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Fonoaudiologia Paralisia Facial

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AN02FREV001 
54 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
 
FONOAUDIOLOGIA NA 
PARALISIA 
FACIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001 
55 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
 
FONOAUDIOLOGIA NA 
PARALISIA 
FACIAL 
 
 
 
MÓDULO III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001 
56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Já vimos no Módulo I e II que as paralisias faciais podem ser divididas em 
dois grandes grupos: paralisia facial central (PFC) ou supranucelares e paralisia 
facial periférica (PFP) que apresentam lesões nucleares e infranucleares. Neste 
módulo discutiremos sobre os sinais, sintomas e etiologia das PFC. Falaremos 
também sobre as paralisias faciais congênitas. 
 
 
6 PARALISIA FACIAL CENTRAL 
 
 
6.1 CONCEITO 
 
 
A PFC consiste em lesões dos neurônios motores piramidais do córtex 
frontal que são responsáveis pelos movimentos voluntários que chegam aos núcleos 
motores do facial na parte superior da face, ipsilateralmente e na parte superior e 
inferior contralateralmente (Lazarini et al., 2002, Calais, Gomez, Bento e Comerlatti, 
2005, Veiga, 2006, Busch, Sampaio, Lebre e Antunes, 2006). Com isso, podemos 
observar na PFC que os movimentos involuntários ou emocionais podem estar 
preservados. 
Na PFC ocorre lesão supranuclear (trato corticonuclear) ou do neurônio 
motor superior, antes de sua entrada no meato acústico interno, sendo que a causa 
 
 AN02FREV001 
57 
da paralisia encontra-se no sistema nervoso central com alteração de mobilidade 
apenas dos músculos do ⅓ inferior da hemiface contralateral à lesão nervosa, ou 
seja, os movimentos da parte superior da face bilateralmente, a musculatura frontal 
e do orbicular dos olhos estão conservados, principalmente devido a ação das vias 
supranucleares ipsilaterais, geralmente os movimentos involuntários também se 
encontram conservados, observa-se ausência do sinal de Bell (Busch, Sampaio, 
Lebre e Antunes, 2006; Rondon, 2009, Santos, Ganda e Campo, 2009). As lesões 
estão situadas na via exclusivamente motora do nervo facial, encontrada na área 
motora cortical cerebral, que está situada na face lateral do giro frontal pré-central, 
até o núcleo do nervo facial no tronco encefálico, na ponte (Veiga, 2006). 
Para entender um pouco mais a PFC vamos relembrar o trajeto do nervo 
facial. Segundo Veiga (2006, p.109) o núcleo motor do VII nervo está situado na 
ponte, próximo ao bulbo, os axônios do núcleo motor, dirigem-se para o assoalho do 
quarto ventrículo e circundam o núcleo do nervo abducente, segue em direção da 
face ventral do tronco encefálico, saindo como nervo facial na fosseta supraolivar do 
sulco bulboprotuberancial, próximo a origem do nervo intermédio de Wrisberg, 
conforme podemos localizar na figura abaixo1. Quando ocorre lesão até este trajeto, 
considera-se uma paralisia facial central. 
 
 
 
 
1 FONTE: Veiga, JCE. Paralisia facial central. In LAZARINI, PR, FOUQUET, ML. Paralisia facial – 
avaliação, tratamento, reabilitação. São Paulo: Lovise, 2006, p. 110. 
 
