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Resumo de Direito das Sucessões TUDO DIREITO

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17/04/2017 Resumo de Direito das Sucessões | TUDO DIREITO
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2. CONCEITO E FUNDAMENTO DO
DIREITO DAS SUCESSÕES
Direito das Sucessões é o conjunto de normas que disciplinam a  transferência do patrimônio  (ativo e
passivo – créditos e débitos) de alguém, depois de sua morte, em virtude de  lei ou  testamento. Está
regulado nos arts. 1.784 a 2.027 CC. A Constituição Federal assegura o direito de herança (artigo 5º,
XXX).
O fundamento do direito sucessório é a propriedade, conjugada ou não com o direito de família.
3. DA SUCESSÃO EM GERAL
A sucessão pode ser classificada em:
Sucessão  Legítima  (ou  ab  intestato)  —>  decorre  da  lei;  morrendo  a  pessoa  sem  testamento
transmite­se  a  herança  aos  herdeiros  legítimos  indicados  pela  lei.  Também  será  legítima  se  o
testamento caducar ou for declarado nulo.
Sucessão  Testamentária  —>  ocorre  por  disposição  de  última  vontade  (testamento).  Havendo
herdeiros  necessários  (cônjuge  sobrevivente,  descendentes  ou  ascendentes),  o  testador  só  poderá
dispor de metade da herança  (art. 1.789 CC). A outra metade constitui a  “legítima”, assegurada aos
herdeiros necessários. Não os havendo terá plena liberdade de testar. Mas se for casado sob o regime
da comunhão universal de bens (art. 1.667 CC) o patrimônio do casal será dividido em duas meações e
a pessoa só poderá dispor da sua meação.
Nosso  ordenamento  proíbe  qualquer  outra  forma  de  sucessão,  especialmente  a  contratual.  São
proibidos os pactos sucessórios, não podendo ser objeto de contrato a herança de pessoa viva  (art.
426 do C.C. – pacta corvina). No entanto admite a cessão de direitos.
A título universal —> o herdeiro é chamado para suceder na totalidade da herança, fração ou parte
dela,  assumindo  a  responsabilidade  relativamente  ao  passivo.  Ocorre  tanto  na  legítima  como  na
testamentária.
A  título  singular  —>  o  testador  deixa  ao  beneficiário  um  bem  certo  e  determinado  (legado).  O
herdeiro não responde pelas dívidas da herança.
4. ABERTURA DA SUCESSÃO,
ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA
A Abertura da Sucessão (também chamada de delação ou devolução sucessória) se dá no momento
da  constatação  da  morte  comprovada  do  de  cujus  (expressão  latina  abreviada  da  frase  de  cujus
successione agitur – aquele de cuja sucessão se trata, ou seja, a pessoa que faleceu; de cujus também
é chamado de autor da herança).
O  Princípio  Básico  do  Direito  das  Sucessões  é  conhecido  como Droit  de  Saisine  (direito  de  posse
imediata), ou seja,  transmite­se automaticamente e  imediatamente, o domínio e a posse da herança
17/04/2017 Resumo de Direito das Sucessões | TUDO DIREITO
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aos  herdeiros  legítimos  e  testamentários  do  de  cujus,  sem  solução  de  continuidade  (ou  seja,  sem
interrupção) e ainda que estes (os herdeiros) ignorem o fato (art. 1.784 CC). Não necessita da prática
de qualquer ato. No entanto deve­se proceder a um inventário para se verificar o que foi deixado e o
que foi transmitido.
Só se abre sucessão se o herdeiro sobrevive ao de cujus. O herdeiro que sobrevive ao de cujus, ainda
que por um instante, herda os bens por ele deixado e os transmite aos seus sucessores, se falecer em
seguida. Há necessidade de apuração da capacidade sucessória.
Além disso, é válido frisar que o herdeiro sucede a título universal e o legatário a título singular.
Aceitação da herança ou adição – (arts. 1.804 e seguintes do CC) – é o ato  jurídico unilateral pelo
qual o herdeiro (legítimo ou testamentário) manifesta livremente o desejo de receber a herança que lhe
é transmitida. A aceitação consolida os direitos do herdeiro. É também indivisível e incondicional porque
não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte e sob condição ou a termo, isto para se preservar
a segurança nas relações jurídicas; a aceitação deve ser pura e simples. Não pode haver retratação da
aceitação da herança. No entanto pode ser anulada e revogada, se após a sua ocorrência se verifica
que o aceitante não é herdeiro.
A aceitação pode ser classificada em:
• expressa – declaração escrita (pública ou particular).
• tácita – atos compatíveis com a aceitação da qualidade de herdeiro.
• presumida – quando o herdeiro permanece silente, depois que é notificado para que declare se aceita
ou não a herança.
Renúncia da herança – Consiste no ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro declara expressamente
que não aceita a herança a que tem direito, despojando­se de sua titularidade. É ato solene, devendo
ser feito por escritura pública (perante o tabelião) ou termo nos autos (perante o juiz).
Se o herdeiro  “renunciar” em  favor de outrem,  isto não se configura em uma  renúncia propriamente
dita. Na verdade é uma aceitação e  imediata  transmissão, havendo a  incidência de  tributação causa
mortis  e  também  inter  vivos.  Também  é  chamada  de  renúncia  translativa.  A  renúncia  válida  é  a
abdicativa, isto é, cessão gratuita, pura e simples.
Requisitos para a renúncia:
•  Capacidade  jurídica  do  renunciante.  Os  incapazes  não  podem  renunciar,  senão  por  seu
representante legal, autorizado pelo Juiz.
• Forma prescrita em  lei; sempre por escrito  (escritura pública ou ato  judicial); não há renúncia  tácita
nem presumida.
• Impossibilidade de repúdio parcial da herança. Esta é indivisível até à partilha.
• Respeito a direitos de eventuais credores. Se a renúncia prejudica credores, estes podem aceitar a
herança.
•  Se  o  renunciante  for  casado,  depende  de  outorga  (uxória  ou marital),  pois  o  direito  à  sucessão  é
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considerado bem imóvel.
Efeitos da renúncia:
• O renunciante é tratado como se nunca tivesse sido chamado à sucessão; seus efeitos retroagem à
data da abertura da sucessão. O que repudia a herança pode aceitar legado.
•  O  quinhão  hereditário  do  repudiante,  na  sucessão  legítima,  transmite­se  de  imediato  aos  outros
herdeiros  da mesma  classe  (direito  de  acrescer). Os  descendentes  do  renunciante  não  herdam  por
representação. No  entanto  se  ele  for  o  único  da  classe  seus  filhos  herdam por  direito  próprio  e  por
cabeça.
• O  renunciante não perde o usufruto e nem a administração dos bens que, pelo seu  repúdio,  foram
transmitidos aos seus filhos menores.
• A renúncia da herança é irretratável e irrevogável.
5. HERANÇA JACENTE E VACANTE
(ARTS 1819 A 1823)
Para  falar  em  herança  jacente  e  vacante  é  necessário  falar  em  sucessão  do  Município,  do  Distrito
Federal  e  da  União.  Na  verdade  a  administração  pública  não  é  herdeira,  não  lhe  é  dado  o  direito
de saisine,  isto é, não se  torna proprietária dos bens da herança no momento da morte do de cujus,
como acontece com os demais herdeiros.
Quando  o  falecido  não  deixar  testamento  nem herdeiros  conhecidos  ou  quando  estes  repudiarem a
herança,  os  bens  irão  para  o  Município  ou  Distrito  Federal  (se  localizados  nas  respectivas
circunscrições)  ou  União  (se  situados  em  Território  Federal).  Mas  não  de  imediato.  Há  um
procedimento legal:
Herança Jacente
Falecendo  uma  pessoa  na  situação  acima,  seus  bens  são  arrecadados.  Nomeia­se  uma  pessoa
(curador)  para  conservá­los  e  administrá­los.  A  característica  principal  da  herança  jacente  é  a
transitoriedade  da  situação  dos  bens.  Não  goza  de  personalidade  jurídica;  é  uma  universalidade  de
direito.  São  expedidoseditais  convocando  eventuais  sucessores.  Após  a  realização  de  todas  as
diligências, não aparecendo herdeiro e decorrido um ano após o primeiro edital, haverá a declaração
de vacância.
