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Relatório. Mulheres Curandeiras/Parteiras na Amazônia: Um estudo sobre suas origens e seu desenvolvimento secular

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UEPA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO
LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
Natália Negrão Santos
Tiago Angelin Lopes 
Larissa dos Santos Silva
Evelly Carla Dias Matias
Hellen Karolina Santos Moraes
Relatório Sobre o Trabalho:
Mulheres Curandeiras/Parteiras na Amazônia: 
Um estudo sobre suas origens e seu desenvolvimento secular
Belém- PA
2016
Natália Negrão Santos
Tiago Angelin Lopes 
Larissa dos Santos Silva
Evelly Carla Dias Matias
Hellen Karolina Santos Moraes
Relatório Sobre o Trabalho:
Mulheres Curandeiras/Parteiras na Amazônia:
Um estudo sobre suas origens e seu desenvolvimento secular
Trabalho desenvolvido durante a disciplina de Antropologia Cultural como parte da avaliação referente ao primeiro semestre em questão 
Docente: Drª Juliete Alves Miranda
Belém- PA
2016
Objetivo
Os objetivos desta pesquisa foram divididos como explicitado a seguir.
1. Objetivo Geral
 O trabalho em questão visa conhecer mais sobre a realidade e adversidade do ofício das curandeiras e parteiras na Amazônia no passado e atualmente.
2. Objetivos específicos
Dentre os objetivos específicos estão:
 
Conhecer mais acerca do sincretismo religioso das das mulheres curandeiras
Buscar saberes e semelhanças do parto tradicional e o realizado hoje pela medicina moderna.
Conhecer e explanar acerca das dificuldades das mulheres parteiras nas comunidades indígenas e quilombolas amazônicas.
 
Metodologia
Nossos métodos foram pautados através da coleta de dados em artigos, sites, livros e inclusive o pequeno contato com algumas informações no trabalho de campo, focando em uma pesquisa qualitativa, envolvendo entrevistas e relatos.
Introdução
Bem sabemos, as tradições e saberes de um determinado povo, influenciam em como é dado a utilização do corpo e seus conceitos fisiológicos, este ponto podemos ver no livro de Roque de Barros Laraia: Cultura um conceito antropológico ele explicita sobre as “diferentes maneiras culturais de efetuar ações fisiológicas “, desse modo Laraia acaba entrando em contato com outro antropólogo: Mauss.
Citando o artigo sobre “Noções de técnica corporal” (1974), onde analisa as variadas formas do homem servir-se de seus corpos e relata as diferenças culturais. Dando ênfase ao nosso tema, Laraia baseado em Mauss, relata sobre as técnicas de nascimento e obstetrícia, segundo ele “Buda nasceu estando sua mãe, Mãya, agarrada, reta, a um ramo de árvore, ela deu a luz desse modo”. Para nós a posição normal é a mãe deitada sob as costas, e entre os tupis e outros povos indígenas, a posição é agachada, em algumas regiões do meio rural, existiam cadeiras especiais para o parto sentado, entre essas técnicas pode-se concluir o chamado parto sem dor e provavelmente muitas outras modalidades culturais principalmente entre os indígenas.
Neste trabalho procuramos focar nas parteiras e curandeiras na Amazônia, que contam sua experiência a partir de uma perspectiva regional, aliando seus conhecimentos principalmente ao forte apelo a fé, suas ervas e o poder de cura.
Mulheres que carregam conhecimentos seculares, entregues de geração a geração, sobre medicina popular. São muitas dos cantos mais afastados do país, onde os serviços básicos não chegam, são mulheres das tribos, das florestas, ribeirinhas, que ainda são muito solicitadas em suas comunidades justamente pelo fato de que, no caso das ribeirinhas, um centro de saúde adequado, leva em torno de 20h de barco com um motor de baixa potência, como assim veremos. As parteiras e curandeiras tradicionais não são simplesmente tradições, mas sim necessidade de muitos grupos que veem nessas mulheres sábias, uma esperança de um parto saudável.
Desenvolvimento
Vamos imaginar, temos três mulheres, as três grávidas, todas com 9 meses, com muito pouco para seus respectivos bebês virem ao mundo, as três são de realidades diferentes, religiosidades diferentes, com o fator da precariedade da saúde em semelhança, a primeira é quilombola, vinda do candomblé, recorre ao curandeiro(a) da aldeia, a outra é indígena recorre ao pajé em busca de seus chás e curas, a terceira ribeirinha morando muito longe e já entre contrações ela não pode recorrer ao posto de saúde, todas tem algo em comum, serão auxiliadas por parteiras, que ainda nessas comunidades são comuns, sendo responsáveis por praticamente todos os partos, as parteiras que por vezes também são curandeiras (benzedeiras), utilizam de sua sabedoria milenar, passada de muito tempo, para fazer o parto utilizam de chás, alguns como o senir, a cabacinha e a malva do Marajó que sem o devido conhecimento podem tornar-se abortivos, fato pelo qual muitos conselhos de medicina não veem com bons olhos a continuidade dessa tradição.
