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BREVES NOTAS SOBRE A 
TEORIA DOS PRECEDENTES A 
LUZ DO NOVO CÓDIGO DE 
PROCESSO CIVIL 
 
Prof. Ricardo Alberto Pereira 
O sistema jurídico brasileiro tem uma 
característica muito peculiar, que não deixa de 
ser curiosa: temos um direito constitucional de 
inspiração estadunidense (daí a consagração de 
uma série de garantias processuais, inclusive, 
expressamente, do devido processo legal) e um 
direito infraconstitucional (principalmente o 
direito privado) inspirado na família romano-
germânica (França, Alemanha e Itália, 
basicamente). Há controle de constitucionalidade 
difuso (inspirado no judicial review 
estadunidense) e concentrado (modelo 
austríaco). ... 
 
Há inúmeras codificações legislativas (civil law) e, 
ao mesmo tempo, constrói-se um sistema de 
valorização dos precedentes judiciais 
extremamente complexo (súmula vinculante, 
súmula impeditiva, julgamento modelo para 
causas repetitivas etc.; ... de óbvia inspiração na 
common law. Embora tenhamos um direito 
privado estruturado de acordo com o modelo de 
direito romano, de cunho individualista, temos 
um microssistema de tutela de direitos coletivos 
dos mais avançados e complexos do mundo; 
como se sabe, a tutela coletiva de direitos é uma 
marca da tradição jurídica do common law. 
(Fredie Didier Jr) 
 
. 
 
Obter 
Dictum 
Reversal ?????? 
A expressão stare decisis é uma fórmula reduzida 
do adágio latino stare decisis et non quieta 
movere, que, literalmente, significa “mantenha-se 
a decisão e não se moleste o que foi 
decidido”. Na Inglaterra, é utilizada como 
sinônimo da doctrine of precedent (ou rule of 
precedent) 
 
Precedente é a decisão judicial tomada à luz de 
um caso concreto, cujo núcleo pode servir como 
diretriz para o julgamento posterior em casos 
análogos. 
 
 
Precedente é um pronunciamento judicial, 
proferido em processo anterior, que é empregado 
como base da formação de outra decisão judicial, 
prolatada em processo posterior. Dito de outro 
modo, sempre que um órgão jurisdicional, ao 
proferir uma decisão, parte de outra decisão, 
proferida em outro processo, empregando-a 
como base, a decisão anteriormente prolatada 
terá sido um precedente. 
 
Deve se destacar, aqui, que nem toda decisão 
judicial é precedente (mesmo que não 
vinculante). Só são assim consideradas aquelas 
decisões em que é possível estabelecer um 
fundamento determinante que será observado, 
posteriormente, com caráter vinculante ou 
meramente persuasivo, na formação da decisão a 
ser proferida em um caso subsequente. 
 
 
Jurisprudência é um conjunto de decisões 
judiciais, proferidas pelos tribunais, sobre uma 
determinada matéria, em um mesmo sentido. 
Perceba-se, então, que há uma diferença 
quantitativa fundamental entre precedente e 
jurisprudência. É que falar sobre precedente é 
falar de uma decisão judicial, proferida em um 
determinando caso concreto (e que servirá de 
base para a prolação de futuras decisões 
judiciais). Já falar de jurisprudência é falar de um 
grande número de decisões judiciais, que 
estabelecem uma linha constante de decisões a 
respeito de certa matéria, permitindo que se 
compreenda o modo como os tribunais 
interpretam determinada norma jurídica. 
A súmula de jurisprudência dominante é uma 
resuma da jurisprudência dominante de um 
tribunal. Tal resumo é formado por verbetes ou 
enunciados, os quais indicam o modo como 
aquele tribunal decide certas matérias. ... O 
enunciado de súmula, portanto, não é um 
precedente. Trata-se de um extrato de diversos 
pronunciamentos, isto é, algo que se extrai de 
diversas decisões sobre a mesma matéria. 
(Alexandre Câmara) 
 
 
Precedentes vinculantes: 
Art. 927, I - as decisões do Supremo Tribunal 
Federal em controle concentrado de 
constitucionalidade [art. 102, §2º, CRFB] 
Art. 927, II - os enunciados de súmula vinculante 
[art. 103-A, CRFB] 
Art. 927, III - os acórdãos em incidente de 
assunção de competência ou de resolução de 
demandas repetitivas e em julgamento de 
recursos extraordinário e especial repetitivos 
[IAC: art, 947, §3º - REXT/RESP: REPet - 985, 
caput] 
 
Precedentes argumentativos/persuasivos: 
Art. 927, IV - os enunciados das súmulas do 
Supremo Tribunal Federal em matéria 
constitucional e do Superior Tribunal de Justiça 
em matéria infraconstitucional; 
Art. 927, V - a orientação do plenário ou do órgão 
especial aos quais estiverem vinculados. 
 