Herança Vacante
Superada  esta  primeira  fase,  os  bens  passam,  então,  para  a  propriedade  do  Estado  (em  sentido
amplo). Mas ainda não de forma plena, mas apenas resolúvel (propriedade resolúvel —> é a que pode
se  “resolver”,  ou  seja,  se  extinguir).  Somente  após  05  (cinco)  anos  da  abertura  da  sucessão  a
propriedade  passa  para  o  domínio  público  (Município,  Distrito  Federal  ou  União).  Comparecendo
herdeiro, converte­se a arrecadação em inventário regular.
O  Poder  Público,  pelo  atual  Código,  não  consta  mais  do  rol  de  herdeiros  apontados  na  ordem  de
vocação  hereditária.  É,  portanto,  um  sucessor  irregular,  desde  que  haja  sentença  que  declare  a
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vacância dos bens.
6. EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE
Indignidade (arts. 1.814/1.818 CC) é uma espécie de  incapacidade sucessória que priva uma pessoa
de receber a herança. É uma pena civil, criada pelo legislador, atingindo os herdeiros necessários, os
legítimos  e  os  testamentários.  A  pena  de  indignidade  só  alcança  o  indigno,  sendo  representado  por
seus sucessores, como se morto fosse. São excluídos por indignidade os herdeiros ou legatários que:
a) houverem sido autores, co­autores ou partícipes em crime de homicídio doloso, ou tentativa deste,
contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente.
b) houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança, ou incorreram em crime contra a
sua honra (calúnia, difamação e injúria), ou de seu cônjuge ou companheira (o).
c) por violência ou  fraude, a  inibiram ou obstaram o autor da herança de  livremente dispor dos seus
bens por ato de última vontade.
Os descendentes do  indigno herdam como se ele  fosse  falecido  (representação). O  indigno não  terá
direito  ao  usufruto  nem  administração  dos  bens  que  seus  filhos  menores  herdaram.  A  exclusão  do
herdeiro,  ou  legatário,  em  qualquer  desses  casos  de  indignidade,  será  declarada  por  sentença  em
ação  ordinária,  movida  por  quem  tenha  interesse  na  sucessão  (art.  1.815  CC).  O  prazo  é  de  04
(quatro) anos, sob pena de decadência. Os efeitos da sentença declaratória de indignidade retroagem
(ex tunc) à data da abertura da sucessão, considerando o indigno como pré­morto ao de cujus.
Reabilitação – O art. 1.818 CC permite ao ofendido  reabilitar o  indigno, desde que o  faça de  forma
expressa em testamento ou outro ato autêntico (ex.: escritura pública). É o perdão do indigno.
7. SUCESSÃO LEGÍTIMA
Arts  1829  –  1844  do  Código  Civil.  Sucessão  Legítima  é  aquela  em  que  o  de  cujus  faleceu  sem
testamento  (ou  ab  intestato),  ou  o  testamento  deixado  caducou,  ou  é  ineficaz.  Há  uma  relação
preferencial  das  pessoas  que  são  chamadas  a  suceder  o  finado.  Se  deixou  testamento,  mas  havia
herdeiro necessário, é possível que ocorra uma redução das disposições testamentárias para respeitar
a quota dos mesmos, prevista em lei.
Portanto,  na  sucessão  legítima  os  herdeiros  são  apresentados  pelo  legislador  e  essa  seqüência  é
denominada ordem de vocação hereditária.
8. VOCAÇÃO DOS HERDEIROS
LEGÍTIMOS
Arts  1829  –  1844  do  Código  Civil.  O  chamamento  dos  sucessores  é  feito  de  acordo  com  uma
seqüência  denominada  ordem  de  vocação  hereditária,  que  é  uma  relação  preferencial,  estabelecida
pela lei, das pessoas que são chamadas para suceder o de cujus na sucessão legítima.
Classes: 1ª descendentes + cônjuge; 2ª ascendentes + cônjuge; 3ª cônjuge; 4ª colaterais até 4º grau.
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(Art 1829)
Descendentes:  mais  próximos  excluem  mais  remotos.  Os  de  mesmo  grau  sucedem  nos  mesmos
direitos, sucessão por cabeça e não por estirpe.
Ascendentes: mais  próximos  excluem  remotos.  Não  há  distinção  entre  linha materna  e  paterna  (Art
1836, § 2º), o que interessa é o grau. Não há direito de representação para ascendentes (Art 1852).
Colaterais: mais próximos excluem mais remotos, exceção: direito de representação para filho de irmão
pré­morto. Irmãos germanos ou bilaterais e irmãos unilaterais: os últimos têm metade do quinhão dos
primeiros  (Art  1841  e  ss).  Tio  e  sobrinho  são  colaterais  de  3º  grau,  na  falta  de  outros  herdeiros,  a
herança deveria ser dividida entre eles, porém o direito sucessório estabelece que sobrinho exclui  tio
da sucessão, pois, devido ao direito de representação, o sobrinho entra no lugar do irmão pré­morto,
que é um colateral de 2º grau, enquanto o tio, por ser ascendente, não possui direito de representação,
se mantendo  no  3º  grau,  como mais  próximos  afastam mais  remotos,  logo,  sobrinho  exclui  tio  (Arts
1840, 1843 caput e 1851 ss).
Observações importantes:
1.  Uma  classe  só  será  chamada  quando  faltarem  herdeiros  da  classe  precedente.  Exemplo:  os
ascendentes só serão chamados na sucessão se não houver descendentes.
2. Dentro de uma classe, o grau mais próximo, em princípio, exclui o mais remoto. Exemplo: o de cujus
deixou um  filho e este possui dois  filhos  (que são netos do de cujus); a herança  irá somente para o
filho, excluindo, neste caso, os netos.
3.  Os  descendentes,  os  ascendentes  e  o  cônjuge  sobrevivente  são  considerados  herdeiros
necessários;  neste  caso  o  testador  só  poderá  dispor  por  testamento  de metade  da  herança.  Isto  é,
metade de seus bens  irá obrigatoriamente para os herdeiros necessários  (salvo alguma hipótese de
deserdação). A outra metade ele poderá dispor em testamento.
4. Todos os filhos herdam em igualdade de condições (Constituição Federal, art. 227, § 6°: “Os filhos,
havidos ou não da  relação do  casamento,  ou por  adoção,  terão os mesmos direitos e qualificações,
proibidas  quaisquer  designações  discriminatórias  relativas  à  filiação”).  Assim,  um  filho  não  pode  ser
chamado  de  adulterino  ou  bastardo.  Tanto  faz  seja  ele  proveniente  de  um  casamento  ou  de  uma
relação extraconjugal: é filho do mesmo jeito e terá direito à herança.
5. Se houver um testamento essa ordem pode não prevalecer exatamente desta forma, ou seja, pode
haver algumas modificações.
9. DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (ARTS.
1851 A 1856)
Dá­se o direito de representação quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos
os direitos, em que ele sucederia, se vivesse (art. 1.851 CC). Só tem aplicação na sucessão legítima.
Exemplo: A  faleceu  deixando  05  filhos.  Dois  deles  (B  e D)  faleceram  anteriormente  (ou  seja,  antes
de A). Um desses (B) tinha um filho (G) e o outro (D) tinha dois filhos (H eI).
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Cada um dos filhos de A irá receber 20% do patrimônio do pai. G representará seu pai na herança de
seu avô e receberá a totalidade que seu pai receberia (20%). No entanto H e I  representam D e  irão
herdar  apenas  10%  cada  um  da  totalidade  da  herança. Os  filhos  herdam  por  cabeça  ou  por  direito
próprio. Já os netos herdam por estirpe ou por direito de representação.
 
Mas  neste mesmo  exemplo  se  todos  os  filhos  já  fossem  pré­mortos,  concorrendo  apenas  os  netos,
todos  do mesmo grau,  a  sucessão  não  seria mais  deferidapor  representação  (ou  estirpe), mas  por
cabeça.  Assim,  como  só  há  três  netos,  cada  um  herdará  um  terço  da  totalidade  da  herança.  Essas
cotas chamam­se avoengas, por serem transmitidas diretamente do avô para os netos.
O direito de representação se aplica ao herdeiro pré­falecido e também ao excluído por indignidade ou
deserdação.
