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GESTÃO DE CADEIAS DE SUPRIMENTOS E RELACIONAMENTOS COLABORATIVOS Ricardo S. Martins –UFMG/NIPELOG Belo Horizonte – MG Junho de 2013 Gestão de Cadeias de Suprimentos e Relacionamentos Colaborativos – Prof. Ricardo Martins Material para uso didático 1 GESTÃO DE CADEIAS DE SUPRIMENTOS E RELACIONAMENTOS COLABORATIVOS Ricardo Silveira Martins Professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Ciências Econômicas/Centro de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (CEPEAD)/Área: Gestão de Operações e Logística INTRODUÇÃO A ciência da Administração segue o processo presente na maioria das Ciências Sociais, conforme Borgatti e Li (2009), que implica explicar o sucesso empresarial pelos atributos individuais, pelo ambiente e, mais recentemente, pela perspectiva relacional. Christopher (2007) avalia a perspectiva relacional no corpo analítico e estratégico da Administração como um dos avanços mais significativos no pensamento administrativo dos últimos anos. Para Morgan e Hunt (1994), estabelecer, desenvolver e manter relacionamentos de sucesso é a maior mudança nas teorias e práticas de mercado. Esta perspectiva toma corpo na mudança de paradigma ocorrida, em direção ao gerenciamento dos relacionamentos em redes de negócio, que estende os conceitos de cooperação, colaboração e competição, resultantes do acirramento da concorrência em quase todos os setores de negócios na arena global. E para sobreviver neste cenário, as empresas têm buscado implementar práticas gerenciais que aprimorem a oferta de valor aos seus clientes, seja pelo aumento nos benefícios de seus produtos e serviços, seja pela redução no custo destas ofertas, seja pela combinação das duas variáveis. Cada um destes direcionadores (aumento dos benefícios ou redução dos custos) contribui de modo efetivo para mudanças nas práticas de gestão, e isso inclui as práticas voltadas para o gerenciamento coordenado das atividades ocorridas no âmbito das áreas funcionais e das empresas membros de suas redes de relacionamento. Afinal, tem sido cada vez mais claro para os gestores de empresas que o foco apenas nas práticas de cada empresa individualmente é insuficiente para identificar e explorar oportunidades de aprimoramento no sistema como um todo (HARLAND; LAMMING; COUSINS, 1999). Uma grande transformação na perspectiva da gestão é a primazia do valor a ser entregue ao cliente final sobre as áreas funcionais e empresas. Desta forma, o principal motivador para o design, implementação e controle de práticas é o aprimoramento do valor e seus processos. Diversos estudos mostram que corporações de alto desempenho foram capazes de redefinir o padrão de desempenho em seus setores de negócios com a adoção de modelos integrados de gestão dos fluxos de materiais, produtos e serviços (CHRISTOPHER, 2007). Gestão de Cadeias de Suprimentos e Relacionamentos Colaborativos – Prof. Ricardo Martins Material para uso didático 2 Gestão de Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management) A gestão da cadeia de suprimentos é um tema emergente que enfatiza o enfoque sistêmico para gerenciar o fluxo de informações, materiais e serviços, no atendimento à demanda dos clientes finais (CHRISTOPHER, 2007) de uma rede de empresas. Cadeias de suprimentos ou redes de suprimentos – supply chain ou supply network – são formadas por um conjunto de empresas que desempenham as atividades necessárias para assegurar o fluxo a montante e a jusante de produtos, serviços, fundos financeiros e/ou informações, englobando desde a fonte de matéria-prima até o cliente final (LUMMUS e VOKURKA, 1999; MENTZER et al., 2001). Tais configurações existem, independentemente de haver um gerenciamento que governe as atividades desempenhadas por seus diversos membros. Cadeias de suprimentos são sistemas grandes e complexos, caracterizados pela existência de funções organizacionais e empresas, estruturas dinâmicas, conhecimento incerto, informações assimétricas e problemas de planejamento e tomada de decisões (EGRI; VÁNCZA, 2013). Três razões são apontadas para o crescente interesse pela gestão da cadeia de suprimento: a) o fato de as empresas estarem cada vez mais especializadas em algumas tarefas que formam as suas competências essenciais, o que reforça a tendência à terceirização e ao aumento da complexidade na gestão dos relacionamentos com fornecedores; b) o aumento acentuado da competitividade na maioria dos mercados de atuação das empresas; e c) o entendimento de que a maximização do desempenho de um elo não garante o desempenho ótimo de uma cadeia ou rede de suprimento (LUMMUS e VOKURKA, 1999). Essas três razões reforçam a importância da gestão dos relacionamentos entre empresas. A gestão da cadeia de suprimento caracteriza-se por ser um tema multifuncional, abrangendo interesses de diversas áreas tradicionais das empresas, a saber: produção, logística, marketing e compras. Para implementar com sucesso a gestão da cadeia de suprimento, todos os seus membros devem desvincular-se de seus próprios silos funcionais e buscar a integração de seus processos-chave