Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Os Quadrinhos Puros do Direito – WARAT, Luiz Alberto; Cabriada, Gustavo Perez; ALMED editora. Ao pensar o que seria a ciência jurídica do direito, Kelsen notou que os juristas de seu tempo se confundiam muito a noção de direito com a moral e ordem de conduta, aplicando as leis já existentes sob orientação divina, conhecida como Lex. Sem qualquer influência dos sentimentos, os juízes aplicavam as leis, os legisladores buscavam no passado as leis de verdades que seriam eternas e havia também uma “mistura” de juízos morais, jurídicos e políticos e que, os juristas acreditavam aplicar a verdadeira justiça. Foi então, que Kelsen “rebelou-se” contra esta velha e conservadora forma de entender o direito. Ele rejeitou a “verdade”, a moral e a dogmática para criar sua própria teoria de pureza do direito. No inicio, os juristas de sua época não aceitavam sua teoria, por muitos ele foi mau visto, sua maior desavença foi com os jusnaturalistas professores universitários, que apresentavam sua teoria em clichês para os alunos adquirirem uma visão “diabólica” de Kelsen. Estas teorias apresentadas, afirmavam que Kelsen queria transformar todo o Direito, totalmente desprovida de moral, “reduzindo-se” apenas a normas. Porém, Kelsen nunca afirmou tais teorias, nunca nem disse isso, Kelsen pensava na possibilidade de uma ciência jurídica em sentido escrito, um sentido normativo que tivesse por objeto, a norma positiva escrita. Kelsen pensava o direito num sentido cientifico estritamente normativo, sem influência de política, dogmas, condutas, etc. Para ele o Direito estaria na forma de observar e não no que esta sendo observado, e então ele criou uma teoria pura do saber, e não do Direito puro. A pureza da teoria visaria unicamente às condições em que pode ser pensado o objeto da ciência jurídica (Kelsen não fala em direito puro, mas em saber purificado). A ciência jurídica escrita, não pode ser mais do que um conjunto de normas positivas do Estado, as normas são a relevância, seu conteúdo é acidental (consequente) e para ordená-la seria necessário uma norma fundamental gnosiológica (NFG). A NFG é uma condição imaginária de significação, uma ficção teórica que organiza o saber com univocidade, sentido de discurso ideológico que funciona como saber científico. Kelsen não ignorava a existência de uma imaginação criadora sob o que chamamos de objetividade. A NFG é a ficção que Kelsen empregou como objeto da ciência jurídica escrita, a ficção serviu como critérios para impor limites à extensão do campo temático e os demais campos do conhecimento e realidade. A NFG determina que certos dados do fenômeno jurídico podem ser vistos como significativos se correspondem com o critério estipulado pela NFG, diferente da condição empírica que estabelece um sentido que corresponda aos fatos. NFG permite diferenciar as normas jurídicas das demais normas presentes na sociedade, que serviu de critério para a norma do direito positivo, as normas que se cria são válidas e podem ser objetos da ciência jurídica escrita pois se integram num sistema eficaz em sua totalidade.
Compartilhar