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DIREITO PENAL IV crimes de particulares contra Adm Pública

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DIREITO PENAL IV
Crimes praticados por particular contra a Administração Pública
Prof. Juenil Antonio dos Santos
CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
INTRODUÇÃO
	A particularidade destes artigos, é que o sujeito ativo será sempre um particular. Excepcionalmente poderá ser cometido por funcionário público que aja fora da função.
	Ressalta-se que existe a possibilidade de um particular realizar a conduta auxiliado por um funcionário público, o qual será considerado coautor ou partícipe do fato (art. 29 CP).
Art. 328 do Código Penal - Usurpação de função pública.
1. Objetividade jurídica
Tutela a Administração Pública (regular desenvolvimento de suas atividades).
Usurpar que significa apoderar, tomar, arrebatar.
2. Sujeitos do delito.
2.1. Ativo – qualquer pessoa, mesmo funcionário público que exerce função que não lhe compete.
2.2.Passivo – Estado.
3. Consumação e tentativa.
3.1. Consumação – com a realização de ato de ofício (basta um, não se exigindo habitualidade). Ex.: se um agente se diz Delegado de Polícia e pratica violência contra pessoas, não responde por usurpação, pois não praticou ato de ofício.
A simples alegação, em tese, estará incurso no art. 45 da LCP.
3.2. Tentativa – admissível.
4. Distinção com o estelionato.
Quando o agente falsamente se intitula funcionário público, agindo com dolo ab initio, para induzir outrem em erro, com o propósito de auferir vantagem ilícita, caracteriza-se o estelionato. Contudo, quando da usurpação, após praticar ato de ofício, obtém vantagem, caracteriza-se o crime do art. 328, p. único, do CP.
JURISPRUDENCIA:
"usurpa a função pública aquele que pratica atos inerentes ao serviço policial como se nele estivesse investido legalmente, daquela se valendo para a prática de estelionato (TJSP)
Art. 329 do CP - Resistência. 
1. Objetividade jurídica: 
Tutela a autoridade e o prestígio da função pública.
2. Sujeitos do delito.
2.1. Ativo – qualquer pessoa, geralmente é a pessoa a quem se dirige o ato de autoridade, mas nada impede que seja um terceiro, alheio ao ato legal.
2.2. Passivo – Estado, diretamente. Indiretamente, o funcionário público a quem a conduta é dirigida.
3. Consumação e tentativa.
3.1. Consumação – com o uso da violência ou grave ameaça, mesmo que o agente não consiga impedir a execução do ato.
3.2. Tentativa – admissível.
4. Semelhanças e dessemelhanças com o desacato e a desobediência. 
	Na desobediência (art. 330 do CP), o agente descumpre ordem legal de funcionário público, sem no entanto fazer uso de violência ou grave ameaça, ou mesmo de palavras ofensivas – ex.: dada voz de prisão a alguém, ele se agarra a um poste para não ser conduzido à Delegacia de Polícia.
	No crime de desacato, o agente não pratica violência nem grave ameaça contra o funcionário autor da ordem, mas profere contra o mesmo, na sua presença, palavras ultrajantes.
5. Concurso de crimes: Resistência, desobediência e desacato; resistência e lesão corporal; resistência 
após a consumação do furto.
5.1. O delito de resistência absorve o de desobediência, e também o de ameaça e de desacato, desde que praticados num mesmo contexto fático (há entendimento no sentido de que a resistência é absorvida pelo desacato).
5.2. No que se refere ao crime de lesão corporal, há entendimento de que a prática deste junto com o crime de resistência, configura concurso formal, em razão do que determina o § 2º, do art. 329 do CP. 
5.3. Há quem entenda que, no caso de lesões corporais leves e vias de fato, há absorção pelo crime de resistência (elementar “violência”). Na verdade, não importa que o concurso seja formal ou material. O que interessa é que o crime de resistência não absorve crime praticado mediante violência – preceito do § 2º, do art. 329 do CP.