de negócios, desde o usuário final até os fornecedores originais (LAMBERT et al., 1998), em um processo que desconsidera cada vez mais as fronteiras organizacionais (CHRISTOPHER, 2007). Para que a cadeia se torne eficaz, é necessário haver a integração de todas estas atividades, tanto na esfera interna como externa à empresa, demandando algum nível de coordenação de atividades e processos dentro e entre os negócios (COOPER; LAMBERT; PAGH, 1997). Este é o caso em que se diz que determinada cadeia é gerenciada, pela empresa líder ou focal. Deficiências na coordenação das ações em tais sistemas produzirá resultados de desempenho sub-ótimos, uma vez que cada membro da cadeia de suprimentos tende a buscar otimizar sua parte no sistema, sem considerar o impacto de suas decisões “míopes” no desempenho global do sistema (FUGATE; SAHIN; MENTZER, 2006). Gestão de Cadeias de Suprimentos e Relacionamentos Colaborativos – Prof. Ricardo Martins Material para uso didático 3 Conforme Harland (1996), o uso do termo gestão da cadeia de suprimentos se estende a quatro ocorrências principais. São elas: - A cadeia interna que integra diferentes funções de negócios envolvendo o fluxo de materiais e informação de dentro pra fora e de fora para dentro na organização; - A gestão diádica de relacionamentos com fornecedores imediatos; - A gestão da cadeia de negócios incluindo fornecedores, fornecedores de fornecedores, clientes e clientes de clientes; - A gestão de uma rede de negócios interconectados envolvendo a provisão final de produtos e serviços em conformidade aos requerimentos dos clientes finais. A passagem por essas quatro ocorrências marca o próprio desenvolvimento temático na área. De certo modo, o conceito de cadeia de suprimentos surge como uma evolução a partir da logística, incorporando suas funções e ampliando o escopo (BALLOU, 2006). O conceito de SCM surgiu apenas a partir dos anos de 1980, e sua aplicação efetiva nos negócios ocorreu a partir dos anos de 1990 (MENTZER et al., 2001). Harland, Lamming e Cousins (1999) apresentaram o conceito de supply strategy. Tratou-se de um enfoque holístico baseado no entendimento da expansão das tradicionais fronteiras das áreas de operações, compras, logística, marketing e serviço aos clientes, incorporando aspectos que influenciam toda a rede de suprimentos, adotando para isso uma abordagem estratégica e racional: The concept of supply strategy integrates various existing bodies of knowledge and concepts, to form a holistic, strategic perspective of managementof operations, stretching across inter- organizational boundaries. Central to the concept of supply are the purchasing, use and transformation of resources to provide goods or service packages to satisfy end customers today and in the future, and the organizational structuring decisions that accommodate global markets. (HARLAND; LAMMING; COUSINS, 1999) É neste contexto de mudanças intensas e abrangentes no cenário de negócios global que se desenvolveu o conceito de “gestão das cadeias de suprimento” – Supply Chain Management (SCM). O termo se refere à elaboração e implementação de práticas gerenciais avançadas e à perseguição ao modelo de gestão integrada das relações entre funções e entre empresas. Christopher (2007, p. 4) define o gerenciamento da cadeia de suprimentos como “a gestão das relações a montante e a jusante com fornecedores e clientes, para entregar mais valor ao cliente, a um custo menor para a cadeia de suprimentos como um todo”. Considerando a ideia de uma cadeia estendida, a própria palavra “cadeia” passa a ter conotação de “rede”, em função da existência de múltiplos fornecedores, fornecedores de fornecedores, múltiplos clientes, clientes de clientes, todos esses elementos presentes em um sistema total (CHRISTOPHER, 2007). Nessa direção, Christopher (2007, p. 5) destaca o conceito de cadeia de suprimentos como “uma rede de organizações conectadas e interdependentes, trabalhando conjuntamente, em regime de cooperação mútua, para controlar, gerenciar e aperfeiçoar o fluxo de matérias-primas e informação dos fornecedores para os clientes finais”. Gestão de Cadeias de Suprimentos e Relacionamentos Colaborativos – Prof. Ricardo Martins Material para uso didático 4 Muito antes, Forrester (1958) apresentou uma teoria da gestão da distribuição que reconhecia a natureza integrada dos relacionamentos organizacionais. Para comprová-la, desenvolveu uma simulação computadorizada do fluxo de informações dos pedidos e sua influência no desempenho da produção e distribuição para cada membro isoladamente e para a cadeia de suprimento como um todo. Este fenômeno recebeu o nome de “Efeito Chicote”, e foi incorporado de maneira abrangente às pesquisas acadêmicas em logística, produção, marketing, compras e, mais recentemente, em SCM. Para o autor: There will come general recognition of the advantage enjoyed by the pioneering management who have been the first to improve their understanding of the interrelationships between separate company functions and between the company and its markets, its industry, and the national economy” (FORRESTER, 