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Resenha livro Geografia: pequena historia critica

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MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: Pequena História Crítica. 20. ed., São Paulo: Annablume, 2005.
Antonio Carlos Robert foi um importante geografo brasileiro, que produziu diversos livros e artigos nas áreas da geografia histórica e politica. Graduado em Geografia e em Ciências Sociais pela USP, realizou mestrado, doutorado e livre docência na área de Geografia Humana, na mesma universidade. Atuou como professor titular do Departamento de Geografia da FFLCH, coordenou a área de Geografia Humana da Fapesp, realizou pesquisas nas áreas de Metodologia e História da Geografia e também atuou no campo das políticas territoriais no Brasil e no exterior. Moraes veio a falecer em São Paulo no dia 16 de julho de 2015, devido complicações após um transplante de fígado.
No livro Geografia Pequena Historia Critica, Moraes apresenta de forma organizada a evolução do pensamento geográfico, apresentando suas varias correntes, desde a geográfica tradicional até a Geografia Critica. De acordo com o autor, tal obra foi concebida com o objetivo didático, onde vem sanar as dificuldades recorrentes da falta de bibliografias sobre o assunto.
O objeto da Geografia
	Logo no inicio da obra, o autor nos apresenta a indagação do quem vem ser a geografia, que apesar de aparentar ser uma questão simples, não é. No campo cientifico há uma grande polemica em volta do assunto, devido as muitas definições que essa ciência possui. 
Há autores que a definiram como estudo da superfície terrestre, que apesar de ser a mais aceita, é uma das mais vagas, pois deveria caber a Geografia descrever tudo que há na superfície terrestre. Sendo baseada nos ideais de Kant, onde coloca a Geografia como síntese dos conhecimentos sobre natureza, vindo a ser uma ciência sintética, descritiva e que tem por objetivo descrever uma visão de conjunto do planeta.
Outros autores a definiram como estudo das paisagens, onde a analise geográfica estaria fechada apenas aos aspectos visíveis do real. Esta apresenta duas variáveis para compreensão de paisagem, uma morfológica, focada na descrição, outra fisiológica, focada no o funcionamento da paisagem, na relação e dinâmica entre os elementos. 
Há aqueles também que a aderem como estudo da individualidade dos lugares, dando importância para a singularidade de cada área, que surge a partir dos estudos de todos os fenômenos que ocorrem em determinado local. Tal perspectiva veio de autores da antiguidade clássica, que produziram estudos através dos aspectos sociais e naturais da terra. Hoje esta perspectiva está expressa na Geografia Regional, que usa uma unidade espacial, a região, que é individualizada através das suas características próprias.
Existem também os que a concedem como Estudo do Espaço, apesar desta ser pouco usada devido a polemica em volta da dificuldade na definição do que seria “espaço”, que é atualmente um campo da geografia que está sendo estudado.
Por fim, existe a definição de Geografia como o estudo das relações entre o homem e o meio, onde seria papel desta ciência explicar a relação sociedade e natureza. Nela é estudado tanto os aspectos físicos, quanto os aspectos sociais, dentro desta concepção também aparecem três visões distintas a serem consideradas, o homem é passivo mediante a natureza, o homem é transformador do meio, e o equilíbrio entre homem e a natureza.
Finalizando o capitulo, o autor retoma a fala sobre as varias definições para o objeto da geografia, onde não há uma que é tomada como unicamente correta. Acrescenta ainda, informando que as perspectivas que foram apresentadas são embasadas na Geografia Tradicional, pois na Geografia Moderna não ocorre a necessidade de formular uma definição formal de objeto.
O Positivismo como fundamento da Geografia Tradicional
No segundo capitulo o autor aponta a relação entre a geografia e o positivismo, sendo esta fundamento de tal ciência. Sendo assim, os estudos se baseiam apenas no que é visível, onde é feito a partir da observação, descrição e observação. A metodologia usada na geografia era a mesma utilizada nas ciências naturais, uma vez que isso garantia seu estabelecimento quanto ciência, o que acaba destacando apenas os temas naturalísticos e deixando de lado temas humanísticos. 
Outro fato apontado pelo autor era a visão que os estudiosos tinham da geografia naquele determinado período, sendo vista como uma ciência de síntese, onde dentro dela caberia todas as demais ciências, sendo seu papel analisa-las e ordena-las. 
Enfim, o positivismo como fundamento desta ciência gerou uma geografia que levava seus estudiosos a descreverem lugares, suas características sociais e naturais, enfim, tudo que era situado na superfície terrestre. Esta ciência foi de grande utilização na época, uma vez que era usada principalmente em guerras e como instrumento de obtenção de informações a fim de garantir o expansionismo.
Origens e pressupostos da Geografia
Neste capitulo o autor vem discutir a origem da geografia, que a muitos séculos vinha sendo utilizada. Por estar como um conhecimento disperso, esta é principalmente usada em relatos de viagens, onde descreveria as características dos lugares visitados, porem o quadro muda através da sua sistematização no século XIX e seus vários pressupostos.
