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1PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DIRETORIA GERAL DE GESTÃO DE PESSOAS ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO JUDICIÁRIA COLOCAÇÃO PRONOMINAL � � COLOCAÇÃO PRONOMINAL Objetivo Geral Capacitar os participantes para o emprego dos pronomes átonos em consonância com a língua padrão a fim de se aplicarem corretamente no exercício das funções no Tribunal de Justiça e na Corregedoria-Geral de Justiça. Objetivos Específicos Identificar as frases que estão em desacordo com a língua padrão. Utilizar corretamente os pronomes. Identificar os casos de próclise, mesóclise, ênclise e apossínclise. Metodologia Aulas expositivas com participação constante dos alunos, com o uso do PowerPoint e da apostilha. Conteúdo Programático Próclise; Mesóclise; Ênclise; Apossínclise; Colocação dos pronomes átonos nas locuções verbais; Colocação dos pronomes átonos nos tempos compostos. Bibliografia Indicada BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro, Lucerna, 1999. CUNHA, Celso & Cintra, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro, Nova fronteira, 1985. SACCONI, Luiz Antonio. Nossa Gramática. 8 ed. São Paulo: Atual, 1986. Carga horária: 12 horas� � � SUMÁRIO NOÇÕES SOBRE COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS .................................. 3 PRÓCLISE .................................................................................................................... 3 MESÓCLISE ................................................................................................................. 3 ÊNCLISE ....................................................................................................................... 4 COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS NAS LOCUÇÕES VERBAIS .................. 5 COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS NOS TEMPOS COMPOSTOS ............... 6 EXERCÍCIOS SOBRE COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS ............................ 6 � � � � NOÇÕES SOBRE COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS ME, TE, SE, O, A, LHE, NOS, VOS, SE, OS, AS, LHES I. PRÓCLISE antes do verbo (PRONOME PROCLÍTICO) A professora não me ensinou a matéria. Quem me elogiou? Como me encontrou? Aqui se estuda bastante. ATENÇÃO! Aqui, estuda-se bastante. � Tudo me emociona. 4- Isto me agrada. O livro que me emprestaste é muito bom. Em se ajoelhando, começou a rezar. Bons ventos o levem! Fui à festa porque me convidaram. Se me convidarem, irei à festa. II. MESÓCLISE no interior do verbo (PRONOME MESOCLÍTICO) Comentar-se-ão os testes amanhã. Comentar-se-iam os testes, se houvesse tempo. OBSERVAÇÕES: 1ª. Dir-lhe-ei a verdade. Eu dir-lhe-ei a verdade. 2ª. Eu lhe direi a verdade. 3ª. Não lhe direi a verdade. 4ª. Direi-lhe a verdade. (NÃO se pospõe o pronome átono a verbo no futuro; logo está colocação NÃO está de acordo com a norma culta.) III. ÊNCLISE depois do verbo (PRONOME ENCLÍTICO) Menino, diga-me a verdade. Disseram-me a verdade. É necessário dizer-te a verdade. A aluna saiu da sala, queixando-se da professora.� OBSERVAÇÕES: 1ª. Não se inicia período com pronome átono. Dá-me um beijo, menina. Disseram-me a verdade. 2ª. O pronome átono pode aparecer entre duas palavras atrativas. Se me não falha a memória, ... Já me não chateio com você. São coisas que me não interessam. a) Estudioso, sou-o assaz. ATENÇÃO! Estudioso, era-o assaz. Estudioso, era-lo assaz. Estudiosos, eram-no assaz. b) Este aluno, encontrei-o no colégio. c) Ao professor, entreguei-lhe a prova. ATENÇÃO! Estudioso, sê-lo-ei assaz. Estudioso, sê-lo-ia assaz, se quisesse. Estudioso, não o sou assaz. Estudioso, já não o sou assaz. Estudioso, já o não sou assaz.� IV. COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS NAS LOCUÇÕES VERBAIS VERBO AUXILIAR + INFINITIVO O aluno lhe quer falar. 1- O aluno quer-lhe falar. O aluno quer falar-lhe. O aluno não lhe quer falar. 2- O aluno não quer falar-lhe. VERBO AUXILIAR + GERÚNDIO O aluno se está levantando. 1- O aluno está-se levantando. O aluno está levantando-se. O aluno não se está levantando. 2- O aluno não está levantando-se. V. COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS NOS TEMPOS COMPOSTOS VERBO AUXILIAR + PARTICÍPIO O aluno me tinha dito a verdade. 1- O aluno tinha-me dito a verdade. 2- O aluno não me tinha dito a verdade. OBSERVAÇÕES FINAIS 1ª. O pronome átono não pode ficar solto entre os verbos de uma locução ou de um tempo composto (COLOCAÇÃO RIGIDAMENTE GRAMATICAL). 