 AN02FREV001 
58 
 
O núcleo facial divide-se em duas partes: a porção dorsal e a porção ventral. 
A porção dorsal inerva a metade superior de um lado da face e recebe influxos 
supranucleares constituídos por fibras corticais dos hemisférios ipsi e contralateral, 
já a porção ventral que é responsável pela inervação da musculatura da mímica da 
metade inferior da hemiface, recebe impulsos nervosos apenas do hemisfério 
contralateral. Podemos observar isto na figura abaixo2, que mostra uma 
representação esquemática ilustrando a terminação dos tratos corticonucleares no 
núcleo motor do facial. A linha contínua representa a parte dorsal do núcleo facial, 
inervando os músculos frontal, orbicular das pálpebras e superciliar, já a linha 
descontínua representa a parte ventral que inerva os demais músculos da face 
inferior. Com este desenho, podemos entender porque na PFC os músculos da parte 
superior da face ficam mantidos, mantendo simétricas as linhas de expressão da 
testa (Gomes, Vasconcelos e Bernardes, 2004, Veiga, 2006). Como a representação 
cortical dos músculos da parte superior da face é bilateral, esta parte é poupada na 
PFC. Porém, Veiga (2006, p. 112) salienta que “do ponto de vista semiológico 
podemos constatar que, na paralisia facial central, às vezes, encontramos pequena 
alteração parética3 também no território superior da face.” 
 
 
2 FONTE: Veiga, JCE. Paralisia facial central. In LAZARINI, PR, FOUQUET, ML. Paralisia facial – 
avaliação, tratamento, reabilitação. São Paulo: Lovise, 2006, p. 111. 
3 Que apresenta paresia, ou seja, perda discreta da força muscular. Disponível em: 
<www.pdamed.com.br/diciomed>. Acesso em: 15 mar. 2010. 
 
 
 
 AN02FREV001 
59 
 
 
 
 
 
 
Uma característica da PFC é o deficit da musculatura facial quando o sujeito 
quer realizar movimentos voluntários da parte inferior da face – como, por exemplo, 
sorrir, fazer bico, falar, entretanto, pode haver contração involuntária desta 
musculatura como manifestação emocional. Assim, o sujeito pode contrair a 
musculatura da expressão do lado paralisado quando ri ou chora, embora não possa 
fazê-lo voluntariamente (Machado, 2000). Veja na figura ao lado4, a representação 
esquemática do controle voluntário da expressão facial. 
Vamos entender como acontece: as vias eferentes somáticas dividem-se em 
dois grupos: o sistema piramidal e o extrapiramidal. O sistema piramidal que é 
responsável pelos movimentos voluntários, compreende o trato corticoespinal e o 
trato corticonuclear. O trajeto que ele percorre entre o córtex e o neurônio motor se 
dá por meio das fibras corticoespinais ou corticonucleares. Quando este sistema 
sofre alguma lesão, o controle voluntário da musculatura facial fica afetado. Já o 
sistema extrapiramidal, é responsável pelos movimentos automáticos, compreende 
 
4 FONTE: Disponível em: <www.sistemanervoso.com>. Acesso em: 3 mar. 2010. 
 
 AN02FREV001 
60 
as áreas corticais extrapiramidais como o cerebelo, vários núcleos do telencéfalo e 
diencéfalo, além de vários núcleos e áreas do tronco cerebral. O trajeto entre o 
córtex e o neurônio motor envolve um ou mais reles intermediários, diferente do 
sistema piramidal. Como o sistema extrapiramidal necessariamente não está lesado 
na paralisia facial central, o paciente consegue fazer movimentos como rir, bocejar 
automaticamente, mas quando solicitado, não consegue (Gomez, Vasconcelos e 
Bernardes, 2004). Os autores consideram que existem dois tipos de paralisia facial 
central: 
 À paralisa volicional ou voluntária – que tem envolvimento do sistema 
piramidal, em que se observam implicações na contração voluntária com 
preservação da função espontânea (sorriso, choro); 
 A paralisia emocional ou mimética, ou amimia – esta paralisia é 
resultado de uma lesão profunda com envolvimento extrapiramidal de gânglios da 
base, tálamo ou hipotálamo. Aqui se observam dificuldades nos movimentos 
automáticos, como sorrir ou chorar, enquanto os movimentos voluntários de contrair 
os lábios estão preservados. 
 
