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Resenha O pensamento geográfico brasileiro: As matrizes clássicas originais.

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ-UEPA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO-CCSE
LICENCIATURA EM GEOGRAFIA 
RESENHA:O PENSAMENTO GEOGRÁFICO BRASILEIRO.
AS MATRIZES CLASSICAS ORIGINARIAS
 Docente: Cátia Macedo
 Discentes: Larissa dos Santos da Silva
 Evelly Carla Dias Matias
Belém-PA
2016
MOREIRA, Ruy. O pensamento geográfico brasileiro: as matrizes clássicas originarias. Vol. 1. São Paulo: Contexto, 2008.
Um dos grandes geógrafos brasileiros, Ruy Moreira é graduado em geografia pela UFRJ (1970), mestre e doutor em Geografia humana pela USP (1994). Enfatiza em suas pesquisas as relações da sociedade com a natureza e o espaço, atualmente direciona sua atenção ao estudo da organização espacial brasileira, buscando uma teoria geral que expresse um olhar peculiar da ciência geográfica em relação a estrutura mundial e nacional.
Moreira por meio desta obra inicia uma trilogia que possui como tema uma analise do pensamento geográfico dentro do Brasil, porém neste primeiro volume traz foco para o estabelecimento da geografia como ciência, sua evolução, correntes, principais autores e seus conceitos, assim como suas dicotomias. Um livro bastante conciso, informativo e enriquecedor para o publico que possui interesse na área geográfica.
A GEOGRAFIA MODERNA E A GEOGRAFIA CLÁSSICA
A geografia moderna nasceu através de um projeto da revolução burguesa e como um fenômeno alemão, onde a revolução estava mais atrasada em relação à Inglaterra e França. Porém, pode-se dizer que foi de fato iniciada por Kant, que apesar de não ser um geografo, tinha uma preocupação com o atraso da filosofia em relação ao avanço da ciência. Esta evolução se dava no campo da interpretação da natureza, onde o orgânico e o homem estavam sendo postos de lado, acarretando na dualidade natureza-homem e sujeito-objeto. Neste meio Kant veio com o plano de encontrar um ponto comum no modo de pensar a natureza e o homem, e foi ai que entrou a geografia, com o papel de produzir conhecimentos referentes a natureza, porém a contribuição de Kant não foi muito enriquecedora, uma vez que focou apenas nas descrições e classificações. 
Então entrou Ritter, geógrafo formado que foi responsável pela maturação que faltava. Focado no que se chama método comparativo, que é baseado na comparação de paisagens, e abandonando o estagio taxonômico, elevou a geografia quanto ciência, umas vez que deu um sentido de significado na organização corógrafa da superfície terrestre, o que gerou uma nova fase a ela, nomeada de Geografia Comparada. Humboldt veio para se basear nesses novos fundamentos, só que redirecionando para vegetações, sua geografia foi mais aderida do que a de Ritter entre os contemporâneos, porém isso não impediu a fase de fragmentação que veio a seguir, deixando a geografia sem novas evoluções durante 50 anos até que retornasse para o cenário científico novamente, mas dessa vez pela mão de Ritter, e assim se fechou o que chamam de Geografia dos fundadores.
O final da segunda metade do século XIX foi marcado pelo nascimento da Geografia Clássica, que teve como necessidade a fragmentação para poder estar em dia com a contemporaneidade do pensamento e a recuperação da integridade de visão de mundo que tinha antes. O sistema positivista impôs a referencia da visão matemática e física de natureza do projeto cientifico renascentista, separou o orgânico, o inorgânico, o humano e anunciou o paradigma do inorgânico da física como base, onde as demais ciências deveriam seguir como padrão. 
A Geografia foi uma das últimas a fazê-lo, a modelização geral do sistema foi feita primeiro no campo do inorgânico, devido a referencia matemática, porém na esfera do humano foi um processo tardio, uma vez que teve que esperar o nascimento dos modelos matemáticos ou equivalente para que dessem conta dos fenômenos ligados ao homem. O problema se deu devido o fracasso de tal modelização e a impossibilidade de se encontrar alguma alternativa. O modelo entrou em falência, uma vez que os parâmetros da ciência aos poucos foram perdendo sustento e devido a ciência do homem não se encaixar nas propriedades de uma ciência, porém se encontrou uma saída, onde foi definido que a matemática seria usada para o tratamento cientifico da natureza e o institucional para o tratamento cientifico do homem, assim nasceu as Ciências Naturais e Ciências Humanas.
