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Seleção adestramento e emprego do cão de guerra de dupla função_PDOC.pdf

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1ª Edição
Câmara Brasileira de Jovens Escritores
SELEÇÃO,
ADESTRAMENTO E
EMPREGO DO
CÃO DE GUERRA
DE DUPLA APTIDÃO
JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE
CAP QCO VET
Copyright©José Luiz Fontoura de Andrade
Câmara Brasileira de Jovens Escritores
Rua Marquês de Muritiba 865, sala 201 - Cep 21910-280
Rio de Janeiro - RJ
Tel.: (21) 3393-2163
www.camarabrasileira.com
cbje@globo.com
Julho de 2015
Primeira Edição
Conselho Editorial
Presidente: Glaucia Helena
Editor: Georges Martins
Coordenação editorial: Luiz Carlos Martins
Editor de Arte: Alexandre Campos
Produção gráfica: Fernando Dutra
Comissão de Avaliação: Leo Martins, Leonardo Ach,
Milena Patrícia, Fernando Dutra,
Vânia Ferreira, Fernanda Redon, Rodrigo Tedesco,
Bruna Gala, Arthur Henrique Santos
Revisão: do Autor
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por
qualquer meio e para qualquer fim, sem a autorização
prévia, por escrito, do autor.
Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Fontoura, José Luiz de Andrade
F684s Seleção, adestramento e emprego do cão de guerra de dupla
aptidão. / José Luiz Fontoura de Andrade —1.ed. – Rio de Janeiro :
Câmara Brasileira de Jovens Escritores, 2015. 298 p. 23cm.
ISBN 978-85-413-0394-1
1. Cão. Adestramento. 2. Cão. Medicina Veterinária. I. Título.
CDD 636.70887
CDU 636.76
Bibliotecária: Eliane M. S. Jovanovich CRB 9/1250
Rio de Janeiro - Brasil
Julho de 2015
SELEÇÃO,
ADESTRAMENTO E
EMPREGO DO
CÃO DE GUERRA
DE DUPLA APTIDÃO
JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE
CAP QCO VET
PREFÁCIO
Unidades diferenciadas como unidades de Operações Especiais,
Grupos de Ações Táticas, Unidades de Resgate, Delegacias de Narcóticos,
Corpos de Bombeiros e Esquadrões antiexplosivos terão melhores
resultados com criação, seleção e emprego de cães altamente
especializados para suas peculiares e específicas missões. Linhagens de
cães selecionadas geneticamente especializadas em rastreio de odor
humano, outras especializadas em detecção de narcóticos, outras em
explosivos. Cães oriundos de criatórios com linhagens de esporte podem
fornecer bons exemplares para apoiar missões militares, policiais e de
resgate, mas melhores resultados serão obtidos por qualquer instituição
que domine a seleção e criação de seus próprios cães para seus objetivos
e missões.
A proposta deste trabalho é um pouco distinta: é a seleção e
emprego de cão de guerra com dupla aptidão para qualquer tipo de unidade
que atue em espectro variado de missões, como pelotões destacados de
fronteira, brigadas de infantaria leve. Toda unidade pode empregar o cão
de dupla aptidão para segurança orgânica de suas instalações e de pessoal.
O emprego do cão de dupla aptidão amplia o universo de militares que
dominarão técnicas e habilidades para exploração do faro do cão para
detecção, torna possível realizar missões com menos cães e é ideal para
formação de alunos e reservistas.
Desde 2006, esta proposta vem sendo redigida e utilizada na
instrução de militares nos canis do exército onde trabalhei. Tem como
principal objetivo consolidar noções básicas de adestramento e emprego
em um único trabalho em língua portuguesa. Há pouco material disponível
em idioma pátrio e mesmo em outras línguas as fontes confiáveis são
disponibilizadas em toda sorte de mídia como livros, DVDs, apostilas de
seminários, revistas, etc. É um grande desafio tentar reunir informações
pertinentes em um único volume. Desafio que esta contribuição à
cinotecnia militar não tem a presunção de esgotar, mas sim de servir como
estímulo para que outras obras em português apareçam.
Embora escrito focando o emprego do cão no apoio à atividade
militar, com utilização de nomenclatura, postos, e órgãos do exército, será
útil a todos envolvidos de alguma forma com cães de trabalho de segurança
pública como cães de detecção de drogas, explosivos, cadáveres, cães de
intervenção policial, controle de multidão e distúrbio, cães de apoio a
atividades penitenciárias. Cada instituição que emprega cães para apoiar
suas missões tem suas peculiaridades, mas há uma base comum a todas
elas. São estes conceitos universais de treinamento e emprego que podem
ser organizados, catalogados e difundidos.
A bibliografia consultada está consagrada do mundo do treinamento
de cães de trabalho. As técnicas preconizadas são modernas e permitem
explorar ao máximo o potencial do cão e estão totalmente adequadas à
legislação brasileira.
A profissionalização e evolução do emprego de cães exigirá que
cada órgão de segurança desenvolva provas de habilitação regulares para
avaliar a capacidade de trabalho do conjunto condutor/cão. Estas provas
são empregadas pelas instituições mais respeitadas no mundo inteiro, e
neste manual há propostas de provas de habilitação para conjuntos cão
de guerra/condutor. Estas provas, entre outras contribuições para a
cinotecnia dos órgãos de segurança, levantarão informações cruciais para
melhoramento genético dos cães.
Este livro foi escrito com o objetivo de auxiliar todos os militares
envolvidos nas lidas com os cães. Tratadores, condutores, figurantes,
enfermeiros veterinários, graduados e oficiais de armas e oficiais
veterinários certamente usufruirão de algum benefício da concentração
de tantas informações em um único volume. Também destina-se a outros
militares envolvidos de forma não tão direta nem intensa com cães de
guerra como os profissionais já citados. Comandantes de frações, de
pelotões, de companhias e de unidades que empreguem cães constituem
também o público que poderá utilizar como uma das fontes de orientação
para emprego desta preciosa ferramenta. Serve como subsídio para outros
militares que tomam decisões que afetam a Seção de Cães de Guerra,
como aqueles com responsabilidades nas esferas de pessoal, de segurança,
de instrução e de operações.
.
Brasília, julho de 2015.
Cap QCO Vet Andrade
“Uma nação que confia em seus direitos em vez de confiar em
seus soldados, engana-se a si mesma e prepara a sua própria queda.”
Ruy Barbosa
Agradecimentos,
Aos Oficiais Veterinários mais experientes: Ten Cel
Sobrinho, Major De Paula e Ten R2 Macedo que
proporcionam orientação, ensinamentos e toda sorte
de subsídios fundamentais para esta proposta;
Ao Subtenente Damaceno, pelos valiosos
ensinamentos que me proporcionou, pelo
desprendimento contagiante com que lida com tudo
relacionado ao canil do 5ºRCMec, por sua atenção ao
subordinado, por sua preocupação e dedicação
permanente com os cães, por seu foco na missão, por
sua disciplina firme e justa, por todas as contribuições
para meu aprimoramento e para este trabalho, como
sugestões, críticas e fotos. Foi, enfim, um privilégio ter
servido com um militar deste quilate;
Ao Sgt Stefano, por tudo o que me ensinou quando eu
era ainda civil no trabalho voluntário de cinoterapia
desenvolvido no 3ºBPE e depois já como oficial
veterinário, com a generosa contribuição na forma de
sugestões, compartilhamento de conhecimento,
manuais e fotos. Pelas instruções que recebi
juntamente com meus cães, bem como a oportunidade
de fotograr alunos do curso de formação, fotos que
enriqueceram em muito este manual;
A todos militares que serviram comigo e motivaram-me
a desenvolver meu trabalho;
A todos os cães que treinei ou orientei a treinar, por
todos os bons momentos e por todo aprendizado que
me proporcionaram.
