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CI-420-05.pdf, psicologia na educaÇÃo

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O PROCESSO DE ADAPTAÇÃO: 
OS PRIMEIROS DIAS DA CRIANÇA NO AMBIENTE ESCOLAR 
 
GONÇALVES∗, Josiane Peres – PUCRS 
josianeperes@unipan.br 
 
DAMKE∗∗, Anderléia Sotoriva – FACIAP/UNIPAN 
sotodamke@yahoo.com.br 
 
Resumo 
 
Todo ser humano passa por períodos de mudança que requer uma nova fase de adaptação e 
muitas vezes este processo pode ser conflituoso. É o caso da criança que chega pela primeira 
vez no ambiente escolar e tem que se separar da sua família. Normalmente é um período 
difícil, já que muitas delas apresentam dificuldades em se adaptar ao novo contexto, sendo 
importante aprofundar os estudos em relação a esta temática. O objetivo deste estudo é 
analisar as formas mais apropriadas que podem ser adotadas para auxiliar a criança que não 
consegue se adaptar à rotina escolar, e para atender a este propósito foi realizada uma 
pesquisa com os responsáveis pelas crianças que freqüentavam um Centro de Educação 
Infantil de Cascavel no Paraná. A amostra foi composta por 56 participantes, com faixa etária 
que variava entre 20 e 40 anos, cuja escolaridade predominante era a formação em nível de 
Ensino Médio. O instrumento utilizado foi um questionário com questões abertas e fechadas 
que foi entregue para que os participantes respondessem em casa e devolvessem no dia 
seguinte. Através das respostas obtidas, foi possível constatar que na fase de adaptação da 
criança na Educação Infantil, alguns adultos contribuem para que este processo seja o mais 
tranqüilo possível, porém outros se sentem angustiados como as crianças. Sugere-se que as 
Instituições de Ensino orientem melhor os responsáveis para que eles auxiliem a criança 
durante este período de adaptação e minimizem os fatores que atrapalham o processo de 
inserção da criança no ambiente escolar. 
 
Palavras-chave: Adaptação; Choro; Criança; Pais. 
 
 
A Educação Infantil representa uma ampliação do ambiente social da criança, antes 
restrita à família. É neste ambiente que a criança irá começar a conviver com outras crianças 
de sua mesma idade, repartir os objetos e o espaço físico, compartilhar brincadeiras e 
atividades, ser orientada por outros adultos que não são apenas as pessoas da família, 
 
∗Coordenadora do Curso de Pedagogia da FACIAP/UNIPAN de Cascavel-Pr. Doutoranda em Educação pela 
PUC/RS. 
∗∗Professora do curso de Pedagogia das Instituições FACIAP/UNIPAN de Cascavel-Pr e FASUL de Toledo-Pr. 
Mestre em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná. 
 
 
3374 
obedecer a regras pré-estabelecidas, diferentes das que já conhece. É neste momento da vida 
que as crianças encontram uma porta para a vida social mais ampla. 
Sendo assim, faz-se uma análise de como facilitar esta “quebra” de vínculos que 
acontece entre a criança e a família e de como estruturar novos vínculos afetivos com a equipe 
escolar para facilitar a adaptação neste novo “mundo” no qual está sendo inserida e que já está 
pré-organizado. 
Anteriormente, as crianças começavam a ingressar na escola, geralmente na 1ª série do 
Ensino Fundamental. Nas últimas gerações, a Educação Infantil tem ganhado uma atenção 
especial, sendo considerada como a primeira etapa da Educação Básica. Entretanto, durante 
séculos esta etapa da vida era “desconsiderada”. 
 
A história da educação infantil em nosso país tem, de certa forma, acompanhado a 
história dessa área no mundo, havendo, é claro, características que lhe são próprias. 
Até meados do século XIX, o atendimento de crianças pequenas longe da mãe em 
instituições como creches ou parques infantis praticamente não existia no Brasil. 
No meio rural, onde residia a maior parte da população do país na época, famílias 
de fazendeiros assumiam o cuidado das inúmeras crianças órfãs ou abandonadas, 
geralmente frutos da exploração sexual da mulher negra e índia pelo senhor branco. 
Já na zona urbana, bebês abandonados pelas mães, por vezes filhos ilegítimos de 
moças pertencentes a famílias com prestígio social, eram recolhidos nas “rodas de 
expostos” existentes em algumas cidades desde o início do século XVIII 
(OLIVEIRA, 2002, p. 91). 
 