 
6.2 ETILOGIA 
 
 
A causa principal da PFC são doenças vasculares, como aneurismas e 
acidentes vasculares cerebrais, porém podem ocorrer lesões em razão de tumores; 
processos degenerativos; desmielinizantes,como a esclerose múltipla; infecções e 
traumatismos cranioencefálicos. A PFC costuma vir acompanhada de outras 
manifestações neurológicas como hemiplegia, disartria, hemiparesia do mesmo lado 
que ocorreu a paralisia facial, também pode estar associada à deficit de linguagem 
quando houver lesão da área de Wernicke (Bento et al., 1998; Testa e Antunes, 
2000; Veiga, 2006). 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001 
61 
 
 
6.3 SINAIS E SINTOMAS 
 
 
Geralmente, nas lesões supranucleares, 
observa-se que não ocorre somente paralisia facial, mas 
também o comprometimento motor de outras estruturas 
– língua, membros superiores e inferiores, isso ocorre 
devido à proximidade das regiões corticais de 
representação motora e das fibras do trato corticonuclear 
(Busch, Sampaio, Lebre e Antunes, 2006). 
Para Veiga (2006), pode-se geralmente observar como características da 
paralisia facial central (veja na figura abaixo5): 
 Desvio da rima bucal para o lado não paralisado, adquirindo uma forma 
oval; 
 Apagamento do sulco nasolabial; 
 Ausência da contração do platisma do lado paralisado; 
 Queixas de dificuldade de ingestão de líquidos; 
 Líquido escorre pela comissura labial do lado oposto, devido à 
impossibilidade de fechamento completo da boca; 
 Mastigação também pode estar prejudicada, devido à paralisia do 
músculo bucinador; 
 Impossibilidade/dificuldade em assoprar e assobiar – devido à 
incapacidade de protrusão dos lábios e perfeito fechamento; 
 Disartria – geralmente discreta, em consequência da paralisia do 
músculo orbicular da boca, apresenta dificuldade em pronunciar as consoantes 
bilabiais e labiodentais (p, b, m, f, v); 
 
Como a PFC geralmente vem associada com AVC, observa-se junto perda 
de força do braço e perna opostos ao lado do desvio da boca, sendo essa uma 
doença grave, considerada emergência médica. Calais, Gomez, Bento e Comerlatti, 
 
5 FONTE: Disponível em: <www.2bp.blogspot.com>. Acesso em: 3 mar. 2010. 
 
 AN02FREV001 
62 
(2005:219) salientam que “Classicamente o que se espera diante de uma PFC é a 
preservação da movimentação da fronte e paralisia dos movimentos da musculatura 
facial inferior contralateral à lesão, na solicitação da movimentação voluntária, e 
preservação da movimentação da parte inferior na ação involuntária ou emocional.” 
Os autores afirmam também a diferença da condição clínica da musculatura facial 
entra a PFC e PFP, em que é observado que “normalmente, no momento posterior à 
instalação da paralisia, os pacientes com PFP apresentam prejuízo parcial ou total 
de todos os segmentos da face do lado paralisado, ipsilateralmente à lesão do 
nervo, quer seja no repouso, na movimentação voluntária ou sob condição 
involuntária. A semelhança ocorre apenas com relação ao desvio do filtro nasal, que 
também dirige-se ao lado não afetado.” 
Após pesquisa realizada com pacientes acometidos de AVC com PFC do 
Serviço de Neurologia, Calais, Gomez, Bento e Comerlatti, (2005) concluíram que na 
avaliação funcional da musculatura facial destes pacientes, geralmente podia-se 
observar: 
 Preservação da movimentação voluntária da testa; 
 Preservação da movimentação reflexa e voluntária dos olhos; 
 Comprometimento funcional da movimentação e tônus da região nasal; 
 Comprometimento da movimentação involuntária para o sorriso; 
 Comprometimento funcional da movimentação voluntária da região dos 
lábios em todos os casos. 
 
 
6.4 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
 
 
Também na pesquisa realizada, os autores acima observaram que alguns 
aspectos podem ser utilizados como diagnóstico diferencial entre a paralisia facial 
central e periférica. 
 Presença de outros sintomas neurológicos; 
 Lado afetado da face contralateral à lesão central; 
 Na condição de repouso, simetria das linhas da testa e da pálpebra 
inferior e assimetria do filtro nasal com desvio para o lado não afetado; 
 
 AN02FREV001 
63 
 Na ação voluntária, preservação dos movimentos de testa (elevação e 
contração) e de olhos com assimetria da retração labial do lado afetado. 
 