Somente se verifica o direito de representação na  linha reta descendente (operando­se ad  infinitum),
nunca na ascendente (art. 1.852 CC). Na linha colateral, só ocorrerá em favor dos filhos de irmãos do
falecido  (sobrinhos),  quando  com  irmão  deste  concorrerem. Mas  não  há  representação  na  renúncia
nem na herança testamentária, não se aplicando, também aos legados.
10. SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA E
TESTAMENTO
Sucessão  Testamentária  é  aquela  em  que  a  transmissão  hereditária  se  opera  por  ato  de  última
vontade,  revestido da solenidade requerida por  lei. Em outras palavras, é a sucessão que se  faz por
meio  de  um  testamento.  Permite  a  instituição  de  herdeiro  (sucessor  a  título  universal)  ou  legatário
(sucessor a título singular). Como já vimos, tem certas limitações, pois deve respeitar a legítima (que é
a parte que cabe aos herdeiros necessários).
A sucessão testamentária rege­se pela:
• Lei vigente no momento da  feitura do  testamento, que  regula a capacidade  testamentária ativa e a
forma do ato de última vontade.
• Lei que vigorar ao tempo da abertura da sucessão, que rege a capacidade testamentária passiva e a
eficácia jurídica do conteúdo das disposições testamentárias.
Testamento — é  um ato  personalíssimo,  unilateral,  solene  e  revogável  pelo  qual  alguém dispõe  no
todo ou em parte de seu patrimônio para depois de sua morte.
O  testamento  serve  também para a  nomeação de  tutores,  reconhecimento de  filhos,  deserdação de
herdeiros, revogação de testamentos anteriores e outras declarações de última vontade.
O testamento é ato unilateral e individual, não podendo ser feito em conjunto com outra pessoa (é nulo
o  testamento conjuntivo). Proíbe­se, os pactos sucessórios, ou seja, estipulações bilaterais, de  feição
contratual,  em  favor  dos  estipulantes  ou  de  terceiros,  afastando­se  a  possibilidade  de  contratos  que
tenham  por  objeto  herança  de  pessoa  viva  (art.  426  C.C.  –  pacta  corvina).  É  ato  personalíssimo,
podendo ser revogado.
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O  testamento,  por  ser  um negócio  jurídico,  requer  para  a  sua  validade  agente  capaz,  objeto  lícito  e
forma  prescrita  ou  não  defesa  em  lei.  É  um  negócio  jurídico  que  requer  uma  série  de  solenidades.
Caso não sejam observadas, o ato será considerado nulo  (conforme a  regra geral do art. 166, V do
CC). Também é necessária a análise da capacidade testamentária ativa e passiva.
Capacidade Testamentária Ativa
A capacidade  testamentária ativa é a capacidade para  fazer o  testamento. O Código Civil estabelece
apenas como incapazes de testar (art. 1.860 CC): os menores de dezesseis anos, os desprovidos de
discernimento  (ex.:  os  que  não  estiverem  em  perfeito  juízo,  surdos­mudos,  que  não  puderem
manifestar a sua vontade, etc.) e a pessoa jurídica.
Assim,  podem  testar  o  cego,  o  analfabeto,  o  pródigo,  o  falido,  etc.  Os  maiores  de  16  anos,  mas
menores de 18 anos, apesar de relativamente incapazes, podem testar, mesmo sem a assistência de
seu representante legal.
A  incapacidade posterior  à  elaboração do  testamento não o  invalida. A  capacidade para  testar  deve
existir  no momento  em  que  o  testamento  é  feito,  pois  a  incapacidade  superveniente  não  invalida  o
testamento  eficaz.  O  testamento  do  incapaz  não  pode  ser  convalidado  com  a  superveniência  da
capacidade.
Capacidade Testamentária Passiva
A capacidade testamentária passiva é a capacidade para adquirir por testamento. Rege­se pela regra
genérica de que são capazes todas as pessoas, físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, maiores
ou menores, existentes ao tempo da morte do testador.
Não  podem  ser  contemplados  por  testamento  as  coisas  inanimadas,  os  animais  e  as  entidades
místicas. Se o beneficiário do testamento já morreu (pré­morto), a cláusula é considerada caduca.
São absolutamente incapazes para adquirir por testamento:
• Os  indivíduos não concebidos (o nascituro possui capacidade, pois  já  foi concebido) até a morte do
testador,  salvo  se  a  disposição  deste  se  referir  à  prole  eventual  de  pessoas  por  ele  designadas  e
existentes ao abrir­se a sucessão.
• As pessoas jurídicas de direito público externo relativamente a imóveis situados no Brasil.
São  relativamente  incapazes  para  adquirir  por  testamento,  proibindo  que  se  nomeiem  herdeiros  ou
legatários:
•  A  pessoa  que,  a  rogo,  escreveu  o  testamento,  seu  cônjuge,  seus  ascendentes,  descendentes,  e
irmãos.
• As testemunhas do testamento.
• O concubinário (amante) do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato
do cônjuge há mais de 05 anos.
• O tabelião, civil ou militar, o comandante, ou escrivão, perante o qual se fizer, assim como o que fizer,
ou aprovar o testamento.
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Restrições do testamento
Não  se  pode  dispor  de  mais  da  metade  dos  bens  havendo  herdeiros  necessários  (descendentes,
ascendentes  e  cônjuge  sobrevivente),  salvo  se  os  mesmo  forem  deserdados.  As  disposições  que
excederem à metade disponível será reduzida ao  limite dela. Reduzem­se também as doações feitas
em vida, que atingiram a legítima dos herdeiros necessários (são chamadas doações inoficiosas).
Um testamento pode ser revogado por outro (de qualquer espécie), total ou parcialmente. Não há uma
hierarquia entre os testamentos.
11. FORMAS DE TESTAMENTO
1) ORDINÁRIO: a) Público; b) Particular; c) Cerrado
2) ESPECIAL: a) Militar; b) Marítimo; c) Aeronáutico
TESTAMENTO ORDINÁRIO
Testamento Público (arts. 1.864 a 1.867 CC)
Testamento público é o lavrado por tabelião em livro de notas, de acordo com a declaração de vontade
do  testador,  exarada  verbalmente  (o  mudo  não  pode)  em  língua  nacional,  perante  o  oficial.  É  o
testamento mais  seguro.  Porém  tem o  inconveniente  de  permitir  a  qualquer  pessoa  conhecer  o  seu
teor. Podem testar de forma pública: os analfabetos, os surdos (desde que não sejam mudos). O cego
só pode testar por testamento público. Só não podem assim testar os mudos e os surdos­mudos.
Os requisitos essenciais dessa forma estão nos incisos do art. 1864 do CC.
Com a abertura da sucessão, o traslado é apresentado em juízo. Depois de lido e não tendo vícios o
Juiz ordena o registro e cumprimento.
Testamento cerrado (arts. 1.868 a 1.875 CC)
Testamento cerrado é o escrito em caráter sigiloso, feito e assinado pelo testador ou por alguém a seu
rogo, completado por  instrumento de aprovação lavrado por oficial público em presença de 02 (duas)
testemunhas idôneas. Também é chamado de secreto ou místico.
O analfabeto e o cego não podem testar desta forma. O surdo­mudo só poderá fazer esse testamento
se souber ler e escrever. Ao entregá­lo ao oficial deve escrever na face externa “que é seu testamento
cuja aprovação lhe pede”.
Contém quatro elementos:
a)  Cédula  testamentária  –  escrita  pelo  testador  (ou  alguém  a  seu  rogo,  desde  que  não  seja
beneficiário), em caráter sigiloso. As disposições testamentárias estão nesta fase.
b) Auto de entrega – o testador (não se admite portadores) entrega a cédulaao tabelião na presença
das testemunhas, que não precisam saber do teor do testamento.
c) Auto de aprovação – lavrado pelo oficial público para assegurar a autenticidade do ato; todos (oficial,
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testador, testemunhas) assinam o instrumento.
d) Cerramento – o tabelião lacra o envelope com cera derretida, costura a cédula com cinco pontos de
retrós e lança pingos de lacre sobre cada um. Após isso o tabelião entrega ao testador,  lançando em
seu livro nota do lugar, ano, mês e dia em que o testamento foi aprovado e entregue.