1958). Tal reconhecimento da importância dos relacionamentos entre funções individuais e entre empresas nas cadeias de suprimento ocorreu, inicialmente, em mercados mais desenvolvidos. Posteriormente, se espalhou de forma abrangente para o ambiente de negócios mundial. Como consequência, surge uma nova orientação dos negócios, voltada para o atendimento às necessidades dos clientes, com foco em criar fontes únicas e individualizadas de valor (MENTZER et al., 2001). Na opinião destes autores, há que se distinguir entre SCM e supply chain orientation (SCO), sendo o segundo construto um pré-requisito para a implementação do primeiro: Supply chain orientation is defined as the recognition by an organization of the systemic, strategic implications of the tactical activities involved in managing the various flows in a supply chain. Thus, a company possesses a SCO if its management can see the implications of managing the upstream and downstream flows of products, services, finances and information across their suppliers and their customers ..... a company does not have a supply chain orientation if it only sees the systemic, strategic implications in one direction (MENTZER et al., 2001). Portanto, a partir deste entendimento, Mentzer et al. (2001) concluem que não há que se falar em SCM em situações em que os elos diretamente envolvidos com os fluxos a serem administrados não possuírem a SCO. Em outras palavras, as áreas funcionais e empresas envolvidas devem primeiro ter uma orientação para a cadeia de suprimentos, para depois poderem implementar a gestão da cadeia de suprimentos. Caso contrário, o que é possível realizar é a implementação de algumas práticas individuais, como entregas just-in-time ou eletronic data interchange. ... a suppy chain orientation is a management philosophy, and supply chain management is the sum total of all the overt management actions undertaken to realize that philosophy (MENTZER et al., 2001). Os autores formularam então um framework conceitual, contemplando os antecedentes e as consequências da SCM, como apresentado na Figura 1. Antecedentes ao SCM são os fatores que afetam positivamente ou negativamente a implementação da SCO (MENTZER et al., 2001). O reconhecimento da importância destes antecedentes por uma empresa representa um antecedente para a SCO. São eles: Gestão de Cadeias de Suprimentos e Relacionamentos Colaborativos – Prof. Ricardo Martins Material para uso didático 5 Figura 1 – Antecedentes e Consequências da SCM Fonte: Mentzer et al. (2001) Confiança: disposição em confiar em um dado parceiro de negócios (função ou empresa). Exerce papel essencial em situações problemáticas como conflitos ou assimetria de poder, baixos lucros, etc; Comprometimento: garantia implícita ou explícita da continuidade do relacionamento entre parceiros de negócios; Interdependência ou dependência mútua: refere-se à necessidade de se manter um relacionamento com parceiro de negócios para se atingir metas traçadas; Compatibilidade organizacional: refere-se à existência de objetivos e metas complementares entre parceiros de negócios, bem como similaridade entre as filosofias de operação e a cultura corporativa dos mesmos; Visão: deve haver entendimento comum entre os parceiros de negócios sobre a criação e comunicação da visão da cadeia de suprimento; Processos-Chave: a SCM pode ser entendida como o gerenciamento de múltiplos processos de negócios, incluindo os processos logísticos e das demais funções tradicionais das empresas; Liderança: as cadeias de suprimento necessitam de líderes (empresas, funções e indivíduos). Tais líderes exercem papel crucial na coordenação e na compreensão da cadeia de suprimento como um todo, e devem ser capazes de estimular comportamento cooperativo entre os demais membros; Apoio da alta-direção: desempenha papel crítico na definição dos valores, orientação e direção das organizações, além de assegurar comprometimento com as mudanças; Conforme Davenport e Brooks (2004), usualmente o primeiro ímpeto para a adoção da SCM tem a ver com as oportunidades de redução de custos. No entanto, efetivamente o grande motivador para as empresas são as oportunidades de Supply Chain Orientation Visão Sistêmica Visão Estratégica Antecedentes Confiança Comprometimento Interdependência Compatibilidade organizacional Visão Processos-chave Liderança Apoio da alta direção Supply Chain Management Três ou mais empresas contíguas com uma SCO Compartilhamento de informações Compartilhamento de riscos e recompensas Cooperação Metas e objetivos similares quanto ao serviço ao cliente Integração de processos-chave Relacionamentos de longo prazo Coordenação interfuncional Consequências Menores custos Aumento no valor percebido pelo cliente e na satisfação dos mesmos; Obtenção de vantagem competitiva Gestão de Cadeias de Suprimentose Relacionamentos Colaborativos – Prof. Ricardo Martins Material para uso didático 6 provocar profundas diferenças na qualidade do serviço ao cliente a partir da implementação da SCM. A coordenação sistêmica e estratégica das funções de negócios tradicionais e das táticas adotadas ao