Obs.: Os músculos, frontal, parte superior do orbicular dos olhos e superciliar 
recebem inervação cortical bilateral que estão situados no núcleo superior do nervo 
facial, no caso de paralisia facial central, estes músculos estão preservados. 
 
O quadro abaixo sintetiza as diferenças entre a paralisia facial central e a 
periférica: 
 
Paralisia facial central Paralisia facial periférica 
Lesão supranucleares - consistem 
em lesões dos neurônios motores 
piramidais do córtex frontal. 
Lesão nucleares apresenta etiologias 
similares às supranucleares, mas o 
local da lesão difere, sendo o núcleo 
motor do facial (terço inferior da 
protuberância). Lesão infranucleares 
- o local da lesão se dá abaixo do 
núcleo motor do facial e se 
manifestam com quadros de paralisia 
facial completa. 
Parte superior da face poupada 
(músculo orbicular dos olhos) e terço 
inferior afetado. 
Toda hemiface está afetada. 
A paralisia é contralateral. É homolateral, sendo do mesmo lado 
da lesão. 
Pode haver contração involuntária da 
musculatura da mímica como 
manifestação emocional, o paciente, 
pode contrair a musculatura do lado 
afetado quando ri ou chora, mas não 
apresenta este movimento 
voluntariamente. 
A paralisia é total. 
Desvio do filtro nasal dirige-se ao 
lado não afetado 
Desvio do filtro nasal dirige-se ao 
lado não afetado 
Presença de outros sintomas 
neurológicos. 
Não apresenta outros sintomas 
neurológicos. 
FONTE: Machado (1993), Calais, Gomez, Bento e Comerlatti, (2005). 
 
 
 AN02FREV001 
64 
 
 
6.5 TRATAMENTO 
 
 
Saber o local da lesão é extremamente importante para o fonoaudiólogo, 
isso permitirá a elaboração de estratégias terapêuticas direcionadas para cada caso, 
como também, saber o prognóstico (Calais, Gomez, Bento e Comerlatti, 2005). Os 
autores afirmam também que o tratamento das PFC está direcionado ao quadro de 
sintomas que o paciente apresenta. O tratamento deve ser acompanhado por uma 
equipe multiprofissional, sempre tendo em vista uma melhora da qualidade de vida 
do paciente. 
Busch, Sampaio, Lebre e Antunes (2006, p. 174) afirmam que a reabilitação 
de pacientes com paralisia facial central, difere das propostas tradicionais, pois 
muitas vezes o paciente não consegue compreender as ordens dadas, as sequelas 
indicam lesões supranucleares o paciente tem dificuldade na movimentação 
voluntária, portanto, aproveitar para trabalhar com o paciente durante a ação motora 
automática pode trazer benefícios para a terapia. Por exemplo, o terapeuta pode 
incitar uma situação espontânea, como o riso e realizar a massagem indutora no 
lado paralisado. 
Outro aspecto observado em pacientes com PFC é que a primeira vista, a 
musculatura dá a impressão de hipotônica, podendo apresentar bochechas em saco 
e assimetria da rima bucal, porém, ao tocar a região, observa-se espasmo de 
contração, mostrando a existência de hipertonia. Este músculo hipertônico “é pouco 
funcional, não sustenta o movimento e não faz contrações sinérgicas e coordenador 
que possibilitem o funcionamento adequado da estrutura.” A fonoterapia, neste caso, 
tem como objetivo reduzir estas ações reflexas hipertônicas, com massagens 
específicas e do relaxamento da contração muscular (Busch, Sampaio, Lebre e 
Antunes, 2006, p.176). 
Os autores acima salientam que a atuação fonoaudiológica nas PFC tem 
como objetivo minimizar as sequelas e manter a aferência dos estímulos. É 
necessário adequar às funções estomatognáticas alteradas e adequar à 
musculatura, por meio de exercícios miofuncionais, de força e sensibilidade. 
 
