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resumo Constitucional I

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CONSTITUCIONAL I
PROFº FELIPE SARINHO
MONITORA EDUARDA VANZOFF
	CONTÉUDO DA AULA 01 
O objetivo ao qual queremos chegar é o da análise constitucional de Estado, mas esse só será possível a partir do momento em que se compreende a ideia do que deve ser considerado Estado. Iremos nos ater, portanto, ao surgimento do que deve ser considerado como sociedade para o que será entendido como uma realidade estatal.
Quando pensamos em modelos anteriores a existência do estado, esse modelo responderá por sociedade. Não sociedade no “sentido comum”, sociológico, mas como realidade anterior ao Estado. A sociedade, portanto, pode aqui ser entendida como uma junção inicial de um determinado sentimento de pertença a um determinado grupo de pessoas, sentimento de pertença esse que será alimentado por um modelo de interação. Essa interação pode ser justificada pelo homem como animal social, no qual há instinto de sociabilidade, como homem social e politico etc. 
É essa condição de sentimento de pertença a um determinado grupo social, da inevitável interação que existe, se faz necessário a utilização de um critério de vontade para que se possa manter a estabilidade de um grupo social. Em síntese, a sociedade pode ser lida nesse contexto como uma junção de sentimento de interação e vontade. Determinados valores são introspectados a partir do momento que essa junção acontece. O ato de vontade permitirá com que uma sociedade permaneça Estado. Afinal, quanto mais complexas são as relações sociais, mais difícil é a alimentação do próprio sentimento. Se se pensar no menor dos grupos sociais, uma noção basilar de família está perante um grupo no qual as relações sociais são relações de baixa complexidade, afinal são poucos os que compõem esse modelo, o que torna mais simples. Quanto mais se alargam essas interações interpessoais, se começa a interagir com outros grupos ou com outro grupo maior é inevitável que a interação provoque uma análise critica do próprio sentimento, a partir disso, se pode vislumbrar a perspectiva da própria interação. Para que essa interação não se dissolva é necessário o ato de vontade. Através desse será possível, então, chegar a uma estabilidade.
Sem a interação, há o surgimento de tensões sociais. Quanto mais se interage, mais se critica mais tensões surgirão. Através do ato de vontade, portanto, será possível perceber que a estabilidade é mais importante do que qualquer crítica efetivamente realizado. Se olharmos para um modelo de sociedade com sentimento, interação e vontade e pensarmos que inevitavelmente haverá uma tensão social, logo, são sob as tensões sociais que haverá uma relação de poder exercida. Por mais que haja o sentimento de pertença, a interação faz com que a análise crítica se estabeleça e só um ato de vontade pode manter a estabilidade. 
Dessa forma, as tensões sociais geram modelo próprio de Poder. Desse ponto, surge a máxima “Todo Poder emana do povo (grupo social)”. Nessa lógica, o poder deriva das tensões sociais, oriunda das relações interpessoais que aconteceram devido à interação. É necessário, então que haja um exercício do Poder no tecido social. Esse exercício poderá obedecer a diversos modelos, como o patriarcal, matriarcal, senatorial, portanto que se mantenha a estabilidade das relações através da composição dos conflitos de interesses poderemos entender o sentido de sociedade abordado na Teoria da Política e do Estado. O Poder social será, nesse viés, tomado por algum modelo de sociedade. Haverá, logicamente, uma disputa entre grupos menores pela titularidade do exercício do próprio Poder com a finalidade de obter o melhor modelo para que haja a estabilidade/paz social.
Essa disputa não poderá acontecer de qualquer maneira. Se for feita de qualquer forma, ocasionará em uma ruptura do próprio tecido social, o que contraria a finalidade acima citada. Uma das características essenciais a qualquer modelo de sociedade é a existência prévia de uma ordem social que foi criada pelo Poder social e como as manifestações podem ser realizadas em conjunto e de maneira mais efetiva, incluindo nesse ponto a disputa de Poder. Cada modelo de sociedade, portanto, estabelecerá uma ordem social e qualquer manifestação que ocorra dentro desse modelo, não poderá deturpar a ordem sob pena de desmanchar o tecido. Um exemplo é o direito de reunião que não pode ser exercido a qualquer custo, mas devem ser obedecidas normas de adequação social. Segue o artigo 5º da Constituição Federal de 88:
“XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente”.
Entender o modelo de sociedade anterior a noção de Estado é compreender que estamos perante a existência de um determinado grupo social, cujo sentimento de pertença àquela realidade não consegue ser superado pelo modelo de tensão gerado pela interação entre as pessoas e por um ato de vontade se estabelecerá através do Poder social determinada ordem a ser obedecida. Aceitaremos, portanto, que haja exista disputa pelo exercício de Poder e essa disputa não poderá ser feita por manifestações que gerem desordem do modelo. 