longo destas funções de negócios, dentro de uma empresa individual e ao longo de empresas pertencentes à cadeia de suprimento, com o objetivo de aprimorar o desempenho de longo prazo das empresas individuais e da cadeia de suprimento como um todo (MENTZER et al., 2001). O framework conceitual desenvolvido pelos autores, consequentemente, trata como sendo cruciais os papéis desempenhados pelas funções organizacionais na execução das atividades ligadas aos fluxos de materiais, serviços e informações nas cadeias de suprimento. Ainda, o modo como é coordenada a interação entre tais funções deve ser examinado. Coordenação é a essência do SCM, e seus benefícios estão bem documentados na literatura especializada (FUGATE; SAHIN; MENTZER, 2006). Atuar de forma coordenada sob o modelo de cadeias de suprimento gerenciadas permite que as cadeias de suprimento capturem a sinergia entre os diversos relacionamentos estabelecidos entre os seus membros (LAMBERT et al., 1998). Esse modelo integra todos os parceiros, bem como as funções internas a cada empresa membro, trabalhando juntos, de forma a tornar essa cadeia de suprimento mais competitiva (LUMMUS e VOKURKA, 1999). De acordo com Harland, Lamming e Cousins (1999), a habilidade de uma cadeia de suprimentos em entregar valor superior aos clientes está diretamente vinculada a três características: ter foco na satisfação das necessidades dos clientes; adotar ações intencionais de mudança do paradigma de gestão; e implementar tal status através de uma rede colaborativa de atores interdependentes – funções ou empresas – envolvidas nos processos que resultam na criação ou entrega do valor aos clientes. Dessa forma, foi possível identificar a expansão das fronteiras das áreas funcionais tradicionais, ocorrido inicialmente nas empresas e nas cadeias de suprimentos de alta performance, a partir das últimas duas décadas do Século XX. A intenção por trás desta expansão é o aumento na integração entre as práticas de negócios, considerando-se principalmente as áreas de operações, compras, logística e marketing. A estratégia competitiva das empresas deve estar alinhada com a estratégia de sua cadeia de suprimentos. O escopo de tal alinhamento estratégico é medido pela contribuição que cada função organizacional e cada elo da cadeia de suprimento pode gerar na projeção de uma estratégia integrada com um objetivo compartilhado por essa cadeia (CHOPRA e MEINDL, 2003). A expansão do escopo tanto inter- funcional quanto inter-organizacional do alinhamento estratégico é uma forma capaz de aprimorar o desempenho competitivo das cadeias de suprimento. Para isso, exige que as empresas líderes avaliem todas as ações no contexto de toda a cadeia de suprimento. Por meio dessa atuação conjunta, a gestão da cadeia de suprimentos permite a integração e o gerenciamento do suprimento e do fluxo, bem como o controle dos materiais e serviços, adotando uma perspectiva sistêmica a partir de múltiplas funções e de múltiplas camadas de fornecedores (MONCZKA et al., 2002). Os mais importantes elementos serão aqueles capazes de prover gestão e liderança a uma cadeia de suprimento plenamente integrada. Gestão de Cadeias de Suprimentos e Relacionamentos Colaborativos – Prof. Ricardo Martins Material para uso didático 7 A gestão da cadeia de suprimento pode ser entendida também como sendo a gestão dos relacionamentos à montante e à jusante com fornecedores e clientes, sempre com foco na entrega do maior valor possível ao menor custo total para a cadeia ou rede de suprimento (HARLAND, 1996; CHRISTOPHER, 2007). Baseia-se em condições de abertura e confiança entre os parceiros, adequação dos seus sistemas de informação, visão comum e objetivos de longo prazo, em busca de cooperação e desenvolvimento (SKJOETT-LARSEN, 1999). O compartilhamento de informações é um dos fatores que influenciam tanto o desenvolvimento quanto a manutenção das relações presentes na cadeia de suprimentos, manifestando-se nas negociações e rotinas dos membros envolvidos. Entretanto, existem empresas relutantes ao compartilhamento de informações, comportamento este que pode levar à inibição da confiança (FARIA et al., 2010; HANDFIELD et al., 2000). Mesmo sendo uma condição indispensável, de acordo com Faria et al. (2010, p. 5), “O compartilhamento de informações ao longo da cadeia tem a sua eficácia limitada por alguns obstáculos”. Explicam os autores que um desses obstáculos consiste na diversidade tecnológica. Os processos de negócio internos são suportados por processos e sistemas diferentes em cada empresa, diferentes sistemas integrados de gestão (ERP) ou até mesmo aplicativos e sistemas próprios, tornando difícil o cenário ideal de interconexões eletrônicas estendidas a clientes e fornecedores. Croxton et al. (2001) definiram uma contribuição substancial para a compreensão da gestão da cadeia de suprimentos ao incorporarem a visão dos processos que permeiam a GCS nas dimensões estratégicas e operacionais. Os autores identificaram oito categorias de processos de negócios que, sob o pressuposto do compartilhamento de informações, perpassam os diversos setores de