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65 
De acordo com Matos e Oliveira (s/d6,p.04) a fonoterapia consiste na 
realização de exercícios isotônicos, isométricos e isocinéticos dos órgãos 
fonoarticulatórios, além de massagem peri e intraoral.Os autores salientam que: 
 
“Os exercícios isométricos, isotônicos e isocinéticos podem ser 
utilizados especificamente para contorno, extensão, oclusão e 
abertura dos lábios, protrusão, retração e elevação da língua, além da 
protrusão, elevação e depressão mandibular. A quantidade e a 
duração da resistência utilizada nestes exercícios são 
sistematicamente aumentadas de acordo com a habilidade do 
paciente. Na fase inicial da paralisia com pouco ou nenhum esboço 
de movimento, o trabalho consiste na realização dos movimentos da 
avaliação e outros feitos de forma isométrica e acompanhados por 
massagens indutoras do movimento desejado na hemiface paralisada 
(Altmann, 998) no sentido do movimento. Essas massagens podem 
ser exclusivamente manuais, lentas, com pressão profunda ou com 
utilização de massageador facial suave.” 
 
 
As massagens proporcionam um efeito circulatório que eleva o metabolismo 
circular e estimula o trofismo muscular. São importantes também para estimular os 
receptores proprioceptivos. As massagens podem ser realizadas em ambos os lados 
da face, pois a fonoterapia tem sempre a intenção de oferecer estímulos sensoriais 
simétricos (Gomez, Vasconcelos e Bernardes, 2004). 
O prognóstico sempre vai depender do grau da lesão, do local da lesão, das 
áreas afetadas, das intervenções realizadas e muito, da cooperação do paciente. 
Muitas vezes, um exercício realizado num paciente com PFP não tem resultados tão 
positivos num paciente com PFC, isto se deve a condição clínica da musculatura 
facial que é diferente de uma paralisia para a outra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 Artigo publicado na Revista Científica do Hospital Central do Exército, em que apresentam a terapia 
fonoaudiológica para um paciente com PFC, internado no HCE do Rio de Janeiro. 
 
 AN02FREV001 
66 
 
 
7 PARALISIA FACIAL CONGÊNITA 
 
 
7.1 CONCEITO 
 
 
A figura7 do bebê ao lado apresenta uma assimetria facial causada por uma 
paralisia facial congênita, que não é frequente em 
recém-nascidos e quando ocorre tem várias causas. 
Sua incidência é de 1,4% dos nascimentos vivos e 
pode ter causa adquirida ou de desenvolvimento 
(Granato e Lazarini, 2006). Inicialmente, o incômodo, 
a angústia, não é no bebê, mas sim em seus pais e 
familiares. As primeiras relações afetivas estão 
intimamente relacionadas com a mímica facial, pois é 
por meio da expressão que a criança demonstra 
alegria, dor, choro, desconforto (Gomez, Vasconcelos 
e Bernardes, 2004). Nestes bebês, estas expressões 
geralmente estão prejudicadas, principalmente 
quando ocorre paralisia facial bilateral. 
Existem dois tipos de paralisias faciais 
congênitas: 
 Não desenvolvimento dos núcleos celulares pontinos, que dariam 
origem às fibras do nervo facial. 
 Paralisia facial do tipo "Heller", que consiste na não formação do 
pavilhão da orelha e outras estruturas circunvizinhas. 
 
 
 
 
 
