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PDF AULA 02

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CARREIRA JURIDICA 
Processo Civil 
Mauricio Cunha 
1 
JURISDIÇÃO 
Conceito e características 
 Como ensina Ovídio Baptista, a ideia de 
direito, no Estado Moderno, suscita, desde 
logo, a ideia de jurisdição. O jurista 
contemporâneo tende a equiparar o direito à 
norma jurídica editada pelo Estado, cuja 
inobservância dá lugar a uma sanção. 
 
 Jurisdição é 
(a)função atribuída a terceiro imparcial 
(substitutividade) 
(b)de realizar o Direito de modo imperativo. 
(imperatividade) 
(c) reconhecendo/efetivando/protegendo 
situações jurídicas 
(d) concretamente deduzidas 
(e) em decisão insuscetível de controle externo 
(f) e com aptidão para tornar-se indiscutível 
(ânimo de definitividade) 
O conceito em questão está de acordo com as 
transformações pelas quais passou o Estado 
nos últimos tempos (criação de agências 
reguladoras e executivas; valorização e 
reconhecimento da força normativa da CF a 
exigir do PJ postura mais ativa e criativa para 
a solução dos problemas; desenvolvimento da 
teoria dos direitos fundamentais e aplicação 
direta das normas; alteração da técnica 
legislativa com a utilização da técnica das 
cláusulas gerais, deixando o sistema 
normativo mais aberto; evolução do controle 
de constitucionalidade difuso que produziu a 
possibilidade de enunciado vinculante da 
súmula do STF). 
 (a) técnica de solução de conflitos por 
heterocomposição, ou seja, um terceiro 
imparcial (e desinteressado – filho é terceiro 
em um conflito do pai contra outra pessoa, mas 
não é desinteressado)substitui (ideia de 
Chiovenda) a vontade das partes pela 
vontade da lei e determina a solução do 
problema apresentado (substitutividade), 
exceção na jurisdição voluntária, pois não há 
substituição da vontade das partes. Para 
Carnelutti, porém, jurisdição consiste na justa 
composição da lide (conflito de interesses 
qualificado por uma pretensão resistida), 
mediante sentença de natureza declarativa, 
por meio da qual o juiz dicitius, daí porque, 
para ele, não haveria jurisdição no processo 
executivo. 
FredieDidier Jr somente não adota a ideia de 
Chiovenda de que a jurisdição é atividade 
meramente declaratória, mas, sim, criativa. 
Juiz não deve ter interesse no litígio, mas tratar 
as partes com igualdade (equidistante, na 
posição de Ada Pellegrini Grinover), 
garantindo o contraditório em paridade de 
armas (isso é imparcialidade, daí porque se 
mostra importante também estudar as 
garantias e vedações constitucionais dos 
magistrados previstas noart. 95, CPC). 
 
 
 
 
 
 
 
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CARREIRA JURIDICA 
Processo Civil 
Mauricio Cunha 
2 
 (b) manifestação de um poder que se impõe 
de forma imperativa (imperatividade), mas o 
Estado pode autorizar o exercício da função 
jurisdicional por agentes privados (arbitragem). 
Há estudo específico sobre a arbitragem nos 
tópicos seguintes. 
(c) a tutela dos direitos dá-se ou pelo seu 
reconhecimento judicial (conhecimento), ou 
pela sua efetivação (execução) ou pela sua 
proteção (tutela de segurança, cautelar ou 
inibitória). 
(d) a atuação jurisdicional se dá sempre sobre 
uma situação concreta (não se pode restringir 
a jurisdição a um tipo de situação concreta, 
como a lide, pois a situação pode ser de 
ameaça de lesão a direitos, por exemplo), um 
determinado problema que é levado ao seu 
conhecimento. A atuação é sempre tópica. 
(e) aplica-se o direito a uma situação concreta, 
sem que se possa submeter essa decisão ao 
controle de nenhum outro poder. A jurisdição 
somente é controlada pela própria jurisdição. 
(f)somente uma decisão judicial pode tornar-se 
indiscutível e imutável pela coisa julgada 
material (consequência de um princípio maior 
que é o da segurança jurídica, evitando-se a 
eternização dos litígios). Só os atos 
jurisdicionais podem adquirir essa 
definitividade, que recebe o nome de coisa 
julgada(art. 5º, XXXVI, CF). 
 
