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1 Bruno Chim Silvera – ATM 2021 Inflamação Aguda e Crônica Resposta inflamatória consiste em: reação vascular e reação celular. A fase de reparação se inicia junto a resposta mas apenas termina quando o agente nocivo foi eliminado, consiste em: regeneração ou cicatrização (tecido fibroso). A inflamação aguda se inicia rapidamente e tem duração relativamente curta, suas principais características: exsudação de fluidos e proteínas plasmáticas (edema) e a migração de leucócitos, predominantemente neutrófilos. A inflamação crônica te uma duração maior e está histologicamente associada à presença de linfócitos e macrófagos, proliferação de vasos sanguíneos, fibrose e necrose tissular. Inflamação Aguda Três componentes principais: 1 – Alterações no calibre vascular (Aumento do fluxo de Sangue). 2 – Alterações estruturais na microcirculação, que permitem que proteínas plasmáticas e leucócitos deixem a circulação. 3 – Emigração dos leucócitos da microcirculação, seu acumulo no foco e a ativação para eliminar o agente nocivo. “O extravasamento de fluido, proteínas e células sanguíneas para o tecido intersticial ou cavidades corporais se chamada exsudação.” Exsudato: fluido inflamatório extravascular que possui que possui concentração de proteínas, fragmentos celulares e gravidade especifica maior que 1020. (O pus é um exsudato purulento, rico em leucócitos). Transudato: Fluido com pequeno teor proteico e uma gravidade menor que 1012. Resulta do desequilibro osmótico ou hidrostático sem que haja um aumento da permeabilidade vascular. Edema: Pode ser um exsudato ou transudato. Estímulos para inflamação aguda • Infecções (bactérias, vírus, parasitárias) • Trauma (contuso ou penetrante) • Agentes físicos e químicos (queimaduras, radiação, substâncias químicas) • Necrose de tecido 2 Bruno Chim Silvera – ATM 2021 • Corpos estranhos • Reações imunológicas Alterações Vasculares São alterações que visam dar mobilidade dos leucócitos e anticorpos para a área afetada. ➢ A vasodilatação causada por mediadores como histamina e óxido nítrico leva a um aumento do fluxo sanguíneo que causa: calor e rubor. ➢ Aumento da permeabilidade da microcirculação: A perda de líquido faz com que ocorra é um aumento de hemácias no vasos e maior viscosidade sanguínea: estase. ➢ A estase sanguínea aumenta e os leucócitos, especialmente os neutrófilos migram através da parede celular para o interstício. Edema: O exsudato (rico em proteína) extravasa para o interstício. Há a redução de pressão osmótica no sangue. Aumento da pressão hidrostática (maior fluxo sanguíneo) Extravasamento de fluido para o interstício Edema Eventos celulares: Extravasamento de leucócitos e fagocitose Os leucócitos se encaminham ao local da invasão e ingerem os agentes agressores, destroem bactérias e outros microrganismos e eliminam tecido necrosado. Porém, eles podem agredir também nosso próprio tecido e prolongar a inflamação por meio de lesão do tecido local. 1 – Marginação (deslocamento de leucócitos a parede endotelial) e Adesão ao endotélio (Só acontece durante a inflamação). 2 – Diapedese: migração através do endotélio 3 – Migração no interstício em direção ao estimulo quimiotático. Quimiotaxia Migração de granulócitos, monócitos e em menor extensão, leucócitos migram em direção ao local da lesão 3 Bruno Chim Silvera – ATM 2021 Substâncias quimiotáxicas exógenas: produtos bacterianos. Substâncias quimiotáxicas endógenas: componentes do sistemas complementos (C5a), produtos da via da lipoxigenase (leucotrieno B4), citocinas (família das quimocinas). Fagocitose Os neutrófilos e macrófagos fagocitam e liberam enzimas para eliminar os agentes nocivos. Ela envolve três etapas: 1 – Reconhecimento e Ligação 2 – Captura (Vacúolo Fagocitário) 3 – Degradação do material ingerido ou morte Sobre a ultima etapa degradação ou morte: A destruição de microrganismos consome muito oxigênio e por isso são criadas muitas espécies reativas de oxigênio. Leucócitos: Substâncias e Lesões Quando os leucócitos fagocitam eles liberam produtos microbicidas dentro dos fagolisossomos e também no espaço extracelular. Esses produtos podem ser prejuciais aos tecidos do próprio hospedeiro e assim aumentar a lesão inicial. Se o infiltrado de leucócitos for persistente e descontrolado ele pode tornar-se o agressor. 