A partir do momento em que há complexidade nas relações pessoais e não é mais possível a manutenção da estabilidade apenas com base no conceito de sociedade, estaremos diante de novas e mais complexas tensões sociais e conflitos de interesses, o que torna mais difícil a solução. Logo, não se resolverá mais os conflitos de interesse pela utilização de um modelo de Poder social. Agora terá de haver uma nova realidade para o exercício de aquele Poder. Desse ponto, portanto, surgirá a necessidade de institucionalizar através de um modelo político próprio uma entidade que seja formalmente apartada do social, o Estado.
O Estado continua com as mesmas premissas encontradas na sociedade: sentimento, interação e vontade, o Poder continua a emanar do povo, a ordem social permanece e há, ainda, manifestação de Poder, onde essas manifestações continuam a ser coordenadas. A diferença é quem vai exercer esse modelo.
Cria-se uma entidade, uma instituição de natureza política que é o Estado, institucionalizando, dessa forma, uma parcela de Poder exercida pelo e para o povo. A natureza política se deve ao fato do Estado exercer um Poder político, pois a existência do Estado depende de uma escolha de natureza política. Quando olhamos essa transição entre o que é uma realidade pré-estatal e o que será uma realidade estatal é mais fácil admitir e olhar para as teorias contratuais, do que admitir que o Estado possa ter nascido de uma transição natural. 
Se o Estado agora é quem exercerá o Poder nesse modelo, ele será agora detentor formal das normas que passarão a organizar a sociedade, ou seja, além de uma ordem social, passaremos a ter uma ordem jurídica agregada. No modelo pré-estatal, se tinha a percepção de como a ordem social funcionaria, agora há além desse sentimento, o estabelecimento de uma ordem jurídica como a ordem social se manifesta. Em tese, todo Poder emana do povo, o Estado fará com que a ordem social se transforme em modelo de ordem jurídica. A sociedade diz o que quer e a lei é feita de acordo com o que a sociedade deseja, tem-se, portanto, normas jurídicas.
Quem é, portanto, que produz formalmente a lei¿ O Estado através do Poder Legislativo. Quem é que executa as leis¿ É o Estado através do Poder Executivo. Quem é que interpreta as leis¿ Judiciário, através do processo, quando há conflito de interesses. Qual a será a medida do direito à vida no Brasil¿ Se olhara decisões do STF acerca do caso para compreender qual a interpretação que é dada formalmente no Estado sobre o direito à vida. O Poder continua a ser pertencente ao povo, à ordem social e agora está sendo expresso através de uma série de normas jurídicas dotadas de coercibilidade, o que acontece até hoje.
A partir desse ponto, o Estado detentor das normasjurídicas, passa a obter o monopólio do uso legitimo da força. O Estado, através de sua função executiva, possuí todo um aparelho repressor ligado a ela, pensamos assim, nas Forças Armadas e nas Forças de Segurança Pública. O fazer com que as normas jurídicas sejam obedecidas é uma função de quem executa a própria lei, por isso essas forças são ligadas ao poder executivo. Ao pensar no uso da força, se pensa em dois métodos. O primeiro é a noção de autoridade (multa) e o segundo é o uso da violência (exacerbar direito de manifestação).
O uso dessa característica das normas jurídicas só pode ocorrer se estivermos perante a utilização do principio da isonomia. Só através do uso da isonomia que se pode pensar em um uso correto dessa característica da coercibilidade, pois o Estado deverá obrigatória e necessariamente tratar os iguais de forma igual em qualquer uma de suas funções. Sempre que uma situação fática estiver sob-hipótese normativa, teremos que tratar as pessoas da mesma maneira. Situações diferentes, tratamentos diferentes, condições pessoais diferentes, tratamentos igualmente diferentes. Tratar, portanto, os iguais de maneira igual e os desiguais na medida de sua desigualdade. Para melhor se ater quando ao tema da isonomia, ler O conteúdo jurídico do principio da igualdade, Celso Antônio Bandeira de Mello.
O grupo social não pode ser mais designado pelo nome de sociedade. Sociedade está presente em uma realidade pré-estatal, nós estamos perante algo mais reforçado que é a existência de uma comunidade política. Se todos que estão na mesma situação, receberão o mesmo tratamento, não se pode desvencilhar do exercício de Poder. Teremos a composição dos conflitos de interesses através da regra comum. Comunidade política pois foi fruto de uma decisão política de determinado grupo social que agora se amarrou a partir do momento que institucionaliza o exercício do Poder do Estado por aquilo que é comum para cada uma das pessoas. 
Existem, portanto, elementos que são frequentemente apontados como essenciais dessa ideia de Estado. O problema é que não há diferença entre esses elementos, quer estejamos em uma sociedade, quer estejamos em uma comunidade política. Eles se repetem. Os elementos são:
ELEMENTO HUMANO
ELEMENTO GEOGRÁFICO
ELEMENTO DE PODER
Hoje se prefere usar a expressão Condições de existência do Estado. Esses elementos seriam condições ideais para existência de um Estado. Haveria também que encontrar tal qual no modelo de sociedade, a existência de uma + FINALIDADE a cumprir. Saúde, educação, lazer, moradia, trabalho, segurança etc, são varias finalidades que o Estado tem de cumprir. Mesmo com a falta de alguns desses elementos, ainda sim, reconheceríamos a existência de um Estado. 