2ª. Havendo locução verbal e palavra atrativa, o pronome átono ficará antes do primeiro verbo, ou depois do segundo, mas nunca entre os dois, ou melhor, nunca depois do primeiro (em colocação rigidamente gramatical). 3ª. Se houver preposição entre o verbo auxiliar e o infinitivo, a colocação pronominal será facultativa, ou seja, é facultativo o uso da próclise e da ênclise. A moça chegou a me beijar. A moça chegou a beijar-me. CUIDADO!� Se a preposição é a, e o pronome átono é o (ou variações), deve, por questão de eufonia, ser usado o mencionado pronome (ou variações) depois do infinitivo. A moça chegou a beijá-lo. 4ª O pronome átono não pode ficar depois do particípio. VI. EXERCÍCIOS SOBRE COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS I) Identifique as frases em que o pronome átono está mal colocado e, em seguida, coloque-as de acordo com a língua padrão: Ninguém se lembrou do seu nome. ______________________________________________________________________ Quando sentiu-se em dificuldade, pediu ajuda. ___________________________________________________________ O que disseram-me não é verdade. ______________________________________________________________________ Me disseram que os alunos chegarão cedo. ______________________________________________________________________ Os céus te favoreçam! ______________________________________________________________________ Não mostrarei-lhe o livro. ______________________________________________________________________ Não quero lhe mostrar o livro. ______________________________________________________________________ Eu não havia contado-te a verdade. ______________________________________________________________________ Trarás-me o carro se puderes. ______________________________________________________________________ Se lhe agrada, pode ficar conosco. ______________________________________________________________________ Deus acompanhe-o� ______________________________________________________________________ Não poderei te falar. ______________________________________________________________________ O cumprimentei, mas ele não viu-me. ______________________________________________________________________ Jamais dar-te-ia tantas explicações. ______________________________________________________________________ Aquilo me perturbou demais. ______________________________________________________________________Me dá uma explicação. ______________________________________________________________________ Comprei um livro que pode te interessar. ______________________________________________________________________ Quem lhe perguntou isso? ______________________________________________________________________ Nada perturba-me. ______________________________________________________________________ Em se pondo o sol, vão-se os pássaros. ______________________________________________________________________ Quando me pagarás? ______________________________________________________________________ Nunca queixa-se nem aborrece-se. ______________________________________________________________________ Como enganas-te! ______________________________________________________________________ O pai deu o presente ao filho, abraçando-o em silêncio. ______________________________________________________________________ Algo incomoda-o? ______________________________________________________________________ “Romano, escuta-me!” (Olavo Bilac) ______________________________________________________________________ É preciso que me ajudes. ______________________________________________________________________ Vi o homem que ofendeu-te.� ______________________________________________________________________ Quando se age com honestidade, tudo consegue-se. ______________________________________________________________________ Não conseguirei o reanimar. ______________________________________________________________________ Impedirei-a de partir. ______________________________________________________________________ Temos examinado-a cuidadosamente. ______________________________________________________________________ “Vai-se a primeira pomba despertada...” (Raimundo Correia) ______________________________________________________________________ O direi francamente. ______________________________________________________________________ Este é um restaurante onde come-se bem. ______________________________________________________________________ Em se iniciando as aulas, serás avisado. ______________________________________________________________________ O fiz compreender a lição. ______________________________________________________________________ A pus sobre a mesa. ______________________________________________________________________ Eu não devo te chamar. ______________________________________________________________________ O menino não se está acalmando. ______________________________________________________________________ O rapaz não tinha convidado-me para a festa. ______________________________________________________________________ Convém te ires daqui. ______________________________________________________________________ Notava-se-lhe no olhar uma expressão feliz� ______________________________________________________________________ “Rogo a V. Exª me dispense dessas formalidades.” ______________________________________________________________________ As alunas foram censuradas por se comportarem mal. ______________________________________________________________________ Estou inclinado a ouvi-lo. ______________________________________________________________________ Meu desejo era não contrariá-lo. ______________________________________________________________________ Estou aqui para te defender. ______________________________________________________________________ Há de me dizer a verdade. ______________________________________________________________________ Ricardo não o deixou de visitar. ______________________________________________________________________ II) Coloque, em conformidade com a norma culta, em mais de uma posição, quando possível, os pronomes átonos indicados entre parênteses: Eu ajudarei sempre. (te) ______________________________________________________________________ É preciso que ajudes. (me) ______________________________________________________________________ Não queriam convidar para ir à festa. (me) ______________________________________________________________________ Não havia lembrado disso. (me) ______________________________________________________________________ Este é o livro que enviaste. (me) ______________________________________________________________________ Cumprimentei, mas ele não respondeu. (o, me) ______________________________________________________________________ Escreverei quando derem o resultado. (te, me) ______________________________________________________________________ Darei a recompensa merecida. (lhe) ______________________________________________________________________ Onde haviam escondido eles? (se)� ______________________________________________________________________ Seria bom poder falar. (lhe) ______________________________________________________________________ Visitarei, se minha visita apraz. (o, lhe) ______________________________________________________________________ Ninguém impediria de dizer a verdade. (me, lhe) ______________________________________________________________________ Ele venceu porquanto esforçou. (se) ______________________________________________________________________ Amigos, digam a verdade. (me) ______________________________________________________________________ Mostrarei o relógio. (lhe) ______________________________________________________________________ Não entregarei a gramática. (lhe) ______________________________________________________________________ Jamais contaram o sucedido. (me) ______________________________________________________________________ Trarei à vossa presença. (o) ______________________________________________________________________ Era preciso avisar sem demora. (te) ______________________________________________________________________ Havemos de dizer a verdade. (lhe) ______________________________________________________________________ Faça o trabalho como parecer melhor. (lhe) ______________________________________________________________________ Devo dizer a verdade. (lhe) ______________________________________________________________________ Perdoarias tuas próprias infâmias? (te) ______________________________________________________________________ Já apresentaram a moça. (me)� ______________________________________________________________________ Tudo paga com o tempo. (se) ______________________________________________________________________ Não dei permissão para sair. (lhe) ______________________________________________________________________ Talvez a luz deficiente tenha estragado a visão. (me) ______________________________________________________________________ Protegeria, se isso fosse