4 Bruno Chim Silvera – ATM 2021 Leucócitos: Defeitos na função leucocitária • Defeitos na adesão. • Defeitos na função do fagolisossomo: Sindrome de Chédiak-Higashi: existe uma redução na transferência das enzimas lisossomais para os vacúolos fagocitários. • Defeitos na atividade microbiocida: Deficiência na produção de espécies reativas de oxigênio, se encaixa no grupo de doenças granulomatosas crônicas. • Supressão da medula óssea: leucopenia. Os mastócitos e macrófagos também são importantes na resposta inflamatória aguda. Término da reposta inflamatória aguda Ela diminui pois os mediadores da inflamação tem meia-vida curta, são degradados assim que liberados e produzidos em surtos rápidos. Além disso são ativadas mudanças nos derivados do ácido aracdônico (prostaglandinas, leucotrienos...) para lipoxinas anti- inflamatórias. Mediadores químicos da inflamação Os mediadores se originam de proteínas plasmáticas ou células. Os derivados de células normalmente estão dentro de grânulos intracelulares que precisam ser secretados. Aminas Vasoativas Histamina: em todos tecidos, mastócitos são sua fonte principal. Também é encontrada em menor quantidade em basófilos e plaquetas sanguíneas. É liberada frente a um trauma, frio, calor, reações imunológicas envolvendo anticorpos, proteínas leucocitárias que liberam histamina, neuropeptídios e citocinas. Efeitos da Histamina: (1) dilatação das arteríolas, (2) aumenta permeabilidade das vênulas e (3) constrição das artérias de grande calibre. Serotonina: É um vasoativo com ações semelhantes à da Histamina. Está presente nas plaquetas. A liberação da serotonina das plaquetas é iniciada quando acontece agregação plaquetária. Proteínas plasmáticas Sistema do complemento: As proteínas do complemento estão presentes no plasma em forma inativa e são enumeradas de C1 até C9. Quando elas se tornam ativas, se tornam 5 Bruno Chim Silvera – ATM 2021 proteolíticas, degradando outras proteínas do complemento e formando uma amplificação em reação de cascata. A C3 e a C5 são os inflamatórios mais importantes, podem ser ativadas por várias enzimas presentes no exsudato inflamatório. Sistema das Cininas: Gera peptídeos vasoativos a partir de proteínas plasmáticas, os cininogênios. A ativação desse sistema resulta em liberação de bradicinina, a qual (1) aumenta a permeabilidade vascular, (2) causa contração do músculo liso,(3) dilatação de vasos sanguíneos e (4) dor. Efeitos semelhantes ao da histamina. Sistema de Coagulação: O sistema de coagulação e inflamação estão intimamente ligados. A coagulação forma trombina e fibrina, por meio do Fator de Hageman, uma proteína feita no fígado que circula em forma inativa até entrar em contato com o colágeno, membrana basal ou plaquetas ativadas. A trombina é a principal ligação entre a coagulação e a inflamação, essa trombina produzida durante a coagulação irá se ligar a receptores específicos desencadeando respostas inflamatórias. (Inflamação endotelial = trombos) Fármacos e Metabólitos AINE’s: inibem a formação de prostaglandinas. Inibidores da lipoxigenase: A 5-lipoxigenase não é afetada por aine’s, então se desenvolveram fármacos que inibem essa enzimae bloqueiam a produção de leucotrienos. São efeitos no tratamento da asma. Inibidores de amplo espectro: Incluem os glicocorticoides, que diminuem genes específicos de fatores de inflamação bem como estimulam genes específicos que produzem proteínas antiflamatórias. Óleo de Peixe: Modificando os lipídeos da dieta (substituindo) e aumentando a ingesta de óleos de peixe se ajuda a diminuir a inflamação pois esse tipo de óleo não tem ácidos graxos bons para serem substrato da via da ciclooxigenase ou da lipoxigenase. Óxido Nítrico (NO) O óxido nítrico é um mediador da inflamação liberado pelas células endoteliais, causando vasodilatação por meio do relaxamento da musculatura lisa. Ele desempenha um papel importante na inflamação: faz vasodilatação e reduz a agregação plaquetária. Logo, ele é um mecanismo endógeno que reduz as respostas inflamatórias. Seus derivados são microbicidas, assim, ele é uma defesa contra infecção. Componentes Lisossomais dos Leucócitos: Grânulos Monócitos e Neutrófilos possuem grânulos de lisossomas que quando liberados contribuem com a inflamação. 