SUMÁRIO
PREFÁCIO ................................................................................................................................. 5
CAPÍTULO 1
SELEÇÃO DOS CONJUNTOS .................................................................................................... 15
1.1 SELEÇÃO DOS MILITARES ..................................................................................................15
1.1.1 CONDUTOR ................................................................................................................... 15
1.1.2 FIGURANTE E ADESTRADOR .......................................................................................... 16
1.2 PRESERVAÇÃO E RENOVAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS DA SCG .................................. 17
1.2.1 VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS ................................................................... 18
1.2.2 Um exemplo de credo para SCG: .................................................................................... 18
1.3 SELEÇÃO DOS CÃES .......................................................................................................... 19
1.3.1 SELEÇÃO DE FILHOTES ................................................................................................... 19
1.3.2 SELEÇÃO DO CÃO ADULTO ............................................................................................. 22
CAPÍTULO 2
AGRESSIVDADE CANINA E
PREVENÇÃO DE ACIDENTES ................................................................................................... 27
2.1 AGRESSIVIDADE CANINA .................................................................................................. 27
2.2 PREVENÇÃO DE ACIDENTES .............................................................................................. 34
CAPÍTULO 3
EQUIPAMENTOS ..................................................................................................................... 39
3.1 FOCINHEIRA ..................................................................................................................... 39
3.2 EQUIPAMENTOS PARA CÃO NOVATO ................................................................................ 40
3.3 GUIA LONGA .................................................................................................................... 41
3.4 GUIA RETRÁTIL ................................................................................................................. 42
3.5 GUIA DE ADESTRAMENTO ............................................................................................... 42
3.6 GUIA CURTA ..................................................................................................................... 42
3.7 COLAR DE ELOS GRANDES ............................................................................................... 43
3.8 ENFORCADOR DE GARRA ................................................................................................. 45
3.9 ENFORCADOR DE CORDA ................................................................................................. 45
3.10 COLEIRA ELETRÔNICA ..................................................................................................... 46
3.11 CLICADOR ....................................................................................................................... 48
CAPÍTULO 4
ADESTRAMENTO BÁSICO ....................................................................................................... 49
4.1. FUNDAMENTOS DO ADESTRAMENTO ............................................................................. 49
4.1.1 REALISMO ..................................................................................................................... 49
4.1.2 PRONTO EMPREGO ....................................................................................................... 50
4.1.3 PLANEJAMENTO ............................................................................................................ 50
4.1.4 REPETIÇÃO .................................................................................................................... 51
4.1.5 QUEBRA-CABEÇA ........................................................................................................... 51
4.1.6 PRÊMIO ......................................................................................................................... 52
4.1.7 COMANDOS ................................................................................................................... 53
4.2 MARCADOR ...................................................................................................................... 55
4.3 COERÇÃO E CORREÇÃO .................................................................................................... 59
4.4 SESSÃO DE ADESTRAMENTO ........................................................................................... 61
4.4.1 INDIVIDUAL ................................................................................................................... 63
4.4.2 DOIS MILITARES ............................................................................................................. 63
4.4.3 TRÊS MILITARES ............................................................................................................. 63
4.4.4 SESSÃO COLETIVA .......................................................................................................... 63
4.4.5 SESSÃO NOTURNA ........................................................................................................ 64
4.4.6 ENTROSAMENTO COM SUBUNIDADE ............................................................................ 64
4.4.7 SESSÃO DE SIMULAÇÃO ................................................................................................ 65
4.5 SEQUÊNCIA DE EXERCÍCIOS .............................................................................................. 66
4.6 TROCA DE POSIÇÕES COM PETISCO .................................................................................. 67
4.7 ALVO OU MARCA .............................................................................................................. 72
4.8 JOGO DE CABO DE GUERRA E DE BUSCAR DO CÃO COM SEU CONDUTOR ....................... 72
4.9 MANEIRAS PARA O CÃO LARGAR O MORDENTE ............................................................... 80
4.9.1 ARRANCAR O MORDENTE ............................................................................................. 80
4.9.2 IMOBILIZAÇÃO DO MORDENTE ..................................................................................... 80
4.9.3 MARCADOR E PETISCO ................................................................................................. 80
4.9.4 TROCA DE MORDENTE .................................................................................................. 81
4.9.5 LEVANTAR O CÃO PELA COLEIRA .................................................................................... 81
4.9.6 SACODE ......................................................................................................................... 81
4.10 CHAMADA DO CÃO ......................................................................................................... 81
4.11 ZONA DE CONFORTO ..................................................................................................... 82
4.12 POSIÇÃO DE FINALIZAÇÃO .............................................................................................. 83
4.13 ANDAR JUNTO AO CONDUTOR ...................................................................................... 84
4.14 POSIÇÃO DEITADO .......................................................................................................... 86
4.15 POSIÇÃO NO MEIO DAS PERNAS DO MILITAR ................................................................. 87
4.16 POSIÇAO DE PÉ ............................................................................................................... 87
4.17 COMANDO EM FRENTE .................................................................................................. 88
4.18 BUSCA DE OBJETOS LANÇADOS PELO CONDUTOR ......................................................... 89
4.18.1 COMER PETISCO LANÇADO E RETORNAR AO CONDUTOR ............................................90
4.18.2 BUSCAR OBJETO LANÇADO .......................................................................................... 91
4.18.3 manter um objeto em sua boca e soltar somente sob comando ................................... 92
4.18.4 andar na guia carregando objeto na boca ..................................................................... 93
4.18.5 ABOCANHAR NO CHÃO ............................................................................................... 93
4.18.6 GENERALIZAÇÃO DE OBJETOS ..................................................................................... 93
4.19 POSIÇÃO SENTADO ......................................................................................................... 94
4.20 TRANSPOSIÇÃO DE OBSTÁCULOS ................................................................................... 95
4.20.1 SALTO .......................................................................................................................... 96
4.20.2 TRANSPOSIÇÃO DE CURSO DE ÁGUA ........................................................................... 98
4.20.3 ESCALADA ................................................................................................................... 98
4.20.4 OBSTÁCULOS TIPO TÚNEL ............................................................................................ 99
4.21 RECUSA DE ALIMENTOS ............................................................................................... 103
4.22 ACHAR E APREENDER X ACHAR E INDICAR ................................................................... 105
4.22.1 LATIR SOB COMANDO ................................................................................................ 106
4.23 AGITAÇÃO ..................................................................................................................... 108
4.23.1 COM O PRÓPRIO CONDUTOR .................................................................................... 108
4.23.2 AGITAÇÃO COM O FIGURANTE ................................................................................... 108
4.23.3 ESTÍMULOS POR IMPULSOS PARA CAÇAR ................................................................... 110
4.23.4 ESTÍMULOS POR IMPULSOS PARA LUTAR ................................................................... 116
4.23.5 LARGAR SOB COMANDO ........................................................................................... 118
4.23.6 AGITAÇÃO CIVIL ......................................................................................................... 121
4.23.7 LUVA OCULTA ............................................................................................................. 121
4.23.8 COMBATE COM FOCINHEIRA ...................................................................................... 122
4.23.9 APREENSÃO EM PONTOS ALTERNATIVOS .................................................................. 124
4.24 PROCURA POR OPONENTE ........................................................................................... 127
4.24.1 RONDAS NOTURNAS ................................................................................................. 127
4.24.2 ADESTRAMENTO PARA PROCURA E INDICAÇÃO DE SUSPEITO POR FARO .................. 128
4.24.3 PROCURA EM INSTALAÇÕES ....................................................................................... 129
CAPÍTULO 5
ADESTRAMENTO DO CAO DE DETECÇÃO ............................................................................. 133
5.1 SEGURANÇA ORGÂNICA DAS ORGANIZAÇÕES MILITARES .............................................. 133
5.2 CÃO DE DUPLA APTIDÃO ................................................................................................ 134
5.3 HABILIDADES NECESSÁRIAS PARA ADESTRAMENTO DO CÃO DE DETECÇÃO .................. 135
5.4 ESCOLHA DE ODORES .................................................................................................... 135
5.5 CONDICIONANDO O CÃO PARA RECONHECER OS ODORES DESEJADOS ......................... 136
5.6 IMPREGNANDO O MORDENTE ....................................................................................... 137
5.7 PSEUDO ODOR ............................................................................................................... 138
5.8 CONTAMINANTES DO ODOR .......................................................................................... 139
5.9 JOGO DE CABO DE GUERRA E DE BUSCAR ..................................................................... 140
5.10 CAIXA DE INDICAÇÃO DE AREIA .................................................................................... 141
5.11 CAIXA DE DETECÇÃO HOLANDESA ................................................................................ 142
5.12 CONE DE ODOR ............................................................................................................ 145
5.13 AUXILIAR ...................................................................................................................... 145
5.14 DUPLO CEGO ................................................................................................................ 146
5.15 PROCURA EM ÁREA ...................................................................................................... 147
5.16 ALTURA DE ESCONDERIJO ............................................................................................ 148
