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Demanda, oferta, equilíbrio de mercado e elasticidades

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CAPÍTULO 4 – DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO. ELASTICIDADES
4.1 Introdução 
O objetivo deste capítulo é apresentar o funcionamento de um dos mecanismos econômicos mais importantes do nosso cotidiano, o chamado "mercado". Afinal, qual o seu significado?
Não existe uma definição rigorosa para o conceito de mercado. Em termos básicos, o mercado pode ser visto como uma "Instituição" na qual ocorre a interação entre compradores (demandantes) e vendedores (ofertantes), ou seja, os agentes interessados em adquirir um produto ou serviço, por um lado, e os agentes dispostos a vender este mesmo produto ou serviço, por outro. Note que, neste sentido econômico, o mercado não é uma instituição formal, ou seja, dois agentes dispostos a realizar uma transação econômica não necessariamente precisam estar dentro de um estabelecimento formal (uma loja, uma fábrica ou um supermercado, por exemplo) para efetuá-la. Na prática, isso ocorre devido a questões normativas, por exemplo, mas mesmo um mercado ilegal também é um mercado - apesar de ser um exemplo politicamente incorreto, o comércio de produtos piratas e até mesmo o comércio de drogas e de órgãos humanos ocorrem por via do mercado. 
Em geral, nas sociedades contemporâneas ou mais desenvolvidas, esta troca ocorre mediante o pagamento de algum montante monetário, ou seja, através do uso da moeda como meio de troca. Contudo, nada impede que dois agentes realizem trocas diretas entre produtos ou serviços como ocorria na antiguidade ou em localidades mais remotas, por via do chamado escambo. Ainda assim, o mercado é o mecanismo que permite a interação entre os agentes e a realização de todas estas transações. É justamente por permitir e facilitar a ocorrência destas transações que o mercado é uma instituição importante para o funcionamento da economia, e quanto mais rápido e simples este funcionar, mais transações e, consequentemente, mais produção e renda a sociedade tende a gerar. 
Feitas estas discussões preliminares, este capítulo apresenta inicialmente dois conceitos importantes e que invariavelmente fazem parte do mercado: o primeiro é o conceito de demanda e o segundo, o conceito de oferta. Posteriormente, o capítulo apresenta o conceito de equilíbrio, que representa o resultado da interação entre demanda e oferta. Finalmente, o capítulo apresenta algumas considerações complementares sobre a demanda e o funcionamento do mercado. 
Ao longo deste capítulo, continuaremos usando com frequência o conceito ceteris paribus, ou seja, "tudo o mais mantido constante". Dado que um fenômeno econômico é normalmente influenciado por vários fatores ao mesmo tempo, esta premissa é importante, pois permite analisar um determinado fenômeno atribuindo foco especifico ao elemento de Interesse, conforme poderá ser visto ao longo do texto. 
4.2 Demanda 
Em termos básicos, a demanda (procura) pode ser definida como a quantidade de certo produto ou serviço que os consumidores desejam adquirir em um determinado período de tempo. Em particular, a demanda é determinada por uma série de variáveis que influenciam a escolha do consumidor, entre as quais destacamos o preço do próprio produto ou serviço, o preço dos outros bens (substitutos ou complementares, discutiremos o conceito destes mais à frente) a renda dos consumidores, fatores sazonais, disponibilidade de crédito, propaganda, localização, etc... 
Tradicionalmente, a função demanda é colocada como dependente das seguintes variáveis, consideradas as mais relevantes e gerais, pois costumam ser observadas na maioria dos mercados de bens e serviços:
qdA = f (PA, PS, PC, R, G) Função Geral da Demanda
onde: 
 qdA = quantidade procurada (demandada) do bem A/t (t significa num dado período) 
PA = preço do bem A/t
PS = preço dos bens substitutos ou concorrentes/t 
PC = preço dos bens complementares/t 
R = renda do consumidor/t
G = gostos, hábitos e preferências do consumidor/t 
Para estudar o efeito individual de cada uma dessas variáveis sobre a procura de determinado bem ou serviço, recorremos à hipótese de coeteris paribus, (todas as demais variáveis permanecem constantes). 
4.2.1 Relação entre quantidade procurada e preço do próprio bem: a lei da demanda 
Ceteris paribus, há uma relação negativa entre a quantidade procurada e o preço do bem. Essa é a chamada lei geral da demanda que pode ser ilustrada graficamente para facilitar a interpretação. A Figura 4.1 - sugerimos ao leitor que estude esta figura com atenção, pois é a representação clássica da demanda - apresenta um exemplo hipotético: o eixo da ordenada representa os diferentes preços (PA), e o eixo da abscissa representa as quantidades demandadas por um determinado produto ou serviço A(qdA). A relação entre estas duas variáveis é estabelecida pela linha do gráfico, e é justamente esta linha que recebe o nome de função demanda, ou simplesmente demanda. Neste nosso exemplo, note que, se o preço unitário do bem A em questão for RS 90, a quantidade demandada será igual a 620 unidades, ao passo que se o preço deste mesmo bem cair para R$ 80, a quantidade demandada se elevará para 640 unidades, e assim por diante. Desta forma, note que a curva de procura tem inclinação negativa, refletindo o fato de que a quantidade procurada de determinado produto se relaciona de forma negativa com seu próprio preço, tudo o mais mantido constante. 
Por simplificação, supõe-se que a relação entre a quantidade demandada e o preço do bem seja expressa matematicamente por uma função linear (por exemplo: qdA = 10 - 0,2 PA), sendo que o coeficiente negativo do preço indica uma relação inversa com a quantidade demanda, coeteris paribus. 
4.2.2 Outras variáveis que afetam a demanda por um bem ou serviço 
Na prática, sabemos que a procura por um produto ou serviço não é influenciada apenas por seu preço, ou seja, existem outras variáveis que também afetam a decisão dos consumidores sobre a quantidade a ser consumida. De acordo com a teoria do consumidor, a procura também é afetada pela renda dos consumidores, pelo preço dos bens substitutos (ou concorrentes), pelo preço dos bens complementares e pelas preferências ou hábitos dos consumidores. Tendo já discutido o comportamento da quantidade demandada em função do comportamento do seu próprio preço, vamos analisar estes outros determinantes da demanda. 