uma organização, bem como os elos a montante e a jusante na cadeia de suprimentos. Conforme Croxton et al. (2001) os processos são: Gestão de relacionamentos com clientes; Gestão de relacionamentos com fornecedores; Gestão de serviços para clientes; Gestão de demanda; Gestão de pedidos; Gestão de fluxos da produção; Desenvolvimento de produtos e comercialização; e, Gestão de retornos. O papel da GCS diz respeito à integração e gerenciamento destes diferentes processos ao longo de toda a cadeia de suprimentos (CROXTON et al., 2001). É a atenção a esse conjunto de processos, que contempla os relacionamentos entre elos, que permite o alinhamento da cadeia de suprimentos para a criação de valor. Colaboração Nesta perspectiva, cooperação e colaboração têm sido os vetores mais eficazes de obtenção destes aprimoramentos dos processos que, regra geral, são Gestão de Cadeias de Suprimentos e Relacionamentos Colaborativos – Prof. Ricardo Martins Material para uso didático 8 interorganizacionais, e, desta forma, devem ser gerenciados ao longo de toda a rede (SPEKMAN et al., 1998), além das preocupações de desempenho interno. Ou seja, os autores enfatizam tanto a necessidade de integrar silos funcionais e passar a enxergá-los como interdependentes e comprometidos com o objetivo de satisfazer as necessidades do cliente final, quanto outras ligações igualmente importantes, como as que ocorrem entre clientes e fornecedores ao longo da rede. O resultado desses vínculos é um conjunto de firmas interconectadas e inter-relacionadas com o objetivo de obter vantagem competitiva para toda a rede. E as empresas têm percebido que a formação de redes é uma possível estratégia de concorrência de alcance, em substituição aos esforços isolados de empresas individuais. Experiências têm demonstrado que as organizações que obtêm os melhores resultados são aquelas que têm mais sucesso na estruturação, coordenação e gerenciamento dos relacionamentos com os seus parceiros na rede (CHRISTOPHER, 2007). Dessa maneira, as organizações componentes destas cadeias passaram a depender da performance adequada do conjunto dos seus parceiros. É necessário que uma parte considerável destes elos seja capaz de combinar as estruturas de recursos possuídas por cada um e de estabelecer ligações entre as atividades desempenhadasinternamente com aquelas desempenhadas pelos membros com os quais se relacionam. Tal forma de concorrência e gestão de relacionamentos interorganizacionais formam o paradigma conhecido como Gestão da Cadeia de Suprimento (Supply Chain Management). Trata-se da coordenação da integração de processos de negócios entre organizacionais que tenham um cliente final comum (COOPER et al., 1997). Segundo Mentzer et al. (2001), uma cadeia de suprimentos com gerenciamento pode ser definida como tendo presente a integração de pelo menos três ou mais empresas, que compartilham informações, prêmios e riscos, que cooperam, que integram processos, que têm metas e focos comuns, que formam parcerias de longo prazo e que reconhecem uma liderança e aceitam uma estrutura de coordenação. Fundamentalmente, este modelo de concorrer baseia-se na formação de redes de negócios, composta por organizações com atividades especializadas e com perspectiva sistêmica de atuação. Para Christopher (2007), a gestão dos relacionamentos entre os elos é um dos princípios do gerenciamento da cadeia de suprimentos, ao lado da responsividade (alinhamento às necessidades da demanda), confiabilidade (resultante da visibilidade limitada do canal) e resiliência (capacidade de regeneração a distúrbios). Tais princípios condicionam os resultados atingidos pelas cadeias, que podem ser medidos em termos de indicadores financeiros, participação nos mercados e níveis de satisfação dos clientes internos e externos. Os relacionamentos entre empresas podem variar de simples transações a complexos alinhamentos formalizados. Para Ellram (1992), a complexidade dos produtos envolvidos em uma transação determina o tipo de coordenação necessária entre as empresas envolvidas. A compra de commodities, por exemplo, tende a levar a relacionamentos simples, via mercado, enquanto a compra de produtos especializados, a serem obtidos de fontes restritas de fornecimento, tende a levar a relacionamentos mais complexos. Gestão de Cadeias de Suprimentos e Relacionamentos Colaborativos – Prof. Ricardo Martins Material para uso didático 9 No contexto de integração e coordenação, os princípios norteadores das estratégias alteram-se substancialmente (COOPER e ELLRAM, 1993). O objetivo desta interação mais estreita reside na compreensão de que essa é a forma adequada de se obter acesso aos recursos controlados por terceiros, a fim de que se combinem com a estrutura própria de recursos e capabilidades. Além disso, a interação permite que se aumente a coordenação entre as atividades desempenhadas pelo conjunto de empresas em um relacionamento, como forma de eliminar atividades similares e aumentar o grau de complementaridade entre essas estruturas. As empresas competem para atrair e reter seus clientes, ao mesmo tempo em que há espaço para