5.17 ESCONDERIJOS ENTERRADOS E SUBMERSOS ............................................................... 149
5.18 DISTRAÇÕES ................................................................................................................. 150
5.19 REGISTRO DAS SESSÕES DE ADESTRAMENTO .............................................................. 150
5.20 REALISMO .................................................................................................................... 152
5.21 MANUTENÇÃO DO CÃO ADESTRADO .......................................................................... 153
5.22 PADRÃO DE PROCURA .................................................................................................. 154
5.23 PERSISTÊNCIA NA PROCURA ......................................................................................... 154
5.24 ACIDENTES ................................................................................................................... 156
5.25 INTELIGÊNCIA ............................................................................................................... 156
CAPÍTULO 6
EMPREGO DO CÃO DE GUERRA ........................................................................................... 159
6.1 REGRAS DE ENGAJAMENTO ........................................................................................... 159
6.2 USO DE FORÇA MÍNIMA PROPORCIONAL E PROGRESSIVA .............................................. 160
6.3 LEGÍTIMA DEFESA DE SEU CONDUTOR .......................................................................... 162
6.4 RESISTÊNCIA A PRISÃO/DETENÇÃO ................................................................................ 162
6.5 PRESUNÇAO DE VIOLÊNCIA ............................................................................................ 162
6.6 CONTROLE ...................................................................................................................... 163
6.7 CONDICIONAMENTO DO CÃO ......................................................................................... 163
6.8 PROCURA POR SUSPEITO EM UMA ÁREA SEM FOCINHEIRA ........................................... 163
6.9 RESISTÊNCIA PASSIVA ..................................................................................................... 165
6.10 ABUSOS ....................................................................................................................... 166
6.11 USO DA FOCINHEIRA ....................................................................................................167
6.12 TRIANGULAÇÃO PARA ABORDAGEM E NEGOCIAÇÃO .................................................... 168
6.13 APOIO DO CONDUTOR ................................................................................................. 169
6.14 REVISTAS DE PESSOAL ................................................................................................. 171
6.15 UTILIZAÇÃO DE AGENTES QUÍMICOS E FUMAÇA .......................................................... 172
6.16 UTILIZAÇÃO DE LANTERNA .......................................................................................... 173
6.17 POSIÇÕES DE TIRO COM O CÃO .................................................................................... 175
6.18 BREVE HISTÓRICO DO EMPREGO DO CÃO DE GUERRA ............................................... 177
6.19 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO ................................................................................... 179
6.20 MISSÃO E VISÃO DE EMPREGO DO CÃO DE GUERRA ................................................... 179
6.21 MISSÃO DO EXÉRCITO ................................................................................................. 179
6.22 Missão Síntese do Conjunto Condutor-Cão de guerra ..................................................... 179
6.23 Visão de Futuro ............................................................................................................ 180
6.24 PROGRAMA DE DISSUASÃO DE AMEAÇAS .................................................................... 180
6.25 GUARDA E CONDUÇÃO DE DETIDOS ............................................................................ 181
6.26 CONTROLE DE MULTIDÃO ............................................................................................. 181
6.27 CONTROLE DE DISTÚRBIO CIVIL ................................................................................... 183
6.28 SEGURANÇA ORGÂNICA EM ORGANIZAÇÕES MILITARES ............................................. 185
6.29 CÃO ESCLARECEDOR ..................................................................................................... 187
6.30 CÃO RASTREADOR ....................................................................................................... 187
6.31 OPERAÇÕES DE CERCO E VASCULHAMENTO ................................................................. 189
6.32 FORÇA DE REAÇÃO – EQUIPE DE RESPOSTA RÁPIDA ..................................................... 190
6.33 PROCURA EM INSTALAÇÕES ......................................................................................... 192
6.34 CÃO DETECTOR DE MINAS TERRESTRES ....................................................................... 194
6.35 CÃO DETECTOR DE EXPLOSIVOS ................................................................................... 195
6.36 CÃES SENTINELAS ......................................................................................................... 195
6.37 AÇÃO DE POLÍCIA NA FAIXA DE FRONTEIRA .................................................................. 199
6.37.1 PONTOS DE BLOQUEIO E CONTROLE DE ESTRADAS – EMPREGO DO CÃO DE
DUPLA APTIDÃO NA REPRESSÃO DE CRIMES TRANSFRONTEIRIÇOS ..................................... 204
6.38 OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI DA ORDEM ............................................................. 210
6.39 MOBILIDADE ................................................................................................................ 210
6.39.1 ACONDICIONAMENTO DOS CÃES .............................................................................. 210
CAPÍTULO 7
PROVAS DE HABILITAÇÃO ..................................................................................................... 213
7.1 AVALIAÇÃO DO JOGO ...................................................................................................... 219
7.2 PRESCRIÇÕES GERAIS ÀS PROVAS DE HABILITAÇÃO DO CONJUNTO CONDUTOR E
CÃO DE GUERRA .................................................................................................................. 221
7.2.1 DESQUALIFICAÇÃO EM QUALQUER MOMENTO DA PROVA .......................................... 222
7.2.2 PENALIZAÇÃO DE 3 PONTOS EM QUALQUER MOMENTO DA PROVA ............................ 222
7.3 PRESCRIÇÕES PARA O FIGURANTE DA CERTIFICAÇÃO ..................................................... 223
7.4 EQUIPAMENTOS AUXILIARES PARA O FIGURANTE .......................................................... 224
7.5 PROVA DE RESISTÊNCIA .................................................................................................. 225
7.5.1 DESCLASSIFICAÇÃO ...................................................................................................... 227
7.5.2 TESTE DA PRESERVAÇÃO DA CAPACIDADE DE TRABALHO ........................................... 227
7.6 PROVA BÁSICA DE HABILITAÇÃO DE CÃO DE GUERRA .................................................... 228
7.6.1 SALTO DE OBSTÁCULO DE LARGURA ........................................................................... 229
7.6.2 ESCALADA DE OBSTÁCULO .......................................................................................... 229
7.6.3 ESCALADA DE OBSTÁCULO COM AUXÍLIO DO CONDUTOR ........................................... 229
7.6.4 NATAÇÃO ..................................................................................................................... 230
7.6.5 TROCA DE POSIÇÕES A DISTÂNCIA ............................................................................... 230
7.6.6 BUSCA DE OBJETO LANÇADO PELO CONDUTOR .......................................................... 231
7.6.7 REJEIÇÃO DE COMIDA OFERECIDA PELO FIGURANTE ................................................... 231
7.6.8 REAÇÃO A TIRO DE FESTIM ......................................................................................... 231
7.6.9 COMANDO PARA DEITAR A DISTÂNCIA, CHAMADO EM DIREÇÃO AO CONDUTOR ........ 232
7.6.10CONDUÇÃO DE FOCINHEIRA NO MEIO DE GRUPO DE PESSOAS ................................. 232
7.6.11 APREENSÃO DE FIGURANTE PELA PERNA .................................................................. 232
7.6.12 REVISTA EM TRIANGULAÇÃO ..................................................................................... 233
7.6.13 ATAQUE LANÇADO COM O CÃO USANDO FOCINHEIRA E FIGURANTE CIVIL
SEM PROTEÇÃO, SEM LUVA NEM MACACÃO DE MORDIDA .................................................. 233
7.6.14 ATAQUE INTERROMPIDO. .......................................................................................... 233
7.6.15 PROVA DE DETECÇÃO DE EVIDÊNCIAS/MATERIAL MILITAR EXTRAVIADO ................... 233
7.7 CÃO DE DETECÇÃO (CD) NARCÓTICOS, CADÁVER, ARMAS .............................................. 235
7.8 CÃO DE DETECÇÃO EXPLOSIVOS ..................................................................................... 237
7.8.1 DESQUALIFICAÇÃO ...................................................................................................... 240
7.9 HABILITAÇÕES ESPECÍFICAS – BREVÊS ............................................................................ 241
7.9.1 PROVA DE HABILITAÇÃO PARA CÃO DE GUARDA - CÃO PARA POSTO FIXO
DE SENTINELA ...................................................................................................................... 241
7.9.2 CAO ESCLARECEDOR .................................................................................................... 243
7.9.3 CÃO DE PATRULHA ....................................................................................................... 243
7.9.3.1 PROVAS SUBSEQUENTES DE AVERIGUAÇÃO DO CÃO DE PATRULHA ......................... 245
7.9.4 HABILITAÇÃO DE CÃO DE APOIO A EQUIPE DE INTERVENÇÃO RÁPIDA/
FORÇA DE PRONTA RESPOSTA ............................................................................................. 246
7.9.5 HABILITAÇÃO DE CÃO DE CHOQUE DE OPERAÇÃO DE CONTROLE DE DISTÚRBIO ........ 247
7.9.6HABILITAÇÃO DE CÃO RASTREADOR ............................................................................ 248
7.10 PROVAS DE AVERIGUAÇÃO ........................................................................................... 250
7.11 DUPLO-CEGO ................................................................................................................ 251
7.12 AVALIAÇÕES INOPINADAS EM SITUAÇÃO REAL ............................................................. 252
7.13 COMPETIÇÕES CANINAS ............................................................................................... 252
CAPÍTULO 8
SANIDADE DO CÃO DE GUERRA .......................................................................................... 253
8.1 ALIMENTAÇÃO ................................................................................................................ 253
8.2 PRINCIPAIS CAUSAS DE DESCARGA, MORTE OU EUTANÁSIA DE CÃES MILITARES: .......... 254
8.3 SUPORTE VETERINÁRIO .................................................................................................. 254
8.4 DENTES ......................................................................................................................... 255
8.5 INTERMAÇÃO ................................................................................................................. 256
8.6 DILATAÇÃO GÁSTRICA-VÓLVULO ..................................................................................... 258
8.7 DOENÇAS GENÉTICAS ..................................................................................................... 259
8.8 SÍNDROME DE CANIL ...................................................................................................... 259
8.9 BEM ESTAR DO CÃO DE GUERRA ................................................................................... 261
8.10 DESMOBILIZAÇÃO DO CÃO DE GUERRA ....................................................................... 262
8.10.1 MOTIVOS PARA DESMOBILIZAÇÃO ............................................................................. 262
8.10.2 DESTINO .................................................................................................................... 263
8.10.3 AVALIAÇÃO DE TEMPERAMENTO ............................................................................... 263
8.11 LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS - LEGISLAÇÃO VIGENTE ............................... 264
ANEXO A - ........................................................................................................................... 265
ANEXO B - ........................................................................................................................... 268
GLOSSÁRIO .......................................................................................................................... 270
REFERENCIAS ....................................................................................................................... 287
15
SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO
CAPÍTULO 1
SELEÇÃO DOS CONJUNTOS
1.1 SELEÇÃO DOS MILITARES
A hierarquia de funções em um canil militar, do mais moderno ao
mais antigo: tratador, condutor, figurante e adestrador.