4.2.2.1 Renda 
Além do preço do produto demandado, é natural considerar que a renda do agente seja um determinante importante de quanto ele demanda do produto ou serviço em questão. Em geral, ceteris paribus, a demanda por um bem aumenta conforme a renda dos agentes aumenta - quando um bem se adequa a esta categoria, ele é definido como bem normal. Por outro lado, existem casos em que o aumento da renda faz com que os indivíduos diminuam o consumo deste bem, caso dos bens classificados como bens inferiores. Finalmente, ainda em relação à renda, existe uma terceira categoria, chamada de bens de consumo saciado, cujo consumo não aumenta nem diminui conforme a renda se altera. Graficamente, podemos ilustrar estes casos da seguinte forma:
Há um aspecto importante a ser discutido neste ponto, e que normalmente causa confusão ao estudante. Note que o gráfico continua tendo o preço do bem no eixo das ordenadas e a quantidade demandada no eixo das abscissas. Contudo, ao alterarmos a renda dos agentes, há um deslocamento da demanda, ou seja, muda-se a posição da função no gráfico. Isto ocorre porque há uma alteração em uma variável que alterou a demanda (no caso, a renda), mas que não está representada em nenhum dos eixos do gráfico. Tomando o caso do bem normal como exemplo (painel (a) da Figura 4.2), o aumento da renda deslocou a demanda para a direita. Se a renda do indivíduo tivesse sofrido queda de renda, teríamos um deslocamento da demanda para a esquerda.
4.2.2.2 Preço dos demais produtos 
A demanda de um bem ou serviço também é influenciada pelos preços de outros bens e serviços. O primeiro caso a ser discutido são os chamados bens substitutos, ou seja, aqueles que podemser consumidos em substituição ao bem em questão. Um exemplo bastante próximo do nosso cotidiano é a possibilidade de se utilizar álcool no lugar da gasolina em nossos automóveis ou, então, a possibilidade de se contratar um pacote de canais de TV transmitidos via internet em substituição à tradicional TV a cabo, por exemplo. Para o primeiro destes casos, um aumento do preço do álcool tende a elevar o consumo de gasolina, por exemplo. Assim, nestes casos, tende a haver uma relação positiva entre a demanda por um bem e o preço do seu substituto. 
O segundo caso a ser discutido diz respeito aos chamados bens complementares, ou seja, produtos ou serviços que são consumidos em conjunto com outros. Computadores e softwares, por exemplo, representam um caso bastante tradicional, dado que a aquisição do primeiro normalmente leva a aquisição do segundo - desta forma, caso o preço dos computadores sofra queda, é natural considerar que ocorra um aumento na demanda por computadores assim como um aumento na demanda por softwares. Este exemplo nos auxilia a estabelecer uma relação negativa entre a demanda por um bem e o preço do seu bem complementar.
Na Figura 4.3 (a), temos o caso de bens substitutos, em que o aumento do preço do produto B aumenta a demanda pelo produto A (Cuidado: os gráficos continuam representando a demanda pelo produto A, não pelo produto B). Na Figura 4.3 (b), temos o caso de bens complementares, em que o aumento do preço do produto B causa redução do consumo do produto A. Note novamente que os gráficos continuam tendo o preço do bem no eixo das ordenadas e a quantidade demandada no eixo das abscissas. Ao alterarmos o preço do bem substituto ou do bem complementar, há novamente um deslocamento da função no gráfico porque, conforme discutido anteriormente, há uma alteração em variáveis que alteraram a demanda (no caso, o preço do bem substituto ou o preço do bem complementar), mas que não estão representadas nos dois eixos do gráfico. 
4.2.2.3 Outros fatores que afetam a demanda 
Além dos fatores já discutidos anteriormente, existe uma série de outros fatores que afetam a demanda por um determinado produto ou serviço. Não temos a intenção de esgotar todos, até porque não é o propósito deste capítulo, mas podemos apresentar alguns deles: 
• Fatores sociais e hábitos dos consumidores: a demanda por determinados bens ou serviços é tipicamente influenciada por fatores que não são, a princípio, puramente econômicos. Como primeiro exemplo, podemos citar a religião como um fator social importante que define o comportamento do consumo dos agentes (como o não consumo de carne bovina na índia, ou então, a elevação do consumo de carne de peixe na Semana Santa, por exemplo), outro exemplo advém da estrutura de consumo das famílias do Sul do Brasil, distinta das cestas de consumo das famílias do Norte ou do Nordeste do País por razões culturais, entre outros; 
• Fatores geográficos e climáticos: fatores climáticos e geográficos também tendem a determinar o comportamento da demanda dos agentes por um determinado produto. Estes fatores podem influenciar a demanda de forma estrutural (o consumo de aquecedores residenciais tende a ser mais alto nas regiões temperadas do que na região tropical do globo terrestre, por exemplo), assim como pode também causar variações sazonais, como o aumento do consumo de bebidas no verão; 
• Outros fatores econômicos: além do comportamento do preço do próprio bem, do preço dos bens substitutos e complementares e além da renda dos agentes, existem outros fatores econômicos que afetam a demanda por um determinado produto ou serviço. Em especial, a disponibilidade de crédito e a taxa de juros afetam a decisão dos agentes em adquirir aqueles bens que são tradicionalmente adquiridos a prazo, como automóveis, imóveis e eletrodomésticos, por exemplo. Além destes, podemos destacar também campanhas de publicidade, que podem fazer com que os consumidores se sintam mais atraídos a adquiri-los.
4.3 Oferta 
Em termos gerais, pode-se definir oferta como a quantidade de bens e serviços que os produtores (empresas) desejam produzir e oferecer ao mercado em determinado período de tempo. Assim como ocorre no caso da demanda, a oferta de produtos e serviços também depende de vários fatores, como os seus próprios preços e o custo dos insumos e dos instrumentos utilizados no processo de produção, fatores tecnológicos, climáticos, entre outros fatores. 
A função geral da oferta de um bem ou serviço está determinada pelas seguintes variáveis: 
qOA = f(PA, πm, T, A)
onde: 
qOA = quantidade ofertada do bem A/t 
PA = preço do bem A/t 
πm = preço dos fatores e insumos de produção m (mão de obra, matéria-prima, etc.) 