Mas mesmo não vendo com bons olhos, a medicina moderna tem tentado fazer um vínculo com essa sabedoria milenar, o parto humanizado tem se tornado uma alternativa para os partos, o que envolve questões como o feminismo e a ideia, de que “A mulher é dona de seu próprio corpo” e assim pode optar pelo seu tipo de parto, dando assim a ideia de plenitude do parto, onde em alguns casos aí sim orientados por médicos podem ser evitados a cesariana.
Parteiras e Histórias
A formação da parteira tradicional não acontece formalmente em um curso, aprende-se da vida, da natureza, das gerações anteriores, a escolha de ser parteira tem raízes nas histórias e nas tradições, ou no karma familiar, mães legam o seu conhecimento ás suas filhas e sobrinhas e as inserem na odisseia secular de guardar os costumes ancestrais. O reconhecimento desta prática tradicional de parteiras pela própria comunidade aparece do apelo feito aos conhecimentos e serviços delas “chamaram-me, pediram ajuda, ajudei”.
Os conhecimentos tradicionais das parteiras misturam sempre religião (Orações, rituais, remédios baseados em plantas e ervas), como por exemplo, para resolver o problema de placenta retida, muitas parteiras usam o mesmo remédio, oração para Nossa Senhora da Margarida.
A escassez e a medicina sem enfoque as parteiras
No Brasil desde a década de 40, há uma discussão acerca de assegurar que ações sejam desenvolvidas na aproximação do parto domiciliar a devida assistência da saúde.
Mas vários fatos têm causado um debate acalorado sobre o assunto na comunidade médica-cientifica, um debate que não vem de hoje, pois a medicina cientifica sempre tentou se impor sob o conhecimento popular, impor seu conhecimento e etiologia que era considerada até charlatanismo pela comunidade cientifica. Dessa forma não percebiam que o conhecimento popular de cura, é muito mais antigo que qualquer processo acadêmico, e sim origina muito que a medicina enxerga hoje, mas claro as organizações de saúde têm parado muitas parteiras de exercer sua profissão justamente pela utilização de chás abortivos, para a expulsão mais rápida do bebê, que por vezes causa realmente o aborto, ainda mais pelo fato de muitas das mulheres que recorrem as parteiras, não fazem pré-natal ou algum acompanhamento adequado, o que acaba pondo em risco a vida da mãe e do bebê.
Porém o que podemos ver, é que o fenômeno saúde- doença não pode ser enxergado somente a luz da medicina acadêmica, aí entra a questão do parto humanizado, muitas mulheres têm tomado preferência por esse método e sua naturalidade, o que faz os médicos modernos, ou os homens da capa branca como as parteiras chamam, recorrerem aos conhecimentos milenares das parteiras, sendo assim familiarizados a ervas e rezas.
Mas de fato, a falta de cuidado com a mulher, a precariedade tem retirado muitas das parteiras do espaço urbano, diferente do espaço “rural”, onde a medicina moderna não chega, onde as parteiras ainda são muito solicitadas.
Curandeirismo
O que seria para muitas pessoas o “sistema de saúde”, baseia-se, em líderes espirituais de suas comunidades, como pajés, rezadeiras, ou até as parteiras mesmo, que em alguns casos atuam como curandeiras,Mas antes veremos um pouco do conceito do curandeirismo:
Como bem disse uma curandeira após a pergunta sobre o que seria o curandeirismo:
“Curandeirismo é nada mais que uma ciência primitiva que mescla Espiritualismo, psicologia e medicinas”
Como bem sabemos, muitos dos remédios utilizados hoje em dia, foram ou são extraídos da floresta, antigamente onde as academias de medicina, ou os boticários ainda nem existiam no Brasil, muito menos na Amazônia, as curas para enfermidades eram trazidas das florestas e dos conhecimentos dos indígenas, mais precisamente dos pajés, que era muito das vezes utilizado em si próprio, ou utilizando mais do misticismo, os espíritos, os guias espirituais, indicavam a utilização das ervas e chás, assim como outras técnicas.
Na Amazônia, o conhecimento de muitas curandeiras advém de sua região e localização, ribeirinhas que sofreram tanta influência negra quanto a indígena; os quilombolas e as religiões de matriz africana e suas práticas de cura; e os indígenas que deram origem a praticamente toda essa sabedoria na Amazônia, pelo seu vasto conhecimento da floresta e os espíritos guias.