 
A instituição que atendia crianças nos séculos anteriores era meramente 
assistencialista para as classes mais pobres e as crianças rejeitadas. Não se tinha a menor 
preocupação com a educação destas crianças. Muitas contradições foram ultrapassadas para 
chegarmos até a concepção de que a Educação Infantil não é um mero espaço para cuidados, 
e sim um ambiente de interação social. 
Ao mesmo tempo, a concepção de criança é uma noção historicamente construída e 
conseqüentemente vem mudando ao longo dos tempos, não se apresentando de forma 
homogênea nem mesmo no interior de uma sociedade e época. Assim é possível que, por 
exemplo, em uma mesma cidade existam diferentes maneiras de se considerar as crianças 
pequenas dependendo da classe social a qual pertencem, do grupo étnico, do qual fazem parte 
(REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL, 1998, p. 21) 
Todo ser humano tem passagens na vida, que nem sempre pode dominar. Ao deparar-
se com tais mudanças, deve haver uma adaptação ao tempo e ao espaço. Em todos os 
momentos percebemos o quanto é importante sermos tratados como únicos, o que realmente 
 
 
3375 
somos. E é partindo deste princípio que se enfrenta a grande problemática do primeiro dia em 
um CEI (Centro de Educação Infantil) ou Pré Escola. 
 
O choro da criança, durante o processo de inserção, parece ser o fator que mais 
provoca ansiedade tanto nos pais quanto nos professores. Mas parece haver, 
também, uma crença de que o choro é inevitável e que a criança acabará se 
acostumando, vencida pelo esgotamento físico ou emocional, parando de chorar. 
[...] Deve ser dada uma atenção especial às crianças, nesses momentos de choro, 
pegando no colo ou sugerindo-lhes atividades interessantes (REFERENCIAL 
CURRICULAR NACIONAL, 1998, p. 79). 
 
A adaptação escolar deve ser compreendida como um processo natural e singular de 
construção de vínculos entre a escola, a criança e a família. Algumas crianças encontram 
maiores dificuldades em separar-se emocionalmente e fisicamente de seus pais; sendo assim, 
é preciso estar ciente de que a família e a criança compartilham das mesmas ansiedades diante 
deste novo desafio, que se deve dar segurança e atenção para ambos os lados, família e 
criança, que acabam tornando-se apenas um. 
O processo de adaptação merece um cuidado especial para que a criança sinta-se 
confiante no novo ambiente. Deve conhecer os limites impostos para uma vivência coletiva, 
assim como conhecer seus próprios limites e tentar superá-los. 
Os primeiros dias, geralmente, são os mais complicados, e os mais importantes. O 
“desgarrar-se” da família que sempre os protegeu e permanecer “abandonado”, “sozinho”, em 
um ambiente completamente diferente, às vezes, representa um grande abismo na cabeça dos 
pequenos. Ao mesmo tempo, estes primeiros momentos, permitem a criança criar vínculos 
afetivos com uma outra pessoa, que lhe seja próxima, proporcionando-lhe segurança e 
tranqüilidade para a incorporação no novo ambiente. 
Em “Estimulando a mente do seu bebê”, Dr. Jacob (2004) ressalta a importância de 
dar toda atenção à criança neste novo processo de criar vínculos com a escola. Ele aconselha 
que se observe bem a reação da criança e se busque meios que funcione para todos – pais, 
criança e escola – durante este processo de adaptação, que pode ser breve para algumas 
crianças e mais longo e dolorido para outras. 
 
[...] a ansiedade da separação pode ser um problema, mesmo que pais e filhos 
tenham desenvolvido fortes vínculos. As crianças nesta idade [13 a 24 meses] têm 
inteligência suficiente para entender que papai e mamãe estão indo embora, mas 
não o suficiente para entender que depois de algum tempo estarãode volta. O 
tempo é um mistério para as crianças dessa idade. Algumas se adaptam melhor que 
outras a uma separação (JACOB, 2004, p. 153). 
 