T = tecnologia 
C = fatores climáticos e/ou ambientais 
Neste contexto, é importante discutir a diferença entre dois conceitos mencionados no parágrafo anterior cuja interpretação é frequentemente confundida pelos alunos. Os insumos são os elementos que são consumidos ou transformados ao longo do processo produtivo de um bem ou serviço, como ocorre tipicamente com as matérias-primas e o consumo de energia, por exemplo. Já os fatores de produção são os elementos necessários à manipulação dos insumos ao longo do processo produtivo e que são remunerados por via do pagamento das chamadas rendas. Os principais fatores de produção e suas respectivas rendas são expostos na tabela abaixo:
4.3.1 Relação entre quantidade ofertada e preço do próprio bem: a lei da oferta 
Assim como discutimos no caso da demanda, existe uma relação entre o preço de um produto ou serviço e a quantidade que as empresas estão dispostas a produzir e oferecer aos consumidores (demandantes). Diferentemente da função demanda, contudo, a função oferta mostra uma relação positiva entre quantidade ofertada e nível de preços, ceteris paribus. Esta é a chamada lei da oferta, que também pode ser ilustrada graficamente para facilitar a interpretação por parte do leitor. 
A Figura 4.4 apresenta um exemplo hipotético para um determinado produto ou serviço A: assim como no caso da demanda, o eixo das ordenadas representa os diferentes preços (pA), mas o eixo das abscissas passa a representar as quantidades ofertadas (). A relação entre estas duas variáveis é estabelecida pela linha do gráfico, e é justamente esta linha que recebe o nome de função oferta, ou simplesmente oferta. Em nosso exemplo, note que se o preço unitário do bem em questão for RS 40, a quantidade que as empresas ofertarão será igual a 680 unidades, ao passo que se o preço deste mesmo bem se elevar para RS 50, a quantidade ofertada se elevará para 700 unidades.
A relação positiva entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem deve-se ao fato de que, tudo o mais mantido constante, um aumento do preço de mercado estimula as empresas a elevar a produção e/ou estimula a entrada de novas empresas, aumentando a quantidade ofertada do produto ou serviço em questão aos consumidores. 
4.3.1.1 Outros fatores que afetam a oferta 
Da mesma forma que discutimos no caso da demanda, o gráfico de oferta do produto A (Figura 4.4) também apresenta somente o preço e a quantidade ofertada do produto em questão. Contudo, existem outros fatores importantes que afetam a decisão das empresas sobre a quantidade a ser produzida. Além do preço, a oferta de um bem ou serviço é afetada pelos custos dos insumos e dos fatores de produção (matérias-primas e salários, por exemplo), por alterações tecnológicas e pelo aumento do número de empresas no mercado, entre outros.
4.3.1.2 Inovações tecnológicas, aumentos de produtividade e reduções de custos de produção 
Sabe-se que as empresas conseguem aprimorar seu processo produtivo de várias formas. O avanço tecnológico exerce grande influência sobre a capacidade produtiva das empresas - a Revolução Industrial e o advento da Internet, nesse caso, são exemplos clássicos de aumento da produtividade das empresas. Outra fonte importante de aprimoramento produtivo é o investimento em capital humano, comoo treinamento e o aumento do nível de escolaridade dos trabalhadores, por exemplo. Seja como for, todas estas medidas permitem que as empresas estejam aptas a aumentar a produção dos bens e serviços consumidos pelos agentes. Graficamente, o que ocorre com a oferta caso ocorra uma melhora tecnológica que aumente a produtividade das empresas? 
Conforme exposto na Figura 4.5, a melhora tecnológica causa um deslocamento para a direita do gráfico, ou seja, a qualquer nível de preços, as empresas são capazes de produzir uma maior quantidade de produtos ou serviços. Note novamente que, ao alterarmos a produtividade das empresas, houve um deslocamento de toda a oferta no gráfico. A exemplo dos casos discutidos anteriormente, isto ocorre porque, embora a produtividade afete a oferta das empresas, a produtividade em si não está representada nos dois eixos do gráfico. 
A Figura 4.5 também serviria para descrever o caso em que há uma redução dos custos produtivos. Se uma matéria-prima fica mais barata, por exemplo, as empresas podem adquirir maiores quantidades dessa matéria sem pressionar seus custos totais e, assim, é possível elevar sua produção.
4.4 Equilíbrio de mercado 
4.4.1 Interação entre oferta e demanda 
Nesta seção do capítulo, discutiremos a interação entre a demanda e a oferta e, em particular, enfatizaremos o conceito de equilíbrio, que é resultado da interação entre estas duas funções. Conforme discutido no Início deste capítulo, trata-se este de um dos conceitos mais importantes em Economia, cujo entendimento por parte do aluno é essencial. 
Conforme discutimos anteriormente, a demanda representa a quantidade de um produto ou serviço que os consumidores estão dispostos a adquirir a vários preços, ao passo que a oferta representa as quantidades que as empresas ou companhias estão dispostas a produzir e ofertar no mercado também a diferentes preços. Contudo, a pergunta que se coloca é: qual é o preço que os consumidores pagarão e qual é o preço que os produtores receberão, efetivamente? Ademais, quais serão as quantidades que os consumidores consumirão, e quais são as quantidades que as empresas produzirão, efetivamente? 
A resposta para esta pergunta é: a interação das curvas de demanda e de oferta determinam o preço e a quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço em um dado mercado. O preço de equilíbrio será o valor a ser pago pelos consumidores, e será este também o valor a ser recebido pelos produtores. A quantidade de equilíbrio, por sua vez, definirá a quantidade que as empresas produzirão, quantidade esta que será consumida pelos agentes. 
Voltemos aos exemplos já apresentados ao longo deste capítulo. A Figura 4.6 apresenta a mesma função demanda e a mesma função oferta vistas anteriormente - a única diferença é que, agora, ambas estão no mesmo gráfico. Nesta ilustração, é possível constatar que estas funções se cruzam exatamente no ponto E, para o qual está associado um preço unitário de R$ 50 e uma quantidade igual a 700 unidades. Afinal, o que este ponto E representa?
A Tabela 4.2 nos auxilia a entender o significado deste ponto. Tomando inicialmente o preço unitário igual a R$ 30, note que a quantidade procurada (demandada) é igual a 740, mas a quantidade ofertada é igual a 660, ou seja, há um excesso de demanda (ou, se o leitor preferir, insuficiência de oferta) igual a 80 unidades - em termos básicos, há "muita demanda para pouca oferta". O que ocorre a partir daí? 