possível. (te, me) ______________________________________________________________________ Ele está molestando? (o) ______________________________________________________________________ Eles vêm queixando do tratamento. (se) ______________________________________________________________________ Ele esqueceu de trazer o livro. (se, me) ______________________________________________________________________ Ninguém poderá convencer. (o) ______________________________________________________________________ Ela já fora apresentada. (me) ______________________________________________________________________ Ela não quis obedecer. (me) ______________________________________________________________________ Teriam comunicado as ocorrências se tivesse havido tempo. (me) ______________________________________________________________________ Quando tivermos feito, avisaremos.(o, te) ______________________________________________________________________ Eu tenho dito isso várias vezes. (lhe) ______________________________________________________________________ Haviam procurado por toda a parte. (o)� ______________________________________________________________________ Hás de dizer o que houve. (me) ______________________________________________________________________ Disseram que viriam hoje. (me) ______________________________________________________________________ Dirão o que souberem. (nos) ______________________________________________________________________ Queriam enganar. (me) ______________________________________________________________________ Os presos tinham revoltado. (se) ______________________________________________________________________ Não quis dizer o que era aquilo. (me) ______________________________________________________________________ É este o livro que quero oferecer. (lhe) ______________________________________________________________________ Já acabou este amor. (se) ______________________________________________________________________ Deus chamou para o céu. (o) ______________________________________________________________________ Alguém contou essa piada. (me) ______________________________________________________________________ Quando telefonarem, avise. (me, me) ______________________________________________________________________ Dê a sua gramática. (me) ______________________________________________________________________ III) Assinale as frases em que o pronome átono está mal colocado: � ( ) É esta a estrada que levar-nos-á até à fazenda. ( ) Enviarei-te as fotos amanhã. ( ) Por favor, me faça essa gentileza. ( ) Seu grande orgulho é parecer-se com a mãe. ( ) Alguém contou-me que você chegaria hoje. ( ) Ele falou baixinho, me confessando estar envergonhado. ( ) Depois que eles retirarem-se, venha à minha sala. ( ) Me aprontei rapidamente para ir à festa. ( ) Se fôssemos até lá, convidariam-nos para ficar. ( ) Nunca envergonhe-se das coisas que fizer. ( ) Encontrarei-te no colégio amanhã. ( ) Far-me-ás um favor? ( ) Não submeter-me-ei aos seus caprichos. ( ) Dar-te-ei o que quiseres. ( ) Os amigos tinham retirado-se da sala. ( ) Ninguém quer aconselhá-lo. ( ) Me ajudem, meninos! ( ) Lhe quero mostrar o retrato. ( ) Quero-lhe mostrar o retrato. ( ) Quero mostrar-lhe o retrato. ( ) “Aqui se aprende a defender a Pátria.” ( ) “Que de coisas me disse a propósito da Vênus de Milo!” ( ) Por se considerarem estudiosos, sentiram-se injustiçados. ( ) Alguém trouxe-lhe aquele livro? ( ) Me dá aqui um palpite. ( ) Estou aqui para o defender. IV) Preencha as lacunas com os pronomes encontrados entre parênteses, colocando-os consoante preceitua a norma culta: Manuel, ______ ponha ______ no seu lugar. (se) Sempre que ela ______ encontra ______, conversa comigo. (me) Tendo ______ ausentado ______ o diretor, quem respondia pela direção era eu. (se) Aqui está o rapaz que ______ diverte ______ à custa dos políticos. (se) Se ______ falares ______ com bons modos, ouvir-te-ei com toda a atenção. (me) Mande que ele ______ apresente ______ a proposta. (nos) Estou autorizado a tomar a atitude que melhor ______ convier ______ . (lhe) Não ______ havia ______ lembrado ______ disso. (me) Já ______ sinto ______ muito bem. (me) Ninguém ______ mexeu ______ bastante. (se) Esta é a xerografia que ______ enviaste ______ . (me) Aquilo ______ deixou ______ perplexos. (nos) Elas nem ______ viram ______ entrar. (me)� V) Reescreva as frases abaixo, corrigindo a colocação dos pronomes átonos: Nada separa-nos neste mundo. ______________________________________________________________________ Me aconteceu uma