Requisitos:
• Escrito (em língua nacional ou estrangeira – art. 1.871 CC) e assinado pelo testador; pode ser escrito
mecanicamente,  desde  que  todas  as  páginas  sejam  numeradas  e  autenticadas  com  sua  assinatura
(art. 1.868, parágrafo único CC).
• Entregue ao oficial na presença de 02 (duas) testemunhas.
•  Oficial  pergunta  se  este  é  o  testamento  e  exara  o  auto  de  aprovação,  tendo­o  por  bom,  firme  e
valioso.
• Leitura do auto de aprovação.
• É cerrado (fechado e lacrado) e costurado.
Morto  o  testador,  deve  o  testamento  cerrado  ser  apresentado  ao  Juiz  para  as  formalidades  da
abertura, e para que o Juiz mande registrar, arquivar e cumprir (arts. 1.125 e 1.126 do C.P.C.).
Observações:
1. Estão proibidas de usar este testamento as pessoas que não saibam ler (analfabetos e cegos).
2.  As  testemunhas,  ao  contrário  do  testamento  público,  não  sabem  quais  são  as  disposições
testamentárias.
3. Desvantagens:  possui muitas  formalidades,  pode  ser  ocultado;  qualquer  vício  o  invalida  (ex:  lacre
rompido).
Testamento particular (arts. 1.876 a 1.880 CC)
O testamento particular (também chamado de aberto, ológrafo ou privado), é o escrito pelo testador e
lido em voz alta perante três testemunhas idôneas, que também assinam. É a forma menos segura de
se testar, porque depende de confirmação em juízo pelas testemunhas. É permitido aos que sabem ler
e escrever. Não pode ser utilizado pelo cego, analfabeto e os incapacitados de escrever.
Requisitos:
• Escrito de próprio punho pelo testador ou mediante processo mecânico (art. 1.876 CC) – neste caso
não pode conter rasuras ou espaços em branco.
• 03 (três) testemunhas.
• Leitura do testamento pelo testador.
• Publicação, em juízo, após a morte do testador.
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• Homologação do testamento pelo Juiz.
•  Sobrevivência  de  pelo  menos  uma  das  testemunhas.  Se  as  testemunhas  forem  afirmativas
(contestes)  sobre  o  fato  ou  pelo  menos  da  leitura  perante  elas  e  reconheçam  suas  assinaturas  o
testamento  será  confirmado.  Em  casos  excepcionais  o  testamento  sem  testemunhas  poderá  ser
confirmado pelo Juiz, desde que se convença da sua veracidade.
Morto o testador, será publicado em juízo, com citação dos herdeiros legítimos. Pelo menos uma das
testemunhas  deve  reconhecer  sua  autenticidade.  Após  isso  e  ouvido  o  Ministério  Público  o  Juiz
confirmará o testamento.
TESTAMENTOS ESPECIAIS
São os de caráter provisório, feitos em situações de emergência.
Testamento Marítimo e Aeronáutico
O testamento marítimo ou aeronáutico consiste na declaração de vontade  feita a bordo de navios ou
aeronaves  de  guerra  ou mercantes,  em  viagem  de  alto mar. Deve  ser  lavrado  pelo  comandante  ou
escrivão de bordo perante duas testemunhas idôneas.
Observação: se o testador não morrer na viagem ou nos 90 dias subseqüentes após o desembarque, o
testamento perde a validade (caduca).
Testamento Militar
Testamento militar é a declaração de última vontade feita por militares e demais pessoas a serviço do
exército em campanha, dentro ou fora do país. Deve ser escrito por autoridade militar, na presença de
duas  testemunhas. Admite a  forma nuncupativa,  isto é,  feita por pessoa  ferida; neste caso, pode ser
feito de viva voz na presença de duas testemunhas.
Em qualquer hipótese, se o testador não morrer na guerra ou nos 90 dias subseqüentes em lugar onde
possa testar na forma ordinária, o testamento caducará.
Registro, Arquivamento e Cumprimento
Após  a  morte  do  testador,  o  testamento  deve  ser  apresentado  ao  Juiz  que  o  mandará  registrar,
arquivar e cumprir, se não houver vício externo que o torne suspeito de nulidade ou falsidade. Depois
de efetuado o  registro, o mérito das disposições  testamentárias será examinado no  inventário ou em
ação ordinária própria.
12. DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
O Código Civil Brasileiro dispõe de um Capítulo somente sobre as Disposições Testamentárias, ou seja,
aquelas coisas que podem ou não ser ditas em testamentos.
A rigor, predomina o Princípio da Autonomia da Vontade do Testador, ou seja, a maneira que ele dispor
será  absoluta  quanto  aos  bens.  Contudo,  nem mesmo  a  disposição  de  última  vontade  do  de  cujus
poderá  ferir  a  legislação,  nem  mesmo  a  vontade  do  testador  pode  se  opor  à  licitude  da  lei  ou  os
princípios morais.
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Como sabemos, no testamento podem conter disposições patrimoniais ou disposições exclusivamente
pessoais.  As  disposições  patrimoniais  podem  ser  encontradas  mais  facilmente  nos  testamentos
comuns,e,  até  certos  autores  vêem  o  testamento  apenas  como  meio  de  disposição  do  patrimônio.
Contudo, existem  também diversas disposições de ordem não patrimonial que podem ser aditadas a
um  testamento,  por  exemplo,  reconhecimento  de  filho,  nomeação  de  tutor,  recomendações  sobre  o
funeral, o destino do corpo do de cujus, e outras relativas a direito pessoal.
Convém  salientar  que  serão  consideradas  como  não  escritas  quaisquer  cláusulas  chamadas  de
derrogativas,  aquelas  onde  o  testador  contraria  o  Princípio  da  Irrevogabilidade  do  Testamento,  ou
dispensa qualquer das suas solenidades.
Existem, contudo, uma variada gama de cláusulas possíveis de serem apostas em um testamento.
Pode­se num testamento,  instituir herdeiros, através de um antigo  instituto conhecido desde o Direito
Romano  como  heredis  institutio,  válido  ainda  em  nosso  ordenamento  jurídico.  Existem  duas  regras
gerais, a primeira, onde diz que somente o testador tem o poder de instituir os herdeiros, e a segunda,
é  que  não  existem  nenhuma  restrição  acerca  da  quantidade  de  herdeiros.  A  Instituição  de  algum
herdeiro gera efeitos imediatos, cabendo aos herdeiros testamentários o direito à sua parte.
È  lícito  ao  testador  impor  alguma  condição  sobre  os  bens  dispostos  em  testamento,  de  modo  que
podem haver condições que enquanto não  forem atendidas, o bem não se  transmitirá. Por exemplo,
um herdeiro testamentário receberá o bem quando colar grau em curso superior.
Conforme  a  vontade  do  testador,  podem  ser  apostos  sobre  os  bens  determinados  encargos,  que
podem variar  indefinidamente. Podendo ser o encargo em favor de terceira pessoa, ou da sociedade
em geral.
O testador, da mesma forma, pode colocar no testamento, algumas razões que levaram ele a realizar a
divisão dos bens como foi feita, dá­se o nome dessa disposição de Disposição Causal.
Finalmente,  pode  impor  ônus  e  gravames  sobre  os  bens  que  serão  herdados.  Os mais  conhecidos
desses  ônus  são  as  cláusulas  restritivas  à  propriedade,  que  consistem  na  cláusula  de
incomunicabilidade, inalienabilidade e impenhorabilidade.Sobre essas últimas, se faz necessário que o
disponente, no próprio  instrumento, mencione um motivo bastante  justificado para a aposição dessas
cláusulas no testamento.
13. LEGADOS
Legado é a disposição testamentária a título singular, pela qual o testador deixa a pessoa estranha ou
não  à  sucessão  legítima,  um  ou mais  objetos  individualizados  ou  uma  certa  quantia  em  dinheiro. O
legado é típico de sucessão testamentária, recaindo sobre uma coisa certa e determinada (ex.: deixo a
meu amigo minha biblioteca; deixo a meu sobrinho o meu piano, etc.).
O  conceito  jurídico  atual  de  legado  é  um  ato  de  liberalidade  feita  em  testamento  a  uma  pessoa
determinada, chamada de legatário.
O legatário não é obrigado a aceitar o legado, podendo renunciar tácita ou expressamente. Os legados
podem  caducar  (ex.:  anulação  do  testamento;  alienação,  modificação  ou  perecimento  da  coisa;
falecimento do legatário antes do testador; revogação; indignidade, etc.).