7 FONTE: Disponível em: <3.bp.blogspot.com/.../s320/paralisia-facial.gif>. Acesso em: 1 mar. 2010. 
 
 AN02FREV001 
67 
 
 
7.2 ETIOLOGIA 
 
 
As causas que geram a paralisia do VII par craniano no recém-nascido 
podem ser devido a erros de embriogênese ou adquiridos durante a gestação, ou 
aqueles ocasionados durante o parto (Gomez, Vasconcelos e Bernardes, 2004). 
Entre as causas adquiridas Granato e Lazarini (2006) citam pressão na face 
provocada pela proeminência sacral durante o trabalho de parto ou a utilização do 
fórceps. Nos casos de trauma de parto, geralmente a paralisia associa-se a outros 
sinais, como edema facial, equimoses 
e hemotímpano. Traumatismos de 
parto são responsáveis por 78% dos 
casos de paralisia facial. 
Entre as etiologias congênitas, 
a sequência de Moebius é a mais 
estudada. Na síndrome ou sequência 
de Moebius (figura ao lado8) observa-
se uma fraqueza ou paralisia dos 
músculos faciais o que dificulta a expressão das emoções por meio da face. O sexto 
(nervo abducente) e o sétimo (nervo facial) pares cranianos estão envolvidos nesta 
doença. Ocorre paralisia facial uni ou bilateral, estrabismo convergente. Pode 
ocorrer também paralisia de outros nervos cranianos, malformações dos membros 
(pés tortos congênitos, artrogripose9 e sindactilia10) e malformações de estruturas 
faciais (Altmann e Vaz, 2004; Guedes, 2008). 
Altmann e Vaz (2004) salientam que outras síndromes podem apresentar 
paralisia facial como consequência: a síndrome de Poland, complexo de Charge, 
 
8 FONTE: Disponível em: <www.fm.unt.edu.ar/.../oftalmologia/moebius1.JPG>. Acesso em: 16 mar. 
2010. 
9 Múltiplas deformidades rígidas nas articulações. FONTE: Disponível em: 
<www.wgate.com.br/conteudo/.../artrogripose.htm>. Acesso em: 16 mar. 2010. 
 
10 É uma anormalidade embriológica que resulta na visível união entre dois ou mais dedos das mãos 
ou dos pés. FONTE: Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/Sindactilia>. Acesso em: 16 mar. 2010. 
 
 
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68 
síndrome de distrofia miotônica de Steinert e espectro fascioauriculovertebral ou 
síndrome de Goldenhaar. 
De acordo com Lazarini e Almeida (2006) além da sequência de Moebius 
outras alterações podem levar a paralisia facial, entre elas 
 Agenesia do nervo facial – ocorrendo ausência de inervação muscular 
da face, é uma condição rara, pode ser isolada ou associada a outras alterações. 
 Paralisia do lábio inferior – doença que ocorre no desenvolvimento do 
nervo facial, ocorrendo o comprometimento da inervação da musculatura do lábio 
inferior, a mobilidade do restante da hemiface está preservada. Os músculos 
afetados são os inervados pelo ramo mandibular do facial – orbicular da boca, 
depressor do ângulo da boca, depressor do lábio inferior e o mentoniano. 
 
 
7.3 QUADRO CLÍNICO 
 
 
Casos de paralisia facial congênita, seja central ou periférica, não apresenta 
um aspecto típico, as alterações faciais vão ocorrer de acordo com o que foi lesado, 
e, quando associado à síndrome, seu quadro clínico pode envolver outras 
alterações. 
 
 
7.4 TRATAMENTO 
 
 
Granato e Lazarini (2006) salientam que o tratamento geralmente é cirúrgico, 
podendo ser complementado com estímulos elétricos. O resultado da cirurgia 
depende da época da indicação, sabendo-se que quanto mais cedo for operado, 
melhor será o resultado. 
Guedes (2008) afirma que em virtude da ausência da mímica facial e do 
quanto tal característica tem sido considerada importante na comunicação oral, 
estes pacientes necessitam de um trabalho multidisciplinar para minimizar os graves 
transtornos psicossociais que acarretam dificuldades de comunicação para esses 
 