5.4. Se a resistência ocorre após a consumação do crime de furto, haverá concurso material entre ambos. Em se tratando de roubo, se a resistência ocorre durante sua prática, para evitar a prisão, por exemplo, o art. 157 absorve o art. 329 do CP, pois, a resistência configuraria simples desdobramento da violência característica do roubo. Se houve resistência após a consumação do roubo, haverá concurso material.
OBSERVAÇÕES:
1. Se a oposição do agente se dá contra ato ilegal da autoridade, não haverá crime.
2. A simples fuga do agente, sem violência ou grave ameaça, não configura o crime.
Artigo 330 do Código Penal - Desobediência.
1. Objetividade jurídica
Tutela a Administração Pública.
2. Sujeitos do delito. 
2.1. Ativo – qualquer pessoa, inclusive funcionário público, desde que o objeto da ordem não se relacione com suas funções, pois, nesse caso, pode haver prevaricação – art. 319 do CP.
2.2. Passivo – imediatamente, o Estado; mediatamente, o funcionário, autor da ordem.
3.Consumação e tentativa.
3.1. Consumação – com a ação ou omissão do desobediente (vai depender se a ordem expressa um comando de fazer ou de não fazer).
3.2. Tentativa – admissível na forma comissiva.
4. Classificação doutrinária.
Trata-se de crime de mera conduta, pois o legislador descreve a conduta, mas não prevê qualquer resultado.
5. Subordinação hierárquica: havendo subordinação hierárquica entre o funcionário público autor da ordem e o funcionário destinatário dela, não estará configurado a desobediência, mas mera infração administrativa.
Art. 331 do CP - Desacato.
1. Objetividade jurídica
Tutela a Administração Pública (dignidade, prestígio, respeito devidos aos seus agentes no exercício de suas funções).
2. Sujeitos do delito.
2.1. Ativo – qualquer pessoa.
Com relação ao funcionário público como sujeito ativo, há três correntes:
1) a primeira entende que funcionário público não pode ser sujeito ativo, pois o art. 331 está no Capítulo dos crimes praticados “por particular” contra a Administração em geral;
2) o segundo entendimento é no sentido de que funcionário público pode ser sujeito ativo, desde que o desacato seja proferido contra superior hierárquico;
3) para a terceira corrente o funcionário público pode ser sujeito ativo de desacato em qualquer circunstância (seja como superior, seja como inferior hierárquico do ofendido), pois, o bem jurídico protegido é o prestígio da função pública.
2.2. Passivo – imediatamente, o Estado; mediatamente, o funcionário desacatado.
3. Consumação e tentativa.
3.1. Consumação – no momento em que o sujeito ativo realiza o ato ofensivo, ainda que o sujeito passivo mediato não se sinta ofendido, ou que o prestígio do Estado não seja abalado.
3.2. Tentativa – por exigir a presença in loco do sujeito passivo mediato, não se admite tentativa, salvo se o meio for o escrito. Porém, se for praticada por gestos, não haverá tentativa, pois qualquer gesto já terá consumado o crime (o crime pode ser praticado, por exemplo, por vias de fato, agressão física, gestos obscenos etc.).
4. Distinção entre desacato e injúria.
	Para a consumação do crime de desacato, é imprescindível que o sujeito passivo mediato esteja presente. Sendo assim, a ofensa proferida contra funcionário público, na sua ausência, poderá configurar o crime de injúria.
	A injúria praticada na presença do funcionário, fica absorvida pelo desacato, por ser meio necessário para se chegar a este.
Art. 332 - Tráfico de influência 
1. Objetividade Jurídica:
Tutela a Administração Pública. Difere do art. 357 que ofende a administração da justiça e não a Administração Pública.
2. Sujeitos do delito
2.1. Ativo – qualquer pessoa.
2.2. Passivo – o Estado.
3. Consumação e tentativa.
3.1. Consumação – com a ação do sujeito, nos núcleos solicitar, exigir e cobrar (não se exigindo a ocorrência do resultado); com a obtenção da vantagem no núcleo obter (aqui, trata-se de crime material).