ELEMENTO HUMANO
Esse item pode ser entendido a partir de conceitos distintos de população, povo e nação. População é um conceito quantitativo, portanto, a quantidade de pessoas que em um dado momento estão dentro do território brasileiro. Povo é um conceito qualitativo, ou seja, todo aquele que tem uma relação jurídica estável com o Estado. Nação é um conjunto de elementos que fazem sentir pertencente a um grupo social, perto da lógica de sociedade. É um conceito valorativo, portanto, correlacionado ao de nacionalidade. 
Quanto à nacionalidade:
BRASILEIROS NATOS
Nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que esses não estejam a serviço de seu país. O critério aqui adotado é o JUS SOLIS, territorial, o que confirma a tese de que os países que foram colonizados tendem a adotar esse critério para atribuição de nacionalidade originária. Essa definição de brasileiros natos, portanto, traz consigo uma norma geral inclusiva e uma norma especial exclusiva.
Nessa hipótese, quando um filho de pai ou mãe brasileiro que estiverem a serviço do Brasil, fora do Brasil, será considerado o filho, brasileiro nato. É como o outro lado da moeda da versão A. O critério sanguíneo, JUS SANGUINIS está combinado com o critério funcional, o que nos leva a conclusão de que o Brasil não adotou o critério territorial de forma exclusiva, pura.
Quando um filho de brasileiro nasce no estrangeiro e ele não está a serviço do Brasil, o filho terá de ser registrado em repartição competente, registro no consulado OU venham a residir no Brasil e uma vez atingida a maioridade opte, a qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. Vale salientar que o elemento “optar” é meramente conformativo e a nacionalidade originária continua a ter característica involuntária. 
BRASILEIROS NATURALIZADOS
Aos originários de língua portuguesa, apenas um ano de residência ininterrupta, comprovação de idoneidade moral e o pedido. A lei 6815/80, além do artigo 12º da CF88, versa sobre os critérios para que o estrangeiro se naturalize:
Tempo mínimo de permanência no país de quatro anos sobre a condição de permanente. Preenchidos os requisitos da lei, que se faça, portanto, o requerimento. Chama-se naturalização ordinária.
Para Portugal existe o estatuto da equiparação. É possível que um brasileiro em Portugal exerça os mesmos direitos que um português, sem que haja a naturalização e o contrário também ocorre. 
São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes no Brasil por mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal. Chama-se naturalização extraordinária, nesse caso, se for negado o requerimento, cabe correção judicial através de Mandado de Segurança.
PS: Existem cargos que só o brasileiro nato pode exercer, segundo versa a CF88. A Presidência e Vice-Presidência da República, presidente da Câmara dos Deputados, presidente do Senado Federal, Oficial das Forças Armadas, membro da carreira diplomática, Ministro de Estado da Defesa, Ministro do STF.
ELEMENTO GEOGRÁFICO
Diz respeito ao território. A ideia de território abriga tanto o solo em sua parte superficial, subsolo, espaço aéreo, como águas territoriais.
As águas territoriais são de diversos tipos como aborda a CF88. Todo e qualquer curso d’agua que exista no Brasil é considerado como parte do território brasileiro. Podem ser rios nacionais, como os de fronteira que podem ser naturais (rio que separa Brasil do Paraguai) e convencionais (decorre de acordo entre Estados para determinar qual o ponto da fronteira, Brasil e Bolívia é um exemplo).
Aqui há também a importância dos Lacustres, ou seja, todo e qualquer ajuntamento de água parada que exista no Brasil. Inclusive, qualquer ilha nesse ambiente é considerada território brasileiro.
O conceito de mar territorial é amplo e é uma projeção do que vem a ser território em relação ao próprio mar, essa ideia já vem definida na lei 8617/93 e encontra-se também no artigo 20 da CF88. Mar territorial é, portanto, tudo que vai de uma distância de 12 milhas marítimas a partir da linha base de baixa-mar. Diferente do conceito de zona contigua, o mar territorial sente efeitos da soberania do país. Zona contigua é aquela que vai das 12 até as 24 milhas marítimas, neste ponto não se exerce plenos direitos de soberania, mas exerce direitos ligados à fiscalização e defesa. Há também a zona econômica exclusiva é aquela que vai alcançar um limite máximo de 200 milhas marítimas, ou seja, se vai ter um monopólio da utilização econômica das riquezas marítimas, a exploração só poderá ocorrer, portanto, com autorização do Estado brasileiro. Outro conceito é o da plataforma continental alcança o limite de 200 milhas, mas aqui se fala no leito e no subsolo, como por exemplo, a exploração do pré-sal. 
ELEMENTO DE PODER
Deve ser entendido como Poder político, mas só teremos o aperfeiçoamento do conceito de Estado quando esse Poder possa ser verificado a partir de um critério de soberania. Sem que o Poder político chegue à ideia de soberania, não temos um Estado.

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