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ATIVIDADES DE REVISÃO 1- Considerando a citação a seguir apresente as características principais da corrente teórica denominada estruturalismo. Aborde as duas vertentes do estruturalismo: estruturalismo europeu e estruturalismo americano. “O estruturalismo não é um fenômeno isolado; ele é, pelo contrário, a expressão de uma tendência geral de pensamento que, nessas últimas décadas, tornou-se cada vez mais proeminente em quase todos os campos da pesquisa científica.” Ernest Cassirer (1945). In: LYONS, John. Lingua(gem) e Linguística. Rio de janeiro: Guanabara, 1981, p. 207. O movimento teórico abarcado sob o rótulo “estruturalismo” constitui como unidade de estudo a estrutura ou o sistema. No caso da linguística, busca-se descrever e explicar a estrutura das línguas naturais. Entretanto, a metodologia estruturalista se expande para além da linguística e marca uma tendência de pensamento voltada para o estudo da estrutura interna dos objetos: as línguas (linguística), os ritos (antropologia), as obras literárias (teoria da literatura), por exemplo. As vertentes estruturalistas europeia - baseada nos postulados de Saussure - e americana - que tem em Bloomfield seu principal expoente - postulavam que a língua era um sistema, uma estrutura. A partir desse entendimento Saussure e Bloomfield elaboraram modelos de descrição das línguas naturais. A partir dessas considerações gerais, os postulados saussurianos permitem que descrevamos sincronicamente uma língua, analisando os signos linguísticos de determinada língua, suas possibilidades de combinação e substituição. Também é possível descrever uma língua, a partir dos postulados de Bloomfield, verificando como os elementos de uma língua se distribuem no nível da frase. Ambas vertentes possuem em comum o fato de se voltaram para aspectos internos das línguas (intralinguísticos). 2- Como sabemos, enquanto o português tem duas palavras diferentes para fazer referência a coisas do mundo que correspondem ao que chamamos de parede e muro, o inglês só tem uma: wall. A partir desse dado, relacione linguagem e cultura. Um mundo sem linguagem verbal é um mundo caótico: todas as coisas aparecem misturadas, tudo é um todo indivisível. A linguagem verbal, então, divide, classifica as coisas do mundo. Como não há apenas uma língua natural, mas são várias as línguas no mundo, temos que cada uma delas vê, classifica as coisas do mundo de uma maneira diferente da outra. Assim, como citado no enunciado desta questão, nós, falantes de português, diferenciamos parede de muro. Já um falante do inglês não faz essa distinção. Podemos ver esse fato tal como é: um fato linguístico que afeta a nossa percepção do mundo. Por outro lado, se radicalizarmos essa ideia, teremos que o meu modo de ver, falar do mundo nunca corresponderá ao modo de ver, falar do mundo de um falante de outra língua. Em última análise, isso nos levaria à impossibilidade de compreensão entre falantes de línguas diferentes; à impossibilidade de tradução de uma língua para outra. 3- Explique a afirmação de Jakobson: “A linguagem deve ser estudada em toda a variedade de suas funções” (JAKOBSON, 1969, p.122). Jakobson demonstrou com seu esquema que em todo ato comunicativo estão envolvidas funções da linguagem, que embora funcionem de maneira hierárquica se complementam, mas que são isoladas para fins de análise. Cada uma delas corresponde a um dos elementos envolvidos em todo ato comunicativo. Em outras palavras, para cada elemento, uma função: a emotiva está centrada no remetente; a conativa está centrada no destinatário; a referencial, no contexto ou referente; a poética, na mensagem; a fática, no contato; e, por fim, a metalinguística, que está centrada no código. Podemos exemplificar com a função poética, em que a mensagem se volta para ela própria, com o slogan político "I like Ike”. A função poética inclusive foi uma novidade desenvolvida por Jakobson e que teve enorme impacto nos estudos linguísticos e literários. Outro exemplo é o slogan publicitário “Beba Coca-Cola”. Nele predomina a função conativa, em que se tenta interpelar o interlocutor e influenciar seu comportamento, e que se marca também pelo uso do verbo no modo imperativo. 4- Explique a afirmação de Benveniste: “Antes da enunciação, a língua não é senão possibilidade de língua” (BENVENISTE, 2006, p.83) Benveniste parte dos estudos saussurianos para posteriormente desenvolver suas próprias teses, que, diferentemente do mestre genebrino, incluem a relação do sujeito com a língua e a língua pela utilização do sujeito. Para Benveniste, a língua não é uma estrutura abstrata, mas uma realização, um acontecimento, e somente se realiza quando emitida por um sujeito enunciador. Sem essa apropriação, a língua é somente uma possibilidade. E sempre que há a apropriação da língua pelo sujeito enunciador (o eu, o locutor), pressupõe-se aí um outro, um tu, o alocutário, a quem se dirige o locutor. Além disso, é necessário se levar em conta que esses sujeitos existem em uma dada situação (no espaço e no tempo). Assim, para Benveniste, a descrição e interpretação de um bilhete como “Estive aqui hoje à tarde mas não te encontrei” implicava na consideração dos sujeitos (eu/tu) e da situação (espaço/tempo) e não tomar a estrutura voltada para si mesma. Por tudo isso, pelas categorias que Benveniste acrescenta à análise, (sujeitos e situação), são afetados os modos pelos quais se considera a língua para fins de descrição e interpretação e como consequência configura-se um outro objeto: a enunciação.
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