3.2. Tentativa – admissível, embora de difícil ocorrência. No caso de obter vantagem, é mais fácil ocorrer tentativa do que nos demais núcleos do tipo.
Art. 333 do Código Penal - Corrupção ativa.
1. Objetividade jurídica:Tutela a Administração Pública.
2. Sujeitos do delito.
2.1. Ativo – qualquer pessoa, mesmo funcionário público, desde que não aja nessa qualidade.
2.2. Passivo – o Estado.
3.Consumação e tentativa.
3.1.Consumação – no instante em que o funcionário toma conhecimento da oferta ou da promessa. É crime formal, pois há o resultado (realização, omissão ou retardamento do ato de ofício), mas não é necessário que o mesmo ocorra.
3.2. Tentativa – admissível na forma escrita. Na forma verbal não é admissível.
Obs.:
1) Vantagem oferecida após o ato de ofício: não hã corrupção ativa no caso da vantagem ser oferecida ou prometida ao funcionário depois de sua conduta funcional. O comportamento vidado deve acontecer no futuro. Se já foi realizado não há crime.
2) Corrupção ativa e concussão. Inconciliáveis.
3) Exemplos: Oferecer dinheiro ao investigador de polícia para impedir averiguação de crime; oferecer o detido dinheiro ao policial para que o solte; oferecimento de dinheiro ao policial para que encontre o veículo furtado.
4. Forma qualificada. 
O parágrafo único traz uma causa de aumento de pena (e não qualificadora), que só vai incidir se o funcionário realiza o ato de ofício infringindo dever funcional, retarda a prática do ato ou omite o mesmo.
Art. 334 do Código Penal - Contrabando ou descaminho. 
1. Objetividade jurídica: Tutela o erário público.
Contrabando – significa a importação ou exportação de bens cuja entrada ou saída do País é proibida.
Descaminho – significa a fraude no pagamento de tributos devidos para o mesmo fim (entrada ou saída de bens), ou seja, aqui a entrada ou saída da mercadoria é permitida, porém, é feita com fraude no pagamento dos tributos devidos.
Norma penal em branco. Necessita de complementação de portarias administrativas que digam quais são as mercadorias proibidas.
2. Sujeitos do delito.
2.1. Ativo – qualquer pessoa, mas o funcionário que participa do ato não responde pelo tipo do art. 334 do CP, mas pelo do art. 318 do mesmo Código.
2.2. Passivo – o Estado.
3. Consumação e tentativa.
3.1. Consumação – se a mercadoria passou pela alfândega, no momento em que é liberada; se não passou, no momento em que entrou ou saiu do País.
3.2. Tentativa – admissível.
4. Concurso de crimes: receptação e contrabando.
Quanto ao conflito entre receptação e contrabando, há duas correntes: 1) a primeira diz que o art. 334, § 1º, “c” e “d” do CP, absorvem o art. 180;
2) outra corrente entende que aplica-se o art. 180 do CP, que seria mais específico.
Art. 336 - Inutilização de edital ou de sinal.
1. Objetividade jurídica: Tutela a Administração Pública.
2. Sujeitos do delito.
2.1. Ativo – qualquer pessoa.
2.2. Passivo – o Estado.
3. Consumação e tentativa.
3.1. Consumação – no ato de rasgar, conspurcar (sujar, manchar) ou violar selo ou sinal.
3.2. Tentativa – admissível.
Art. 337 - Subtração ou inutilização de livro ou documento.
1. Objetividade jurídica: Tutela a Administração Pública.
2. Sujeitos do delito.
2.1. Ativo – qualquer pessoa.
2.2. Passivo – o Estado.
3. Consumação e tentativa.
3.1. Consumação – no que se refere à subtração, aplica-se o mesmo raciocínio do furto (quando sai da esfera de disponibilidade ou de vigilância do funcionário, ou, ainda, quando o agente tem a posse tranqüila do objeto); na inutilização, com a efetiva destruição do objeto.
3.2. Tentativa – admissível.
 
Art. 337-A - Sonegação de contribuição previdenciária.
