ao contrário do estado, possui de maneira escassa essa institucionalização. 
Apesar da existência de um direito paralelo ao Direito Estatal, observa-se que ambos possuem uma interação, frequentemente, tem-se que o direito da comunidade recorre ao direito Estatal – seja para legitimar ou para construir um ambiente de maior oficialidade- para impor as suas decisões.
Assim, o direito da comunidade é um autêntico sistema normativo, é fruto da organização social e existe por causa da exclusão jurídica estatal. O direito da comunidade parece ser uma alternativa a desigualdade, é criado pelos que usufruem menos do Direito. O Wolkmer coloca que reconhecer a pluralidade é potencializar a democracia.
Esgota-se o monismo jurídico, que considera ser o Estado a única fonte produtora de normatividade jurídica e ressurge o pluralismo jurídico, que se apresenta de diferentes formas – e que fruto das relações sociais, com uma produção longe do monopólio do Estado-. Assim, os autores mostram que para construir esse novo paradigma do direito é preciso repensar no Direito Moderno, que ainda é visto como um conjunto de leis, gerais e abstratas, emanadas pelo Estado, de forma a vê-lo como fruto de relações sociais e, sendo assim, é concebido a todo instante por diferentes grupos sociais – nas práticas sociais dos sujeitos coletivos que articulam a sua luta em torno de um projeto que promova a satisfação das necessidades humanas fundamentais dos segmentos sociais excluídos, dentro de uma perspectiva de construção política e jurídica participativa descentralizada. O pluralismo comunitário participativo.

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