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Enquanto a herança consiste na  totalidade ou de uma  fração  ideal dos bens do de cujus, como uma
universalidade  de  bens,  sendo  considerada  um  único  bem  imóvel,  conforme  o  art.  80,  II  do  CC,  o
legado  é  a  sucessão  que  incide  sobre  uma  coisa  certa  e  determinada.  A  herança  é  indefinida  e  o
legado é definido.
Quando o legado é deixado para um herdeiro legítimo, que passa a acumular os papéis de herdeiro e
legatário, é chamado de legado precípuo ou prelegado.
O  legado, quanto ao objeto, pode ser de coisas corpóreas ou  incorpóreas, crédito ou de quitação de
dívidas, alimentos; usufruto, imóvel, dinheiro; renda ou pensão periódica.
O legado de coisas pode se dar sobre uma coisa específica ou genérica, de modo que, nesse último
caso,  a  escolha  somente  será  feita  depois,  pelo  legatário,  ou outra  pessoa designada pelo  testador.
Como a coisa  legada é definida apenas pelo gênero, o  legado se cumprirá mesmo que  tal coisa não
exista  entre  os  bens  do  testador,  segundo  reza  o  art.  1.915  do  CC.  Além  disso,  o  código  veda
totalmente o legado de coisa alheia, conforme o disposto no art. 1.912.
Também  pode  um  crédito  de  propriedade  do  de  cujus  ser  objeto  de  legado,  para  se  transferir  ao
legatário, de modo que o novo crédito agora seja devido ao mesmo, de modo igual ao que ocorre em
uma cessão de crédito. Pode ser transmitida uma quitação de dívida ao legatário, e se transfere pela
própria entrega do instrumento de quitação do herdeiro para o legatário.
Os  alimentos  podem ser  transmitidos  por  legado. Através  dessa modalidade  de  legado,  cria­se  uma
relação  jurídica  que  obriga  o  pagamento  da  pensão  alimentícia,  como  aquela  devida  aos  filhos.  Os
alimentos devem compreender o necessário à manutenção da vida do legatário (alimentado), levando
sempre em conta as circunstâncias e o meio­termo, de modo que o valor estipulado dos alimentos não
seja  praticamente  uma  “esmola”,  mas  também  não  seja  muito  alto,  de  modo  que  seja  um
aproveitamento ilícito do alimentado.
Em  geral,  os  alimentos  são  fixados  levados  em  conta  as  possibilidades  do  alimentante  e  as
necessidades do alimentado. Essa modalidade de legado tem fulcro legislativo no art. 1.920 do CC: “O
legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além
da educação, se ele for menor.”
O  testador,  se  possuir  plena  propriedade  de  um  bem,  pode  legar  o  seu  usufruto  para  uma  terceira
pessoa, de modo que essa fique no uso e fruição do bem, em todo o prazo estipulado. Se não houver
um prazo estipulado pelo  testador, há uma presunção  iure et de  iure de que este prazo seja vitalício
com relação ao legatário, conforme o disposto no art. 1.921.
Quanto ao legado de bem imóvel deve­se observar a disposição do art.1.922: “Se aquele que legar um
imóvel  lhe  ajuntar  depois  novas  aquisições,  estas,  ainda  que  contíguas,  não  se  compreendem  no
legado, salvo expressa declaração em contrário do testador”. E, no parágrafo único: “Não se aplica o
disposto neste artigo às benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias feitas no prédio legado”.
Pode­se  também  legar  dinheiro. O  pagamento  deve  ser  feito  logo  após  a  partilha,  de  forma  que  os
juros  correrão  a  partir  do momento  em  que  o  herdeiro  pagador  se  constituir  em mora,  ou  seja,  no
momento em que for feito a partilha e o legatário não receber o dinheiro.
O Legado de Renda ou Pensão Periódica é o gênero do qual o legado de Alimentos é espécie. Nesta
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modalidade, é legada uma renda, de caráter vitalício ou não, renda esta fixada pelo próprio testador.
Há  o  legado  alternativo  quando  o  testador  coloca  duas  ou  mais  opções  de  legado  ao  herdeiro
incumbido  de  cumprir  o  legado.  Está  amparado  no  art.  1.932  do  Código:  “No  legado  alternativo,
presume­se deixada ao herdeiro a opção.”
O  art.  1.924  do Código Civil  assinala  que  o  direito  de  pedir  o  legado  não  se  exercerá,  enquanto  se
litigue  sobre  a  validade  do  testamento,  e,  no  legados  condicionais,  ou  a  prazo,  enquanto  esteja
pendente a condição ou o prazo não se vença.
14. DIREITOS DE ACRESCER ENTRE OS
HERDEIROS
Quando  vários  herdeiros  ou  legatários,  pela  mesma  disposição  testamentária,  forem  conjuntamente
chamados  à  herança  em  quinhões  determinados,  e  qualquer  deles  não  puder  (ex.:  pré­morte,
indignidade, renúncia, etc.) ou não quiser aceitá­la, a sua parte acrescerá à dos outros co­herdeiros ou
co­legatários (salvo direito do substituto). Exemplo: A deixa seus bens a B, C e D. Se um deles falecer
antes de A, sua parte retornará ao monte, acrescendo ao quinhão dos outros dois. Mesmo que D tenha
filhos estes não receberão os bens por representação.
Obs. Não haverá direito de acrescer se a cédula testamentária for declarada nula ou anulada, caso em
que subsistirá a sucessão legítima (art. 1.788 CC).
Requisitos
• Nomeação de co­herdeiro ou co­legatário, na mesma disposição testamentária.
• Deixa dos mesmos bens ou da mesma porção de bens.
• Ausência de cotas hereditárias.
15. HERDEIROS NECESSÁRIOS E
REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES
TESTAMENTÁRIAS
Herdeiros  Necessários  não  estão,  obrigatoriamente,  ligados  a  um  tipo  de  Sucessão.  São  assim
considerados  por  ser  uma  qualidade  dada  somente  a  alguns  parentes  próximos  do  de  cujus,
determinados  pelo  art.  1.845:  “São  herdeiros  necessários  os  descendentes,  os  ascendentes  e  o
cônjuge.”
Não  é  aquele  somente  tipificado  em  Lei,  como  o  Herdeiro  Legítimo.  Como  possui  a  qualidade  de
necessário,  a  lei  confere  ao mesmo  o  direito  à  Legítima.  O  de  cujus  de maneira  alguma  pode,  por
arbítrio  próprio,  se  furtar  a  transferir  ao  herdeiro  necessário  a  Legítima  a  que  este  possui  direito.
Contudo, nada impede que o herdeiro necessário renunciar a herança, na conformidade da Lei.
Legítima e Metade Disponível do patrimônio do de cujus – Distinção
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O  patrimônio  de  uma  pessoa,  enquanto  viva,  pode  ser  dividido  em  duas  metades:  a  Legítima  e  a
metade disponível. Entretanto, tal distinção somente produzirá efeitos práticos se houverem herdeiros
necessários em jogo (Descendentes, Ascendentes e/ou Cônjuge sucessíveis).A metade chamada de Legítima é aquela que a lei transmite obrigatoriamente, e de maneira igual, aos
herdeiros necessários, a não ser que eles mesmos (e seus cônjuges, se houver), de maneira expressa,
renunciem à herança, por força do art. 1.846 do Código Civil: “Pertence aos herdeiros necessários, de
pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima.”
No caso dessa ressalva, nem o próprio autor da herança poderá deixar de  transferir a Legítima para
algum herdeiro necessário.
A outra metade do patrimônio, chamada de Metade Disponível, é aquela que o autor da herança pode
deixar para quem quiser, mediante um ato de disposição de última vontade (Testamento ou Codicilo), a
priori, não há restrições visíveis quanto à forma de disposição da metade disponível, contudo, mesmo a
disposição de última vontade deve obedecer a certas determinações emanadas da lei.
16. SUBSTITUIÇÕES E FIDEICOMISSO
Substituição  hereditária  é  a  disposição  testamentária  na  qual  o  testador  chama  uma  pessoa  para
receber,  no  todo  ou  em  parte,  a  herança  ou  o  legado,  na  falta  ou  após  o  herdeiro  ou  o  legatário
nomeado em primeiro lugar. O testador, prevendo a hipótese de um herdeiro ou legatário não aceitar
ou não poder aceitar a herança, nomeia­lhe substitutos.