Medicina Tradicional e Medicina Cientifica, o embate
De acordo com o Ministério da Saúde, se clássica como Medicina Tradicional: “O conjunto de conhecimentos de técnicos e procedimentos baseados nas teorias, crenças e experiência de diferentes culturas, sejam explicaddas ou não pela ciência e usados para a manutenção da saúde, prevenção, diagnose e tratamento de doenças físicas e mentais.
Antes mesmo da medicina se estabelecer quanto ciência, já existia a medicina tradicional nas mais diversas culturas, era o modo como tinham de tratar seus maus e enfermidades. Pode-se considerar até mesmo que a medicina cientifica nada mais é do que a medicina tradicional mais sistematizada, pois foi a partir dessa medicina que é classifica de certa forma como “inferior” que se deu a base para as medicina que é atua nos dias de hoje.
Há um grande preconceito em relação a medicina tradicional, que advém do fato e apenas a medicina atual,com seus princípios científicos, serem considerados como inferiores aos conhecimentos populares, que não se baseiam ou usam os mesmos métodos que estes. Tal preconceito chegou a ser tanto, que durante certo período histórico foi proibido o uso desses saberes populares, sendo enquadrado como crime e aplicado penalidades a quem praticassem.
Apesar do preconceito tanto do meio cientifico como da sociedade contemporânea, o uso destes conhecimentos se perpetuam até hoje, porem sendo mais utilizados nos interiores e comunidades ribeirinhas, do que nas grandes cidades. O principal fato de ser utilizados tais métodos nessas áreas afastadas se faz devido os diversos casos em que as assistências de saúde não chegam a estas comunidades, restando apenas os conhecimentos populares a serem usados e que se apresenta eficaz a suas necessidades.
Há também aqueles que utilizam de tais conhecimentos devido a valorização que é dados estes, passados de geração em geração, considerado em alguns casos até mais eficaz que a medicina cientifica.
Atualmente o uso dos procedimentos populares vem aumentando e se estabelecendo mais fortemente em meio a sociedade, o que levou a medicina cientifica a se associar com a medicina tradicional, uma vez que a cooperação entre as duas traz melhores resultados do que com ambas dissociadas, o que acarreta em uma maior visibilidade para as praticas populares.
Há também de ressaltar que tal visibilidade ajuda até mesmo no reconhecimento da medicina tradicional, onde devido o aumento de estudos que vem sendo feito para esta área, hoje temos maiores validações de suas pratica , apresentando para a sociedade a eficácia dos seus variados procedimentos.
Conclusão
Aqui podemos ver um pouco do que se é trabalhado no curandeirismo, da precariedade e dos ritos do trabalho das mulheres parteiras na região amazônica e suas dificuldades, podemos ver um pouco do lado antropológico e sua visão cultural do parto em diversas sociedades. Do curandeirismo e sua presença na forma religiosa e sincrética, e pôr fim a luta das ciências populares e a suposta hegemonia que a medicina moderna tenta impor, mas a partir de sua passagem de aprendizado para as novas gerações faz a cultura das curandeiras e do parto, permanecerem vivas.
Referências
VIANA, Paula. A experiência de trabalho do Grupo Curumim com parteiras tradicionais. Rev. Tempus Actas Saúde Col.
MELO, Nubia. A situação das parteiras tradicionais no Brasil. Biblioteca digital das Câmara do Deputados. maio. 2005.
DIAS, Maria Djair. Histórias de vida: as parteiras tradicionais e o nascimento em casa. Revista Eletrônica de Enfermagem. v. 09, n. 02, p. 476 - 488, 2007. Disponível em http://www.fen.ufg.br/revista/v9/n2/v9n2a14.htm
Parteiras tradicionais mães da pátria. Biblioteca digital das Câmara do Deputados, 2005.
Antropologia da saúde e da doença: contribuições para a construção de novas práticas em saúde. Rev. NUFEN. v.04, n.02, jul./dez. 2012.
COSTA, Thaís; CARDOSO, Denise. Aspectos socioculturais do processo saúde-doença e o papel das ciências sociais: uma análise de trabalhos em temas de saúde. Rev. Café com sociologia. v.03, n.02. Maio. 2014.
PUTTINI, R.F. Curandeirismo e o campo da saúde no Brasil. Interface - Comunic., Saúde, Educ., v.12, n.24, p.87-106, jan./mar. 2008. 
Curandeirismo: um outro olhar sobre as praticas de cura no século XXI. Vidya. Jul./Dez. 2000.
SIQUEIRA, Danieli; OLIVEIRA, Ronald. "Dois espanhóis e um maço de ervas" a serviço das parteiras: um diálogo com a tradição. 
SOUSA, Ronald. “Pra curar tem que ter fé: Curandeiros, Benzedeiras e Rezadores – memórias de indivíduos numa perspectiva histórica.

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