a colaboração e a cooperação, pois as empresas apresentam problemas comuns presentes em todas elas. A cooperação e a colaboração podem coexistir com a competição, pois elas se situam em diferentes dimensões e atraem interesses diferentes, não se excluindo, na visão de Porter (1998). Cooperação refere-se a como os membros de um canal sincronizam suas atividades para realçar os benefícios mútuos (PIGATTO e ALCÂNTARA, 2006). Cooperação remete a comunhão de ações que visam gerar parcerias de longo prazo nas quais ocorram vantagens conjuntas às partes da relação. Consiste de ações coordenadas realizadas pelas firmas em relacionamentos interdependentes para encontrar benefícios mútuos ou benefícios particulares com expectativa de reciprocidade no futuro, segundo Anderson e Narus (1990). Ou seja, a cooperação ocorre quando há um objetivo comum entre as partes envolvidas, no qual ambas buscam se beneficiar com a união realizada. Cooperação e colaboração podem ser entendidos como conceitos com as mesmas implicações práticas. Autores como Johnson e Johnson (2001) e Hiltz (1998) defendem que não há diferença nas implicações dos dois conceitos. Johnson e Johnson (2001) e Hiltz (1998), parecem ver pouco benefício em tentar abstrair as diferenças no significado entre as duas palavras. A colaboração é um processo de tomada de decisão entre partes interdependentes. Isso envolve decisões conjuntas e de responsabilidade coletiva para os resultados. (BARBARA, 1991). Assim, entende-se que da mesma forma que a cooperação visa fins comuns, a colaboração esta relacionada à união de entre indivíduos, visando um objetivo comum. Colaboração é o processo pelo qual dois ou mais parceiros adotam um alto nível de cooperação intencional para manter um relacionamento de negócios ao longo do tempo (MONCZKA et al., 2002). Algumas características são necessárias para que se possa estabelecer um relacionamento colaborativo. Na Figura 2, são comparadas as principais características dos relacionamentos tradicionais e dos relacionamentos colaborativos. Relacionamentos colaborativos são personalizados, com base na confiança mútua, no relacionamento aberto e no compartilhamento de riscos e de ganhos (LAMBERT et al., 1998). A confiança envolve a crença de que cada estágio está interessado no bem-estar dos outros e de que medidas não seriam tomadas sem considerar seu impacto nesses outros estágios (CHOPRA e MEINDL, 2003). Refere-se à crença na reputação, na competência, na força ou na sinceridade do parceiro de negócios (MONCZKA et al., 2002) e no entendimento de que o relacionamento será benéfico para ambos, mesmo que isso não possa ser garantido (SLACK et al., 1997). Gestão de Cadeias de Suprimentos e Relacionamentos Colaborativos – Prof. Ricardo Martins Material para uso didático 10 DIMENSÃO ABORDAGEM TRADICIONAL ABORDAGEM COLABORATIVA Fornecedores Múltiplos fornecedores em disputa um contra o outro. Um ou poucos fornecedores preferenciais para cada item. Compartilhamento de economias O comprador retém benefícios. Os fornecedores ocultam benefícios. Compartilhamento ganha-ganha de economias. Esforço conjunto para melhorias Pouco ou nenhum. Aprimoramento conjunto dirigido para interdependência mútua. Resolução de conflitos Resolvidas unilateralmente pelo comprador. Existência de mecanismos de resolução conjunta de conflitos. Comunicação Pouca ou nenhuma troca de informações bilateral. Troca aberta e completa de informações. Ajustes de mercado O comprador determina reação a mudança de condições. Trabalho conjunto para se adaptarem às mudanças de mercado. Qualidade O comprador confere durante recebimento. Definida pelos requisitos do produto. Figura 2 – Características dos relacionamentos interorganizacionais Fonte: Adaptado de Monczka et al. (2002) Desenvolvimento dos relacionamentos em cadeias de suprimento As organizações são estudadas não somente pela própria forma de ser e de agir, mas também pelo modo como interagem com fornecedores e cliente, ou seja, na cadeia de suprimentos na qual atuam (PADOVANI, 2007). Relacionamentos são baseados em poder ou confiança, segundo Chopra e Meindl (2003). Aqueles baseados em poder são vantajosos no curto prazo, mas no longo prazo o lucro total da cadeia é reduzido e a concorrência entre os estágios pode aflorar, fruto da resistência ao abuso de poder do membro mais forte. Os relacionamentos baseados na confiança são, desta forma, mais propensos a perdurarem no longo prazo. Para Morgan e Hunt (1994), os relacionamentos de sucesso são baseados no compromisso e confiança. Estes autores consideram estas as variáveis-chave da explicação de desempenhos diferenciados entre cadeias de suprimentos, pois, os elos são encorajados a investir para responder às necessidades dos parceiros, o que remete ao aspecto da colaboração e sua participação neste relacionamento; resistir a eventuaissituações de curto-prazo mais interessantes em relação à estabilidade do longo-prazo; correr risco por confiar que haverá situações de oportunismo dos demais elos. Os relacionamentos entre empresas podem variar de simples transações a complexos alinhamentos