Pode ocorrer nas hipóteses de premoriência (morrer primeiro), exclusão por indignidade, renúncia, não
implemento de condição imposta pelo testador, etc.
Espécies de substituição:
1) Vulgar ou Ordinária
a) simples (ou singular)
b) coletiva (ou plural)
c) recíproca
2) Fideicomissária
3) Compendiosa
1 – Substituição Vulgar ou Ordinária – Ocorre a substituição vulgar quando o testador designa uma
ou mais pessoas para ocupar o lugar do herdeiro ou legatário que não quiser ou não puder aceitar o
benefício. Estabelece a vocação direta (é uma substituição direta), pois o substituto herda diretamente
do de cujus, e não do substituído.
A substituição vulgar pode ser:
• Simples – quando é designado um só substituto ao herdeiro ou legatário. Exemplo: deixo meus bens
para “A”. Se ele não quiser os bens irão para “B”.
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• Coletiva – quando há mais de um substituto. Exemplo: deixo meus bens para “A”. Se ele não quiser
os bens irão para “B” e “C”.
• Recíproca  – quando o  testador,  ao  instituir  uma pluralidade de herdeiros ou  legatários,  os declara
substitutos uns dos outros (admite­se também a nomeação de uma pessoa estranha). Exemplo: deixo
meus bens para “A”, “B” ou “C”. Se um deles não quiser (ou não puder aceitar) a quota dele irá para os
demais herdeiros (ou para uma outra pessoa, “D”).
2  –  Substituição  Fideicomissária  – O  Fideicomisso  é  forma  de  substituição  indireta.  Consiste  a
substituição fideicomissária na instituição de herdeiro ou legatário com a obrigação de, por sua morte, a
certo  tempo ou sob condição preestabelecida,  transmitir a herança ou o  legado a uma outra pessoa.
Estabelece­se  uma  vocação  dupla:  direta  (para  o  herdeiro  ou  legatário  instituído,  que  desfrutará  do
benefício  por  um  certo  tempo  estipulado  pelo  de  cujus)  e  indireta  (ou  oblíqua  para  o  substituto).
Exemplo: deixo minha fazenda para A (que é meu caseiro há muitos anos), mas com a sua morte estes
bens  passarão  a  ser  dos  filhos  de  B  (que  é  irmão).  Notem  que  neste  caso  “B”  não  é  herdeiro
necessário do de cujos. Seus filhos são meus sobrinhos.
Assim, no fideicomisso participam três pessoas:
a) fideicomitente – é o testador.
b)  fiduciário  (ou  gravado)  –  é  a  pessoa  que  é  chamada  a  suceder  em  primeiro  lugar  e  que  deverá
passar os bens para o fideicomissário; é titular da propriedade resolúvel e pode praticar todos os atos
inerentes ao domínio.
c)  fideicomissário  –  é  o  último  destinatário  da  herança  ou  legado.  Segundo  o  atual  Código,  o
fideicomissário  deve  ser  pessoa  não  concebida  ao  tempo  da  abertura  da  sucessão.  Caso  o
fideicomissário  já  tenha  nascido,  não  haverá  fideicomisso,  mas  usufruto.  O  fideicomissário  será  o
proprietário dos bens  fideicomitidos e o  fiduciário passará à condição de usufrutuário, pelo  tempo de
duração  que  fora  previsto  originalmente.  Se  o  fideicomissário  não  nascer  a  propriedade  plena  se
consolida nas mãos do fiduciário.
O fideicomisso só pode ser instituído sobre a metade disponível, não podendo comprometer a legítima.
Possui três modalidades:
• vitalício – a substituição ocorre com a morte do fiduciário.
• a termo – a substituição ocorre no momento fixado pelo testador.
• condicional – quando depende de cumprimento de condição resolutiva.
Fideicomisso X Usufruto
Usufruto – é um direito real sobre coisa alheia, sendo que o domínio se divide em duas partes, cada
uma com seu  titular  (nu proprietário – direito de dispor e  reaver – e usufrutuário – direito de usar e
fruir), que exercem seus direitos simultaneamente.
Fideicomisso – é espécie de substituição testamentária em que as partes (fiduciário e fideicomissário)
exercem a propriedade plena, mas de forma sucessiva, permitindo que se beneficie prole eventual.
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3  –  Substituição  Compendiosa  –  A  substituição  compendiosa  constitui  um  misto  de  substituição
vulgar  e  substituição  fideicomissária.  O  testador  dá  substituto  ao  fiduciário  ou  ao  fideicomissário,
prevendo que um ou outro não queira ou não possa aceitar a herança ou o legado.
17. DESERDAÇÃO
Deserdação  é  o  ato  unilateral  pelo  qual  o  de  cujus  exclui  da  sucessão,  mediante  testamento  com
expressa  declaração  de  causa,  herdeiro  necessário,  privando­o  de  sua  legítima,  por  ter  praticado
alguma conduta prevista na lei como causa.
Requisitos de Eficácia: A deserdação exige a concorrência dos seguintes requisitos:
• Existência de herdeiros necessários.
• Testamento válido (só pode haver deserdação por testamento, sendo proibido por escritura pública,
instrumento particular, termo judicial ou codicilo – veremos este termo mais adiante).
• Expressa declaração da causa prevista em lei.
• Propositura de ação ordinária.
Causas de Deserdação: Além das causas que autorizam a indignidade (art. 1.814 CC), acrescenta­se:
A) Deserdação dos descendentes por  seus ascendentes  (art.  1.962 CC):  ofensa  física,  injúria grave;
relações  ilícitas  com  a  madrasta  ou  padrasto;  desamparo  do  ascendente,  em  alienação  mental  ou
grave enfermidade.
B)  Deserdação  dos  ascendentes  pelos  descendentes  (art.  1.963  CC):  ofensa  física;  injúria  grave;
relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto com o marido ou companheiro da
filha ou o da neta; desamparo do filho ou do neto com deficiência mental ou grave enfermidade.
Efeitos da Deserdação: Os efeitos da deserdação são pessoais,  isto é, atingem o herdeiro excluído,
como  se  ele  morto  fosse.  Mas  os  seus  descendentes  herdam  por  representação,  ante  o  caráter
personalíssimo da pena civil.
Não basta que o testador deserde o herdeiro. Cumpre aos outros herdeiros promover, no prazo de 04
anos (contados da abertura do testamento) ação de deserdação para confirmar a vontade do morto. O
deserdado  terá direito de defesa. Não se provando o motivo da deserdação, o  testamento produzirá
efeitos em tudo o que não prejudicar a legítima do herdeiro necessário.
Mera  reconciliação  do  testador  com  o  deserdado  não  gera  ineficácia  da  deserdação.  Deve  ser
realizada a revogação por testamento (trata­se do perdão).
Distinção entre Indignidadee Deserdação:
1) A exclusão por  indignidade se refere à sucessão  legítima e afasta da sucessão  tanto os herdeiros
legítimos, quanto os testamentários, necessários ou não, inclusive o legatário; a deserdação se refere à
sucessão  testamentária,  servindo  apenas  para  privar  da  herança  os  herdeiros  necessários
(descendentes, ascendentes e cônjuge), inclusive quanto à parte legítima.
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2) A  exclusão  por  indignidade  funda­se  exclusivamente  nos  casos  do  art.  1.814 CC e  a  deserdação
repousa na vontade exclusiva do autor da herança, desde que fundada em motivo legal.
18. REVOGAÇÃO E DO ROMPIMENTO
DOS TESTAMENTOS
Sendo  o  testamento  um  ato  jurídico,  para  que  possa  produzir  efeitos  jurídicos,  deverá  satisfazer  as
condições  genéricas  (capacidade do  testador,  objeto  lícito  e  possível,  forma  solene  e  consentimento
válido),  sob  pena  de  nulidade  e  anulabilidade.  Além  disso,  ainda  existem  causas  que  impedem  o
testamento de produzir seus efeitos jurídicos:
• Revogação
• Rompimento
• Caducidade
• Nulidade Absoluta ou Relativa
Revogação
Revogação  é  o  ato  pelo  qual  o  testador,  conscientemente,  torna  ineficaz  o  testamento  anterior,
manifestando  vontade  contrária  à  que  nele  se  encontra  expressa.  Um  testamento  só  pode  ser
revogado  por  outro,  mesmo  que  de  modalidade  diversa  (um  testamento  público  pode  revogar  um
cerrado;  um  testamento  particular  pode  revogar  um  cerrado,  etc.).  O  importante  é  que  o  novo
testamento seja válido. No entanto é  irrevogável o testamento na parte em que o testador reconhece
filho havido fora do casamento.