 
 
 
3376 
O papel da equipe escolar é fundamental nesta fase. É neste momento que uma boa 
estrutura faz a diferença. Os pais precisam sentir-se bem amparados para poderem sentir-se 
seguros e transmitir esta segurança a seu filho. Assim como o professor precisa ter 
consciência de sua importância para a criança nestes primeiros dias. 
Analisando a questão, o adaptar-se à separação, é um momento muito difícil que a 
criança enfrenta. A insegurança criada, por não ter seus pais ao seu lado, terá que ser 
transformada em segurança em estar com um professor, que em muitos momentos divide 
atenção com outras crianças também. Os profissionais que estarão em contato com a família 
devem favorecer possibilidades para que este momento de adaptação, seja o mais tranqüilo 
possível, atendendo cada caso de maneira especial, respeitando a individualidade familiar e 
proporcionando um amparo para que a escola possa fazer parte da vida da família. A equipe 
que trabalha em um ambiente escolar, com experiências de anos anteriores, consegue prever 
que a adaptação neste novo ambiente pode ser complicada e demorada, mas a família que não 
tem esta “experiência”, pode sentir-se constrangida frente a esta situação. 
Oliveira (2002, p. 38) afirma que “quem trabalha com crianças pequenas sabe o quanto 
elas mudam e progridem de mês a mês e como muitas vezes é difícil adaptar-se a essas 
mudanças tão rápidas e repentinas”. Sendo assim é visível a importância de também se dar 
atenção aos pais, que participam ativamente neste processo de adaptação. Algumas dicas são 
importantes para que estes pais não se sintam culpados. Em muitos casos, cabe à escola fazer 
esta intervenção, através de conversas e recados explicativos, pois as atitudes dos pais 
refletem e influenciam de forma negativa ou positiva no período de adaptação, dependendo da 
postura adotada por cada família. 
 
Neste novo caminho que se enfrentará é importante que a criança identifique o 
ambiente. De fato, para que o primeiro dia se torne motivo de sorrisos em vez de 
lágrimas, a maioria dos especialistas aconselha estadas mais curtas no início. “A 
entrada no Jardim de Infância deve ser feita aos poucos. No princípio, apenas 
algumas horas e só depois o dia todo”, defende a psicóloga Helena Marujo (apud 
Aranha).��
�
Uma orientação segura nestes primeiros dias, por parte da escola, transparece uma 
postura séria e compreensiva, transmitindo que a equipe está confiante e que tem certeza de 
suas atitudes frente aos primeiros momentos. 
E partindo desta compreensão, de que o processo de adaptação é curto, se bem 
estruturado, e que dele faz parte à estrutura familiar e escolar, é que se propôs a fazer uma 
pesquisa de campo, buscando, através de uma coleta de dados, realizada por um questionário, 
a confirmação de dados referentes a estas questões. 
 
 
3377 
A pesquisa realizada em um Centro de Educação Infantil, situado no bairro Guarujá, 
na cidade de Cascavel – Paraná, fortalece os dados bibliográficos já analisados. Através de 
um questionário, semi-estruturado, busca-se perceber as atitudes e pensamentos dos pais em 
relação aos primeiros dias da criança na vida escolar. Questionou-se a participação dos pais 
em relação às incertezas e angústias frente a seus filhos no momento de adaptação em 12 
questões, sendo que destas, uma questão aberta. 
 No CEI, onde foi realizada esta pesquisa de campo, são atendidas 130 crianças, com 
idades que variam entre 2 anos e 6 anos, distribuídas em seis salas assim compostas: Maternal 
I (2 anos), Maternal II (3 anos), Jardim I (4 anos), Jardim II (5 anos) e duas turmas de Pré-
escola (6 anos). Para a coleta de dados, foi entregue um questionário a 76 responsáveis por 
crianças freqüentadoras desta instituição, obtendo um retorno de 52 questionários. Levando-se 
em consideração que houve apenas um dia para a devolução do questionário, houve um 
retorno altamente positivo. 
Em análises aos questionários que retornaram, surpreende-se com a participação 
masculina frente aos interesses sobre a criança. Uma participação significativa percebe-se 
neste aspecto, como podemos analisar na figura seguinte. 
 
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Mãe Pai Outro
 
Figura 1. Pergunta: O que, a pessoa que respondeu o questionário, é da criança. 
Fonte: Dados Primários, 2005. 
Uma ótima presença do responsável, do sexo masculino, demonstra que a qualidade de 
vida pode ser acompanhada pelo homem, dividindo funções também neste âmbito de 
educação dos filhos. A figura feminina, que sempre predominou na educação dos filhos, e 
ainda continua, em análises gerais, pode ser vista e compreendida além de seu papel gerador. 
 