1.1.1 CONDUTOR
O condutor de cão de guerra é o militar que recebe um determinado
cão para compor conjunto, recebe orientação e instrução para desempenhar
missões específicas que serão definidas a partir das provas de habilitação
dos conjuntos. Tem a obrigação de realizar exercícios diários para
manutenção das habilidades do cão e estar sujeito a avaliações periódicas
através das provas de habilitação e pronto para emprego em missões reais.
O candidato a condutor será soldado engajado, com sua formação
básica completa que já tenha passado por situações que permitiram avaliá-
lo, como testes de aptidão física, testes de aptidão de tiro, campos, serviços
ou marchas regulamentares. Com alguma experiência nas rotinas da
unidade, demonstrou profissionalismo, competência e motivação; é um
militar pronto, que será especializado. O candidato a condutor demonstra
muita iniciativa, segue obstinadamente objetivos claros e definidos a médio
e longo prazo para seu cão. Tem disponibilidade de trabalhar em horários
fora do expediente regular; o conjunto trabalha à noite; trabalhar no escuro
é a regra e não a exceção. É determinado para superar desafios e
dificuldades.
“O difícil nós fazemos imediatamente. O impossível
demora um pouco mais.”
—Slogan do Corpo de engenharia do Exército
Americano
“Um pessimista vê dificuldade em cada oportunidade,
um otimista vê oportunidade em cada dificuldade.”
Winston Churchill
16
JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE
Como o condutor será um militar especializado que assessorará o
Comandante da operação, demonstra disciplina e fidelidade elevadas, caso
contrário, cria obstáculos técnicos fictícios para o cumprimento da missão;
tem acentuado espírito de corpo por meio da cooperação e da dedicação;
está apto a ser empregado em situações que exijam rapidez com decisão
e iniciativa, agindo com julgamento equilibrado; ao condutor de cão de
guerra exige-se rigidez e vigor físico, acrescido da persistência e
resistência, condizentes com os padrões físicos compatíveis com as
exigências de seu desempenho funcional; não é admissível o condutor
que tenha restrição para atividade física ou desempenho medíocre no Teste
de Aptidão Física (TAF).
O candidato a condutor tem consciência de que sua formação
profissional não estará completa ao final do curso de formação, mas
continua com a orientação de adestradores e condutores mais experientes
e eterna procura por autoaperfeiçoamento através de cursos curtos,
simpósios, participação de provas de trabalho e muita leitura.
Age com persistência vencendo as dificuldades encontradas; cada
prova de habilitação orienta-o aos exercícios que a serem melhorados,
demonstra flexibilidade e criatividade na execução de suas atividades e
preparação de seu cão; revela espírito de cooperação para o trabalho em
equipe, aprendendo com os mais experientes e ajudando os novatos; age
com raciocínio lógico e com previsão, demonstrando responsabilidade
necessária à prevenção de incidentes e acidentes; demonstra acentuada
meticulosidade para agir, atendo-se aos detalhes significativos; possui
disciplina e responsabilidade para cumprir suas obrigações, por vezes,
individualmente, independente de fiscalização; apresenta autoconfiança,
coragem, decisão e iniciativa ao se deparar com situações inopinadas que
exijam ações coerentes e acertadas independente de orientações de
superiores, agindo de acordo com as normas e doutrina vigentes.
1.1.2 FIGURANTE E ADESTRADOR
O ideal é que sejam selecionados para figurantes e adestradores
entre os melhores condutores, que se destacaram nas missões e nas provas
de habilitação.
O adestrador é o militar habilitado e experiente com a missão de
preparar o cão de guerra para cumprir as finalidades inerentes. Seu objetivo
é preparar o cão para ser habilitado em algumas das provas de habilitação
17
SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO
previstas. Já foi condutor de cães, já habilitou cães em provas, logo, tem o
perfil descrito para condutor, mas demonstra que tem algo a mais para ser
um adestrador. Tendo como tarefa selecionar e preparar homens e cães,
definir os conjuntos, desligar cães e homens que não tenham o perfil
desejado e selecionar os melhores conjuntos para missões específicas, o
adestrador militar tem em considerável nível de desenvolvimento, uma
personalidade delineada por atributos tais como direção e equilíbrio
emocional. Constitui-se em modelo para seus comandados, enquadrando-
os militarmente pela instrução e pelo exemplo alicerçado em valores éticos
coerentes com os princípios da instituição. O adestrador de cães demonstra
apresentação, disciplina, organização e zelo. Possui acentuadadireção e
liderança na condução de seus subordinados, contribuindo para a
consecução do espírito de corpo. É capaz de perceber e compreender o
ambiente, as características dos seus subordinados, orientando os rumos
aos interesses e necessidades da instituição com prontidão. Em
consequência, demonstra criatividade e responsabilidade no desempenho
funcional.
1.2 PRESERVAÇÃO E RENOVAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS
DA SCG
É função de o Chefe da Seção de Cães de Guerra selecionar e manter
os militares que atuem e trabalhem realmente dentro do perfil desejado.
Planeja a manutenção e substituição das diversas funções, levando em
consideração as particularidades de cada unidade. Os candidatos a
componentes da SCG, devido à peculiaridade de compor conjunto com um
animal, e da longa preparação para figurantes e adestradores precisam
ter a perspectiva razoável de permanecer na SCG no ano seguinte.
Candidatos que no A+1 estarão sendo desligados por tempo de serviço,
cursos de especialização ou formação não serão selecionados como
condutores.
Este planejamento inclui quem selecionar para estágios e cursos.
Lamentavelmente, quando surge oportunidade de curso, existe uma
pressão para mandar militares mais antigos, algumas vezes sem
experiência alguma com cães. Os candidatos a cursos, estágios e
representações em competições serão escolhidos entre aqueles com
melhor desempenho nas provas de habilitação, que tenham oportunidade
quando retornarem do evento de passar experiência e conhecimentos para
os integrantes da SCG.
18
JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE
Recrutas voluntários farão o curso preparatório, e sua capacidade
de entender, gravar e aplicar os conceitos será avaliada. Inicialmente
servirão como tratadores e auxiliares, recebem instrução e são preparados
para serem condutores caso engagem como soldados do efetivo
profissional. É fundamental sempre ter um universo que permita cortes,
uma vez que há indivíduos, que a despeito das melhores intenções, não
tem perfil para trabalhar com cães.
1.2.1 VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS
É fundamental que o novo integrante da Seção de Cães de Guerra
(SCG) seja familiarizado com a história e tradições do emprego do cão.
Valores serão imbuídos no militar, desde o momento em que está sendo
selecionado para integrar a SCG, para que se motive e se orgulhe de
pertencer a uma especialização militar tão peculiar. A Seção de Cães de
Guerra tem o dever de imbuir no militar novato e manter no veterano um
forte espírito de corpo com um rígido código de conduta, incluindo valores
como honestidade, apreço a normas e regulamentos, fidelidade, honra, e
desprendimento. Estes valores são catequizados diariamente por
orientações e pelo exemplo de todos veteranos da seção. São atitudes
que valorizam os recursos humanos da SCG: a publicação de resultados de
provas de habilitação, com a criação de uma cerimônia de entrega de
brevês das habilitações para serem usados nas peiteiras dos cães,
formatura e cerimonial para entrega dos brevês aos condutores, criação
de um ambiente de meritocracia e a desmobilização de militares que
deixem de atender o codigo de conduta de um membro da SCG. Uma das
maneiras de induzir a incorporação de valores pelos integrantes é fazê-los
decorar o credo e repeti-lo em formaturas, solenidades e deslocamentos
em forma da SCG.
1.2.2 UM EXEMPLO DE CREDO PARA SCG:
Credo do condutor de cão de guerra
Credo do condutor de CG
Eu sou condutor de Cão de guera
Como ele,
Não há melhor companheiro
Não há pior inimigo,
protejo meu cão,
19
SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO
Meu cão me protege,
Meu oponente não terá abrigo da escuridão,
Meu cão verá o que não enxergo,
ouvirá o que não ouço,
seu faro será meu guia.