 
Vamos traduzir algumas expressões !!!! 
 
Ratio Decidendi ou Holding - tese principal 
discutida no caso concreto 
Obter Dictum - "dito para morrer" - 
fundamentação marginal 
 
Distinguish(ing) 
 
Restrictive distinguish - há peculiaridades 
distintas entre o precedente e o caso concreto, 
peculiariedades essas que faz com que o juiz 
afastar a aplicação do precedente 
 
Ampliative distinguish - há peculiaridades 
distintas entre o precedente e o caso concreto, 
mas essas peculiaridades fazem com que o 
julgador estenda o precedente aplicando-o ao 
caso concreto 
 
 
 
Overruling: há superação total do precedente. 
 
Express Overruling – revogação expressa 
Implied Overrruling - Revogação tácia 
 
 
 
Prospective Overruling - atribução de efeitos 
temporais à aplicação do precedente 
 
Prospectitive prospective overruling - se 
posterga a aplicação do overruling 
Pure prospective overruling - não se aplica o 
precedente ao caso que se está mudando. 
 
 
Overridind: há uma superação parcial do 
precedente 
Reversal: a reforma, por uma corte superior, da 
decisão proferida por uma corte inferior - é uma 
técnica de controle e não uma técnica de 
superação (overruling/overridind) do precedente 
Transformation: a corte não realiza o 
distinguish ou o overruling, mas transforma ou 
reconfigura o precedente 
Technique of signaling (técnica de sinalização) 
- aponta para futura possibilidade de overruling 
 
 
O Novo Código de Processo Civil 
 
 
Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua 
jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e 
coerente. 
§ 1o Na forma estabelecida e segundo os 
pressupostos fixados no regimento interno, os 
tribunais editarão enunciados de súmula 
correspondentes a sua jurisprudência dominante. 
§ 2o Ao editar enunciados de súmula, os tribunais 
devem ater-se às circunstâncias fáticas dos 
precedentes que motivaram sua criação. 
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: 
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em 
controle concentrado de constitucionalidade; 
II - os enunciados de súmula vinculante; 
III - os acórdãos em incidente de assunção de 
competência ou de resolução de demandas 
repetitivas e em julgamento de recursos 
extraordinário e especial repetitivos; 
IV - os enunciados das súmulas do Supremo 
Tribunal Federal em matéria constitucional e do 
Superior Tribunal de Justiça em matéria 
infraconstitucional; 
V - a orientação do plenário ou do órgão especial 
aos quais estiverem vinculados. 
§ 1o Os juízes e os tribunais observarão o 
disposto no art. 10 e no art. 489, § 1o, quando 
decidirem com fundamento neste artigo. 
§ 2o A alteração de tese jurídica adotada em 
enunciado de súmula ou em julgamento de casos 
repetitivos poderá ser precedida de audiências 
públicas e da participação de pessoas, órgãos ou 
entidades que possam contribuir para a 
rediscussão da tese. 
§ 3o Na hipótese de alteração de jurisprudência 
dominante do Supremo Tribunal Federal e dos 
tribunais superiores ou daquela oriunda de 
julgamento de casos repetitivos, pode haver 
modulação dos efeitos da alteração no interesse 
social e no da segurança jurídica. 
§ 4o A modificação de enunciadode súmula, de 
jurisprudência pacificada ou de tese adotada em 
julgamento de casos repetitivos observará a 
necessidade de fundamentação adequada e 
específica, considerando os princípios da 
segurança jurídica, da proteção da confiança e da 
isonomia. 
§ 5o Os tribunais darão publicidade a seus 
precedentes, organizando-os por questão jurídica 
decidida e divulgando-os, preferencialmente, na 
rede mundial de computadores. 
Art. 928. Para os fins deste Código, considera-se 
julgamento de casos repetitivos a decisão 
proferida em: 
I - incidente de resolução de demandas 
repetitivas; 
II - recursos especial e extraordinário repetitivos. 
Parágrafo único. O julgamento de casos 
repetitivos tem por objeto questão de direito 
material ou processual. 
 
 
Prof. Ricardo Alberto Pereira

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