Assumindo que o mercado funcione somente com base na interação entre os demandantes e os ofertantes, o ajuste ocorre por via do aumento de preços uma vez que a escassez do produto tende a torná-lo progressivamente mais caro. Isso provavelmente não deve lhe causar nenhum grande espanto, afinal, você já deve ter se deparado com uma situação em que um produto em falta fica mais caro. Eis o mercado em ação...
Vejamos o que acontece quando o preço atinge R$ 40 por unidade. Neste novo preço, mais alto que o anterior, a quantidade demandada se reduz para 720 unidades, mas a quantidade ofertada se eleva para 680. Este resultado é esperado, dado que, a preços mais altos, os consumidores tendem a demandar menos, mas os produtores tendem a produzir mais. Contudo, a este preço, ainda há mais demanda do que oferta em montante igual a 720 - 680 = 40 unidades, o que tende a pressionar novamente os preços para cima. 
Quando os preços atingem o patamar de RS 50 por unidade, observa-se um resultado curioso: a demanda pelo produto diminui para 700 e a oferta aumenta para os mesmos 700, ou seja, neste ponto, "não há nem produto sobrando, nem produto faltando no mercado". Posto de outra forma, a quantidade demandada e a quantidade ofertada são rigorosamente iguais, e o excesso de demanda (ou insuficiência de oferta) é exatamente igual a zero. 
E se eventualmente o preço se elevasse ainda mais e atingisse o patamar de R$ 60 por unidade? A preços mais altos que antes, os consumidores tendem a consumir naturalmente menos, ao passo que os produtores tendem a produzir mais, fazendo com que, neste caso, exista sobra de produto no mercado em montante igual a 720 - 680 = 40. Se os preços se elevassem para 70 por unidade, este excesso de produto no mercado tende a ser ainda maior, igual a 740 - 660 = 40 unidades. Em ambos os casos, o excesso de oferta tende a fazer o preço cair, fazendo com que, ceteris paribus, ocorra uma convergência para o patamar de 50 por unidade. 
Você já deve ter notado o seguinte: R$ 50 por unidade representa um preço particular, pois, neste patamar, os consumidores estão dispostos a consumir exatamente a mesma quantidade que as empresas estão dispostas a ofertar. Se os preços estão acima deste patamar, o excesso de oferta pressiona automaticamente o preço para baixo, ao passo que, se os preços estão abaixo deste nível, tende a haver excesso de demanda, pressionando os preços para cima. O ponto E representa assim o equilíbrio de mercado: assumindo livre movimentação de preços, se a economia estiver neste ponto, continuará no mesmo, e, se não estiver, convergirá para o mesmo por via da interação entre compradores e vendedores e o ajustamento automático dos preços e das quantidades, ceteris paribus.
4.4.2 Mudanças no equilíbrio de mercado a partir de alterações da oferta ou da demanda 
Conforme visto anteriormente, existem vários fatores que podem provocar deslocamento das curvas de oferta e demanda. Vamos discutir um caso para aprofundarmos o entendimento do equilíbrio de mercado.
a. Aumento da renda dos agentes 
Vamos voltar à nossa Figura 4.6. Vamos supor que este mercado já esteja em seu equilíbrio e que, em certo momento, ocorra um aumento permanente da renda dos agentes. O que ocorre com o equilíbrio de mercado? Exceto o aumento da renda, vamos assumir ceteris paribus. 
Analisando a Figura 4.7, sabemos que a economia estava, inicialmente, no ponto E1, em que o preço de equilíbrio era 50 por unidade e a quantidade transacionada no equilíbrio era igual a 700 unidades. Contudo, conforme já visto anteriormente, o aumento da renda causa um deslocamento da demanda (de toda a função) para a direita, o que gera um novo equilíbrio em que o preço passa a ser igual a R$ 70 e a quantidade de equilíbrio passa a ser igual a 740. Por que isso ocorre? 
Com o aumento da renda, os indivíduos consumirão maiores quantidades do produto ao preço vigente anteriormente (e que, antes do aumento da renda, era o preço que equilibrava o mercado). Contudo, é possível visualizar no gráfico que, ao preço antigo, a nova demanda igual a 780 é agora mais alta que a oferta (700), ou seja, ao preço de equilíbrio antigo, o aumento da renda causa excesso de demanda no mercado, igual a 80 (780 - 700).
A partir de então, o sistema de ajuste de preços passa a funcionar. O excesso de demanda tende a pressionar os preços para cima, estimulando as empresas a produzirem mais e os consumidores a demandarem menos, até que a economia atinja o novo equilíbrio em E2. Neste novo equilíbrio, o preço é mais alto que antes e as quantidadestransacionadas também. Note que, ainda que os preços tenham aumentado, o aumento da quantidade consumida pelos agentes é possível porque, em primeiro lugar, houve o aumento da renda dos agentes, e, em segundo lugar, o aumento dos preços aumentou a produção das empresas. Não há, assim, nenhuma contradição ou fato inusitado neste processo. 
4.5 Interferência do governo no equilíbrio de mercado 
Conforme discutimos anteriormente, a livre interação entre consumidores e produtores tende a fazer com que o mercado se equilibre naturalmente, ou seja, esta livre interação ajusta os preços de tal forma que qualquer excesso de demanda ou excesso de oferta se anule ao longo do tempo, quer dizer, faz com que a oferta e a demanda se igualem. 
Na prática, contudo, nem sempre o mercado funciona de maneira totalmente livre ou então sem Intervenções - em muitos casos, estas intervenções são realizadas pelo governo, que intervém no funcionamento do mercado por via de vários mecanismos. Um exemplo típico é quando o governo estabelece valores mínimos para alguns preços, como ocorre com o salário mínimo. O estabelecimento de impostos e de subsídios à produção também tende a influenciar o comportamento do mercado. Outro tipo de intervenção é quando o governo estabelece valores máximos que os vendedores podem cobrar por certo produto ou serviço (a exemplo do que ocorria na época dos congelamentos de preços no Brasil, na década de 1980). 