Apesar do novo tipo de modelização e do sucesso de tal na geografia física, o modelo da sociologia-antropologia não encontrou o mesmo resultado nas geografias humanas. A geografia física se tornou bem sucedida quanto ciência, porem acabou sendo prisioneiras dos parâmetros newkantianos, uma vez que foi deixando de lado seus próprios dilemas internos e enquanto isso a geografia humana continuava sem um encaixe quanto modelo.
AS LINHAS DE FORÇA DA GEOGRAFIA CLASSICA
De meados do século XIX aos meados de XX é definido como um dos mais ricos e contraditórios, onde tal passou por uma avalanche de transformações, tanto no campo científico, quanto no técnico e artístico. Neste período que surgiu as teorias que no livro é intitulado de geografia clássica, identificado no pensamento brasileiro na geografia dos autores franceses e norte-americanos. O autor assume no livro que a matriz francesa é a originaria da brasileira, vindo por autores franceses a Geografia de Vidal de La Blache, Brunhes e Reclus, e com o tempo foi acrescentado os pensamentos de Sorre, George, Tricart e Hartshorne, após divide-os em grupos relacionando suas linhas de trabalho
RECLUS, VIDAL DE LA BLACHE E BRUNHES
Elisée Reclus foi anarquista em uma França monarquista e conservadora, que por participar da comuna de Paris acabou sendo exilado da França, suas diversas viagens acarretaram na produção de grandes contribuições para a geografia. Entre suas obras há três de grande importância, A terra, A nova geografia universal e O homem, para Reclus a geografia contida em seus livros se caracteriza como uma ciência libertaria, que coloca o homem diante de si como livre, atuante, conhecedor e consciente de sua condição natural de ser humano racional, sujeito de si mesmo na historia.
Paul Vidal de La Blache foi um historiador de formação chamado pelo governo francês em 1872, após a França perder na guerra franco-germânica, para organizar uma Geografia acadêmica na universidade francesa com objetivo de ultrapassar a geografia alemã quanto ao conteúdo, que no período era de grande utilidade em guerras. Vidal possui três livros que deixam nítidas suas linhas de pensamento, tais obras são Quadro da geografia da França, A França leste e Princípios da geografia humana, a primeira obra diz respeito a Geografia Regional e a segunda quanto a Geografia da Civilização (dos gêneros de vida).
Jean Brunhes é conhecido por sua Geografia humana, seu conceito-chave é o que se chama de fatos essenciais, que nada mais é que um modo de valorizar o dado visual e empírico, assim dando a paisagem o valor metodológico central da reflexão geográfica. Brunhes pode ser considerado o introdutor da tradição dos princípios e do pensamento dialético dentro da geografia.
Max Sorre
Max Sorre foi um marco da transição entre as estruturas do pensamento e do elo entre o originário bloco (Reclus, Vidal de La Blache e Brunhes) para o subsequente de George e Tricart, que ocupam um papel destacado na historia das idéias clássicas. 
Com Sorre as técnicas vão ganhar força e importância como o elemento-chave na interpretação da paisagem e dos espaços que hoje compõem a geografia. O mesmo compõe a parte contemporânea da implantação da fase industrial avançada da segunda Revolução Industrial e ele registra tal momento muito bem, e o traz para Geografia com enorme vislumbramento do seu significado. A técnica esta nascendo, então ele apreende a forte aliança e o que traz a tona à relação entre homem-meio e o mais importante dando sentido a ecologia, que se tornará a substancia do seupensamento, dando atenção para a biologia e ecologia, ele se torna o precursor da Geografia Médica. Qual da origem a Geografia Ecológica.
Ele tem cuidado em dar continuidade à geografia clássica que o antecedeu mantendo a mesma linha de raciocínio, porém mais evoluída com o conjunto de conceitos que irão consagrar a geografia clássica. Sorre tem como centro da sua analise o conceito de complexidade, foco pelo qual ele vê o todo e as partes da superfície terrestre, a exemplo do ecúmeno terrestre, que conceitua como uma rede de complexos.
George e Tricart
Os mesmos vem da tradição Sorreana tendo herdado o mesmo passado, engajados nos problemas de seu tempo e ideias, eles aderiram ao Marxismo, e se filiaram ao Partido Comunista Francês (pós-guerra). Eles são intelectuais do mundo que está fortemente transformado pela cultura cientifico-técnico.
Pierre George é o geógrafo que talvez mais tenha escrito entre os clássicos o foco principal de George é o espaço. Embora nunca o defina com clareza, o espaço é para ele o estruturador geográfico das sociedades na historia. Ele distingue as sociedades de espaço não organizado e as sociedades de espaço organizado, entre estas, por sua vez, as sociedades de espaço organizado com base agrícola e as sociedades de espaço organizado com base industrial, em cada uma dessas sociedades citadas a técnica aparece como o elo do homem com o meio natural.
