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AULA ESPECIALIZAÇÃO GRAÇA E ANISTIA E MORTE DO AGENTE

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I - DA MORTE DO AGENTE; ANISTIA, GRAÇA OU INDULTO; RETROATIVIDADE DA LEI QUE NÃO MAIS CONSIDERA O FATO COMO CRIMINOSO; RENÚNCIA DO DIREITO DE QUEIXA; PERDÃO ACEITO; RETRATAÇÃO DOAGENTE;
Morte do agente – mors omnia solvit.
A morte do agente é causa da extinção da punibilidade. Tal conseqüência decorre do princípio da intranscendência, isto é, do princípio segundo o qual a resposta jurídico-penal não ultrapassará a pessoa do acusado. Desta forma, extingue-se a punibilidade. Contudo, sobre a morte, há que provar sua ocorrência e de sua consequência quando a pena aplicada foi somente multa.
Prova da morte: De acordo com o Código de Processo Penal, a extinção da punibilidade somente será reconhecida se o óbito for demonstrado por meio de certidão. Caso inexista certidão de óbito não será declarada a extinção da punibilidade.
Pena de multa e morte do acusado: De acordo com o disposto no artigo 51 do CP, transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhe as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. 
O problema não está no fato de se inscrever ou não na dívida ativa, o que significa que poderá a multa ser cobrada por meio de processo de execução fiscal, como qualquer outra dívida junto ao poder público. O problema na realidade é cobrá-la dos sucessores (herdeiros) do acusado que já falecera. Como a multa é eminentemente penal, aplicando-se o princípio da intranscendência, não é possível cobrá-la de seus sucessores. Em contrário ao disposto do Art. 51 do CP.
ANISTIA, GRAÇA e INDULTO
ANISTIA - é a declaração legal de que determinados fatos se tornam impuníveis por motivo de utilidade social. Volta-se a fatos e não a pessoas. Possui efeitos ex tunc, apagando o crime e os efeitos penais da sentença condenatória. De regra, atinge crimes políticos. Mas, pode ser aplicada a fatos que constituem crimes comuns.
Entretanto, encontra guarida também nos crimes militares, eleitorais, contra a organização do trabalho e alguns outros". Ela é cabível a qualquer momento: antes ou depois do processo e mesmo depois da condenação. É UMA LEI, PORTANTO, É CONCEDIDA PELO CONGRESSO NACIONAL. Como a anistia é lei, fica "sujeita a interpretação do judiciário. Logo, quando de sua aplicação, a este podem os interessados recorrer".
A constituição federal disciplina a lei que concede a anistia no Art. 21, XVII e Art. 48, VIII, que possui caráter retroativo e é irrevogável. De acordo com o Art. 5º, XLIII, CF criminado com o Art. 2º. I da Lei nº 8.072, de 25-7-1990, a anistia é inaplicável aos delitos que se referem a "prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos".
RELEMBRANDO: A anistia será concedida por meio de lei. Trata-se de atribuição do Congresso Nacional, conforme preceitua o artigo 48, VIII, da CF. Assim, por meio de lei, o Estado abre mão de punir determinados fatos, concedendo a anistia.
A anistia possui a seguinte classificação quanto a sua forma:
a) PRÓPRIA - Concedida antes da condenação, porque é constante com a sua finalidade de esquecer o delito cometido.
b) IMPRÓPRIA - Concedida depois da condenação, pois recai sobre a pena.
c) GERAL OU PLENA - Cita fatos e atinge todos os criminosos
d) PARCIAL OU RESTRITA - Cita fatos, exigindo uma condição pessoal
e) INCONDICIONADA - A lei não determina qualquer requisito para a sua concessão
f) CONDICIONADA - A lei exige qualquer requisito para a sua concessão
GRAÇA (ato individual) – é a clemência destinada a uma pessoa determinada, não dizendo respeito a fatos criminosos. É concedida pelo Presidente da República.