4.5.1 Estabelecimento de impostos 
Embora seja tratado nos capítulos de macroeconomia o papel do governo por meio dos instrumentos da política tributária, é interessante observar o enfoque microeconômico da tributação, que ressalta a questão da incidência do tributo, ou seja, é sabido que quem recolhe a totalidade do tributo é a empresa, mas isso não quer dizer que é ela quem efetivamente o paga. Assim, saber sobre quem recai efetivamente o ônus do tributo é uma questão da maior importância na análise dos mercados. 
Os tributos podem ser impostos, taxas ou contribuições de melhoria. Os Impostos dividem-se em:
• impostos indiretos: Impostos Incidentes sobre o consumo ou sobre as vendas. Exemplos: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); e 
• Impostos diretos: Impostos incidentes sobre a renda e o patrimônio. Exemplos: imposto de Renda (IR) e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). 
Entre os impostos Indiretos destacamos: 
• imposto específico: o valor do imposto é fixo, qualquer que seja o valor da unidade vendida. Exemplo: para cada carro vendido, recolhe-se, a título de imposto, RS 5.000 ao governo (esse valor é fixo e independe do valor do automóvel); e 
• imposto ad valorem: é um percentual (alíquota) aplicado sobre o valor da venda. Exemplo: supondo a alíquota do IPI sobre automóveis de 10%, se o valor do automóvel for de R$ 50.000, o valor do IPI será de RS 5.000; se seu valor aumentar para R$ 60.000, o valor do IPI será de RS 6.000. Assim, como se pode notar, a alíquota permanece inalterada em 10%, enquanto o valor do imposto varia com o preço do automóvel. 
No Brasil, há poucos impostos específicos, sendo a quase totalidade dos impostos incidentes sobre o consumo do gênero ad valorem. 
No ato do recolhimento, um aumento de impostos representa um aumento de custos de produção para a empresa. Se ela quiser continuar vendendo as mesmas quantidades anteriores, terá de elevar o preço de seu produto, ou seja, procurará repassar o imposto para o consumidor. Caso contrário, terá de reduzir seu volume de produção. 
A proporção do imposto paga por produtores e consumidores é a chamada incidência tributária, que mostra sobre quem recai efetivamente o ônus do imposto. 
O produtor procurará repassar a totalidade do imposto ao consumidor. Entretanto, a margem de manobra de repassá-lo dependerá do seu grau de sensibilidade a alterações do preço do bem. E essa sensibilidade (ou elasticidade) dependerá do tipo de mercado. Quanto mais competitivo ou concorrencial o mercado, maior a parcela do imposto paga pelos produtores, pois eles não poderão aumentar o preço do produto para nele embutir o tributo. O mesmo ocorrerá se os consumidores dispuserem de vários substitutos para esse bem. Por outro lado, quanto mais concentrado o mercado - ou seja, com poucas empresas - maior o grau de transferência do imposto para os consumidores finais, que contribuirão com maior parcela do imposto.
4.5.2 Salário mínimo 
Vamos tomar um exemplo prático do caso brasileiro. O salário mínimo foi instituído no Brasil entre o final dos anos 1930 e início dos anos 1940 e procura estabelecer um patamar salarial mínimo a ser recebido pelos trabalhadores (e pago pelos empregadores) de modo que este possa satisfazer as suas necessidades básicas de consumo. Trata-se, a princípio, de um mecanismo importante, pois tende a garantir que os trabalhadores jamais receberão um valor inferior a este, além de estabilizar a remuneração do trabalhador ao longo do tempo. Em suma, a instituição do salário mínimo parece ser uma medida positiva a ser adotada pelo governo, pois, ao que tudo indica, traz benefícios ao trabalhador sem nenhuma consequência prejudicial. Contudo, analisando estritamente o equilíbrio do mercado de trabalho, o que ocorre quando este tipo de política é posta em prática? 
A Figura 4.8 nos ajuda a entender esta situação. O eixo Y representa o valor do salário (lembre-se de que o salário também é um preço, em particular, do trabalho) ao passo que o eixo X representa as quantidades ofertadas (pelos trabalhadores) e demandadas (pelas empresas) de força de trabalho. 
Suponha que o governo estabeleça que o salário mínimo a ser pago pelas empresas brasileiras deva ser Igual a RS 800. Vamos assumir, contudo, que o equilíbrio de mercado, ou seja, o preço decorrente da interação entre a oferta de trabalho (por parte dos trabalhadores) e a demanda por trabalho (por parte das empresas) gere um salário de equilíbrio Igual a RS 600. Lembre-se: no equilíbrio, não há nem excesso de oferta, nem excesso de demanda, o que em nosso exemplo implica que o desemprego seria exatamente nulo. O que ocorre? 
O mecanismo de oferta e demanda discutido ao longo deste capítulo nos traz a resposta. Note que, a R$ 800, as empresas estão dispostas a contratar menos trabalhadores do que contratariam ao nível salarial de RS 600. Por outro lado, uma maior quantidade de trabalhadores estará disposta a trabalhar a R$ 800 do que a R$ 600. A consequência é clara: a um salário maior que o salário de equilíbrio, haverá excesso de trabalhadores no mercado e, consequentemente, trabalhadores desempregados. Desta forma, o estabelecimento de um salário mínimo maior que o salário de equilíbrio traz um dilema, uma vez que os trabalhadores empregados receberão um salário maior, mas haverá alguns trabalhadores desempregados. Se o governo não realizasse tal intervenção, o mercado atingiria um equilíbrio em que todos estariam empregados, mas recebendo um salário menor que o definido pelo governo. 
O leitor atento provavelmente está se perguntando o que ocorreria caso o governo estabelecesse um salário mínimo inferior a RS 600 - vamos considerar RS 400 como o piso a ser pago por todas as empresas a seus trabalhadores. Neste caso, como o salário de equilíbrio já é superior ao estabelecido pelo governo, não haveria nenhuma restrição para que o mercado atingisse o seu equilíbrio. A instituição do salário mínimo, neste caso, não traria nenhuma consequência ao ajuste do mercado porque, a R$ 400, o excesso de demanda por mão de obra elevaria automaticamente os salários ao patamar de equilíbrio. 
4.5.3 Tabelamentos 
Os tabelamentos referem-se à intervenção do governo no sistema de preços de mercado, seja visando a coibir abusos por parte dos vendedores, controlar preços de bens de primeira necessidade ou, como no Brasil, refrear o processo inflacionário, como foi através dos planos cruzado, Bresser e Collor, quando se aplicou o congelamento de preços e salários.