formalizados. Para Ellram (1992), a complexidade dos produtos envolvidos em uma transação determina o tipo de coordenação necessária Gestão de Cadeias de Suprimentos e Relacionamentos Colaborativos – Prof. Ricardo Martins Material para uso didático 11 entre as empresas envolvidas. A compra de commodities, por exemplo, tende a levar a relacionamentos simples, via mercado, enquanto a compra de produtos especializados, a serem obtidos de fontes restritas de fornecimento, tende a levar a relacionamentos mais complexos. O padrão de relacionamento mais comum entre as empresas até o fim da década de 1980 caracterizava-se por um comportamento antagônico, adversativo, baseado puramente em preço de mercado, com pouco ou nenhum investimento e sem compartilhamento de informações (HOYT e HUQ, 2000), exceto as informações contratuais necessárias para a realização das transações (COX et al., 2003). Nesse tipo de relacionamento, os clientes cotam produtos com diversos fornecedores a cada necessidade de aquisição. Não estabelecem, dessa forma, uma relação de confiança e credibilidade (CHING, 2001; MONCZKA et al., 2002). Tais relacionamentos tradicionais entre compradores e vendedores são caracterizados como sendo de curto prazo (SLACK et al., 1997), envolvendo um baixo nível de contato entre fornecedores e clientes (COX et al., 2003), que se envolvem em uma batalha focada em baixos preços (WEBSTER, 1992). Virtualmente todas as informações necessárias estão contidas no preço do produto objeto da transação (WEBSTER, 1992). Em relacionamentos desse tipo cada elemento da cadeia age de forma isolada, buscando maximizar suas vantagens e reduzir seus próprios custos (NOVAES, 2001). Essa atuação não-colaborativa entre membros da cadeia faz com que, ao final, todos os custos caminhem para o mercado e sejam refletidos no preço pago pelo usuário final, tornando as cadeias de suprimento menos competitivas (CHRISTOPHER, 1997; CHOPRA e MEINDL, 2003). De modo geral, as empresas evitavam o envolvimento em excesso com seus fornecedores. Este comportamento pressupõe que a dependência de uma ou poucas fontes de suprimento pode aumentar as incertezas das transações e fazer com que a empresa perca flexibilidade para acompanhar os avanços tecnológicos, além do fato de um baixo nível de envolvimento com fornecedores acirrar a competição entre eles por melhores preços. Gadde e Hakanson (2001) entendem que evitar a dependência relativa a poucos fornecedores leva as empresas a estabelecerem relações do tipo arm´s length. A Figura 3 apresenta três argumentos racionais para que as empresas evitem a dependência para com os fornecedores. Benefícios ao se evitar interdependência para com fornecedores individuais Reduzir incertezas nas transações Alavancar flexibilidade tecnológica Gerar oportunidades para pressão por preço Figura 3 - Argumentos para que se evite a dependência junto a fornecedores Fonte: Adaptado de Gadde e Hakanson (2001) Gestão de Cadeias de Suprimentos e Relacionamentos Colaborativos – Prof. Ricardo Martins Material para uso didático 12 Nos anos de 1980, a teoria dos custos de transação predizia que os acordos entre empresas sempre estão sujeitos comportamentos oportunísticos, o que realça a necessidade de mecanismos de governança, o que tende a ser uma função, dentre outras coisas, da disposição dos parceiros de transação em assumir algum nível de risco (HOYT e HUQ, 2000). Assim, segundo os preceitos desta teoria, quando o suprimento de determinado produto é alvo de competição acirrada, o cliente pode facilmente desfazer acordos de relacionamento caso o recurso não seja mais necessário ou o fornecedor não cumpra suas obrigações pactuadas. Essa necessidade de governança é reforçada por Rosenbloom (2002), ao afirmar que a cooperação entre os membros de uma cadeia de suprimento não pode ser automaticamente esperada, mas será dependente da existência de uma estrutura de governança. Webster (1992) propôs uma tipologia para definir os tipos de relacionamentos e alianças encontrados em cadeias ou redes de suprimento. O modelo construído surge sob a forma de um continuum, que se inicia com as formas mais tradicionais, baseadas em transações, e evolui até formatos mais sofisticados de relacionamento, que culminam com a integração vertical no extremo oposto ao das transações (Figura 4). Pires (2004) e Lambert et al. (1996) adotam uma classificação bastante similar a essa proposta no modelo de Webster. Pires (2004) afirma que o nível de cooperação aumenta à medida que se amplia o nível de formalização do relacionamento entre as empresas e se aumenta o nível de integração dos processos na cadeia de suprimento. A Figura 5 ilustra esta relação, considerando a mesma denominação para os tipos de relacionamento adotada no modelo de Webster. 1 Transações 2 Transações Repetidas 5 Alianças Estratégicas 6 Rede 7 Integração Vertical Figura 4 - Continuum de relacionamentos em cadeias de suprimentos Fonte: Adaptado de Webster (1992). 