O primeiro pressuposto é o conhecimento efetivo da extensão real do planeta, onde a terra deve ser totalmente conhecida para que assim possa ser pensada como objeto desta ciência. Já o segundo é a existência de um repositório de informações, sobre variados lugares da Terra, onde era pensado que os dados referentes a superfície terrestre já estivessem levantados e agrupados em um grande arquivo. Enfim, o ultimo pressuposto estaria ligado ao aprimoramento das técnicas cartográficas, onde era importante ter a representação dos fenômenos que já haviam sido observados e das localizações de territórios, que era de grande relevância para a produção capitalista da época, utilizada nas grandes navegações.
A sistematização da Geografia de Humboldt e Ritter
Foi em meio a penetração tardia do capitalismo na Alemanha que se estabeleceu a geografia, lá que surgiu os considerados pais da geografia, Humboldt e Ritter, lá que se estabeleceu as primeiras instituições e catedrais voltadas a essa disciplina.
Humboldt era um naturalista que realizou diversas viagens, para ele a geografia era como a parte terrestre da ciência do cosmos, como uma síntese de todos os conhecimentos relativos a Terra. Apresenta também o empirismo raciocinado, que é a intuição a partir da observação, onde caberia ao geografo analisar, e a partir disso teria uma “impressão” que combinada com a observação sistemática dos seus elementos e filtrada pelo raciocínio lógico, levaria a uma explicação final. Já Ritter era metodológico, para ele a geografia é tomada como o estudo dos lugares e a busca da individualidade destes, através da comparação.
Ritter produziu uma Geografia mais Regional e antropocêntrica, já Humbold gerou o trabalho em busca de abarcar o Globo, sem privilegiar o homem, e foi através disso que se formou a base da geografia tradicional e seus diversos seguimentos posteriores.
Ratzel e a Antropogeografia
Devido a unificação tardia na Alemanha, esta acabou sendo deixada de fora da partilha de territórios colônias, o que levou Ratzel a ser um representante dos projetos estatais, sendo suas obras consideradas um instrumento poderoso no expansionismo alemao.
Fundador da geografia humanística, onde através de suas obras definiu o objeto da geografia como estudo das influencias das condições naturais sobre o homem, Ratzel produziu a teoria do “espaço vital”, que é entendida como uma proporção de equilíbrio entre a população de uma dada sociedade e os recursos disponíveis para suprir suas necessidades, o que definiria suas potencialidades de progredir e suas premências territoriais. 
Privilegiando o elemento humano e abrindo várias frentes de estudo, valorizando questões referentes a história e ao espaço, a distribuição dos povos e das raças na superfícieterrestre, o isolamento e suas consequências, além de estudos monográficos das áreas habitadas, por fim, Ratzel manteve o caráter empírico da Geografia tradicional, desenvolveu outra linha de pensamento a Geopolítica e se manteve com sua visão naturalista, onde reduziu o homem.
Vidal de La Blache e a Geografia Humana
Outra grande escola geográfica é a da França, que foi fundada por Vidal de La Blache, esse se opondo aos pensamentos de Ratzel. Para entender o surgimento da geografia na França é necessário ter compreensão do que se passava naquele período, onde a revolução burguesa e a guerra franco-prussiana são determinantes para tal surgimento.
Com a perda na guerra franco-prussiana, o Estado Frances viu a importância do conhecimento geográfico e La Blache foi escolhido como fundador da escola francesa de geografia intuito de combater a reflexão geográfica alemã e fornecer fundamentos para o expansionismo francês. 
Criticando as obras de Ratzel, Vidal definiu o objeto da Geografia como a relação homem-natureza, vendo o homem como um ser ativo, que sofre influência e atua sobre o meio, transformando-o. Produziu também o termo “gênero de vida”, que exprimiria uma relação de equilíbrio entre a população, construída historicamente pelas sociedades, onde diversidade dos meios explicaria a diversidade dos gêneros de vida.
Os desdobramentos da proposta lablachiana
Criador do que se é definido por possibilismo, influenciou diversos estudioso posteriores a partir de suas linhas de pensamentos, principalmente ao conceito de região, que por ele foi humanizado. A idéia de região favoreceu a mais usual perspectiva de analise do pensamento geográfico, a Geografia Regional, esta perspectiva se difundiu bastante, enfocando regiões de todos os quadrantes da Terra. Ate hoje estes estudos são regularmente realizados.
As propostas de Vidal foram fortemente ampliadas, e um dos que mais avançaram baseados em suas propostas foi Sorre. Seu principal conceito foi o de habitat, uma porção do planeta vivenciada por uma comunidade que a organiza, que pode ser entendida como uma construção humana, uma humanização do meio que expressa as múltiplas relações entre o homem e o ambiente que o envolve. Sua geografia poder ser explicada como um estudo da Ecologia do homem, da relação dos agrupamentos com o meio em que estão inseridos, processo onde o homem transforma este meio.