Jean Tricart é igualmente um geógrafo de produção alentada. Mas, à diferença de George, que seguidamente alarga as fronteiras dos assuntos, Tricart parte de um ponto, o espaço físico-geomorfológico, para ir incorporando-o num todo de caráter sistêmico cada vez mais integralizado. 
O ponto inicial de partida de Tricart é Geomorfologia, se não contarmos sua passagem simultânea pela Geografia Humana nesse inicio. Dai sua formação o leva a evoluir para escalas sucessivas de abrangência da natureza, levando consigo a Geomorfologia a evoluir na direção de integrar-se ao campo total do real em seu afã de compreender o todo que envolve a relação do homem com o meio, inicialmente quando o foco na dinâmica integral da natureza para em seguida ampliá-la no todo do mundo humano. 
A progressão seguinte é a ecodinâmica, um olhar das geografias físicas projetado no horizonte mais amplo do discurso da Ecologia. Importa a Tricart ver o equilíbrio dinâmico das paisagens da superfície terrestre na perspectiva de uma dialética da natureza liberada para além das raízes inorgânicas a que foi jogada pelo pensamento positivista, introduzindo a dimensão ecológica na referência conceitual do meio. 
O passo seguinte é a Ecogeografia, uma visão do conjunto que incorpora e integraliza o conceito de natureza, por fim, ao espaço das ações humanas. A virada dessa progressão é o deslocamento do centro de referência de sua visão ambiental-integralizada do todo da relação homem-meio para o plano das interações dos seres vivos, incluindo-se o homem, com o meio físico-geográfico e onde traça a sua concepção dialética do meio geográfico.
George e Tricart vivem um momento de esgotamento da Geografia clássica e da forma de sociedade instituída pela segunda Revolução Industrial, e o equacionam a partir de pontos de partida diferentes. George orienta sua visão de ambos os problemas pela combinação teórica das categorias do espaço técnica, vista pelo olhar da ação e das condições da existência humana. George é por isso considerado o criador da Geografia Social. Tricart a orienta para a combinação das categorias meio ambiente, espaço e técnica, embaixo também da ação humana como referência, mas para tematizar os efeitos da técnica sobre o meio nos diferentes recortes de arranjo do espaço da superfície terrestre.
Richard Hartshorne 
Hartshorne é uma espécie de consciência mundial dos caminhos espinhosos que a geografia passa a percorrer a partir do entre guerras, ele vem da tradição norte-americana, uma tradição que aqui e ali se entrecruzam a tradição francesa e também a alemã de geografia. O mesmo corre em raia própria e melhor pode entender a necessidade de classificar os rumos da Geografia nos Estados Unidos, onde a percepção da historia transparecia mais que em outros lugares, ao procurar respostas na Geografia alemã descobre Hettner.
Com tais resultados dessa pesquisa expõe seu primeiro livro A natureza da geografia, e o mesmo dá origem a inúmeras criticas que busca em seu segundo livro Propósitos e a natureza da geografia responde-las, que apresentou o conteúdo final de sua proposta por ser mais claro e simples com maior influencia por se tornar um verdadeiro balanço critico. Para Hartshorne a Geografia seria um estudo da variação de áreas – ou a diferenciação do movimento do fenômeno em diferentes áreas da paisagem – é o enfoque, a superfície terrestre é o campo que a perspectiva hetteneriana de Hartshorne toma como objeto da Geografia.
A partir da leitura desta obra, percebe-se que Ruy Moreira a fez com o objetivo de informar aos seus leitores a origem da geografia clássica, seus primeiros pensadores, escolas, o momento em que viviam, assim como a relevância de seus estudos para este campo. Um bom livro, que apesar disso poderia ser melhor desenvolvido, principalmente no campo destinado aos principais autores, escassez nos conteúdo e nas linhas de pensamentos é o que se encontra quando se faz a leitura destes campos, há também de ser apontado a organização do que se é falado, que se demonstrou falha, acabando por acarretar em momentos de confusão, que leva a repetição da leitura para uma melhor compreensão dos fatos.
Apesar das falhas encontradas, se pode elogiar o autor pela sua contribuição bibliográfica, uma vez que se encontra poucos materiais destinados a esses assuntos, e até mesmo a estudiosos específicos que foram citados. Tal fato é importante, pois a partir disso se pode despertar o interesse de seus leitores na busca por mais conhecimento sobre estes temas e também abre possibilidades na geração de mais conteúdos.

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