"A graça é espécie da indulgência princípio de ordem individual, pois só alcança determinada pessoa". (Noronha, p. 401). "A graça, forma de clemência soberana, destina-se a pessoa determinada e não a fato, sendo semelhante ao indulto individual".(Mirabete, p. 366). É tanto que a Lei de Execução Penal passou a trata-la como indulto individual e regula a aplicação do indulto através do Art. 188 a 193.
Vejamos: 
Art. 188 - O indulto individual poderá ser provocado por petição do condenado, por iniciativa do Ministério Público, do Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrativa.
Art. 189 - A petição do indulto, acompanhada dos documentos que a instruírem, será entregue ao Conselho Penitenciário, para a elaboração de parecer e posterior encaminhamento ao Ministério da Justiça.
Art. 190 - O Conselho Penitenciário, à vista dos autos do processo e do prontuário, promoverá as diligências que entender necessárias e fará, em relatório, a narração do ilícito penal e dos fundamentos da sentença condenatória, a exposição dos antecedentes do condenado e do procedimento deste depois da prisão, emitindo seu parecer sobre o mérito do pedido e esclarecendo qualquer formalidade ou circunstâncias omitidas na petição.
Art. 191 - Processada no Ministério da Justiça com documentos e o relatório do Conselho Penitenciário, a petição será submetida a despacho do Presidente da República, a quem serão presentes os autos do processo ou a certidão de qualquer de suas peças, se ele o determinar.
Art. 192 - Concedido o indulto e anexada aos autos cópia do decreto, o juiz declarará extinta a pena ou ajustará a execução aos termos do decreto, no caso de comutação.
Art. 193 - Se o sentenciado for beneficiado por indulto coletivo, o juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do Ministério Público, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa, providenciará de acordo com o disposto no artigo anterior.
Indulto (ato coletivo) – é a clemência destinada a um grupo de sentenciados, tendo em vista a duração das penas aplicadas. Também é concedida pelo Presidente da República.
O indulto abrange sempre um grupo de sentenciados e normalmente inclui os beneficiários tendo em visto a duração das penas que lhe foram aplicadas, embora se exijam certos requisitos, tais como:
- subjetivos(primariedade, etc.) 
- objetivos(cumprimento de parte da pena) 
A prática de tortura; tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os crimes definidos como hediondos são insuscetíveis de graça. Mas não impedem a concessão do indulto desde que os apenados estejam gozando dos benefícios do sursis(suspenção condicional, art. 89 da Lei 9099/95) ou do livramento condicional.
Só pode ser concedido pelo Presidente da República, mas ele pode delegar a atribuição a Ministro de Estado ou outras autoridades, não sendo necessário pedido dos interessados, nos termos do Art. 84, inciso XII, parágrafo único, da CF.
Geralmente a graça e o indulto só podem ser concedidos "após condenação transitada em julgado, mas, na prática, têm sido concedidos indultos, mesmo antes da condenação tornar-se irrecorrível.
Como se vê, a graça e o indulto "apenas extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do crime, de modo que o condenado que o recebe não retoma à condição de primário".
"Há, porém, certa diferença técnica: a graça é em regra individual e solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo".
Atenção! Quando a Graça e o Indulto são parciais, vale dizer, quando não extinguem propriamente a punibilidade, apenas diminuindo ou substituindo a pena por uma mais branda, são chamados de COMUTAÇÃO. Conceito de COMUTAÇÃO DE PENA: Comutação de Penas é a substituição de uma pena restritiva de liberdade por uma pena alternativa, restritiva de direitos, como por exemplo a prestação de serviços à comunidade ou doação de alimentos para instituições de caridade. Geralmente são concedidas para condenações de até 4 anos onde o réu é primário.
DIFERENÇAS ENTRE A ANISTIA, GRAÇA E O INDULTO
A diferença entre estes institutos como pode ser comprovado a seguir:
a) A anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue totalmente a punibilidade; a graça e o indulto apenas extingue a punibilidade,podendo ser parciais;
b) A anistia, em regra, atinge crimes políticos; a graça e o indulto, crimes comuns;
c) A anistia pode ser concedida pelo poder legislativo; a graça e o indulto são de competência exclusiva do Presidente da República;
d) A anistia pode ser concedida antes da sentença final ou depois da condenação irrecorrível; a graça e o indulto pressupõe o trânsito em julgado da sentença condenatória".