 Em suma, jurisdição é função estatal para 
prevenir e compor conflitos, aplicando o direito 
ao caso concreto, em última instância, 
resguardando a ordem jurídica e a paz social, 
sendo exercida em todo o território nacional 
(art. 1°, CPC). 
 Ainda nas palavras de Chiovenda, pode se 
definir jurisdição como “a função do Estado 
que tem como escopo a atuação da vontade 
concreta da lei por meio da substituição, pela 
atividade de órgãos públicos, da atividade de 
particulares ou de outros órgãos públicos”. 
Enfim, dito de outra forma, limita-se o Estado, 
ao exercer a função jurisdicional, a declarar 
direitos preexistentes e atuar na prática os 
comandos da lei. Tal atividade caracterizar-se-ia, 
essencialmente, pelo seu caráter substitutivo, já 
enunciado. 
 Para o exercício da função jurisdicional é 
que o Estado Democrático de Direito se utiliza 
do processo, verdadeiro método que deve 
garantir o atingimento de seus devidos fins 
pelos devidos meios. Jurisdição, portanto, 
somente pode ser compreendida a partir do 
instrumento de sua manifestação, que é o 
processo. 
 AÇÃO > JURISDIÇÃO > PROCESSO (não 
esquecer da RESPOSTA). 
 Não esquecer, também, que há doutrina 
(Dinamarco) que prefere analisar a jurisdição 
sob 3 aspectos distintos: poder, função e 
atividade. O poder jurisdicional é o que 
permite o exercício da função jurisdicional que 
se materializa no caso concreto por meio da 
atividade jurisdicional. 
 
 
 
 
 
 
 
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CARREIRA JURIDICA 
Processo Civil 
Mauricio Cunha 
3 
Como poder, a jurisdição representa o poder 
estatal de interferir na esfera jurídica dos 
jurisdicionados, aplicando o direito objetivo ao 
caso concreto. Não mais se compreende que 
o poder jurisdicional não se limita a “dizer” o 
direito, mas também de “impor” o direito. 
Como função, a jurisdição é o encargo 
atribuído pela CF, em regra ao Poder Judiciário 
(função típica), e excepcionalmente, a outros 
Poderes (função atípica) de exercer 
concretamente o poder jurisdicional. 
A função jurisdicional não é privativa do Poder 
Judiciário, como se constata nos processos de 
impeachment do Presidente da República, 
realizados pelo Poder Legislativo (art. 49, IX e 
art. 52, I, ambos da CF), ou nas sindicâncias 
e processos administrativos conduzidos pelo 
Poder Executivo (art. 41, § 1º, II, CF), ainda 
que nestes casos não haja definitividade. 
Também o Poder Judiciário exerce de forma 
atípica função administrativa (p.e., 
organização de concursos públicos) e 
legislativa (elaboração de regimentos internos 
dos tribunais). 
Como atividade, a jurisdição é o complexo de 
atos praticados, no processo, pelo agente 
estatal investido de jurisdição. 
Equivalentes jurisdicionais 
 São formas não-jurisdicionais de solução 
de conflitos, daí porque chamadas de 
equivalentes (formas alternativas de solução 
dos conflitos). Não são definitivas, pois podem 
ser submetidas ao controle 
jurisdicional.Equivalem, porém, à jurisdição 
porque servem para resolver conflitos. São os 
seguintes: 
 Autotutela – forma mais antiga de solução 
dos conflitos, constituindo-se, 
fundamentalmente, pelo sacrifício integral do 
interesse de uma das partes envolvida no 
conflito em razão do exercício da força pela 
parte vencedora. São exemplos: legítima 
defesa(art. 188, I, CC), desforço imediato (art. 
1210, § 1º, CC), direito de greve, direito de 
retenção, estado de necessidade, guerra etc. 
Trata-se de solução vedada, como regra, nos 
ordenamentos jurídicos civilizados, podendo 
ser amplamente revistapelo Poder Judiciário. 
 Autocomposição – consentimento 
espontâneo de um dos contendores em 
sacrificar o interesse próprio, no todo ou em 
parte, em favor do interesse alheio. É gênero 
do qual são espécies a transação(concessões 
mútuas) é a mais tradicional, na qual a solução 
é dada pelas partes, sendo que cada uma 
delas faz concessões recíprocas; a 
renúnciaem que não há concessões 
recíprocas, mas apenas unilateral por parte do 
autor que abdica de sua pretensão;e,por fim,a 
submissão (reconhecimento da procedência 
do pedido) onde não se vislumbram 
concessões recíprocas, mas apenas unilateral, 
por parte do réu que reconhece a razão do 
autor. Aqui há uma certa hibridez: 
substancialmente, o conflito foi resolvido por 
autocomposição, mas, formalmente, em razão 
da sentença judicial homologatória, há o 
exercício de jurisdição. 
 
