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Lev Vygotsky conceitos centrais

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Vygotsky e o conceito de zona de 
desenvolvimento proximal 
Para Vygotsky, o segredo é tirar vantagem das diferenças e apostar no 
potencial de cada aluno. 
 
Seleção de textos por: Bruno Motta 
 
Todo professor pode escolher: olhar para trás, avaliando as 
deficiências do aluno e o que já foi aprendido por ele, ou olhar para a frente, 
tentando estimar seu potencial. Qual das opções é a melhor? Para a 
pesquisadora Cláudia Davis, professora de psicologia da Educação da 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), sem a segunda fica 
difícil colocar o estudante no caminho do melhor aprendizado possível. "Esse 
conceito é promissor porque sinaliza novas estratégias em sala de aula", diz 
Cláudia. O que interessa, na opinião da especialista, não é avaliar as 
dificuldades das crianças, mas suas diferenças. "Elas são ricas, muito mais 
importantes para o aprendizado do que as semelhanças". 
Não há um estudante igual a outro. As habilidades individuais são 
distintas, o que significa também que cada criança avança em seu próprio 
ritmo. À primeira vista, ter como missão lidar com tantas individualidades pode 
parecer um pesadelo. Mas a pesquisadora garante: o que realmente existe aí, 
ao alcance de qualquer professor, é uma excelente oportunidade de promover 
a troca de experiências. 
Essa ode à interação e à valorização das diferenças é antiga. Nas 
primeiras décadas do século 20, o psicólogo bielorrusso Lev Vygotsky (1896-
1934) já defendia o convívio em sala de aula de crianças mais adiantadas com 
aquelas que ainda precisam de apoio para dar seus primeiros passos. Autor de 
mais de 200 trabalhos sobre Psicologia, Educação e Ciências Sociais, ele 
propõe a existência de dois níveis de desenvolvimento infantil. O primeiro é 
chamado de real e engloba as funções mentais que já estão completamente 
desenvolvidas (resultado de habilidades e conhecimentos adquiridos pela 
criança). Geralmente, esse nível é estimado pelo que uma criança realiza 
sozinha. Essa avaliação, entretanto, não leva em conta o que ela conseguiria 
fazer ou alcançar com a ajuda de um colega ou do próprio professor. É 
justamente aí - na distância entre o que já se sabe e o que se pode saber com 
alguma assistência - que reside o segundo nível de desenvolvimento 
apregoado por Vygotsky e batizado por ele de proximal. 
Nas palavras do próprio psicólogo, "a zona proximal de hoje será o 
nível de desenvolvimento real amanhã". Ou seja: aquilo que nesse momento 
uma criança só consegue fazer com a ajuda de alguém, um pouco mais 
adiante ela certamente conseguirá fazer sozinha. Depois que Vygotsky 
elaborou o conceito, há mais de 80 anos, a integração de crianças em 
diferentes níveis de desenvolvimento passou a ser encarada como um fator 
determinante no processo de aprendizado. 
 
Trocas positivas numa via de mão dupla. 
Com a troca de experiências proposta por Vygotsky, o professor 
naturalmente deixa de ser encarado como a única fonte de saber na sala de 
aula. Mas nem por isso tem seu papel diminuído. Ele continua sendo um 
mediador decisivo, por exemplo, na hora de formar equipes mistas - com 
alunos em diferentes níveis de conhecimento - para uma atividade em grupo. A 
principal vantagem de promover essa mescla, na concepção vygotskiana, é 
que todos saem ganhando. Por um lado, o aluno menos experiente se sente 
desafiado pelo que sabe mais e, com a sua assistência, consegue realizar 
tarefas que não conseguiria sozinho. Por outro, o mais experiente ganha 
discernimento e aperfeiçoa suas habilidades ao ajudar o colega. 
"Em algumas atividades, formar grupos onde exista alguém que faça a 
vez do professor permite que o docente trabalhe mais diretamente com quem 
não conseguiria aprender de outra forma", afirma Cláudia. "Deve-se adotar 
uma estratégia diferente com cada tipo de aluno: o que apresenta 
desenvolvimento dentro da média, o mais adiantado e o que avança mais 
lentamente." Não se deve, porém, escolher sempre as mesmas crianças como 
"ajudantes", deixando as demais sempre em aparente condição de 
inferioridade. "É importante variar e montar os grupos de acordo com os 
diferentes saberes que os alunos precisam dominar", complementa a psicóloga 
Maria Suzana de Stefano Menin, professora da Universidade Estadual Paulista 
"Júlio de Mesquita Filho" (Unesp). 
O educador também não pode se esquecer de outro ponto crucial na 
teoria de Vygotsky: a zona de desenvolvimento proximal tem limite, além do 
qual a criança não consegue realizar tarefa alguma, nem com ajuda ou 
supervisão de quem quer que seja. É papel do professor determinar o que os 
alunos podem fazer sozinhos ou o que devem trabalhar em grupos, avaliar 
quais atividades precisam de acompanhamento e decidir quais exercícios ainda 
são inviáveis mesmo com assistência (por exigir saberes prévios que ainda não 
estão consolidados ou acessíveis). 
 