6 Bruno Chim Silvera – ATM 2021 NEUTRÓFILOS GRÂNULOS ESPECÍFICOS - Menores - Secretados rapidamente - Estimulo menor necessário GRÂNULOS AZURÓFILOS - Maiores - Mais destrutivos - Mais agonista necessário Radicais livres derivados do Oxigênio Podem ser liberados pelos leucócitos no meio extracelular após exposição a microrganismos. A função deles é destruir os microrganismos fagocitados, mas a liberação em massa desses radicais livres pode ser danosa para o próprio hospedeiro. ➢ Inativam antiproteases (aumento da destruição da matriz) ➢ Lesam a célula endotelial, aumentando a permeabilidade vascular. Resultados da Inflamação Aguda Tem três resultados finais possíveis: 1 – Resolução Completa: Como o nome diz, a inflamação neutraliza e elimina o estímulo nocivo. 2 – Cicatrização por Tecido Conjuntivo (Fibrose): O tecido afetado é reabsorvido e substituído por fibrose. 3 – Progressão parcial da inflamação aguda para crônica. Padrões Morfológicos da Inflamação Aguda Inflamação Serosa: Extravasamento de fluido derivado do plasma. Exemplo: bolha de queimadura. Infecção virótica (Herpes). Inflamação Fibrinosa: Lesões mais graves permitem que o fibrinogênio passe para o espaço extra vascular, formando fibrina. Exemplo: Meningites, pericardites e pleurites. 7 Bruno Chim Silvera – ATM 2021 Inflamação Supurativa ou Purulenta: Produção de grandes quantidades de pus ou exsudato que consiste em neutrófilos, células necróticas e edema. Exemplo: Infecção por estafilococos (piogênica: produz pus). Apendicite aguda. Úlceras: Defeito local da superfície de um órgão, produzido pela descamação de tecido inflamatório necrótico. Exemplo: Úlcera gastro-duodenal. Inflamação Crônica Causas: • Infecções Persistentes • Exposição a agentes potencialmente tóxicos (Exp: sílica) • Auto-imunidade Infiltração de Células Mononucleares: O macrófago é a célula dominante na inflamação crônica. O monócito tem vida de 1 dia mas o macrófago tem vida de vários meses ou anos. Eles sãp atraídos e ativados por quimiotaxia, por substâncias como: citocinas, endotoxinas bacterianas. Os macrófagos secretam produtos biologicamente ativos que, se não forem controlados, resultam em lesão tecidual e fibrose. Linfócitos, eosinófilos e mastócitos também desempenham papel importante na inflamação crônica. Inflamação Granulomatosa É um padrão diferente de reação inflamatória crônica, é caracterizada pelo acúmulo de macrófagos ativados que desenvolvem uma aparência epitelial. Um grande exemplo é a tuberculose, doença da arranhadura do gato, linfogranuloma inguinal, hanseníase, sífilis. Um granuloma é um agregado de macrófagos semelhantes a epitélio cercados por um colar de leucócitos (principalmente linfócitos) e alguns plasmócitos. Podem ser granulomas de dois tipos: Granulomas de Corpos Estranhos: Provocados por corpos estranhos, por exemplo o talco, materiais que são grandes o suficiente para não ser fagocitados. As células englobam o corpo estranho formando o granuloma. 8 Bruno Chim Silvera – ATM 2021 Granulomas Imunes: Causados por microrganismos insolúveis. Na tuberculose o bacilo causa esse tipo de granuloma, chamado de tubérculo. Efeitos Sistêmicos da Inflamação: Febre: A febre é produzida em resposta a substâncias que se chamam pirogênios, que estimulam a síntese de prostaglandinas no hipotálamo, que é nosso “termostato central”. Acredita-se que a febre possa induzir proteínas do choque térmico, as quais aumentam a resposta linfocitária a microrganismos. Proteínas da fase aguda: • Proteína C-Reativa (PCR) • Fibrinogênio • Proteína amiloide séria A (SAA) A PCR e a SAA se ligam a parede microbiana para facilitar a fagocitose. O fibrinogênio induz os eritrócitos se empilharem, aumentando a velocidade de hemossedimentação. Leucocitose: Aumento no número de leucócitos que chega de 15.000 a 20.000. As vezes pode alcançar níveis extraordinariamente altos como 40.000 a 100.000, quando isso acontece se atribui o nome de Reação Leucemóides. Neutrofilia: Aumento no número de leucócitos, a maioria das infecções provoca isso: mononucleose, caxumba, rubéola. Eosinofilia: Aumento no número de eosinófilos. Comum em alergias como asma e rinite. Comum também em infecções parasitárias. Outros sintomas incluem: taquicardia, aumento da PA, sudorese, tremores, calafrios, anorexia, sonolência, fraqueza. “Nas sepses bacterianas (septicemia) há grande produção de citocinas (TNF e IL-1). Altos níveis dessas citocinas causam coagulação disseminada (CID). As citocinas também causam lesão hepática, dificultando a manutenção da glicose sanguínea. A produção exagerada de NO leva a insuficiência cardíaca e queda da PA, causando choque séptico.”
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