coisa realmente extraordinária. ______________________________________________________________________ Fala, fala mais, me conta tudo. ______________________________________________________________________ Quando acalmei-me, estava sentindo dores no corpo. ______________________________________________________________________ Em tratando-se de finanças, dirija-se ao tesoureiro. ______________________________________________________________________ Já não pode-se apontar com segurança este nome. ______________________________________________________________________ Ninguém esqueceu-se do seu aniversário. ______________________________________________________________________ Quem entregou-lhe o dinheiro? ______________________________________________________________________ Estes são os alunos que trouxeram-me o presente. ______________________________________________________________________ O que deram-me não é bastante. ______________________________________________________________________ Me disseram que isso é falso. ______________________________________________________________________ Segundo informaram-me, caiu neve naquela cidade. ______________________________________________________________________ Já sinto-me muito bem. ______________________________________________________________________ Os alunos que trouxeram-me o presente pensam que, em agradando-me, aprová- -los-ei, ainda que não respondam às perguntas que fizer-lhes nos exames. ______________________________________________________________________� VI) Estabeleça a correspondência entre as duas colunas, levando em conta as possibilidades de colocação dos pronomes átonos nas frases abaixo segundo a norma culta: próclise obrigatória próclise facultativa mesóclise obrigatória 4. mesóclise facultativa 5. ênclise obrigatória 6. ênclise facultativa ( ) Tomara que você se convença logo da verdade. ( ) Se te ofenderem, perdoa. ( ) Deu-me um livro para distrair-me. ( ) Deu-me um livro para distrair-me. ( ) Hás de mandar-me teu retrato. ( ) Respondi-lhe sem hesitação. ( ) Custa muito dizer-te a verdade. ( ) Não me havia lembrado do seu telefone. ( ) Disseram-me a verdade. ( ) Dir-me-ão a verdade. ( ) Eles disseram-me a verdade. ( ) Eles me disseram a verdade. ( ) Não me disseram a verdade. ( ) Contar-me-ão a verdade quando lá chegar. ( ) Conheci-os há pouco. ( ) Dei o recado que me pediste. ( ) Não lhe posso falar agora. ( ) É necessário que me auxilies. ( ) Encontrar-te-ei na praia. ( ) Estou-te ajudando. ( ) Esqueça-me para sempre. ( ) Deus me perdoe! ( ) Em se tratando disso, vou-me embora. ( ) � PRONOMINAIS Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro. (Oswald de Andrade) QUESTÃO 1: Explique a regra de colocação pronominal em norma culta discutida nesse poema. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Qual o verso escrito de acordo com essa regra e em qual ela é transgredida? Justifique a sua resposta. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ O TRISTE FIMDE POLICARPO QUARESMA Oito horas da manhã. A cerração ainda envolve tudo. Do lado da terra, mal se enxergam as partes altas dos edifícios próximos; para o lado do mar, então, a vista é impotente contra aquela treva esbranquecida e flutuante, contra aquela muralha de flocos e opaca, que se condensa aqui e ali em aparições, em semelhanças de cousas. O mar está silencioso: há grandes intervalos entre o seu fraco marulho. Vê-se da praia um pequeno trecho, sujo, coberto de algas e o odor da maresia parece mais forte com a neblina. (Lima Barreto) QUESTÃO 2: “... mal se enxergam as partes altas dos edifícios próximos;” (linhas 1 e 2) Nesse trecho, a próclise é obrigatória? Fundamente a sua resposta. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ QUESTÃO 3: “... que se condensa aqui e ali ...” (linha 4) O pronome átono pode ocupar outra posição? Explique a sua resposta. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ QUESTÃO 4: “... Vê-se da praia um pequeno trecho, ...” (linhas 5 e 6) Nesse trecho, a ênclise é facultativa? Fundamente a sua resposta.