4.5.4 Considerações finaissobre o mercado 
Ao final de todas estas discussões, cabe apresentarmos algumas considerações sobre o mercado. Para a grande maioria dos bens e serviços, diz-se que o mercado é uma instituição eficiente porque a interação entre compradores e vendedores neutraliza qualquer excesso de oferta ou qualquer excesso de demanda por via do ajuste dos preços. Uma vez atingido o preço de equilíbrio, qualquer empresa consegue vender a quantidade que almejar e qualquer consumidor consegue adquirir a quantidade de produtos que desejar. Evidentemente que, ao preço de equilíbrio, provavelmente existirão alguns consumidores que preferirão não consumir deste produto (por achá-lo muito caro) ou, então, algumas empresas preferirão não produzir (por achar que o valor recebido é muito baixo). Contudo, esta possibilidade depende das características dos compradores e dos vendedores deste mercado. 
Ademais, intervenções no funcionamento do mercado podem até ter boas intenções, mas podem gerar resultados adversos, o que nos leva a constatar que qualquer medida que influencie o comportamento dos compradores e dos vendedores deve ser cautelosamente avaliada. As discussões apresentadas até aqui podem parecer simples, mas, com base no exposto anteriormente, você já terá condições de entender com mais clareza muitos dos fenômenos econômicos com os quais nos deparamos frequentemente. 
Com base nas discussões do capítulo, tudo leva a crer que todos os mercados deveriam sempre funcionar de forma totalmente livre, correto? A resposta para esta pergunta é, definitivamente, não. Em capítulos seguintes, discutiremos alguns casos importantes em que nem sempre um mercado totalmente livre é aconselhável. 
4.6 O conceito de elasticidade 
Conforme discutido anteriormente, a quantidade demandada de cada produto ou serviço é função de uma série de variáveis, dentre as quais destacamos o preço do próprio produto ou serviço, a renda do consumidor e o preço dos produtos ou serviços complementares ou substitutos. Contudo, é natural considerar que cada produto tenha uma sensibilidade específica com relação a cada um dos seus determinantes - a demanda por artigos de luxo pode vir a ser mais sensível à renda dos agentes do que aos seus preços, diferentemente do que ocorre com itens básicos de consumo, por exemplo. Contudo, como mensurar esta medida de sensibilidade da demanda em relação a cada um dos seus determinantes? 
Existe um conceito bastante comum em Economia, denominado "elasticidade da demanda", por via do qual esta sensibilidade é mensurada. O conceito de elasticidade é bastante comum e bastante útil tanto para as empresas como para a administração pública. Nas empresas, o conceito de elasticidade permite que os seus diretores mensurem quão sensível é o consumo de um determinado produto em relação às variáveis que definem sua demanda, e permite avaliar como os consumidores se comportarão caso esta empresa promova estratégias de descontos de preços ou, então, estratégias de vendas específicas para grupos distintos de renda, por exemplo. Já para a administração pública, o conhecimento da sensibilidade da demanda frente aos seus determinantes pode ser importante caso o governo deseje, por exemplo, instituir um novo imposto sobre a venda de um determinado produto dado que o imposto, ao aumentar os preços, pode gerar uma queda drástica do consumo deste bem. Seja como for, é importante ressaltar que, para o cálculo da elasticidade da demanda, é necessário que um de seus determinantes varie para, a partir desta, avaliarmos a magnitude da variação na quantidade demandada. 
Antes de avançarmos, é importante enfatizar que a elasticidade sempre envolve dois pontos importantes: o primeiro é o seu sinal e o segundo, sua magnitude. Discutiremos estes elementos caso a caso. 
4.6.1 Elasticidade-preço da demanda 
A elasticidade-preço da demanda (EpD) mensura como a demanda por um produto A varia quando ocorre uma variação em seu próprio preço. Este conceito é simbolicamente definido da seguinte forma: 
EpD = variação percentual na quantidade demandada / variação percentual no preço
Em primeiro lugar, vamos discutir o sinal da elasticidade-preço da demanda. Em geral, quando o preço de um produto ou serviço aumenta, sua quantidade demandada diminui, e vice-versa. Logo, se a variação percentual no preço (denominador da razão) é positiva, a variação percentual na quantidade demandada (numerador da razão) é negativa, o que faz com que o valor da EpD seja negativo, ceteris paribus. Seja como for, note que o sinal negativo da elasticidade-preço da demanda indica a relação negativa entre o preço de um produto e a quantidade consumida pelos agentes, relação negativa esta válida para a maioria dos produtos consumíveis, mas não todos. 
Em segundo lugar, vamos discutir a magnitude da EpD. Para tal, podemos ignorar seu sinal e nos concentrarmos apenas em seu valor absoluto, ou seja, podemos analisar o módulo da elasticidade. Existem três casos possíveis para a elasticidade-preço da demanda: 
- Demanda elástica: lEpDI > 1
Neste caso, as variações (proporcionais) nas quantidades demandas são relativamente maiores que as variações proporcionais dos preços. Posto de outra forma, podemos dizer que a quantidade demandada pelos consumidores desse produto tem alta sensibilidade às variações de preços. 
- Demanda inelástica: lEpDl < 1 
Nesse caso, a variação proporcional da quantidade demandada é relativamente menor que a variação proporcional dos preços. Neste caso, pode-se dizer que a quantidade demandada pelos consumidores desse produto sofre pequena variação frente a variações dos preços. Isto é, possui baixa sensibilidade em relação às variações de preços. 
Note que, neste caso de demanda inelástica, podemos ter um caso bastante particular em que a elasticidade-preço da demanda é igual a zero, o que implica que variações nos preços não causam nenhuma variação na quantidade demandada do produto ou serviço em questão. O sal é um exemplo razoável - a não ser que você decida ingerir uma enorme quantidade de sal na comida só porque ele ficou barato... 
- Demanda de elasticidade-preço unitária: lEpDl = 1 
O caso de elasticidade-preço unitária é um caso particular em que as variações percentuais no preço e na quantidade são de mesma magnitude. Assim, se o preço de um produto aumenta 10%, a quantidade demandada se reduz nos mesmos 10%. 