FORMAS DA GRAÇA E DO INDULTO
A graça e o indulto podem ser:
a)PLENOS: Quando a punibilidade é extinta por completo.
b)PARCIAIS: Quando é concedida a diminuição da pena ou sua comutação.
A graça é total (ou pena), quando alcança todas as sanções impostas ao condenado e é parcial, quando ocorre a redução ou substituição da sanção, resultando na comutação.
O indulto coletivo pode também ser total, quando extingue as penas, ou parcial, quando estas são diminuídas ou substituídas por outra de menor gravidade.
3) - RETROATIVIDADE DA LEI QUE NÃO MAIS CONSIDERA O FATO COMO CRIMINOSO
Em respeito ao princípio da legalidade que é de enorme valia, pois limita o exercício do direito de punir do Estado. Percebam pelo próprio texto deste item de extinção de punibilidade pela retroatividade que a causa extintiva da punibilidade da qual nos ocupamos agora nada mais é que uma hipótese de aplicação retroativa da lei benigna.
Algumas considerações sobre o PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
Tal princípio está inserto tanto na Constituição Federal, como também no Código Penal. Na Constituição Federal está previsto em seu artigo 5º, inciso XXXIX, e no Código, Penal, no artigo 1º.
Segundo o princípio da legalidade, a definição de crime só por meio de LEI ANTERIOR AO FATO. O que deve ser respeitado também ao se cominar a pena aplicável a tal fato ilícito. Entendemos que o principio da legalidade se dirige à definição do crime como também à respectiva pena. Observamos, então, que o princípio da legalidade apresenta em si a necessidade de lei (reserva legal) e anterioridade ao fato (anterioridade), carregados por dois princípios menores, mas não menos importantes: RESERVA LEGAL e ANTERIORIDADE. 
A Constituição Federal declara que a lei penal terá efeito retroativo - aplicando-se a fatos que lhe são anteriores (pretéritos), quando eventualmente beneficiar o réu. 
É o que estatui o artigo 5º, inciso XL, da CF: “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
O benefício da lei nova pode ser grandioso, ou seja, poderá ela não considerar mais criminoso fato que sob o império da lei anterior o era. Neste caso, há a conhecida “abolitio criminis”, ou abolição do crime.
É o que ocorreu logo que entrou em vigência a lei 11.106/05. Os crimes de Sedução (artigo 217 do CP), Rapto violento ou mediante fraude (artigo 219 do CP), Rapto consensual (artigo 220 do CP) adultério (artigo 240 do CP), dentre outros, passaram a não ser mais considerados como crimes. Portanto, trata-se de uma lei nova benéfica ao agente. O “abolitio criminis” objeto do benefício grandioso da extinção de punibilidade está prevista no artigo 2º do CP, Vejamos: 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. A aplicação retroativa de lei nova que deixa de considerar crime fato anteriormente previsto como ilícito é causa extintiva da punibilidade. Assim, a “abolitio criminis” é causa extintiva da punibilidade.
4) – A RETRATAÇÃO, NOS CASOS EM QUE A LEI ADMITE.
O legislador, condicionou a retratação à sua admissibilidade em lei. 
Portanto, não basta retratação. Necessário que ela seja expressamente admitida em lei. Primeiramente, todavia, devemos conceituá-la. 
Posteriormente, vamos tratar das hipóteses em que a lei a admite. 
A retratação é ato por meio do qual se repara um erro, reconhecendo. O retratante volta atrás daquilo que havia dito anteriormente, reparando o seu erro. Não necessita ser a retratação aceita pela parte contrária. O que realmente interessa é que a se chegue a VERDADE REAL, ou seja, é unilateral. 
Encontramos a retratação nos CRIMES CONTRA A HONRA, exceto na injúria. Observe a literalidade do disposto no artigo 143 do CP. 
Retratação
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.

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