O  testamento  revogado  não  se  restaura  pelo  fato  deste  ter  sido  revogado  posteriormente  (não  há
repristinação no testamento).
Um codicilo não pode revogar um testamento, mas este pode revogar o codicilo.
A revogação, quanto a sua extensão, pode ser classificada em:
a)  total  –  o  testamento  superveniente  retira  a  eficácia  de  todas  as  disposições  testamentárias
anteriores.
b) parcial – retira algumas das disposições, subsistindo as demais.
Já quanto à forma utilizada, pode ser classificada em:
a) expressa  (ou direta) – declaração  inequívoca, explícita do  testador —» novo  testamento  revoga o
anterior (pode ser total ou parcial).
b)  tácita  (ou  indireta)  —>  quando  o  testador  não  declara  que  revoga  o  anterior,  mas  há
incompatibilidade entre as disposições deste e as do novo  testamento ou em caso de dilaceração ou
abertura do testamento cerrado, pelo testador, ou por outrem, com o seu consentimento, ou quando o
testado alienar voluntariamente a coisa legada.
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Rompimento
É a inutilização do testamento por perda de validade em razão da ocorrência de certos fatos previstos
em  lei.  Exemplo:  superveniência  de  descendente  sucessível  ao  testador,  que  o  não  tinha  ou  não  o
conhecia quando  testou ou quando o  testamento  foi  feito na  ignorância de existirem outros herdeiros
necessários. O testador não teria disposto de seus bens em testamento se soubesse da existência de
algum herdeiro necessário. Também é chamado de revogação presumida (o testamento é chamado de
rupto).
Caducidade
Ocorre  a  caducidade  quando  as  disposições  testamentárias  não  prevalecerão,  embora  válidas,  pela
ocorrência de obstáculo superveniente. Exemplo: herdeiro morreu antes do testador; herdeiro renuncia
ou  foi  excluído;  perecimento  da  coisa  legada,  etc.  Caducará  o  testamento marítimo  e  o militar,  três
meses após o momento em que o testador podia testar de forma ordinária e não o fez.
Nulidade e Anulabilidade
O  testamento pode ser anulado se contiver defeito  leve ou grave. Pode atingir o  testamento em sua
totalidade  (neste  caso  abre­se  a  sucessão  legítima)  ou  em  parte  (prevalece  a  parte  válida  do
testamento, abrindo­se sucessão legítima, se for o caso, quanto ao que for anulado).
a) Nulidade: incapacidade do testador; impossibilidade ou ilicitude do objeto; inobservância das formas
legais e nulidade das disposições. Requerimento de qualquer interessado, do Ministério Público ou de
ofício pelo Juiz.
b) Anulabilidade: erro substancial na designação da pessoa do herdeiro, legatário ou da coisa legada;
dolo;  coação  ou  fraude.  Requerimento  apenas  do  interessado,  respeitando  o  prazo  decadencial  de
quatro anos.
19. TESTAMENTEIRO
Art. 1976 do Código Civil. O testamenteiro é a pessoa encarregada de executar o testamento. Quando
o testador nomeia um, este será o testamenteiro instituído. Caso o testador não tenha nomeado, o juiz
nomeará um  testador dativo, de acordo com uma ordem estabelecida por  lei. Podem  também haver
mais  de  um  testamenteiro,  quando  trabalham  em  conjunto  (dois  ou  mais  testamenteiros  agindo  ao
mesmo  tempo,  podendo  cada  um  ter  uma  função  específica  ou  não)  ou  separados  (testamentária
sucessiva, apenas um atua, mas, havendo necessidade, é substituído pelos outros  testamenteiros  já
nomeados).
Os  atos  do  testador  são  pessoais  e  indelegáveis,  podendo  constituir  formalmente  um mandato  para
outro. Pode também o indicado recusar, já que não é obrigatório.
Extensão dos poderes: UNIVERSAL: posse e administração da herança. Deve requerer a abertura do
inventário (o testador não pode ter herdeiros necessários). PARTICULAR: sem posse e administração
da herança.
Obrigações: (a) propugnar pela validade do testamento. (b) Cumprir as disposições do testamento no
prazo estabelecido pelo testador ou em até 180 dias após a aceitação da testamentária caso não haja
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prazo.  (c)  Fiscalizar  o  cumprimento  das  disposições  testamentárias,  podendo  até  se  substituir  a  um
herdeiro que não esteja cumprindo  tais disposições.  (d) Prestar contas.  (e) O  testamenteiro universal
deve defender a posse de atos de turbação, esbulho e ameaça.
Remuneração:  VINTENA,  20%  ou  1/5  da  herança  deferida  por  sucessão  testamentária,  já  que  ele
presta  um  serviço. Caso  o  testamenteiro  também seja  herdeiro  ou  legatário  nomeado pelo  testador,
pode  escolher  entre  receber  a  vintena  ou  a  herança/legado.  O  que  é  herdeiro  legítimo  recebe
normalmente a vintena.
Perda do Direito da Vintena: (a) Negligência, (b) Não cumprimento das disposições por dolo ou culpa,
(c) Prestação de contas julgada negativamente.
Observação 1: O valor da vintena é de 5%, sendo que o testador ou o juiz pode fixar um valor menor
do que os 5%, dependendo do grau de dificuldade e complexidade do cumprimento das disposições.
Observação  2:  A  vintena  é  paga  ao  final  do  cumprimento  das  atribuições  do  testamento,  mas  o
testador pode pedir adiantamento.
20. INVENTÁRIO E PARTILHA
I. Inventário: procedimento de  formalização  da  transmissão dos bens do de  cujus aos  sucessores. A
figura do inventário está em outras situações, como o ususfruto e o fundo de comércio, mas no Direito
Sucessório diz respeito aos bens que compõem o acervo hereditário, por meio de identificação de bens
e apuração de valores para dar o quinhão ao sucessor.
Sentido técnico: procedimento especial de  jurisdição contenciosa. É sempre  judicial, com participação
do  Estado­juiz;  jurisdição  contenciosa,  pois,  o  litígio  está  na  iminência  devido  à  existência  de
pretensõesresistidas.
Espécies de inventário:
a)Tradicional ou propriamente dito – procedimento completo, atos bem identificados, prazos, aplicação
subsidiária do arrolamento (Art 982 CPC);
b)  Arrolamento  –  mais  simplificado,  com  atos  concentrados,  prazos  reduzidos,  mais  célere  e
econômico; b’) Sumário:  interessados maiores e capazes de comum acordo com a  forma da partilha
(não  importa  o  valor);  b”) Comum:  herança  de  pequeno  valor  (índice  adotado  pelo  Estado), mesmo
com  menores  e  incapazes,  porém  se  há  conflito,  mesmo  sendo  o  valor  pequeno,  deve­se  usar  o
inventário tradicional.
II. Partilha: atribuição do bem individualizado que compunha o acervo hereditário ao sucessor. Ela, em
geral, complementa o  inventário,  lembrar novamente que a propriedade  já se  transmitiu no momento
da morte do de cujus (Art 1784).
Inventários  sem  partilha:  a)  Herdeiro  Universal  –  há  adjudicação  e  não  partilha,  com  certidão  de
pagamento do quinhão hereditário; b) Dívidas absorvem toda a herança; c) Inventário Negativo – sem
bens  a  declarar,  serve  para  comprovar  a  inexistência  de  bens,  promovendo  um  acerto  na  situação
patrimonial  do  de  cujus,  comprova  que  o  de  cujus  faleceu  sem  bens,  logo,  credores  não  serão
satisfeitos, de cujus pode ter deixado obrigações a cumprir (ex: outorgar escrituras de compra e venda
17/04/2017 Resumo de Direito das Sucessões | TUDO DIREITO
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de  imóveis  que  ele  vendeu)  e  forma  de  evitar  imposição  de  finalidades  civis  (ex:  viúvo  para  casar
novamente  sem  ser  com  separação  obrigatória  de  bens  deve  apresentar  inventário  do  cônjuge
falecido).