 
3378 
Ainda predomina o papel da mãe, mas o sexo oposto também demonstra estar presente, 
interagindo e participando ativamente da vida da criança, que anteriormente era mais distante. 
O grau de escolaridade foi um aspecto presente abordados no questionário, sendo que 
se obteve uma predominância no Ensino Médio, com 59,6%. Sendo que 19,2% Ensino 
Fundamental, outros 19,2% Ensino Superior e 1,9% não assinalaram nenhuma das opções. 
A faixa etária dos entrevistados variou de 20 a 40 anos, sendo que um percentual de 
44,2% assinalou a opção de 20 a 30 anos, e 48%, a opção de 30 a 40 anos. Ainda, outros 1,9% 
dos entrevistados assinalou uma opção que não constava no questionário: 19 anos e 5,7% 
assinalaram a opção acima de 40 anos, percebendo-se assim, que os casais estão tendo filhos 
com maior idade, em relação a outras épocas. 
Constatou-se que os pais estão procurando por auxílio de uma instituição escolar antes 
da idade de escolarização propriamente dita, que seria a partir dos 6 anos, ficando evidente, 
que a idade predominante é dos 2 anos, com um percentual de 55,7%. Para as outras opções, 
15,3% 1 ano, 13,4% 3 anos, 9,6% 4 anos e 1,9% 5 anos. 
Um outro fator que se objetivou através deste questionário, é o de identificar o motivo 
que levou a família buscar uma escola para a criança na faixa etária referente à educação 
infantil, observando apenas o assistencialismo ou levando em consideração algum outro 
critério. O fator predominante, com 76,9% das respostas, foi de que as famílias buscam a 
complementação de uma instituição por terem a necessidade de trabalharem fora e não terem 
com que deixar seus filhos. Sabendo que um dos requisitos solicitados para o ingresso nesta 
instituição seja que os responsáveis tenham “uma ocupação” no período em que a criança 
esteja na escola, fica claro que a maioria dos responsáveis busca a co-participação da escola 
neste processo educacional de seus filhos por motivo de trabalho. Sendo que apenas 13,4% 
por motivo de estudo e outros 9,6% responderam ser por um outro motivo. 
No artigo 18 do Projeto Político Pedagógico (2004/05, p. 53) desta instituição reafirma 
que “serão admitidas crianças, cujas mães trabalham fora do lar, por necessidade reconhecida 
de manter o equilíbrio do orçamento doméstico e não tenham no lar quem cuide das mesmas”. 
Em parágrafo único, ainda é acrescido: “Será exigido um documento comprobatório de que a 
mãe ou pessoa responsável pela criança se encontra trabalhando, sendo o controle de 
freqüência ao trabalho feito pela administração do centro”. 
Frente a estes dados obtidos, percebe-se que um dos motivos facilitadores da 
adaptação da criança é à força da necessidade e o apoio que se busca em contribuir e 
complementar a educação da criança. Como podemos melhor analisar com a figura seguinte, 
 
 
3379 
onde as crianças, neste ambiente, tiveram uma adaptação mais tranqüila e não tão complicada 
e demorada. 
0
5
10
15
20
25
30
Um longo período Poucosdias Não demorou para se adaptar
 Figura 2. Pergunta: Como foi o período de adaptação de seu (ua) filho (a). 
 Fonte: Dados Primários, 2005. 
 
O CEI foi fundado por um frei, sacerdote da Ordem dos Freis Franciscanos 
Convetuais, em abril de 1984, prevalecendo uma filosofia cristã nesta instituição. Hoje, esta é 
administrada e coordenada por freiras da Congregação das Pequenas Irmãs da Sagrada 
Família. 
Frente a esta filosofia cristã, adotada pela instituição, um dos índices que surpreende é 
o fato de que apenas 13,4% das respostas confirmam ter escolhido esta entidade levando em 
consideração a filosofia da escola, como se pode verificar na figura seguinte. 
 
 
3380 
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Filosofia da escola
Preparo da equipe de funcionários
Indicação de outras pessoas
Localização (próximo de sua casa ou de algum familiar ou de trabalho)
Valor da mensalidade
Condições de atendimento (alimentação, atividades pedagógicas)
Mais que uma opção
Em branco
 
Figura 3. Pergunta: Motivo que levou os responsáveis a escolher este CEI 
Fonte: Dados Primários, 2005. 
 