1. Objetividade jurídica: Tutela o patrimônio público.
2. Sujeitos do delito.
2.1. Ativo – empresário individual ou os administradores e contadores das sociedades empresariais.
2.2. Passivo – o Estado.
3. Consumação e tentativa.
3.1. Consumação – com a efetiva supressão ou redução da contribuição previdenciária ou acessório.
3.2. Tentativa – inadmissível (as condutas são omissivas).
4. Classificação doutrinária.
Trata-se de crime material e omissivo próprio.
 Figuras típicas.
O tipo penal do art. 337-A do CP se consuma através das seguintes figuras:
No inciso I, com a omissão de segurado em folha de pagamento;
No inciso II, com a omissão do lançamento, nos títulos próprios, de valores descontados dos segurados a título de contribuição;
No inciso III, com a omissão de receitas ou lucros, e outros fatos geradores de contribuição previdenciária.
No § 1º, o tipo penal traz causa de extinção da punibilidade – confissão do acusado, antes do início de ação fiscal (não é preciso o pagamento do tributo, como exige o art. 168-A do CP). Há quatro correntes quanto ao que venha a ser ação fiscal: 1) ação de execução fiscal ou qualquer ação judicial; 2) qualquer atividade de fiscalização; 3) notificação do lançamento do tributo; e, 4) impugnação da exigência constante do lançamento, ocasião em que se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo.
Nos §§ 2º e 3º, o artigo traz possibilidade de perdão judicial e redução da pena, respectivamente.
Art. 337-B Corrupção ativa em transação comercial internacional.
1. Objetividade jurídica: Tutela a boa-fé, a regularidade e a transparência nas transações comerciais internacionais.
2. Sujeitos do delito. 
2.1. Ativo – qualquer pessoa.
2.2. Passivo – pessoa física ou jurídica lesada pela transação mercantil concluída com desrespeito à transparência e à boa-fé, além da comunidade internacional.
3. Consumação e tentativa. 
3.1. Consumação – com o efetivo conhecimento pelo funcionário, do oferecimento ou concessão da vantagem pelo agente. No núcleo “dar”, com o efetivo recebimento da vantagem pelo funcionário.
3.2. Tentativa – nas modalidades de prometer e oferecer, possível apenas na forma escrita; na modalidade de “dar”, admissível em qualquer forma.
Art. 337-C Tráfico de influência em transação internacional. 
1. Objetividade jurídica: tutela a boa-fé e a transparência nas transações comerciais internacionais.
2. Sujeitos do delito.
2.1. Ativo – qualquer pessoa.
2.2. Passivo – pessoa física ou jurídica prejudicada pela conduta, bem como a comunidade internacional.
3. Consumação e tentativa.
3.1. Consumação – com a solicitação, exigência e cobrança, independente de qualquer resultado. No caso do núcleo “obter”, o delito se aperfeiçoa com o efetivo recebimento da vantagem.
3.2. Tentativa – Nas três primeiras modalidades, de difícil ocorrência (somente na forma escrita); na modalidade de “obter”, pode ocorrer com mais facilidade.
4. Classificação doutrinária.
Nas modalidades de solicitar, exigir e cobrar, trata-se de crime formal. Na modalidade de obter, o crime é material.
DIREITO PENAL IV
1-Crimes contra a administração da justiça. 
338 - Reingresso de estrangeiro expulso.
Previsto no art. 338 do Código Penal.
Tutela o prestígio, a autoridade e a eficácia do ato de expulsão.
Sujeitos do delito.
Ativo – estrangeiro (pode haver participação, de nacional ou não).
Passivo – o Estado.
Consumação e tentativa.
Consumação – no instante em que ocorre o reingresso do estrangeiro expulso.
Tentativa – admissível.
339. Denunciação caluniosa.
 Previsto no art. 339 do Código Penal.
Tutela a administração da justiça.
2.1- Sujeitos do delito.
Ativo – qualquer pessoa. Se o crime imputado for de ação penal privada ou pública condicionada, somente poderá ser sujeito passivo quem tem legitimidade para exercer o direito de queixa ou representação, pois, sem estas, não se pode dar início à persecutio criminis.