Juntos cumpriremos a missão,
A noite nos pertence,
Não passarão!
1.3 SELEÇÃO DOS CÃES
Assim como o homem, o cão de guerra tem um perfil: rústico, alta
tolerância ao desconforto, impulsos sociais, de caça e de luta acentuados
e ser saudável para se sujeitar aos desafios da atividade militar. Precisa
ter agressividade, morde de boca cheia e de forma tranquila, demonstra
agressividade latindo a comando, é controlável e tem sua capacidade de
farejar explorada para atingir algum objetivo militar: oponente, droga,
arma, ou explosivo.
O cão de guerra pode ser desligado do canil a qualquer momento,
por não avançar no adestramento, por lesão definitiva ou simplesmente
por não habilitar em nenhuma prova prevista. Pode e é selecionado a partir
de seis semanas de idade, entre outros critérios, com o teste de Volhard
adaptado. Em muitos aspectos, se assemelha ao preparo e seleção do
militar. Como em um curso operacional, o militar pode ser desligado por
não estar apto nos exames médicos preliminares, não atingir suficiência
no teste físico inicial ou por não demonstrar desempenho mínimo durante
o curso; é um severo funil que, aos poucos, vai selecionando e mantendo
os melhores.
1.3.1 SELEÇÃO DE FILHOTES
Os Testes de filhotes são empregados por organizações no mundo
inteiro, como instituições que selecionam e treinam cães guia para cegos
como “Leader Dogs for the Blind” e a Real Policia Montada Canadense. O
mais conhecido é o teste de “Volhard” e, usualmente, os testes são
bastante similares entre si, com algumas variantes. As Forças Armadas
americanas têm testes padronizados para aquisição de cães adultos.
 Uma única pessoa examinará o filhote e é estranha a ele. A idade
ideal do teste é de sete semanas. O exame será individual e em um
20
JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE
ambiente isolado de outros estímulos. O lugar escolhido para aplicar o
teste tem condições adequadas, sem ruídos, movimentos, pessoas ou
qualquer coisa que possam distrair a atenção do filhote examinado. Os
testes serão aplicados de forma neutra, sem preparação prévia do filhote
e sem qualquer tipo de estímulo positivo ou negativo por parte do
examinador. Todo filhote começa com 100 pontos que são descontados
conforme a tabela. Em alguns testes, há descrição de “não serve”; a
experiência tem confirmado o que os programas de criação e seleção de
organizações militares e policiais já descobriram e descreveram em seus
manuais, não vale a pena perder tempo com estes filhotes. O Ch da SCG
pode mudar o peso de cada item, pode acrescentar outros testes,
principalmente, tendo sob perspectiva o que já tem em carga no canil e os
candidatos caninos disponíveis. Em toda a população há uma curva de
Gauss (distribuição normal), onde há os medianos e os extremos. O Chefe
da SCG corta os cães das faixas extremas inferiores, ficando com cães
médios, muito bons e excelentes. Conforme a SCG vai amadurecendo, o
padrão vai se elevando, o que é considerado um cão médio hoje na Seção,
possivelmente será um cão cortado em três anos. Um cão cortado da SCG,
por estar na extremidade inferior dos cães daquele canil, pode servir para
outra SCG que, naquele momento, não disponha de cães tão bons. Pode,
inclusive, ser alienado legalmente, gerando uma guia de recolhimento à
União e parte dos recursos pode retornar à SCG.
Não se admitem cães com medo de barulhos fortes. Aqueles que
possuem medo de tiro simplesmente não servem como cães de guerra.
Manter um cão desses é inaceitável, colocando a credibilidade da Seção
em cheque. Cães submissos também são cortados da SCG e não são
transferidos para nenhum outro canil, nem do Exército, nem de forças
auxiliares; podem, eventualmente, servir como bons cães de guarda ou
companhia doméstica e, preferencialmente, são castrados antes da
doação. Não é conveniente alienar cães nestas condições ou permitir que
o novo proprietário leve algum documento. É um cão problema que, por
anos, fará propaganda negativa da SCG de que foi originado.
21
SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO
Ficha de Avaliação de Temperamento para filhote no processo seleção para Cão de GuerraTESTE
Filhote solto no meio de uma sala estranha
Inicia a exploração da sala imediatamente depois de ser largado;
postura corporal relaxada; comportamento confiante
Explora depois de alguma hesitação; postura corporal tensa;
cuidadoso
Quase não explora ou não explora; muito cuidadoso
Não explora nada; claros sinais de insegurança
Aproximação para um ser humano estranho
Filhote se aproxima imediatamente com postura confiante
Filhote se aproxima imediatamente, mas com postura levemente
tensa
Filhote se aproxima depois de um tempo; postura corporal tensa
Filhote não se aproxima e demonstra medo
Buscar bolinha
Imediatamente persegue, abocanha e corre com ela na boca
Imediatamente persegue, mas investiga antes de abocanhar
Aproxima-se da bola lentamente, investiga com receio
Não segue a bola
Tem medo da bola rolando no chão
Pressão da pata por 5 segundos, pressão suficiente para o filhote
demonstrar desconforto, puxar a patinha ou ganir
Demonstra desconforto; demonstra alguma reação de defesa;
tenta morder o avaliador e, quando solto, imediatamente se
aproxima do avaliador sem receio algum
Demonstra desconforto; não demonstra agressividade; quando
solto, se aproxima do avaliador ser for motivado para isso
Demonstra claro desconforto; tenta se livrar; quando solto,
hesita e não se aproxima do avaliador
Barriga para cima
Tenta se virar energicamente, se torna agressivo
Permanece parado, mas tenso
Descansa confiante e relaxado
Medo, pode urinar
Barulho forte
Imediatamente investiga a origem do som, se aproximando
Olha para direção do som, mas permanece imóvel
Reação inicial é de susto, mas recupera rápido e investiga
Claramente se assusta com o barulho, se afasta da or igem do
som e pode demonstrar pânico
Não reage (filhote pode ser surdo)
Papel amassado e arremessado à frente do filhote
Imediatamente persegue o papel amassado, abocanha e carrega
Persegue e abocanha
Persegue depois de ser estimulado na segunda ou terceira
tentat iva
Não persegue, não percebe
Cabo de guerra gentil com paninho macio
Brinca animadamente; não se distrai por barulho ou até o toque
do avaliador em seu corpo; não desiste com facilidade; se
avaliador soltar o pano, carrega vivamente
Brinca, mas se distrai facilmente
Não brinca
PONTOS DESCONTADOS
0
5
10
Não serve para Cão de guerra
0
5
10
Não serve para Cão de guerra
0
5
10
20
Não serve para Cão de guerra
0
5
15
0
5
10
Não serve para Cão de guerra
0
5
15
Não serve para Cão de guerra
0
5
15
25
0
5
Não serve para Cão de guerra
22
JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE
1.3.2 SELEÇÃO DO CÃO ADULTO
A seleção de um cão adulto é extremamente rigorosa. A vantagem
de selecionar um cão adulto é que ele estará pronto para missões em
prazo bem menor do que o filhote, sem os riscos assumidos com a seleção
desde filhote de desenvolvimento de doenças genéticas como displasia
coxofemoral ou displasia de cotovelo. Outra vantagem é que podem
aparecer excelentes cães doados, dominantes, agressivos, com impulsos
altos de caça e de trabalho, incompatíveis com um ambiente doméstico
usual, mas com excelente potencial para cães de trabalho. A principal
desvantagem é que o cão adulto não é tão moldável quanto um filhote;
sua evolução, mesmo com estímulo, será mais limitada; o que ele apresenta
no teste de seleção é muito próximo do desempenho que se pode esperar
dele. É conveniente que o cão tenha impulso por caça, mas um cão duro,
maduro e dominante não vai interagir por impulso por caça com um estranho
imediatamente. O avaliador leva isto em consideração e usa equipamento
de proteção completo e mantem o cão amarrado em um poste,
independente do que o doador/vendedor informe. Cães adultos agressivos
com pouco ou nenhum impulso por caça podem ter lugar na SCG como
cães de guarda ou choque; o Chefe SCG avalia a necessidade de receber
um cão limitado, da mesma maneira que cães com impulso alto por caça,
mas com pouca ou nenhuma agressividade podem, eventualmente, ser
aproveitados como cães exclusivos de detecção. O que não tem serventia
alguma é um cão adulto sem agressividade e com baixo impulso por caça.
O cão adulto ideal é confiante, demonstra agressividade por dominância,
ou social, demonstra elevado impulso por caça. Cães agressivos por medo
são extremamente limitados e perigosos para servirem como cães militares.
O teste do cão adulto segue os mesmos princípios do filhote, não
houve contato prévio do avaliador com o cão e é escolhido um ambiente
estranho ao cão, por exemplo, uma praça pública ou um local dentro da
OM. Por ser um cão adulto, o avaliador se preocupa com sua segurança, e
pede para quem está doando ou vendendo o cão adulto amarrá-lo em um
poste; depois de amarrado, o doador se afasta do campo de visão e longe
do olfato do cão. A avaliação já inicia observando o comportamento do
cão, isolado em um ambiente estranho, sem apoio de seu condutor.