 AN02FREV001 
69 
pacientes. A equipe multidisciplinar é composta por: neurologista, geneticista, 
fonoaudiólogo, psicólogo, oftalmologista, otorrinolaringologista, ortopedista, cirurgião 
plástico. O trabalho fonoaudiológico visa à melhora na comunicação, melhora no 
desempenho das funções estomatognáticas por meio de exercícios. 
Quando a etiologia da paralisia é um erro de embriogênese, Gomez, 
Vasconcelos e Bernardes (2004) afirmam que o tratamento deve ser diferenciado, 
devido a outras sequelas que ocorrem. O objetivo principal da terapia deve ser 
adequar às funções estomatognáticas – sucção, deglutição, mastigação, respiração 
e articulação. É necessária a realização de exercícios miofuncionais para adequação 
do tônus e mobilidade da musculatura facial. O trabalho de propriocepção, 
sensibilidade gustativa e a estimulação da linguagem, também devem ser 
realizados. 
Os pacientes com síndrome de Moebius, geralmente costumam apresentar 
dificuldades para mamar e consequentemente ganhar peso, pois apresentam 
pequena abertura de boca, mobilidade palatal pobre e sucção e deglutição 
ineficientes, restrição de movimentos mastigatórios laterais ou ausência de 
mastigação, levandomuitas vezes a um grau de desnutrição preocupante ou ganho 
de peso muito lento (Canonaco, 1998, Carneiro e Gomes, 2005). Estes pacientes 
necessitam de um acompanhamento fonoaudiológico para adequação das funções 
estomatognáticas e da musculatura facial. A orientação à família deve ser feita 
desde o nascimento, principalmente devido aos problemas relacionados com a 
alimentação. 
De acordo com Guedes (2006) o processo terapêutico nos casos de 
paralisia facial congênita, deve iniciar com relaxamento do rosto, pescoço e ombros, 
em seguida vem o trabalho individual da musculatura: 
 Na testa, os movimentos são ascendentes; 
 Nas pálpebras superiores e inferiores, são em direção lateral; 
 Na porção lateral do nariz, movimentos descendentes; 
 Na região das comissuras labiais, movimentos para fora e para cima, 
para os lados e para baixo; 
 No pescoço, movimentos descendentes. 
 
 
 
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A direção dos movimentos é apresentada na figura11 abaixo: 
 
 
 
Outros exercícios devem ser realizados por meio de movimentação 
complementar com mímica, em que a autora insiste na importância de relacionar a 
mímica com o sentimento emocional que deve ser expresso. Por exemplo, ao pedir 
que o paciente realize o exercício com “cara de nojo”, solicitar ao paciente que 
pense em algo que o enoje enquanto realiza a mímica. Devem ser trabalhados 
também exercícios de sucção, mastigação, deglutição e articulação, de acordo com 
a necessidade de cada paciente. Exercícios de abertura de boca, mordida e 
relaxamento para um bom resultado nas paralisias. A autora utiliza também 
exercício de mastigação seguida de sorriso e lateralização de mandíbula seguida de 
sorriso. As massagens devem se lentas e sem força. Como produzem o 
aquecimento das fibras musculares devem ser realizadas no início da terapia e 
seguidas de relaxamento. 
 
11 FONTE: Guedes, 2006, p. 170. 
 
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O trabalho com pacientes com paralisia facial congênita, principalmente com 
a etiologia de síndrome de Moebius, é um trabalho bastante árduo. Guedes (2006, p. 
172) citando Cole (1999) afirma que o fonoaudiólogo deve fazer “de tudo para que 
essas crianças possam ter o prazer de expressar seus sentimentos por meio de 
alguma parte de seu corpo, mesmo que seja ‘sem face’”. 
 
 
7.5 PROGNÓSTICO 
 
 
Em primeiro lugar, deve-se levar em consideração que a evolução da PF 
congênita é diferente da PFP. Os resultados vão depender da quantidade de fibras 
do nervo facial que estão saudáveis e, em alguns casos, dos resultados do 
tratamento cirúrgico. Deve-se também levar em consideração outras alterações que 
podem estar relacionadas à paralisia facial, que muitas vezes vão dificultar o 
tratamento. 
 
 
7.6 QUESTÕES PARA ESTUDO 
 
1- A PFC, é considerada uma lesão supranuclear, explique. 
2- Explique porque na PFC os movimentos automáticos estão presentes. 
3- Quais sinais e sintomas que diferenciam a PFP da PFC. 
4- Como é a atuação fonoaudiológica na PFC? 
5- Qual a importância da atuação fonoaudiológica ao recém-nascido com 
diagnóstico de paralisia facial congênita? 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO III

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