Passivo – o Estado, imediatamente; a pessoa atingida em sua honra, mediatamente.
2.2- Consumação e tentativa.
Consumação – com a instauração da investigação policial, do inquérito civil ou do processo judicial.
Tentativa – admissível.
2.3- Semelhanças e dessemelhanças com a calúnia.
A denunciação caluniosa não se confunde com o crime de calúnia. Nesta, o sujeito somente atribui, falsamente, à vítima, a prática de um fato descrito como delito. Na denunciação caluniosa ele vai além: não somente atribui à vítima, falsamente,a prática de um delito, como leva o fato ao conhecimento da autoridade, causando a instauração de inquérito policial ou de ação penal contra a mesma. (consunção).
2.4- Modalidade qualificada.
Se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto para praticar a denunciação caluniosa, terá a pena aumentada da sexta parte. Tal se justifica, pois a própria Constituição Federal de 1988 determina ser livre a manifestação de pensamento, mas veda o anonimato (art. 5º, inciso IV da CF/88).
2.5- Denunciação caluniosa de contravenção.
Se a imputação é somente de prática de contravenção, a pena será reduzida de metade.
Obs.: no caso de ato de improbidade, só se aplica o art. 339 do CP, se o ato imputado constituir crime. Caso contrário, aplica-se o art. 19 da Lei 8.429/92 que continua vigendo (este será aplicado quando a imputação gerar, tão somente, procedimento administrativo).
2.6- Concurso de crimes: denunciação caluniosa e extorsão indireta.
É possível o concurso com o art. 160 do CP, quando o documento exigido seja falso e o agente o utiliza para dar causa a procedimento judicial ou administrativo contra a vítima ou contra terceiro.
340 - Comunicação falsa de crime ou contravenção.
Previsto no art. 340 do Código Penal.
Tutela a administração da justiça. 
3.1- Sujeitos do delito. 
Ativo – qualquer pessoa.
Passivo – o Estado.
3.2- Consumação e tentativa.
Consumação – com a ação da autoridade.
Tentativa – admissível.
3.3- Distinção entre comunicação falsa de crime e denunciação caluniosa.
A comunicação falsa de crime ou contravenção não se confunde com a denunciação caluniosa, pois, nesta o sujeito indica uma pessoa determinada como autora (suposta) da infração; na falsa comunicação, ao contrário, não se aponta um indivíduo determinado como autor do crime ou contravenção que se alega ter acontecido.
4- Auto-acusação falsa.
Previsto no art. 341 do Código Penal.
Tutela a administração da justiça.
4.1- Sujeitos do delito.
Ativo – qualquer pessoa.
Passivo – o Estado.
4.2- Consumação e tentativa.
Consumação – no instante em que a autoridade toma conhecimento da auto-acusação.
Tentativa – admissível na forma escrita.
4.3- Distinção entre falso testemunho e auto-acusação falsa.
A auto-acusação falsa é especial em relação ao falso testemunho. Por isso, aquele prevalece, isto é, não se há de falar em falso testemunho quando o agente assume a autoria de crime praticado por outrem na tentativa de evitar a ação penal contra o verdadeiro autor do delito. Porém, não havendo o intuito de proteger-se ou de proteger a terceiro, a auto-acusação falsa feita na qualidade de testemunha, pode vir a caracterizar o crime previsto no art. 342 do Código Penal. 
5- Falso testemunho ou falsa perícia.
Previsto no art. 342 do Código Penal.
Tutela a administração da justiça.
5.1- Sujeitos do delito.
Ativo – somente testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete. É importante ressaltar que, mesmo não prestando compromisso, a testemunha (numerária ou simplesmente o informante do juízo) pode ser sujeito ativo do crime de falso testemunho, embora haja entendimento no sentido contrário, ou seja, se a testemunha se enquadra em um dos casos dos arts. 206 e 208 do CPP, não pode ser sujeito ativo do crime previsto no art. 342 do CP.
Passivo – imediatamente, o Estado; mediatamente, particular que possa ser prejudicado pela conduta.