 
 
 
 
 
 
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Processo Civil 
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 Mediação – um terceiro (profissional 
devidamente preparado) se coloca entre os 
contendores e tenta conduzi-los(não propõe 
soluções do conflito) à descoberta das causas 
de forma a possibilitar sua remoção e assim 
chegarem à solução do conflito. 
 Julgamento de conflitos por tribunais 
administrativos – Tribunal Marítimo, Tribunal 
de Contas, Agências Reguladoras, CADE. 
 Arbitragem – é o equivalente jurisdicional 
mais polêmico no que tange à sua natureza. 
Alguns entendem que a arbitragem é jurisdição 
privada e não equivalente jurisdicional. Já 
outros, afirmam não ser nem mesmo uma 
jurisdição porque não é estatal. Nela tem-se 
um terceiro que decide e impõe sua decisão. 
 
Arbitragem 
 Técnica de solução de conflitos mediante a 
qual os conflitantes buscam em uma terceira 
pessoa, de sua confiança, a solução amigável 
e imparcial do litígio. É heterocomposição, 
não é compulsória e constitui-se em opção 
conferida a pessoas capazes para solucionar 
problemas relacionados a direitos disponíveis. 
 Para a maioria doutrinária, é equivalente 
jurisdicional(Humberto Theodoro Jr, Vicente 
Greco Filho, Luiz Guilherme Marinoni, 
Cassio Scarpinella Bueno). Há, porém, quem 
entenda que não se trata de equivalente 
jurisdicional, sendo jurisdição propriamente 
dita, exercida por particulares, com 
autorização do Estado (Fredie Didier Jr, 
Carlos Alberto Carmona e Joel Dias 
Figueira Jr). Há confusão nesse tocante, mas 
com pouca importância prática, já tendo, o 
STJ, tratado a arbitragem ora como 
equivalente jurisdicional e ora como espécie 
de jurisdição privada (MS 11.308/DF, rel. Min. 
Luiz Fux, j. 9.4.2008). 
 Regulamentação pela Lei Federal 9.307/96, 
não afrontando o princípio da inafastabilidade 
da jurisdição (5º, XXXV, CF). 
 Com relação à abrangência da Lei de 
Arbitragem, o STJ editou a Súmula 485 que 
tem como redação o seguinte:“a lei de 
arbitragem aplica-se aos contratos que 
contenham cláusulas, ainda que celebradas 
antes da sua edição”. Pacificou dessa forma, a 
discussão gerada em torno de sua efetividade 
frenteaos contratos celebrados que possuíam, 
por sua vez, cláusulas de previsão de 
arbitragem, porém, celebrados antes de sua 
vigência. 
 A convenção de arbitragem(art. 
3º)compreende tanto a cláusula 
compromissória como o compromisso arbitral. 
A cláusula compromissória(art. 4º) é aquela 
que designa a intenção das partes de resolver 
disputas futuras por meio da arbitragem, 
celebrada, assim, previamente. É também 
chamada de cláusula compromissória “cheia”. 
Já o compromisso arbitral(art. 9º) é o ato, 
formal e escrito, que, efetivamente, dá início ao 
processo de arbitragem (regras deverão 
constar expressamente neste sentido). Pode 
ser estabelecido independentemente da 
existência de cláusula compromissória, até 
 