4 Parceria 3 Relaciona- mento longo prazo Gestão de Cadeias de Suprimentos e Relacionamentos Colaborativos – Prof. Ricardo Martins Material para uso didático 13 Para Burt et al. (2003), virtualmente, todas as empresas possuem relacionamentos transacionais, muitas desenvolvem relacionamentos colaborativos e apenas algumas desenvolverão alianças estratégicas. Monczka et al. (2002) propõem uma classificação da evolução dos relacionamentos ao longo do tempo em quatro fases distintas, conforme mostra a Figura 6. Fase 1 Antagonismo - Cada parte enxerga a outra com um mínimo de confiança ou respeito; - Relações freqüentemente hostis; - Estratégia de fontes múltiplas, ofertas competitivas, termos de curto prazo; - Fornecedores incapazes de reduções de preço são imediatamente substituídos. Fase 2 Competitiva ou Adversativa - Mera suspeita, ao invés de total desconfiança; - Estratégia de fontes múltiplas, freqüentes trocas de fontes; - Início de um relacionamento de trabalho. Fase 3 Cooperação - Relacionamento mais próximo em função de metas em comum; - Reconhecimento das vantagens de uma base de fornecedores enxuta; - Estratégias focadas em redução do tempo de ciclo total; Fase 4 Colaboração - Confiança total entre parceiros; - Comprometimento em trabalho conjunto e adoção de estratégias que levem a performance de classe mundial; - Confiança e compartilhamento de informações se tornam comuns; Fornecedores se tornam uma extensão da empresa compradora. Figura 6 – Evolução dos relacionamentos Fonte: Adaptado de Monczka et al. (2002) 1 2 3 4 5 6 7 Nível de integração dos processos Nível de formalização dos relacionamentos Figura 5 - Níveis de cooperação na cadeia de suprimentos Fonte: Pires (2004). Gestão de Cadeias de Suprimentos e Relacionamentos Colaborativos – Prof. Ricardo Martins Material para uso didático 14 A ideia sustentada é que a integração e o gerenciamento da cadeia de suprimentos só ocorre, de fato, em um estágio, chamado de colaboração (Figura 7). Esse estágio requer altos níveis de confiança, comprometimento e compartilhamento de informações entre os parceiros de uma rede de suprimentos. Além desses requisitos, os parceiros precisam ter uma visão de futuro comum. O conceito de colaboraçãoproposto por Spekman et al (1998) sugere que o gerenciamento efetivo da cadeia depende da busca por relacionamentos próximos e de longo prazo com alguns poucos parceiros, clientes e fornecedores, que dependam um do outro para realizar o seu negócio — desenvolver relacionamentos interativos com parceiros que compartilhem informações abertamente, trabalhem em conjunto na resolução de problemas, no desenvolvimento de produtos, na elaboração de planejamento conjunto para o futuro e para quem o sucesso é interdependente. Figura 7 - Estágios essenciais da evolução de negociações de mercado até a colaboração Fonte: SPEKMAN et al, 1998 Os citados autores propõem, ainda, dois fatores que diferenciam níveis de comprometimento e intensidade de relacionamentos entre parceiros da cadeia de suprimentos (CS). Esses fatores podem determinar a elaboração de estratégias de relacionamentos em CS: a complexidade do relacionamento e a importância estratégica de cada parceiro envolvido (Figura 8). Os relacionamentos, que são ao mesmo tempo estratégicos e que apresentam gestão complexa, devem ser tratados com colaboracionismo. A complexidade pode ser vista sob o aspecto financeiro ou o comercial, sendo que os dois aspectos sugerem interdependência entre os parceiros comerciais. Colaboração Coordenação Cooperação Negociações de mercado -Negociações baseadas em preço -Relacionamentos adversários -Poucos fornecedores -Contratos de longo termo -Integração de informações -Troca eletrônica de dados (EDI) -Integração da suply chain -Planejamento conjunto -Compartilhamento de tecnologia Gestão de Cadeias de Suprimentos e Relacionamentos Colaborativos – Prof. Ricardo Martins Material para uso didático 15 Figura 8 – Estratégia de gerenciamento dos relacionamentos na cadeia de suprimentos Fonte: SPEKMAN et al, 1998 Em síntese, uma forma de entender o caráter estratégico da colaboração está nos preceitos da Visão Baseada em Recursos (RBV-Resource Based View). Dierickx e Cool (1989) observam que a colaboração é um recurso crítico que tem que ser construído. Ou seja, não ocorre automaticamente. Há que se desenvolver a capacidade de superar barreiras intra e interorganizacionais, tornando a colaboração, desta forma, um recurso valioso, raro e de difícil imitação (Hansen e Nohria, 2004). Os retornos financeiros gerados no relacionamento tornam-se uma vantagem competitiva (Dyer e Singh,1998). REFERÊNCIAS ANDERSON, J. C.; NARUS, J. A. A model of distributor firm and manufacturer firm working partnerships. Journal of Marketing, v.54, n. 1, p. 42-58, jan. 1990. BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logística Empresarial. 5ª Ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. BARBARA, Gray, Collaborating. San Francisco: Jossey-Bass, p.227, 1991. BORGATTI, S.P.; LI, X. On network analysis in a supply chain context. Supply Chain Management. v. 45, n. 2, p. 5-22, 2009. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2007. BURT, David; DOBLER, Donald; STARLING, Stephen. 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