5.2- Consumação e tentativa .
Consumação – com o encerramento do depoimento, pois, pode a testemunha retificar o que declarou.
Tentativa – há controvérsias sobre sua admissibilidade. Para quem entende que a consumação se dá com o encerramento do depoimento, será possível a tentativa quando, por exemplo, o depoimento, por alguma razão, não se encerra.
5.3- Modalidade qualificada.
No § 1º do art. 342 o legislador previu causa de aumento de pena para os casos em que o crime é cometido mediante suborno ou para obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou civil em que for parte entidade da Administração Pública direta ou indireta. Delmanto entende que, em face do princípio da estrita legalidade, não incide a causa de aumento quando a prova for destinada a gerar efeito em inquérito policial, processo administrativo ou juízo arbitral. Luiz Flávio Gomes, porém, entende que o inquérito policial está abrangido pelo § 1º, pois, é nele que serão produzidas provas para utilização na instância processual.
No caso do suborno, é preciso que haja o falso testemunho ou a falsa perícia. Não basta o simples oferecimento ou efetivação do suborno, se o falso testemunho ou a falsa perícia não chegam a ocorrer.
 
5.4- Retratação.
Retratar-se é desdizer-se, retirar o que foi dito e, no caso do art. 342 do CP, constitui causa de extinção da punibilidade (art. 107, VI, do CP). Para a validade da retratação exige-se que seja voluntária (não precisa ser espontânea), explícita, completa, incondicional e feita perante o órgão que recebeu as declarações falsas. É indispensável que ocorra antes da sentença (de 1º grau), pois, se feita posteriormente, só permite a aplicação da atenuante genérica do art. 65, III, “b” do CP.
Quanto à comunicabilidade dos efeitos da retratação aos partícipes, há duas correntes: Luiz Régis Prado entende não incidir a regra do art. 30 do CP, pois, a retratação seria circunstância de caráter pessoal e não é elementar do crime; Para Delmanto, há comunicabilidade, pois, a uma, o § 2º do art. 342 do CP menciona que “o fato deixa de ser punível”; a duas, haveria um caráter misto, e não subjetivo; a três, com a retratação desaparece o perigo gerado pelo falso testemunho ou falsa perícia.
5.5- Concurso de pessoas.
É controvertida a possibilidade de existir ou não participação ou co-autoria em crime do art. 342 do CP. Majoritariamente, entende-se ser impossível a co-autoria. Porém, não há restrição em relação à participação stricto sensu, haja vista tratar-se de crime de mão própria. Porém, quem suborna as pessoas elencadas no art. 342 para que prestem falso testemunho, responde pelo art. 343 do CP, havendo aí, quebra da teoria monista. Se o legislador puniu tal forma de participação de forma mais grave, significa que preferiu não incriminar outras formas mais brandas.
5.6- O início da ação penal.
Segundo Delmanto, a ação penal pelo crime de falso testemunho pode ter início normalmente, porém, a sentença condenatória não pode ser proferida antes que se profira a decisão no processo em que o falso testemunho ou a falsa perícia ocorreram, tudo isso em razão da regra do § 2º do art. 342 do CP. Entretanto, o próprio autor acima mencionado afirma que é razoável, em razão do princípio da economia processual, que se aguarde a decisão no processo em que o falso testemunho ou a falsa perícia ocorreram para poder iniciar a ação penal por tais crimes. 
Vide art. 211 do CPP.
6- Corrupção ativa de testemunha ou perito.
Previsto no art. 343 do CP.
Tutela a administração da justiça.
6.1- Sujeitos do delito.
Ativo – qualquer pessoa.
Passivo – o Estado.
6.2- Consumação e tentativa.
Consumação – no momento em que o sujeito dá, oferece ou promete o objeto material, independentemente de qualquer resultado posterior. Para Delmento, é preciso que a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete aceitem a oferta. Luiz Régis Prado entende não ser necessária a aceitação da oferta.
Damásio entende que, mesmo havendo retratação do agente, no crime do art. 342 do CP, subsiste o delito do art. 343.