Submissão e receio são julgados com rigor, não há que se perder tempo
com um cão sem perfil para Cão de guerra. Mesmo em um ambiente
estranho e longe do seu condutor, é desejável o cão demonstrar estar
alerta, ativo, curioso e confiante. O avaliador não aceita desculpas como
23
SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO
o cão está nervoso por ter sido embarcado em carro, pela viagem ou o que
quer que seja; na verdade, o que interessa na avaliação é o desempenho
do cão isolado e sob condições de estresse. O se espera é que cão perceba
a aproximação e mantenha o eixo do corpo na direção do avaliador o tempo
inteiro. Responde à altura, se o avaliador se aproxima de maneira neutra,
amistosa, o cão não pode demonstrar medo, submissão ou inquietação.
Caso o cão demonstre agressividade exagerada sem sequer ser
estimulado ele pode ser descartado ou aceito. Será aceito levando em
consideração a experiência do pessoal do canil e possibilidades de futuro
emprego nas missões da SCG.
O avaliador inicia a figuração com mordente, luva, manga o que
achar conveniente; começa estimulando o cão em impulso por caça e faz
alguns movimentos de desafio, como gestos de ameaça ou aproximação
direta e frontal. É avaliado o interesse em perseguir um objeto em
movimento, morder e carregar. Insegurança e mordidas de ponta de dente
são avaliadas com rigor. Depois disso, o avaliador pede para o condutor
pegar o cão e conduzi-lo em pisos diferentes, asfalto, grama, lajota, piso
molhado, poças de água, ambientes internos, externos, ambientes escuros,
e escadas. O cão é embarcado em uma viatura e é transportado por alguns
minutos; demonstração de medo ou descontrole são avaliados com rigor.
Se o cão tiver impulso por caça suficiente para interagir com o avaliador,
este finge que lança o mordente em uma área e marca o tempo e interesse
do cão na procura, usando o faro. Cães com pouco ou nenhum interesse
inicial ou que não mantenham interesse por, pelo menos 2 minutos, são
descartados. Quanto mais tempo o cão demonstrar interesse, melhor. Outro
avaliador que não aquele que agitou o cão no poste, pode tentar realizar o
jogo com cão, o melhor desempenho é o cão que realiza intenso jogo de
cabo de guerra, demonstrando claro interesse pela brincadeira com o
condutor, interesse e excitação maior pela brincadeira do que pelo
mordente sozinho. Caso o condutor solte o mordente, pega outro igual e
excita e provoca o cão, motivando-o a continuar a brincadeira, o melhor
cão vai abandonar o mordente inanimado na sua boca ou no chão e perseguir
o mordente sendo agitado na mão do condutor.
A realização de um jogo de cabo de guerra intenso é uma situação
rara para ser encontrada em um cão adulto, sem preparação alguma.
realizar o jogo e, caso realize, abocanha o mordente de ponta de dente e,
se o avaliador soltar o mordente, o cão foge carregando-o em sua boca e
24
JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE
não retorna. Isto demonstra baixo impulso social e baixoimpulso por caça,
novamente, a necessidade do canil naquele momento é considerada. Um
canil maduro, com bons cães, não terá lugar ou necessidade para um cão
limitado.
O candidato canino é colocado a trotar ou caminhar por, pelo menos,
3 km. Mesmo um cão sedentário cobre 3 km sem maiores dificuldades;
intolerância ao exercício ou manqueira, descartam o candidato canino.
Quanto maior a distância que o cão percorra com conforto, melhor.
O cão é colocado em movimento, subindo e descendo escadas,
descendo mesa de adestramento, realizando pequenos saltos, sentando
várias vezes, isto é feito com cão frio, antes e depois dos exercícios e da
caminhada. Lesões artríticas são mais bem percebidas com o cão com o
corpo frio, lesões tendíneas e musculares são verificadas com o cão com
o corpo quente.
Um exame veterinário inclui imagens radiográficas de cotovelo,
coxofemoral e, se possível, vértebras lombo-sacrais; exame odontológico
à procura de fraturas, faltas de dentes, falhas de mordedura; se o cão não
permitir, será sedado; um exame oftalmológico é feito, verificando a
presença de opacidade de córnea, defeitos nas pálpebras, cataratas ou
degeneração da retina; um exame otorrino pesquisa otite crônica, rinite/
sinusite crônica e testes sorológicos de Dirofilaria immitis e de
Leishmaniose. Estes exames têm custo significativo, por isso, candidatos
duvidosos na avaliação de comportamento e testes físicos não avançam
nesta etapa.
Se, neste momento, o candidato canino apresenta bom potencial,
seu histórico de vacinação e vermifugação é verificado e fica a critério do
Oficial Veterinário revacinar o cão com as vacinas previstas pelo calendário
profilático anual imposto pela Seção de Remonta Veterinária. O cão é
vermifugado e recebe algum produto de combate contra pulgas, carrapatos
e mosquitos, como coleiras ou outros produtos específicos, antes do cão
ser alojado na SCG para finalização de sua avaliação.
Um termo de doação/venda será assinado, conforme modelo
NORCCAN e será estipulado no termo, um prazo para devolver o cão em
caso de descoberta de vícios redibitórios de pelo menos 10 dias. O ideal
seriam 30 dias, mas o doador ou vendedor pode oferecer resistência,
alegando risco de o animal contrair alguma doença. Se os 10 dias forem
bem empregados, dificilmente algum problema sério passará despercebido.
Ao receber o cão, seu adestramento começa imediatamente e,
25
SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO
principalmente, a natação, caminhada e início do jogo de cabo de guerra e
jogo de buscar. Antes do fim do prazo estipulado no termo de doação/
venda, o Chefe da SCG, juntamente com o Oficial Veterinário decidirão
manter o cão no adestramento ou devolvê-lo.
26
JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE
27
SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO
CAPÍTULO 2
AGRESSIVDADE CANINA E
PREVENÇÃO DE ACIDENTES
2.1 AGRESSIVIDADE CANINA
As imagens abaixo mostram ataques de cães sem adestramento
algum. Pode-se ver um ferimento no braço de uma mulher e um ferimento
na perna de um homem nas figuras abaixo, ambos atacados por cães
errantes. Cães sem adestramento, ou com adestramento mal conduzido,
atacam com as presas, os dentes caninos, e tracionam o local da mordida,
além de trocar de lugar. Ocasionam lesões graves, laceração e perda de
tecido, musculatura ou tendão. O cão corretamente adestrado, com
mordida de boa cheia, calma, sem mascar ou soltar, apreende o suspeito
e causa ferimentos de pressão, contundentes, com hematomas, sem rasgos,
ou arrancamento de tecidos.
Ferimentos causados por cães de companhia, sem seleção genética e sem
adestramento para mordida de boca cheia. Laceração, perda de tecido, cortes e
evidente risco de sequelas funcionais e estéticas.
28
JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE
Mordida de cão corretamente adestrado da Polícia canadense. Há ferimentos de
pressão, mas não há laceração, rasgos ou perda de tecidos. O cão, corretamente,
apreendeu e fez muita pressão com a boca.
Estatísticas americanas de ataque de cães no meio civil evidenciam
que a maior frequência dos ataques de cão (61%) acontece na casa da
vítima ou em ambiente familiar. Quando se incluem cães pertencentes à
família da vítima ou de algum amigo, a porcentagem sobe para (77%).
Estatisticamente, apenas um criminoso é vítima fatal em 177 ataques,
enquanto que as chances de um ataque que resulte na morte de uma
criança são 7 em 10. Dados do Centro Nacional de Controle e Prevenção
de Doenças de Atlanta: cães mordem 2% da população americana por
ano, mais de 4.7 milhões de pessoas. Segundo o Serviço Postal Americano,
a cada ano, 2851 carteiros são mordidos. O elevado número de 16476
mordidas de cães a pessoas com idade a partir de 16 anos foram
relacionadas ao trabalho (entregadores, eletricistas, pintores, jardineiros,
caseiros e empregadas domésticas). Outro dado é o local da mordida:
crianças atendidas em emergência têm mais chances de serem mordidas
no rosto, pescoço e cabeça , 77% das lesões em crianças abaixo de 10
anos são no rosto, maior parte dos acidentes são causados pelo cão da
própria casa ou de alguém próximo que ataca a criança por agressividade
despertada por dominância.