 
Um outro dado pertinente, a ser analisando nesta figura, é que 9,6% das respostas 
assinalaram a opção de que se preocupam com o preparo da equipe, que estará com seu filho 
por um grande período do dia e da vida da criança. 
Surpreendentemente, em uma outra questão, quando questionados sobre como se 
sentem, perante a reação de choro de seus filhos, 82, 6% dos questionários assinalaram a 
alternativa, que ficam seguros, pois acreditam que a equipe da escola cuidará bem de seu 
filho. Os resultados dão a entender, que a maior preocupação está no assistencialismo que 
muitas escolas oferecem, no bem estar físico e não na educação. De certa forma, as respostas 
ficaram contraditórias, já que em uma das questões a preocupação não se pautou na escolha 
da escola visando à qualificação profissional e em outra questão, o fator que gera segurança, é 
a confiança na equipe que trabalha próximo ao seu filho. 
 
 
3381 
Percebe-se que a preocupação maior da família, ainda se concentra no cuidar, no bem-
estar físico da criança, focando o papel do professor, como em alguns relatos, na única 
questão aberta da pesquisa. 
Na questão aberta, perguntou-se qual a maior preocupação em deixar seu filho 
chorando nos primeiros dias. Algumas das respostas confirmam a insegurança frente ao papel 
dos profissionais em contato com a criança, como se percebe nestas respostas: “Se ela iria ser 
bem cuidada pelas educadoras”; “Fico preocupada com as professoras, pois terão trabalho 
em acalmá-lo”; “De não ser bem cuidado pelo professor” e ainda, “A maior preocupação é 
com relação ao tratamento com a criança, como será que as professoras vão lidar com uma 
criança que está aos prantos? Será que terão paciência com ela?”. 
Outras respostas se assemelham a esta preocupação física: “Na realidade, não me 
preocupei com choro, mais sim com as crises respiratórias, porém sabia que estava sendo 
bem observada” e também “A maior preocupação é a do filho ficar desesperado por estar 
em um ambiente ainda estranho e dar convulsão e não saber qual seria a reação das 
professoras”. 
Um outro aspecto também relevante, nesta mesma questão, sobre as próprias 
preocupações dos pais em relação ao sentido de culpa de quem abandonou uma criança. 
Algumas respostas: “Medo de se tornar uma criança insegura, e sentindo-se abandonada”; 
“Fico preocupada se está acontecendo algo no qual ele não se adaptou, ou talvez por 
natureza não gosta de cumprir responsabilidades”; “Se ele ficaria com raiva, ou achar que 
estaria abandonando-o”; “Criar algum trauma psicológico para o futuro”. 
Insegurança, até os mais experientes pais sentem ao deixar seus filhos pela primeira 
vez em uma escola, mas é importante que se tenha objetivos claros e certeza de que é a 
melhor opção e de que será importante para a criança e para a família. 
Este fator de segurança, transparece quando se questiona de como foi o período de 
adaptação da criança, quando uma pequena porcentagem aponta um longo tempo. A 
necessidade de se encontrar um local apropriado e que manifeste segurança, é um forte 
motivo para que a adaptação seja tranqüila e não prolongada, como se constata na figura 
seguinte. 
 
 
 
3382 
0
5
10
15
20
25
30
Um longo período Poucos dias Não demorou para se adaptar
 
Figura 4. Pergunta: Como foi o período de adaptação da criança. 
 Fonte: Dados Primários, 2005. 
 
 
Uma grande porcentagem ficou entre “não demorou a se adaptar” e “poucos dias para 
se adaptar”. O fato de muitas mães precisarem trabalhar para reforçar o orçamento familiar, 
vem justificar estes dados, pois a adaptação da criança neste novo ambiente, e incorporação 
em uma nova realidade, passa a ser uma necessidade de toda a estrutura familiar. 
Como já foi mencionado, o contato da criança no ambiente escolar proporciona uma 
socialização com outras culturas e valores. A criança que tem contato com outras crianças de 
sua mesma idade, socializa-se com grande enriquecimento na interação de aprendizagem. 
Ao questionar sobre se a criança já convivia com outros grupos de crianças, 
anteriormente ao seu ingresso na escola, 34,6% das respostas fora sim e 61,5% das respostas 
foram não e apenas 3,8% das respostas foram em branco. 
Perante este dado, percebe-se que a presença de contato ou não com outros grupos de 
crianças não interfere no momento de adaptação escolar, já que a grande maioria das crianças 
teve fácil adaptação e não conviviam com outras crianças anteriormente. Pode ser, que a 
convivência ou a influência de adultos, também, auxilie no ingresso ao ambiente escolar. 
É importante ressaltar que a instituição escolar não vem substituir laços que se criam 
na família, como analisa Oliveira: 
 