Desafios impossíveis e outros erros. 
Dar de ombros ao conceito das zonas de desenvolvimento pode 
significar alguns problemas. Por exemplo: ao ignorar o limite proximal, muitas 
propostas em sala de aula acabam colocando os alunos diante de desafios 
quase impossíveis. Corre-se o risco também de formar grupos homogêneos ou 
permitir que a garotada se organize somente de acordo com suas afinidades. 
"Nas atividades de lazer, não há a necessidade de restringir esse tipo de 
organização", afirma a psicóloga Maria Suzana. "Mas é importante aproximar 
alunos com diferentes níveis de ensino nas atividades em que o domínio dos 
saberes seja um diferencial." 
Quando equívocos como os citados antes ocorrem, geralmente são 
resultado do desconhecimento da obra de Vygotsky. No Brasil, ainda são 
poucos os que dominam teorias como a da zona proximal. "Os professores até 
sabem que o conceito existe, mas não conseguem colocá-lo em prática", diz 
Cláudia Davis. Se estivesse vivo, o conselho do psicólogo bielorrusso para 
esses educadores talvez fosse óbvio: interação e troca de experiências com 
aqueles que sabem mais, exatamente como se deve fazer com as crianças. 
 
Vygotsky e o conceito de 
aprendizagem mediada 
Para Vygotsky, o professor é figura essencial do saber por representar 
um elo intermediário entre o aluno e o conhecimento disponível no 
ambiente. 
 
No início da infância, explorar o ambiente é uma das maneiras mais 
poderosas que a criança tem (ou deveria ter) à disposição para aprender. Ela 
se diverte ao ouvir os sons das teclas de um piano, pressiona interruptores e 
observa o efeito, aperta e morde para examinar a textura de um ursinho de 
pelúcia e assim por diante. Essa lista de atividades, entretanto, pode dar a 
impressão de que, para adquirir saberes, basta o contato direto com o objeto 
de conhecimento. Na realidade, boa parte das relações entre o indivíduo e seu 
entorno não ocorre diretamente. Para levar a água à boca, por exemplo, a 
criança utiliza um copo. Para alcançar um brinquedo em cima da mesa, apoia-
se num banquinho. Ao ameaçar colocar o dedo na tomada, muda de ideia com 
o alerta da mãe - ou pela lembrança de um choque. Em todos esses casos, um 
elo intermediário se interpõe entre o ser humano e o mundo. 
Em sua obra, o bielorrusso Lev Vygotsky (1896-1934) dedicou espaço 
a estudar esses filtros entre o organismo e o meio. Com a noção de mediação, 
ou aprendizagem mediada, o pesquisador mostrou a importância deles para o 
desenvolvimento dos chamados processos mentais superiores - planejar 
ações, conceber consequências para uma decisão, imaginar objetos etc. 
Tais mecanismos psicológicos distinguem o homem dos outros animais 
e são essenciais na aquisição de conhecimentos. Vygotsky demonstrou essa 
característica referindo-sea diversos experimentos realizados com animais. 
Num deles, um macaco conseguia pegar uma banana no alto de uma jaula se 
visse um caixote no mesmo ambiente. No entanto, se não houvesse o caixote, 
o símio nem sequer cogitaria buscar outro objeto que o aproximasse de seu 
objetivo. O ser humano, por outro lado, agiria de forma diferente. "Enquanto o 
macaco precisa ver o instrumento, o ser humano consegue imaginá-lo ou 
conceber outro com a mesma função", afirma Marta Kohl de Oliveira, 
professora da Universidade de São Paulo (USP). 
 