Além do Determinismo e do Possibilismo: a proposta de Hartshorne
Outros dois nomes impotantes da geografia tradicional são Hettner e Hartshorne, seus estudos diferentes de Ratzel e La Blache, estão baseados no neokantismo de Rickert e Windelband, sendo menos empiristas.
Alfred Herner foi um geografo alemão que entendeu a geografia como estudo das inter-relaçoes dos elementos no espaço terrestre, que deveria estudar as diferenciações de áreas. Sua proposta não foi muito divulgada, porem voltou através de Hartshorne, um importante geografo americano que tornou sua proposta novamente discutida, desenvolvendo-a e aprimorando-a.
Hartshorne defendia a ideia de que as ciências se definiram por métodos próprios, não por objetos singulares, para ele o estudo geográfico não isolaria os elementos, mas trabalharia suas inter-relações. 
Seus conceitos básicos na Geografia Ideográfica, que seria uma análise singular e unitária que levaria a um conhecimento bastante profundo de determinado local, foram o de “área”, entendido como uma parcela da superfície terrestre diferenciada pelo observador, que a distingue das demais, e “integração”, onde as análises deveriam buscar a integração do maior número possível de fenômenos inter-relacionado, buscando o caráter de cada área.
Seu outro tipo de Geografia é a Nomotética, que é generalizadora, apesar de parcial. Nesta o pesquisador pararia na primeira integração, e iria reproduzi-la em outros lugares. As comparações das integrações iriam permitir chegar a um padrão de variação dos fenômenos tratados, assim as integrações parciais seriam comparáveis, por tratarem dos mesmos pontos, abrindo a possibilidade de um conhecimento genérico.
Assim foi se finalizando a geografia tradicional, deixando uma ciência elaborada, um corpo de conhecimentos sistematizados, fundamentos que delimitaram um campo geral de investigações, um rico acervo empírico e alguns conceitos.
O movimento de renovação da Geografia
A renovação da geografia se deu a partir da crise na geografia tradicional, ocasionada pela alteração na base social, na complexidade do período, pela perca de seus fundamentos e pelos seus próprios problemas internos, que ocasionou em incertezas, desejo de novas reflexões, propostas e criações.
A partir de 1970 ela já está totalmente enterrada e iniciando seu momento de renovação, que está classificado em geografia critica e pragmática, devido suas ideologias diferenciadas.
A Geografia Pragmática 
De acordo com o autor, a geografia pragmática se estabelece através de criticas a insuficiência da analise tradicional, visando uma revolução em sua metodologia, na busca de novas técnicas e de uma nova linguagem, o que acaba levando a propostas diferenciadas.
Uma delas foi Geografia Quantitativa, onde defendia que os temas geográficos poderiam ser explicados através de métodos matemáticos; outra foi Geografia Sistemática, onde propõe o uso de modelos de representação e explicação para a geografia, sendo esta chamada no Brasil de Geografia Teorética; a outra é a Geografia da Percepção, focada na busca do entendimento dos homens em relação ao espaço que vive.
Apesar da tentativa, tal modelo de renovação teve seu fracasso, uma vez que empobreceu a geografia quanto ciência devido seus critérios técnicos, métodos quantitativos e seu uso em prol da dominação burguesa.
A Geografia Crítica
Neste capitulo o autor fala finalmente na Geografia Critica, que surgiu com o objetivo de romper com a neutralidade científica, buscando ser capaz de produzir críticas radicais a sociedade, tornando-a mais justa através da analise geográfica utilizada como libertação do homem.
Destaca que seus autores vão além de um questionamento acadêmico do pensamento tradicional, buscando as suas raízes sociais, onde criticam o empirismo da Geografia Tradicional, que manteve suas análises presas ao mundo das aparências, e todas as outras decorrências da fundamentação positivista.
Fala sobre Lacoste, como um dos principais autores desta corrente, que argumenta sobre saber geográfico se manifestar em dois patamares: a “Geografia dos Estados-Maiores” e a “Geografia dos Professores”. Onde a primeira sempre existiu ligada a prática do poder, e a segunda tinha uma dupla função para a “Geografia dos Estados-Maiores”, que era mascarar sua existência e levantar dados de forma camuflada para esta.
“Onde há discussão há vida, onde há debate aflora o pensamento crítico, onde há polêmica há espaço para o novo, para a criação”, é assim que o autor destaca o objetivo da geografia critica, onde diz que geógrafos críticos assumem a perspectiva popular, de transformação da ordem social, onde buscam uma Geografia mais generosa e um espaço mais justo, que seja organizado em função dos interesses dos homens.
Conclusão
Pode-se dizer que foi produzida uma obra rica em conteúdo, que pode ser tomada como leitura para qualquer pessoa que esteja interessada no estudo da geografia e em seu desenvolvimento, uma vez que o autor apresenta de forma bastante organizada e simples uma discussão sobre as diversas correntes geográficas e seus autores, desde seu surgimento e até antes, quando nem era denominada tal área de estudo, até atualidade.

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