Tentativa – admissível na forma escrita.
6.3- Modalidade qualificada. 
Prevista no p. único do art. 343 do CP. Delmanto entende que não se aplica aos casos em que se tratar de prova destinada a gerar efeito em inquérito policial, processo administrativo ou juízo arbitral.
7-Coação no curso do processo.
Previsto no art. 344 do Código Penal.
Tutela a administração da justiça.
7.1- Sujeitos do delito.
Ativo – qualquer pessoa.
Passivo – o Estado, imediatamente;o coacto, mediatamente.
7.2- Consumação e tentativa.
Consumação – com o emprego da violência ou grave ameaça.
Tentativa – admissível.
Exercício arbitrário das próprias razões.
Previsto no art. 345 do Código Penal.
Tutela a administração da justiça.
8.1- Sujeitos do delito.
Ativo – qualquer pessoa.
Passivo – imediatamente, o Estado; mediatamente, a pessoa lesada pela conduta.
8.2- Consumação e tentativa.
Consumação – para uma corrente, com o emprego dos atos executórios, ainda que a pretensão não seja satisfeita (majoritária); para outra corrente, com a satisfação da pretensão.
Tentativa – admissível.
8.3- Distinção com o furto, violação de domicílio, cárcere privado.
A distinção entre o crime de exercício arbitrário das próprias razões e os delitos de furto, violação de domicílio e cárcere privado reside no animus do agente, isto é, havendo a finalidade de fazer justiça pelas próprias mãos para satisfazer pretensão, incide o art. 345 do CP, em razão da especialidade.
Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria em poder de terceiro por determinação judicial.
Previsto no art. 346 do Código Penal.
Tutela a administração da justiça.
9.1- Sujeitos do delito.
Ativo – somente o proprietário (crime próprio).
Passivo – o Estado, imediatamente; a pessoa prejudicada pela conduta, mediatamente.
9.2- Consumação e tentativa.
Consumação – no momento da supressão, subtração, destruição ou danificação do objeto material.
Tentativa – admissível.
Fraude processual.
Previsto no art. 347 do Código Penal, recebe da doutrina a denominação de “estelionato processual”.
Tutela a administração da justiça.
10.1- Sujeitos do delito.
Ativo – qualquer pessoa, mesmo não tendo interesse imediato na lide.
Passivo – o Estado.
10.2- Consumação e tentativa.
Consumação – com a efetiva inovação, ainda que não chegue a enganar o juiz ou o perito.
Tentativa – admissível.
Favorecimento pessoal e real.
Previstos nos arts. 348 e 349 do Código Penal.
Tutelam a administração da justiça. 
11.1- Sujeitos do delito.
Ativo – qualquer pessoa, menos o co-autor ou partícipe do delito anterior e as pessoas elencadas no § 2º do art. 348 do CP (escusa absolutória).
Passivo – o Estado.
11.2- Consumação e tentativa.
Consumação – no momento em que o beneficiado consegue subtrair-se, ainda que por breves instantes, da ação da autoridade, no caso do art. 348 do CP; no art. 349 do CP, a consumação ocorre com a prestação do auxílio, independentemente de se tornar seguro o proveito do crime anterior.
Tentativa – admissível em ambos os casos.
11.3- Distinção.
Distinguem-se o favorecimento real do pessoal, pois, naquele o sujeito visa a tornar seguro o proveito do delito, enquanto neste, visa tornar seguro o autor de crime antecedente.
11.4- Distinção entre favorecimento real e receptação.
1) No favorecimento real, o sujeito age exclusivamente em favor do autor do delito antecedente; na receptação, age em proveito próprio ou de terceiro, que não o autor do crime anterior;
2) No favorecimento real, o proveito pode ser econômico ou moral; na receptação, o proveito é sempre econômico;
3) no favorecimento real a ação do sujeito visa ao autor do crime antecedente e na receptação, a conduta incide sobre o objeto material do crime anterior.
Obs.: não esquecer da escusa absolutória presente no § 2º do art. 348 do Código Penal.

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