Elementos mediadores: os instrumentos e os signos. 
O exemplo também é útil para distinguir os dois tipos de elementos 
mediadores propostos por Vygotsky. O primeiro são os instrumentos. Ao se 
interpor entre o homem e o mundo, eles ampliam as possibilidades de 
transformação da natureza: o machado permite um corte mais afiado e preciso, 
uma vasilha facilita o armazenamento de água etc. Alguns animais, sobretudo 
primatas, podem até utilizá-los eventualmente, mas é o homem que concebe 
um uso mais sofisticado: guarda instrumentos para o futuro, inventa novos e 
deixa instruções para que outros os fabriquem. 
O segundo elemento mediador, o signo, é exclusivamente humano. Na 
definição do dicionário Houaiss, signo é "qualquer objeto, forma ou fenômeno 
que representa algo diferente de si mesmo". A linguagem, por exemplo, é toda 
composta de signos: a palavra cadeira remete ao objeto concreto cadeira. 
Perceba que você certamente pode imaginar uma agora mesmo sem a 
necessidade de vê-la. Para o homem, a capacidade de construir 
representações mentais que substituam os objetos do mundo real é um traço 
evolutivo importante: "Ela possibilita libertar-se do espaço e do tempo 
presentes, fazer relações mentais na ausência das próprias coisas, fazer 
planos e ter intenções", escreve Marta no livro Vygotsky: Aprendizado e 
Desenvolvimento, um Processo Sócio-Histórico. 
A mesma característica também é fundamental para a aquisição de 
conhecimentos, pois permite aprender por meio da experiência do outro. Uma 
criança, por exemplo, não precisa pôr a mão na chama de uma vela para saber 
que ela queima. Esse conhecimento pode ser adquirido, por exemplo, com o 
conselho da mãe. Quando o pequeno associa a representação mental da vela 
à possibilidade de queimadura, ocorre uma internalização do conhecimento - e 
ele já não precisa das advertências maternas para evitar acidentes. 
 
 
 
 
A interação tem uma função central no processo de internalização. 
Para Vygotsky, a interação (principalmente a realizada entre indivíduos 
face a face) tem uma função central no processo de internalização. No livro A 
Formação Social da Mente: O Desenvolvimento dos Processos Psicológicos 
Superiores, afirma que "o caminho do objeto até a criança e desta até o objeto 
passa por outra pessoa". Por isso, o conceito de aprendizagem mediada 
confere um papel privilegiado ao professor. 
É evidente que não se adquire conhecimentos apenas com os 
educadores: na perspectiva da teoria sociocultural desenvolvida por Vygotsky, 
a aprendizagem é uma atividade conjunta, em que relações colaborativas entre 
alunos podem e devem ter espaço. "Mas o professor é o grande orquestrador 
de todo o processo. Além de ser o sujeito mais experiente, sua interação tem 
planejamento e intencionalidade educativos", explica Maria Teresa de 
Assunção Freitas, docente da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). 
É preciso atenção, entretanto, para evitar uma deturpação no que diz 
respeito à aplicação prática da ideia de mediação. Por acreditarem que o 
aprendizado se dá apenas na relação entre indivíduos, alguns educadores 
apressam-se em organizar aulas em que todas as atividades são realizadas em 
grupo. Trata-se de um entendimento incorreto do conceito: não é porque a 
aquisição de conhecimentos ocorre, sobretudo, nas interações que estar 
sempre em contato com o outro é uma prerrogativa essencial às aulas. "Os 
momentos de internalização são essenciais para consolidar o aprendizado. 
Eles são individuais e reflexivos por definição e precisam ser considerados na 
rotina das aulas", finaliza Maria Teresa. 
 
Vygotsky e o conceito de 
pensamento verbal 
Para Vygotsky, é o pensamento verbal que nos ajuda a organizar a 
realidade em que vivemos 
 