A creche é um dos contextos de desenvolvimento da criança. Além de prestar 
cuidados físicos, ela cria condições para o seu desenvolvimento cognitivo, 
simbólico, social e emocional. O importante é que a creche seja pensada não como 
uma instituição substituta da família, mas como ambiente de socialização diferentes 
do familiar. Nela se dá cuidado e a educação de crianças, que aí vivem, convivem, 
exploram, conhecem, construindo uma visão de mundo de si mesmas, constituindo-
se como Sujeitos (OLIVEIRA, 2002, p. 64). 
 
 
 
3383 
 
 
Percebe-se que ao se questionar os responsáveis, sobre o motivo que acredita, que 
levou a criança a chorar, nos primeiros dias e não querer permanecer na escola, a resposta 
que predominou, como verificamos na figura seguinte, foi o fato de que a criança não 
conhecia nenhuma pessoa naquele ambiente, constatando-se assim, que as famílias têm a 
percepção de que existe uma diferenciação entre os vínculos familiares e os com outras 
pessoas no ambiente escolar, sendo que os de família são os primeiros que a criança vivencia 
e cria. 
 
0
10
20
30
Não queria sair do seu lado
Estava com medo
Não conseguia explicar
Não conhecia ninguém
Os professores não davam a devida atenção
Inseguro
Mais que uma opção
Em branco
 Figura 5: Pergunta: Motivo acreditar que leva a criança a chorar e não querer permanecer no CEI 
Fonte: Dados Primários, 2005. 
 
A preparação dos pais ou responsáveis pela criança, é um pré-requisito nos primeiros 
dias neste novo ambiente institucional. Os responsáveis pela criança precisam estar 
conscientes e seguros desta opção, para transmitir a segurança que as crianças pequenas 
precisam. 
A importância de se estar certo desta opção será acreditada também pela criança, que 
não estará abandonada na escola, mas sim que esta recebendo a possibilidade de criar vínculos 
afetivos com outros adultos e principalmente com outras crianças. 
É visível, que as criançasque mais têm dificuldades de relacionar-se e integrar-se com 
o grupo, possuem famílias inseguras (pai ou mãe) e com dificuldades em perceber o 
 
 
3384 
progresso, no período de adaptação. Quando os pais, ou as pessoas mais próximas da criança 
estão mais seguros com o ambiente no qual as deixam, seja acreditando na equipe como todo, 
seja na relação com o professor que está em contato com a criança, ou até mesmo nas 
interações de horários de saída da escola com outros pais e responsáveis de outras crianças, 
que já freqüentam a escola há mais tempo e estão adaptadas, há possibilidade de adaptação 
em menor tempo. 
Sabe-se que esta pesquisa é apenas uma pequena amostra e que há muitos outros 
motivos para o desconforto dos primeiros momentos em uma nova instituição, seja ela qual 
for. Este é um instrumento de ordem muito simples e que traz apenas uma pequena uma 
noção de realidade, podendo servir como reflexão para análises sobre como o professor pode 
estar mediando nestes momentos de choro e de angústia de permanecer sozinho em um local 
que, dependendo de “visão” infantil, pode transparecer grandes incertezas e inseguranças. 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
ARANHA, Adriana. Adaptação – Depoimentos de um pai. Disponível em: <http//: 
www.adaptação/depoimentosdeumpai.htm>. Acesso em: 21 set. 2005. 
 
BRASIL. RCN. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. 
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. v.1. Brasília: MEC/SEF, 1998. 
 
JACOB, S. H. Estimulando a mente do seu bebê. São Paulo: Mandras, 2004. 
 
OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil: Fundamentos e métodos. São Paulo: 
Cortez, 2002. 
 
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais. Educação Infantil – Referencial final. v.1. 
Brasília: MEC/SEF, 1998. 
 
PPP. Projeto Político Pedagógico. Centro de Educação Infantil São Francisco de Assis. 
Cascavel, 2004/05.

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