29
SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO
Totalmente diferente do ataque de cães não adestrados, ocorridos
em acidentes, o cão usado como ferramenta de arma não letal tem seu
adestramento direcionado para causar o maior controle, maior dissuasão
e menor lesão corporal possível. No uso da força legal empregando o cão,
não se admitem mordidas no rosto, cabeça ou genitais em nenhum
momento do adestramento. Eventualmente, especialmente durante
combates mais difíceis, o cão de trabalho pode morder em alvos que não
foram adestrados, mas isto será exceção e não a regra. Se um oponente
que fez uso de arma de fogo, feriu civis ou militares e combateu ferozmente
com o cão, for eventualmente mordido e apreendido no rosto, é uma
situação justificável perante a justiça, mas se um jovem alcoolizado resiste
à prisão e é mordido no rosto ou nos genitais, o abuso de uso de força
estará configurado.
São alvos da mordida do cão adestrado corretamente: braço,
antebraço, perna, coxa, peito e costas. O tipo de mordida adestrada e
condicionada no cão é a mordida de boca cheia, onde o equipamento de
proteção, macacão de mordida ou luva é colocado até a comissura labial
do cão, é a mordida de apreensão, o cão morde forte e solta apenas sob
comando do condutor. Além da questão de uso de força mínima necessária,
a mordida de boca cheia, em que o cão soltará apenas sob comando, ajuda
a imobilizar oponentes com vestuário pesado de frio, em que a dor da
mordida não é tão sentida, mas o cão apreende e submete usando o peso
de seu próprio corpo. É o que é visto em provas esportivas, em que o
figurante com pesado equipamento de proteção, é imobilizado ou até
mesmo derrubado pelo cão.
Aqueles estímulos ou situações que despertam a agressividade
canina são separados em diversas categorias ou tipos com finalidade
apenas didática. Em algumas situações é fácil definir a agressividade do
cão, em outras não. Há tipos de agressividade desejável para atividades
militares que serão estimuladas no cão e premiadas com combate com
figurante.
Tipos de agressividade desejáveis no cão de guerra
Territorial
Predatória
Lúdica,
Defesa
Dominância social
Impulso por Lutar
Condicionada
30
JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE
O cão pode começar a agressividade por um impulso e migrar para
outro, será difícil ou impossível determinar o ponto exato da transição.
O cão, quando desafiado, escolherá lutar, fugir ou se submeter.
Todos os cães protegem seu próprio território, a diferença é quanto de
desafio determinado cão suporta para defender seu território, até quando
resistirá para fugir ou se submeter. A agressividade despertada por impulsopara caça é o alicerce do trabalho do cão de guerra, é a excitação para
perseguir e apreender objetos que se comportem como presa. Por exemplo,
uma pessoa fugindo, mordente amarrado em uma corda agitados pelo
condutor.
Outro tipo de agressividade desejável é por impulso lúdico e
acontece entre filhotes irmãos de ninhada, entre cães camaradas ou entre
cão e seu condutor, que há simulação de combate para fins lúdicos, é o
brincar de lutar. Na agressividade despertada pela proteção o cão
demonstra agressividade porque se sente em perigo ou se já tiver formado
conjunto com seu condutor, protege-o como membro de sua matilha. A
agressividade despertada por dominância social acontece sempre contra
alguém do grupo ou matilha, pode ser outro cão ou pessoa, será despertada
quando o cão se sentir desafiado por algum cão do grupo na disputa por
mordente, comida, local de descanso, ou outro recurso. A hierarquia social
canina não é linear, um cão pode se submeter a outro em relação a um
mordente, principalmente se não considerar o mordente interessante, mas
pode desafiar este mesmo cão na disputa por comida, isso é especialmente
verdadeiro para as fêmeas. O impulso por luta, como qualquer impulso,
pode ter limiar baixo, qualquer estímulo e já iniciam a briga ou limiar muito
alto, é preciso muita energia ou desafio para estimulá-lo ao combate, tão
alto que somente entrará em combate se não tiver como fugir ou se
submeter. A agressividade condicionada por adestramento, o cão é
condicionado a demonstrar agressividade, morder a manga de proteção,
bolinha, macacão de mordida, independente do estímulo inicial, objetivo
da agressividade do cão de trabalho militar é ter a agressividade
condicionada. Quando chegar na agressividade condicionada, os impulsos
que iniciaram ficam difíceis de precisar e definir, o cão de guerra pronto,
quando ataca sob comando de seu condutor, vai lutar, vai agredir,
misturando todo quebra cabeça montado durante meses, misturando
impulsos pela presa, pela luta, pela dominância social, etc.
Algumas maneiras de despertar agressividade canina são
indesejáveis para atividade militar. Na agressividade redirecionada, o cão
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SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO
é excitado a agredir alguém ou outro animal; mas não consegue e acaba
agredindo outro alvo mais perto ou mais fácil. Ocorre, quando, por exemplo
o cão impedido de morder figurante, muito excitado, morde o próprio
condutor. Na agressividade estimulada por irritação, o cão é irritado a ponto
de agredir para suspender a inquietação. Na agressividade induzida por
dor o cão morde o veterinário que lhe aplica uma injeção dolorosa. Na
agressividade induzida por medo, o cão se sente ameaçado com ameaça
real ou imaginária e agride para se defender. Na agressividade maternal,
a fêmea com prole demonstra agressividade para proteger sua ninhada.
Na agressividade estimulada por comportamento sexual, o cão macho
agride outro macho do grupo para disputar fêmea no cio. Na agressividade
idiopática, a causa não pode ser atribuída a nenhuma dos tipos aqui
descritos, o ataque é inesperado, intenso e acaba da mesma maneira
abrupta que iniciou. Estes ataques caóticos, sem causa ou provocação
clara, totalmente imprevisíveis, causam acidentes graves, suspeita-se que
haja relação com algum tipo de má formação ou problema neurológico
congênito ou adquirido, semelhante a outros comportamentos patológicos
estereotipados já reconhecidamente de origem genética, como perseguir
o rabo ou ferimentos por lambedura.
O cão se comunica com uma rica linguagem corporal, ferormônios,
odores e vocalização. Dos recursos de comunicação empregados pelo cão,
será de valor inestimável para o militar envolvido na cinotecnia o
conhecimento para interpretar a linguagem corporal. A maior parte da
comunicação de interação social do cão expressada pela linguagem
corporal pode ser dividida em três categorias:
1. Sinais para afastar oponente;
2. Sinais para convidar aproximação;
3. Sinais de excitação.
Somente cães dominantes usam sinais para afastar oponentes. Cães
submissos não são empregados como cães militares, em uma situação
específica em que um cão de guerra seja muito desafiado, ele pode
Tipos de agressividade indesejáveis no cão de guerra
Redirecionada
Induzida por irritação
Dor
Medo
Maternal
Comportamento Sexual
Idiopática
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JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE
demonstrar sinais de submissão, o que representa erro grave de
adestramento.
A linguagem corporal do cão pode ser interpretada pelo nível de
agitação, o cão pode expressar dominância se movimentando rapidamente,
investigando o ambiente em que se encontra, farejando o ar ou se
aproximando do figurante. O cão pode demonstrar estresse com
imobilidade. Outro sinal importante é o eixo do corpo em relação ao
oponente, o ideal é que o cão sempre mantenha o eixo apontado para o
oponente ou desafio como se fosse uma flecha, cuja ponta é o focinho, a
coluna vertebral do cão é a haste e seu rabo é a extremidade da flecha. Se
estiver apontado para qualquer outro lado, o cão está se submetendo por
gesto de evitação social.
Passadas lentas e tensas em que o cão tenta simular uma silhueta
maior que seu tamanho real, tônus muscular tenso, na altura do pescoço e
da cabeça, indicam alta dominância e baixa submissão.
Um cão demonstra dominância com o rabo elevado. Se o cão
pretende desafiar o oponente que está a sua frente, o cão não manterá a
posição do rabo baixa ou relaxado, pois isto expressa submissão por gesto
de evitação social. O rabo entre as pernas demonstra evidente submissão.
Quando o cão abana rapidamente o rabo demonstra excitação e pode,
nesta condição, partir direto para a agressão, isto é especialmente
verdadeiro com cães da raça Rottweiler.
Os cães possuem vários sinais corporais para tentar dissuadir a
aproximação de cães e pessoas estranhas ou oponentes: cabeça na direção
do oponente, desloca-se na direção do oponente, fica em pé, tenta simular
silhueta maior que a real eriçando os pelos do dorso ou alongando as
patas, é equivalente a um humano na ponta dos pés; se elevam a cabeça
e pescoço, mantêm contato visual direto, vocalizam com rosnado, latido
ou apenas mostram os dentes.
O cão pode demonstrar vários sinais para demonstrar graus
variáveis de submissão na aproximação do oponente. Cão se movimenta
com o eixo do seu corpo perpendicular a aproximação, o cão pode afastar-
se ou permanecer imóvel para inspeção (permitir-se ser cheirado por outro
cão, gesto que pode ser mimetizado quando na frente de um humano),
pode baixar o corpo, cabeça e pescoço, quebrando o contato visual direto
e traçando um evidente gesto de evitação social. Quando um cão quer
demonstrar submissão, não expõe seus dentes, não rosna, não late e
vocaliza de forma evidentemente submissa: uiva ou chora. Quando o cão
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SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO
demonstra submissão, seu rabo se movimenta lentamente ou não se
movimenta.