� __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________� � � � 05 10 15 20 25 30 35 40 45 A pessoa a que me referi surgiu de supetão entre a Rua 1º de Março e a Rua do Comércio. Eu ia dobrar a esquina, ela vinha em sentido contrário – e foi uma colisão feia. A aba do meu chapéu de palha bateu-lhe na testa, provavelmente feriu-a. – Perdão! Perdão! Dei um passo para trás e distingui uma criatura enorme que também havia recuado com o choque e estava diante de mim, a mão cobrindo um dos olhos, onde tinha batido a aba do chapéu. O olho descoberto, os beiços contraídos, as rugas da cara, exprimiam espanto, raiva e dor. Encostei-me à parede, deixei-a passar. Foi um tempo insignificante, mas deu para vê-la da cabeça aos pés. Um minuto depois tinha desaparecido, a banda do rosto crispada, o olho disponível voltado para mim com um brilho de ódio. O espaço que ocupara na calçada era atravessado por outros corpos que iam e vinham, sem me despertar interesse. Mas a imagem do primeiro corpo vivia em mim. Era uma mulher gorda, amarela, mal vestida, com uma barriga monstruosa. Não sei como podia andar na rua conduzindo aquela gravidez que estava por dias. A saia, esticada na frente, levantava-se exibindo pernas sujas e inchadas. Os pés sujos e inchados, cresciam demais nos sapatos cheios de buracos. Com uma das mãos segurava o braço de uma criança magra e pálida, com a outra escondia o olho e um pedaço de cara. Eu encostava-me à parede, resmungando atrapalhado: – Perdão! Perdão! Findo o primeiro momento, aquela figura me provocara cócegas na garganta e um desejo idiota de rir. A barriga disforme resistia ao pano desbotado que tentava contê-la e empinava-se, tinha uma forma agressiva. Estava ali um cidadão que, antes de nascer, ameaçava a gente. A mãe, que só tinha uma banda de rosto, torcia-se por causa da pancada recebida e cravava-me um olhar duro, a metade de um olhar irritado e cheio de sofrimento. – Perdão! Perdão! Subitamente as cócegas desapareceram, a vontade de rir morreu, atentei vexado naquela barriga enorme que me provocava. A roupa esgarçava-se, desbotada, fuxicada e remendada; os pés, metidos à força nos sapatos furados, pareciam bolos. Dera, recuando, um puxão na criança, que se pusera a chorar. Nenhuma palavra, apenas uma interjeição de dor e raiva, grito rouco, perfeitamente selvagem. Com certeza já vinha recebendo encontrões, e aquele, demasiado rude, lhe esgotara a paciência. Andar no meio da multidão, aos emboléus, com semelhante barriga! Só muita necessidade. Era o tipo da mulher de subúrbio mesquinho, que varre a casa, lava as panelas e prega os botões com as dores do parto, pare sozinha e se levanta três dias depois, vai tratar da vida. Vida infeliz, vida porca. O homem para um lado, ela para outro, arrastando a filha pequena, a barriga deformada, estazando-se, agüentando pancadas nos olhos. Talvez estivesse na véspera de ter menino, talvez estivesse no dia, talvez já sentisse as entranhas se contraírem. Rebolar-se-ia dentro de algumas horas na cama dura, a carne cansada se rasgaria, os dentes morderiam as cobertas remendadas. E o macho ausente, ninguém para ir chamar a parteira dos pobres. Uma vizinha tomaria conta da casa, faria o fogo, prepararia tisanas, aos repelões, rosnando: - Porcaria. Que gente! (Graciliano Ramos. Angústia.) QUESTÃO 5: “A pessoa a que me referi ...” (linha 1). Escrito de acordo com a língua culta, esse trecho ficaria A pessoa que referi-me ...? Justifique a sua resposta. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ QUESTÃO 6: Em “Encostei-me à parede,...”(linha8), a ênclise é obrigatória? Explique a sua resposta. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ QUESTÃO 7: Em “Rebolar-se-ia dentro de algumas horas...” (linhas 47 e 48), a mesóclise é obrigatória? Fundamente a sua resposta. � ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ O ENTERRO DA CIGARRA As formigas levavam-na... Chovia... Era o fim... Triste outono fumarento!... Perto, uma fonte, em suave movimento, Cantigas de água trêmula carpia. Quando eu a conheci, ela trazia Na voz um triste e doloroso acento. Era a cigarra de maior talento, Mais cantadeira desta freguesia. Passa o cortejo entre árvores amigas. Que tristeza nas folhas... Que tristeza!... Que alegria nos olhos das formigas!... Pobre cigarra! Quando te levavam, Enquanto te chorava a Natureza, Tuas irmãs e tua mãe cantavam... (Olegário Mariano Do livro Toda uma Vida de Poesia) QUESTÃO 8: Recomponha a frase “As formigas levavam-na...”, passando o verbo para o futuro do presente simples do indicativo e colocando o pronome átono sucessivamente: em próclise: _________________________________________________________ em mesóclise: _______________________________________________________ QUESTÃO 9: “Pobre cigarra! Quando te levavam, Enquanto te chorava a Natureza, Tuas irmãs e tua mãe cantavam ...” Os pronomes átonos sublinhados podem ficar enclíticos? Justifique a sua resposta. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________FUGA� A vida na fazenda se tornara difícil. Sinhá Vitória benzia-se tremendo, manejava o rosário, mexia os beiços rezando rezas desesperadas. Encolhido no banco do copiar, Fabiano espiava a caatinga amarela, onde as folhas secas se pulverizavam, trituradas pelos redemoinhos, e os garranchos se torciam, negros, torrados. No céu azul as últimas arribações tinham desaparecido. Pouco a pouco os bichos se finavam, devorados pelo carrapato. E Fabiano resistia, pedindo a Deus um milagre. Mas quando a fazenda se despovoou, viu que tudo estava perdido, combinou a viagem com a mulher, matou o bezerro morrinhento que possuíam, salgou a carne, largou-se com a família, sem se despedir do amo. Não poderia nunca liquidar aquela dívida exagerada. Só lhe restava jogar-se no mundo, como negro fugido. Saíram de madrugada. Sinhá Vitória meteu o braço pelo buraco da parede e fechou a porta da frente com a taramela. Atravessaram o pátio, deixaram na escuridão o chiqueiro e o curral, vazios, de porteiras abertas, o carro de bois que apodrecia, os juazeiros. Ao passar junto às pedras onde os meninos atiravam cobras mortas, Sinhá Vitória lembrou-se da cachorra Baleia, chorou, mas estava invisível e ninguém percebeu o choro. Desceram a ladeira, atravessaram o rio seco, tomaram rumo para o sul. Com a fresca da madrugada, andaram bastante, em silêncio, quatro sombras no caminho estreito coberto de seixos miúdos os meninos, à frente, conduzindo trouxas de roupa, Sinhá Vitória sob o baú de folha pintada e a cabaça de água, Fabiano atrás, de facão de rasto e faca de ponta, a cuia pendurada por uma correia amarrada ao cinturão, o aió a tiracolo, a espingarda de pederneira num ombro, o saco da matalotagem no outro. Caminharam bem três léguas antes que a barra do nascente aparecesse. Fizeram alto. E Fabiano depôs no chão parte da carga, olhou o céu, as mãos em pala na testa. Arrastara-se até ali na incerteza de que aquilo fosse realmente mudança. Retardara-se e repreendera os meninos, que se adiantavam, aconselhara-os a poupar forças. A verdade é que não queria afastar-se da fazenda. A viagem parecia-lhe sem jeito, nem acreditava nela. Preparara-a lentamente, adiara-a, tornara a prepará-la, e só se resolvera a partir quando estava definitivamente perdido. Podia continuar a viver num cemitério? Nada o prendia àquela terra dura, acharia num lugar menos seco para enterrar-se. Era o que Fabiano dizia, pensando em coisas alheias: o chiqueiro e o curral, que precisavam conserto, o cavalo de fábrica, bom companheiro, a égua alazã, as catingueiras, as panelas de losna, as pedras da cozinha, a cama de varas. E os pés dele esmoreciam, as alpercatas calavam-se na escuridão. Seria necessário largar tudo? As alpercatas chiavam de novo no caminho coberto de seixos. Agora Fabiano examinava o céu, a barra que tingia o nascente, e não queria convencer-se da realidade. Procurou distinguir qualquer coisa diferente da vermelhidão que todos os dias espiava, com o coração aos baques. As mãos grossas, por baixo da aba curva do chapéu, protegiam-lhe os olhos contra a claridade e tremiam. Os braços penderam, desanimados. Acabou-se. Antes de olhar o céu, já sabia que ele estava negro num lado, cor de sangue no outro, e ia tornar-se profundamente azul. Estremeceu como se descobrisse uma coisa muito ruim. A luz aumentou e espalhou-se na campina. Só ai principiou a viagem. Fabiano atentou na mulher e nos filhos, apanhou a espingarda e o saco de mantimentos, ordenou a marcha com uma interjeição áspera. Afastaram-se rápidos, como se alguém os tangesse, e as alpercatas de Fabiano iam quase tocando os calcanhares dos meninos. Graciliano Ramos Do livro Vidas Secas� QUESTÃO 10: “Não poderia nunca liquidar aquela dívida exagerada.” (linhas 9 e 10) Substitua o complemento verbal por um pronome átono. em próclise ao verbo auxiliar ___________________________________________ em ênclise ao infinitivo ________________________________________________ QUESTÃO 11: Substitua o complemento verbal por um pronome átono enclítico em: “E Fabiano depôs no chão parte da carga,...” (linha 24) _____________________________________________________________________________________________ QUESTÃO 12: “Preparara-a lentamente, adiara-a, tornara a prepará-la,...” (linha 29) Passe os verbos grifados para o futuro do pretérito simples do indicativo, atentando para a colocação dos pronomes átonos que os acompanham, quando for o caso. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ � Data: 21/11/11 Revisão: 02 Total de páginas: 22 �
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