Um dos grandes saltos evolutivos do homem em relação aos outros 
animais se deu quando ele adquiriu a linguagem, ou seja, quando aprendeu a 
verbalizar seus pensamentos. É por meio das palavras que o ser humano 
pensa. A generalização e a abstração só se dão pela linguagem e com base 
nelas melhor compreendemos e organizamos o mundo à nossa volta. Um dos 
maiores estudiosos sobre essa habilidade humana foi o psicólogo bielorrusso 
Lev Vygotsky (1896-1934), que em meados dos anos 1920 criou o conceito de 
pensamento verbal. 
Vygotsky dedicou anos de estudo para compreender as relações entre 
o pensamento e a linguagem - e esse foi um dos maiores acertos de seu 
trabalho. Até então, os estudos sobre o tema buscavam dissecar os dois 
conceitos isoladamente. De acordo com João Batista Martins, professor da 
Universidade Estadual de Londrina (UEL), entender o desenvolvimento 
humano desmontando as partes que o constituem é errado. "Vygotsky 
reconhecia a independência dos elementos, mas afirmava que o caminho era 
compreender como um se comporta em relação ao outro, como eles interagem 
em suas fases iniciais", explica. 
Para compreender essas relações, Vygotsky buscou analisar o 
desenvolvimento da criança. De acordo com ele, mesmo antes de dominar a 
linguagem, ela demonstra capacidade de resolver problemas práticos, de 
utilizar instrumentos e meios para atingir objetivos. É o que o pesquisador 
chamou de fase pré-verbal do pensamento. Ela é capaz, por exemplo, de dar a 
volta no sofá para pegar um brinquedo que caiu atrás dele e que não está à 
vista. Esse conhecimento prático independe da linguagem e é considerado 
uma inteligência primária, também encontrada em primatas como o macaco-
prego, que usa varetas para cutucar árvores à procura de mel e larvas de 
insetos. 
Embora não domine a linguagem como um sistema simbólico, os 
pequenos também utilizam manifestações verbais. O choro e o riso têm a 
função de alívio emocional, mas também servem como meio de contato social 
e de comunicação. É o que Vygotsky chamou de fase pré-intelectual da 
linguagem. Essas fases podem ser associadas ao período sensório-motor 
descrito pelo psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), no qual a ação da 
criança no mundo é feita por meio de sensações e movimentos, sem a 
mediação de representações simbólicas. "É a fase na qual a criança depende 
de sentidos como a visão para atuar no mundo e se manifesta exclusivamente 
por meio de sons e gestos, ligados à inteligência prática", diz Martins. 
Por volta dos 02 anos de idade, o percurso do pensamento encontra-se 
com o da linguagem e o cérebro começa a funcionar de uma nova forma. A fala 
torna-se intelectual, com função simbólica, generalizante, e o pensamento 
torna-se verbal, mediado por conceitos relacionados à linguagem. 
 
O significado das palavras une pensamento e linguagem. 
No livro Vygotsky - Aprendizado e Desenvolvimento, um Processo 
Sócio-Histórico, Marta Kohl, professora da Universidade de São Paulo (USP), 
afirma que o significado das palavras tem papel central: é nele que 
pensamento e linguagem se unem. Para Vygotsky, os significados apresentam 
dois componentes: o primeiro diz respeito à acepção propriamente dita, capaz 
de fornecer os conceitos e as formas de organização básicas. Por exemplo, a 
palavra cachorro: ela denomina um tipo específico de animal domundo real. 
Mesmo que as experiências e a compreensão das pessoas sobre determinado 
elemento sejam distintos, de imediato o conceito de cachorro será 
adequadamente entendido por qualquer pessoa de um grupo que fale o mesmo 
idioma. 
O segundo componente é o sentido. Mais complexo, é o que a palavra 
representa para cada pessoa e é composto da vivência individual. Vygotsky 
pretendeu ir além da dimensão cognitiva e inscreve a criança em seu universo 
social, relacionando afetividade ao processo de construção dos significados. 
Desse modo, concluiu que uma pessoa traumatizada com algum episódio em 
que foi atacada por um cachorro, por exemplo, dará à palavra uma acepção 
diferente e absolutamente particular - agressão, medo, dor, raiva ou violência, 
por exemplo. 
O sentido também está relacionado ao intercâmbio social. Quando 
vários membros de um mesmo grupo se relacionam, eles atribuem, com base 
nessas relações, interpretações diferentes às palavras. É isso o que ocorre na 
escola. Ao começar a frequentá-la, a criança recebe a intervenção do 
educador, o que fará com que a transformação do significado se dê não mais 
apenas pela experiência vivida, mas por definições, ordenações e referências 
já consolidadas em sua cultura. Assim, ela não vai só aprender que a Lua é 
diferente de uma lâmpada - em algum momento da vivência com qualquer 
indivíduo mais velho -, como também acrescerá outros sentidos às palavras, 
entendendo que a Lua é um satélite, que gira em torno da Terra, que é 
diferente das estrelas e daí em diante. "Esse é um processo que nunca acaba, 
que continua ocorrendo até deixarmos de existir", conclui Martins. 
 
Fonte: Teoria passada a limpo. NOVA ESCOLA, edição 237, novembro de 
2010. Versão online. Disponível em: 
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/teoria-passada-
limpo-620892.shtml. Acesso em: 24 de março de 2014.

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