Espécies  de  partilha:  a)  Judicial:  (Art  2016)  após  falecimento  do  de  cujus,  há  herdeiros  menores  e
incapazes ou se não há acordo sobre a partilha; b) Amigável (Art 1029 CPC): b’) Ato “inter vivos” (Art
2018) – ato de deliberação do de cujus antes do falecimento, de natureza contratual ou via testamento,
ele pode doar os bens a futuros sucessores e estabelecer usufruto vitalício em seu favor (o falecimento
do de cujus dá a propriedade plena aos sucessores dos bens já partilhados); b”) Ato “causa mortis” –
sucessores, de comum acordo, estabelecem entre si qual quinhão cabe a cada um (Art 2015).
Anulação ou rescisão da partilha (Art 2027): estão vinculadas às espécies de partilha (ver CPC 1022 e
ss). A decisão do juiz sobre o conflito tem natureza de sentença, por  isso,  transitando em julgado, só
será rescindida por ação rescisória proposta diretamente no Tribunal (prazo prescricional de 2 anos –
Arts 1030 e 485 CPC). Na partilha amigável, os vícios de consentimento, de natureza negocial, podem
levar  à  anulação,  por  meio  de  ação  anulatória  no  juízo  de  1ª  instância  (prazo  prescricional  de  1
ano)  !!!Cabe  ação  rescisória  para  anular  partilha  amigável  quando  houver  pessoa  absolutamente
incapaz, pois o prazo dessa ação é mais dilatado, beneficiando­a.
Emenda da partilha:  juiz  pode alterar  o  conteúdo de  sua decisão de 1ª  instância para  sanar erro ou
inexatidão materiais ou inexatidão na descrição ou identificação dos bens.
Sobrepartilha  (Art  2022):  nova  partilha  nos  próprios  autos  do  inventário  da  partilha  inicial,  ocorre
quando  nem  todos  os  atos  são  partilhados,  possibilidades:  a)  bens  sonegados:  bem  retirado  do
sonegador e partilhado; b) bens desconhecidos no momento do inventário; c) bens litigiosos – ainda se
discute a propriedade do bem (falta?).
Destituição do inventariante: impossibilidade de continuar no cargo por causas externas ao processo de
inventário. (inventariante – Arts 990 e ss CPC falta no caderno)
Bens não sujeitos ao inventário (exceções): a) bem de família convencional estabelecido por escritura
pública (Art 20, Dec 3200/40), cessada a situação que assim o caracteriza, será inventariado; b) bens
da Lei 6854/80 podem ser levantados administrativamente.
Prazos do inventário: a)  início  (Art 983 CPC): 30 dias após a morte – não é muito seguido, porque a
única sanção é fiscal (há multa após 60 e ela dobra após 180); b) fim – 180 a partir do requerimento da
abertura. Legitimidade para requerer abertura (Arts 987 e ss CPC). Bens situados no Brasil – inventário
tramita aqui e a recíproca é verdadeira, independentemente de nacionalidade ou domicílio do de cujus
e sucessores.
Competência  de  foro:  domicílio  do  de  cujus,  local  de  situação  dos  bens  e  local  de  falecimento.  Vis
attractiva: ações de natureza sucessória tramitam no mesmo foro do inventário, a competência do juízo
do  foro do  inventário é  relativa, não atraindo ações sem  ligação com a sucessão ou de competência
absoluta (ações imobiliárias).
Valor da causa: somatório dos bens vinculados ao acervo hereditário (influi no valor das custas), bens
imóveis:  critérios  fiscais  mais  objetivos,  bens  móveis:  critérios  aleatórios  e  arbitrários  (se  houver
irregularidade pode­se impugnar por perícia). Em SP, a meação do cônjuge compõe o valor da causa,
tabela de custas Lei 11608/03.
17/04/2017 Resumo de Direito das Sucessões | TUDO DIREITO
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21. COLAÇÕES
Noção: ato de retorno à herança de bens que foram retirados por ato de liberalidade do de cujus. Bens
que ultrapassaram os limites da legítima. (Arts 1014 e ss CPC).
O  Art  2002  –  retorno  das  doações  feitas  aos  descendentes,  não  menciona  o  cônjuge,  há  críticas:
muitos falam que os bens doados aos cônjuges também deveriam retornar por ser herdeiro necessário,
mas o CC não prevê isso, há projeto de lei para mudar.
Excluído ou deserdado (Arts 2008 e 1015 CPC), descendente deve trazer bens a ele doados à colação.
Observar que a colação, que ocorre nos autos do processo de  inventário em prazo de 10 dias após
citação do último herdeiro (Arts 1000 e 1014 CPC), não traz o bem de volta ao espólio (§ ún Art 2002),
por isso, sobre eles não incide imposto causa mortis (Art 155, I, CF), ela também não aumenta a parte
disponível da herança, mas sim soma bens à parte indisponível.
Sonegação: quem sonega sofre penal civil – perde o bem sonegado, se este for o  inventariante ou o
testamenteiro perde a função e o bem, o último ainda perde a vintena.
Art 2004: valor do bem à época da doação e não da abertura, Enunciado 119 Conselho de Justiça –
valor à época do falecimento – entendimento não muito aceito.
Presunção de que o bem doado a descendente seja a título de adiantamento da legítima, se não for, o
de cujus deve dizê­lo expressamente (Art 2005).
Bens  que  não  devem  ser  trazidos  à  colação  Arts  §2º  2004,  2010,  2011  e  2012  (só  metade)  e
indenizações a título de seguro de vida ou acidente pessoal (Art 794).
Ex: A doa bem para B (filho de A) e C (casado com B), A morre: o bem deve ser todo trazido à colação
ou só metade? Doutrina maior entende que só a metade  (afinal C não é descendente, Art 2002), S.
Rodrigues  entende  que  o  todo  deve  ser  trazido,  pois,  a  intenção  de  A  era  contemplar  B  e  só
contemplou C em virtude do casamento.
22. SONEGADOS
É a ocultação dolosa de bens que devem ser  inventariados ou levados à colação. Pode ser praticada
pelo  inventariante (quando omite  intencionalmente bens e valores ao prestar as primeira e as últimas
declarações) ou pelos herdeiros (que não indicam bens em seu poder).
A pena de sonegados  tem caráter  civil  e consiste, para o herdeiro, na perda do direito sobre o bem
sonegado, que é devolvido ao monte e partilhado aos outros herdeiros, como se o sonegador nunca
tivesse  existido.  Se  o  bem  não  existir  mais,  será  responsável  por  seu  valor,  mais  perdas  e  danos.
Quandoo sonegador for o inventariante a pena imita­se à remoção da inventariança.
A ação de sonegados prescreve em 10 anos e deve ser ajuizada no foro do  inventário  e  pode  ser 
proposta  pelos  herdeiros  legítimos, testamentários e credores.
23. PAGAMENTO DAS DÍVIDAS
17/04/2017 Resumo de Direito das Sucessões | TUDO DIREITO
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Antes  da  partilha,  poderão  os  credores  do  espólio  requerer  ao juízo do inventário o pagamento de
dívidas. Só serão partilhados os bens e valores que restarem depois de pagas as dívidas. A cobrança
das dívidas faz­se, em regra, pela habilitação do credor ao inventário.
Não  sendo  impugnada  a  dívida  vencida  e  exigível,  o  Juiz  declarará habilitado o credor e mandará
que se faça a separação do dinheiro ou bens, para o seu pagamento.
 Depois de efetivada a partilha os credores devem cobrar seus créditos  não  mais  do  espólio,  mas 
dos    próprios    herdeiros,  proporcionalmente.    Além    disso,    o    herdeiro    não    pode    responder    por
encargos superiores às forças da herança.
Obs.  –  Determina  o  art.  1.998  CC  que  as  despesas  funerárias sairão  do  monte  da  herança, 
haja  ou  não  herdeiros  legítimos.  As despesas  de  sufrágios  por  alma  do  falecido  só  obrigarão 
a  herança quando ordenadas em testamento ou codicilo.

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