4.6.1.1 Fatores que influenciam o grau de elasticidade-preço da demanda 
Afinal, o que faz com que alguns bens tenham demanda elástica ou inelástica em relação aos seus próprios preços? Que fatores explicam diferentes elasticidades-preço da demanda? Novamente, não temos a intenção de mencionar todos os fatores possíveis, até porque provavelmente nos esqueceríamos de alguns, mas podemos elencar alguns relevantes: 
• disponibilidade de bens substitutos: quanto mais substitutos houver para um bem, mais elástica tenderá a ser sua demanda. Se um produto com vários substitutos disponíveis fica mais caro, a queda da sua demanda tenderá a ser proporcionalmente maior que o aumento do seu preço dado que os agentes têm várias alternativas possíveis para realizar a substituição; 
• essencialidade do bem: se um produto é essencial, sua demanda será pouco sensível a variações de preço e terá, portanto, demanda inelástica. Medicamentos e tratamentos médicos com alto grau de especificidade (e que, em geral, tem poucos substitutos) se adequam neste caso;
• importância do bem, quanto a seu gasto, no orçamento do consumidor: quanto mais importante o gasto referente a determinado bem (maior ponderação) em relação ao gasto total (orçamento) do consumidor, mais sensível torna-se o consumidor a alterações em seu preço (ou seja, a demanda é mais elástica). Por exemplo, a elasticidade-preço da demanda de carne tende a ser mais elevada que a de fósforos, já que o consumidor gasta uma parcela maior de seu orçamento com carne do que com fósforos. 
4.6.2 Elasticidade-renda da demanda 
Tendo discutido o conceito de elasticidade-preço da demanda, passemosa discutir outro conceito importante de elasticidade, a chamada elasticidade-renda da demanda. 
Conforme discutimos anteriormente, sabemos que, além do preço, a renda dos agentes também influencia o consumo de um determinado produto pelos consumidores. O coeficiente de elasticidade-renda da demanda (ERD) mede justamente a sensibilidade da demanda em relação à renda, ou seja, a variação percentual da quantidade do bem ou serviço adquirido resultante de uma variação percentual na renda do consumidor, ceteris paribus. 
ERD = variação percentual na quantidade demandada / variação percentual na renda do consumidor
Note novamente que, para o cálculo da elasticidade-renda da demanda, é necessário ter uma variação da renda para, a partir desta, calcularmos a variação do montante adquirido do bem.
Assim como discutimos no caso da elasticidade-preço da demanda, precisamos analisar tanto o sinal como a magnitude da elasticidade: 
- Se a elasticidade-renda da demanda (ERD) é negativa, o bem é inferior, ou seja, aumentos de renda levam a quedas no consumo desse bem, ceteris paribus. 
- Se a elasticidade-renda da demanda (ERD) é positiva, temos dois casos possíveis: 
• se a elasticidade é positiva, mas menor ou igual a 1 (logo, 0 < ERD ≤ 1), o bem é classificado como normal, isto é, a quantidade consumida varia em proporção menor ou igual à variação da renda; e 
• se a elasticidade é positiva e maior que 1, o bem é classificado como bem superior ou bem de luxo, ou seja, aumentos na renda dos consumidores levam a um aumento mais que proporcional no consumo do bem.
4.6.3 Elasticidade-preço cruzada da demanda 
O conceito de elasticidade-preço cruzada da demanda é muito semelhante ao da elasticidade-preço, mas, como o próprio nome sugere, estamos nos concentrando na influência que a variação do preço de um bem exerce sobre a quantidade consumida de outro produto - daí o termo "cruzada". Desse modo, a elasticidade-preço cruzada da demanda (EpAB) mede a variação percentual na quantidade demandada do bem A com relação à variação percentual no preço do bem B, ceteris paribus. 
EpAB = variação percentual na quantidade demandada do produto A / variação percentual no preço do produto B
Novamente, vamos analisar EpAB em relação ao seu valor e sua magnitude. 
- EpAB é negativa: neste caso, temos que um aumento no preço do bem B causa uma queda na quantidade consumida do produto A. Como você já deve suspeitar, temos o caso em que A e B são complementares, uma vez que o aumento do preço do produto B tende a causar queda do consumo tanto do próprio bem B, como também do produto A, dado que estes são consumidos conjuntamente. 
- EpAB é positiva: neste caso, temos que um aumento no preço do bem B causa um aumento no consumo do bem A. A e B são, portanto, bens substitutos, ou seja, quando o produto B se tornou mais caro, ele foi substituído pelo bem A. 
Seja no caso de bens complementares, seja no caso de bens substitutos, continuamos tendo os três casos possíveis para o valor absoluto (módulo) da elasticidade: 
- Se lEpABI > 1, a variação proporcional do preço do bem B é menor que a variação proporcional na quantidade demandada do bem A. 
- Se lEpABI = 1, a variação proporcional do preço do bem B é exatamente Igual à variação proporcional na quantidade demandada do bem A. 
- Se lEpABI < 1, a variação proporcional do preço do bem B é maior que a variação proporcional na quantidade demandada do bem A. 
4.6.4 Elasticidade-preço da oferta 
O mesmo raciocínio utilizado para a demanda também se aplica à oferta, observando-se, no entanto, que o resultado da elasticidade será positivo, pois a correlação entre preço e quantidade ofertada é direta. Quanto maior o preço, maior a quantidade que o empresário estará disposto a ofertar, coeteris paribus.
EpO = variação percentual na quantidade ofertada / variação percentual do preço do bem
As elasticidades da oferta são menos difundidas que as da demanda. A elasticidade-preço da oferta (EpO) mais frequentemente estudada é a dos produtos agrícolas, sendo inclusive apontada como a principal causa da inflação, de acordo com a chamada corrente estruturalista, como veremos no capítulo sobre Inflação. 
4.6.5 Elasticidade: exemplos 
Para clarificar a discussão sobre elasticidade, vamos considerar alguns exemplos:
 	a. Preço do bem A aumenta de R$ 20 para R$ 30, e quantidade demandada do bem A se reduz de 100 unidades para 50 unidades. 