O contato visual direto - quando o cão olha no olho - é desejado e
estimulado do condutor com seu próprio cão, facilitará a obediência e o
controle. Quando o militar se aproxima de cão estranho ou cão que não
forme conjunto, se encarar diretamente sem desviar o olhar, pode despertar
agressividade social. Quando o militar não quer despertar agressividade
social em um cão estranho, ao entrar em um canil, por exemplo, não
confronta o cão com olhar direto e exagera nos gestos de evitação social,
virar a cara e abrir um pouco a boca como se estivesse bocejando.
Já o figurante que deseja despertar agressividade social encarara
o cão. Terá cautela, pois é um desafio intenso para cães imaturos e com
pouco adestramento. Já cães maduros não se ressentirão, pelo contrário,
corresponderão ao desafio com sinais para afastar o oponente.
Gesto de evitação social é quando o cão quebra o contato visualdireto e está sendo submisso, é indesejável no cão de guerra. O condutor
corrige e torna-se menos rígido, a coerção ou correção pode estar sendo
exagerada para aquele cão naquele momento. Se o animal fizer gesto de
evitação social com o figurante, erro grave foi cometido; se o figurante
desafia o cão mais do que ele podia enfrentar naquele ponto do
adestramento, o figurante imediatamente adota gestos de submissão, se
afasta, diminui sua silhueta, vira a cara e foge para o cão retomar sua
confiança.
O cão demonstra sinais de estresse se escondendo atrás de seu
condutor ou de objeto, dilata as pupilas e desenvolve tremores musculares;
neste caso, comandos são ignorados pelo cão que pode ficar totalmente
imóvel. Cães militares que demonstram estresse em situações corriqueiras
para cães de guerra como tiros, sirenes ou gritos serão reavaliados, talvez
não tenham perfil para enfrentar os desafios exigidos.
Alguns cães baixam a cabeça quando estão excitados no impulso
por caça, pode ser agressividade predatória, o cão pode estar prestes a
pular e a morder.
Ataques são explorados pela mídia com informações imprecisas
que causam mais confusão e medo do que esclarecimento, é muito comum
depoimentos de pessoas despreparadas. O condutor orienta a todos, no
meio militar e no meio civil para dissociar totalmente o cão de guerra
desses acidentes. Todas as demonstrações de emprego do cão de guerra
são oportunidades que não podem ser perdidas, demonstrando
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JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE
profissionalismo e competência. Evitar demonstrações com exercícios
circenses sem aplicação militar. As demonstrações evidenciam que o cão
de guerra é um cão distinto e único, com seleção, preparo e adestramento
diferenciados do cão do meio civil.
2.2 PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Há risco maior de acidentes pessoas que não participam da rotina
da SCG. Pessoas que entram em contato com os cães apenas
eventualmente, como por exemplo: civis visitantes e outros militares do
pelotão ou companhia.
Na condução de seu próprio cão há risco menor, mas existe. Os
condutores estão sujeitos à agressividade redirecionada ou depois de uma
correção. Existe risco comum a todas as atividades físicas como quedas,
torção de tornozelo ou pulso. Há risco com instalações como cortar ou
apertar dedos em portões, quedas em pisos escorregadios e molhados do
canil durante a limpeza. O condutor não usa pulseiras ou anéis durante a
realização do jogo, pois pode ocasionar lesões em si mesmo e/ou no cão.
Fora do adestramento de agitação, sempre colocar a focinheira; o condutor
lê o cão, percebe sinais de estresse e não pressiona demais ou
precocemente, antes de conquistar a liderança de seu conjunto. Quando
um cão é habituado com seu condutor, vai tolerar muito mais contato,
mesmo em posteriores, genitais e em cima da cabeça do que um cão que
acabou de ser assumido pelo condutor.
Um risco para o condutor é forçar um cão dominante a deitar. O
condutor mantem o rosto sempre alto. Se for necessário forçar o cão para
deitar, o condutor pressiona para baixo na barriga aa guia com seu pé, ou
passa a guia por uma argola cravada no chão.
O militar que faz a figuração está mais propenso a sofrer acidentes.
Uma vez que esteja usando ou mesmo apenas carregando equipamento
de proteção perto de cães de trabalho, é obrigação do figurante estar
atento para se proteger de um cão que se solte ou saia do controle de seu
condutor, e se for inevitável, direciona a mordida para o equipamento de
proteção.
Durante a figuração, o condutor que segura o cão não pode se
movimentar, quando se permite ser puxado pelo cão, expõe o figurante à
mordida onde e quando não ele não espera. O figurante protege o rosto
com a manga ou luva oculta, sempre oferece o equipamento para o cão, o
condutor mantem o cão baixo enquanto segura a guia. O militar que faz
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SELEÇÃO, ADESTRAMENTO E EMPREGO DO CÃO DE GUERRA DE DUPLA APTIDÃO
figuração cuida dos dedos fora do equipamento de proteção, nos casos da
utilização do macacão de mordida e da luva oculta.
O figurante sempre combina o exercício, simulando-o com o cão
“fantasma” antes da atividade. No caso de cães muito agressivos ou muito
pesados para o condutor segurar, utilizar uma segunda guia de segurança
presa em poste, árvore ou gancho fincado no chão. Para diminuir a chance
de queda na grama molhada é conveniente uso de chuteiras pelo figurante.
Áreas de adestramento e canis são locais onde podem acontecer
acidentes aceitáveis, onde cães novos e inexperientes estão sendo
iniciados.
Fora da área de adestramento, somente conjuntos habilitados serão
empregados em missões, pois os cães terão suas focinheiras retiradas
frequentemente, além de estarem juntos com outros cães que estarão
excitados com a agitação.
Independente da antiguidade, sempre perguntar aos militares que
estão na área de adestramento se é seguro entrar; caso esteja conduzindo
um cão, perguntar se pode passar com o cão para prendê-lo/soltá-lo do
canil. Caso um cão se solte do condutor ou fuja da caixa de transporte ou
canil, o condutor grita para todos “cão solto!”. Ao ouvir o alerta, todos os
outros militares param qualquer atividade, não se agitam,
preferencialmente não se movimentam, todos os outros condutores
chamam seus cães e, se possível, colocam-lhes focinheiras.
Quando o militar está de serviço, entra somente nos canis
autorizados, nos horários habituais. O militar prepara o material na frente
do canil, mangueira para limpeza, ração, vassouras, etc. Cães são animais
de hábitos e facilmente se habituam que entrem em seus canis nos mesmos
horários e realizando as mesmas tarefas. O militar de serviço não mexe
no prato ou mordente de cão que não seja o seu.
Militar que entra nos canis jamais ameaça o cão com água ou tigela,
toma cuidado com o dedo nos portões para evitar acidentes menores, mas
que podem acarretar desconfortos. A manutenção adequada das
instalações está diretamente relacionada com a prevenção de acidentes
como soldar ferros soltos, consertar buracos em telas, colocar graxa em
ferrolhos para abrir e fechar com facilidade, lixar pontas que possam
machucar humanos ou cães e ter cautela dobrada no piso escorregadio no
canil. Militar não demonstra medo ao entrar no canil, planeja o que vai
fazer, entra e faz, e não olha para o cão diretamente. Se houver
necessidade, laça o cão com a guia, faz-se um laço grande na guia
passando por sua pulseira e captura o cão sem necessidade de aproximar
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JOSÉ LUIZ FONTOURA DE ANDRADE
suas mãos da cabeça do animal e, então, prende o mosquetão na tela do
canil. Se houver real necessidade, somente então coloca enforcador ou
coleira, se for possível, troca o cão de canil ou o coloca na caixa de
transporte, utilizando o laço da guia como enforcador.
Em demonstrações, nenhum tipo de acidente é aceitável. A
qualquer momento, sob risco de acidente, quando o condutor apresentar
dificuldades de controlar o cão, com público muito perto ou não respeitando
o balizamento ou o piso for escorregadio, qualquer militar pode solicitar a
interrupção do exercício alertando a todos, ou ele mesmo interrompe a
execução de seu exercício. Em demonstrações, nada é mais importante
do que a segurança, nem mesmo a missão da demonstração, o militar
mais antigo pode suspender determinados exercícios ou, eventualmente,
suspender toda a demonstração caso perceba risco de acidente.
Chefe da SCG orienta a todos para jamais: conduzir dois cães juntos,
amarrar cães sem supervisão, amarrar em viaturas, deixar cães próximos
de público sem focinheira, como na hora da foto e de perguntas.
Os locais de adestramento de ataque são bem definidos com
pirulitos de aviso, fitas pretas e amarelas de advertência e cones. Áreas
com algum tipo de barreira física já presentes como ginásios e quadras
esportivas podem ser exploradas para melhorar a segurança. Se houver
necessidade, será prevista a distância

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