Temos o caso de uma variação de preço de um produto afetando a quantidade demandada do mesmo produto. Podemos, então, calcular a elasticidade-preço da demanda. Seguindo a fórmula apresentada, temos o seguinte: 
Variação proporcional no preço do bem 
A = (( preço final do bem A - preço inicial do bem A ) / preço inicial do bem A ) x 100 
Variação proporcional na quantidade demandada do bem 
A = ((demanda final pelo bem A — demanda inicial pelo bem A) / demanda inicial pelo bem A 
 ) x 100 
Em nosso caso, teremos: 
O sinal negativo indica que o preço e a quantidade demandada tem relação negativa. O módulo da elasticidade, iguala 1, indica que temos um produto cuja elasticidade-preço da demanda é unitária.
 b. Preço do bem B aumenta de R$ 30 para R$ 40, e quantidade demandada do bem A se reduz de 100 unidades para 80 unidades.
Temos agora o caso de uma variação de preço de um produto afetando a quantidade demandada de outro produto, ou seja, podemos calcular a elasticidade-preço cruzada da demanda. Seguindo a fórmula apresentada, temos o seguinte: 
Variação proporcional no preço do bem 
B = ((preço final do bem B - preço inicial do bem B) / (preço inicial do bem B)) x 100 
Variação proporcional na quantidade demandada do bem 
A ((demanda final pelo bem A - demanda inicial pelo bem A) / demanda inicial pelo bem A) x 100 
Em nosso caso, teremos: 
O sinal negativo da elasticidade sugere que os produtos A e B são complementares, ou seja, quando o produto B ficou mais caro (causando queda do consumo do próprio produto B), a demanda pelo bem A sofreu queda porque A e B são consumidos conjuntamente. Ademais, o módulo da elasticidade, situado entre zero e 1, indica que o produto A tem demanda inelástica frente às alterações de preços do produto B, ou seja, as variações do preço do bem B são proporcionalmente maiores que as variações causadas nas quantidades consumidas do produto A. 
4.7 APÊNDICE: Determinação do preço e quantidade de equilíbrio via formalização matemática 
Ao longo do capítulo, tratamos o equilíbrio de mercado por via de gráficos representando a oferta e a demanda. Alternativamente, poderíamos ilustrar a oferta e a demanda por via de equações matemáticas. Vamos assumir, por simplificação, que ambas sejam funções lineares (retas), e que a demanda e a oferta dependam apenas do preço. Podemos formalizá-las da seguinte forma: 
QdA = a - bPA 
QOA = c + dPA
Onde: 
QdA = quantidade demandada do bem A 
QOA = quantidade ofertada do bem A
PA = preço do bem A 
a = intercepto da função demanda 
c = intercepto da função oferta 
b = declividade da função demanda 
d = declividade da função oferta 
Note que a declividade da função demanda é negativa, evidenciando uma relação negativa entre preços e quantidades demandadas. Já para a oferta, temos uma declividade positiva, evidenciando a nossa já conhecida relação positiva entre preços e quantidades ofertadas. 
Para analisarmos o equilíbrio de mercado via equações, vamos considerar o seguinte exemplo:
Função demanda: qd = 320 - 4.p 
Função oferta: q° = 200 + 2.p 
O leitor atento deve ter notado que temos um sistema de duas equações (oferta e demanda) e duas incógnitas (preço e quantidade de equilíbrio). No equilíbrio, sabemos que qd é igual a q°. Logo:
200 + 2.p = 320 - 4.p
6.p = 120
p = 20
Como resultado da resolução, temos que o preço de equilíbrio é Igual a RS 20 por unidade. Substituindo este preço na equação de oferta ou na equação de demanda, teremos então a quantidade transacionada no equilíbrio: 
qd = 320 - 4.20 = 240 
qo = 200 + 2.20 = 240
Questõesde revisão 
1. Qual o papel dos preços relativos na análise microeconômica? 
2. Na teoria microeconômica, qual a importância da hipótese do coeteris paribus? 
3. Conceitue a função demanda. De que variáveis ela depende? 
4. Que diferenças há entre demanda e quantidade demandada? 
6. Conceitue a função oferta. De que variáveis depende a oferta de uma mercadoria?
7. Explique e ilustre graficamente o que ocorre com o equilíbrio de mercado, nos seguintes casos: 
a. Aumento do preço de um bem complementar. 
b. Diminuição do preço de um bem substituto, no consumo. 
c. Diminuição na renda dos consumidores, de um bem normal. 
d. Aumento da renda dos consumidores, de um bem inferior. 
e. Diminuição no custo da mão de obra. 
8. Alguns estados do Brasil proíbem o consumo de cigarro em bares e restaurantes. 
a. Qual a relação existente entre consumo de cigarros e a ida a bares e restaurantes? 
b. Ilustre graficamente como se comporta o mercado de cigarros antes e depois desta lei entrar em vigor. 
c. Ilustre graficamente o que ocorre com o mercado de trabalho do setor produtor de cigarros. 
9. Assumindo que o mercado de um determinado produto possa ser representado pelas seguintes equações: 
Qd = 600 — 3.p 
Qo = 400 + 2.p
a. Calcule o preço e a quantidade de equilíbrio. 
b. Se o governo congelar o preço deste mercado em R$ 20 por unidade, há excesso de oferta ou excesso de demanda? Calcule o valor do excesso em questão. 
10. Sobre a elasticidade-preço da demanda: 
a. Quais os fatores que influenciam a elasticidade-preço da demanda? 
b. Por que a elasticidade-preço da demanda de sal é próxima de zero? Explique. 
11. Explique por que, quando a demanda é inelástica, aumentos do preço do produto devem elevar a receita total dos vendedores. 
12. Defina: elasticidade-renda, elasticidade-preço cruzada da demanda e elasticidade-preço da oferta 
13. O que são impostos específicos e impostos ad valorem? Mostre graficamente o que ocorre com a oferta de mercado em cada caso. 
14. Discuta a incidência de um imposto sobre vendas e diga qual o papel das elasticidades-preço da oferta e da demanda.
Referências básicas 
EATON, C. B.; EATON, D. E Microeconomia. São Paulo: Saraiva, 1999. 
PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 5. ed. Tradução e revisão técnica de E. Prado. São Paulo: Prentice Hal', 2002. 
PINHO, D., VASCONCELLOS, M.A.S. e TONETO JR., R. Manual de Economia. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
VASCONCELLOS, M. A. S.; OLIVEIRA, R. G. Manual de microeconomia. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. 
WESSELS, W. J. Microeconomia: teoria e aplicações. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

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