 
 
 
 
 
 
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mesmo no curso do procedimento arbitral, mas 
sempre antes da audiência de tentativa de 
conciliação. 
A convenção de arbitragemnão é pressuposto 
processual de por ser matéria de direito 
dispositivo que, para ser examinada, não 
dispensa a iniciativa do réu. Caso o réu não a 
alegue, o processo prossegue e é julgado 
perante a jurisdição estatal. A ausência de 
alegação do réu torna a justiça estatal 
competente para julgar a lide e, por inexistir 
qualquer invalidade, o processo não será 
extinto. 
 Características: escolha da norma de direito 
material a ser aplicada; árbitro; 
desnecessidade de homologação judicial da 
sentença arbitral(art. 18); sentença arbitral é 
título executivo judicial(arts. 31 e 475-N, IV, 
CPC); possibilidade de reconhecimento e 
execução de sentenças arbitrais produzidas no 
exterior. 
A decisão arbitral faz coisa julgada material, 
podendo ser invalidada (vícios formais) pela 
via judicial no prazo de 90 (noventa) dias após 
o recebimento da intimação da sentença 
arbitral(art. 33, § 1º). 
 Existência de conflito de competência entre 
um órgão jurisdicional do Estado e uma 
Câmara Arbitral: STJ é competente para a 
apreciação, porque a arbitragem teria natureza 
jurisdicional (CC 111230/DF, 2ª Seção da 
Corte, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 8.5.2013). 
Entendeu-se, ainda, que é de competência do 
tribunal de arbitragem, e não do Judiciário, 
analisar pedidos de indicação de bens para 
garantir execuções de dívidas, antes mesmo 
da instauração de procedimento arbitral. Foi a 
primeira vez que a Corte analisou a questão, 
mas o placar apertado do julgamento - cinco 
votos a quatro - indica, segundo advogados, 
que a discussão ainda está longe de terminar. 
 A 3ª Turma do STJ, REsp 1277725/AM, 3ª 
Turma, j. 12.3.2013, estabeleceu que,ainda 
que conste de contrato inadimplido a previsão 
de resolução de conflitos por meio da 
arbitragem, é possível ao credor ajuizar pedido 
de falência do devedor ou mesmo execução 
sem a prévia realização de juízo arbitral. 
Asseverou o referido acórdão que a 
celebração da convenção de arbitragem não é 
causa impeditiva da deflagração do processo 
de falência perante o Judiciário, eis que “a 
executividade de um título de crédito não é 
afetada pela convenção de arbitragem”. 
 
Princípios 
 Investidura: exercício somente por aquele 
que tenha sido regularmente investido na 
autoridade de juizmediante concurso público 
(art. 93, I, CF) e indicação pelo Poder 
Executivo, por meio do quinto constitucional 
(art. 94, CF). É considerado pressuposto 
processual de existência. 
 Territorialidade (aderência ao 
território):todo juiz terá jurisdição em todo o 
território nacional. Entretanto, por uma questão 
de funcionalidade, considerando-se o elevado 
número de juízes e a extensão do território 
 
 
 
 
 
 
 
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Processo Civil 
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nacional, normas jurídicas limitam o exercício 
legítimo da jurisdição a um determinado 
território. 
As regras de competência territorial definirão 
um determinado território, e pelo princípio da 
aderência ao território, a atuação jurisdicional 
somente será legítima dentro desses limites 
territoriais. 
É com base neste princípio que surge a 
necessidade de as autoridades judiciárias 
cooperarem entre si, cada uma ajudando a 
outra no exercício da atividade jurisdicional em 
seu território (surgem as cartas precatória e 
rogatória). 
Mitigação em 2 oportunidades: art. 107, 
CPC(imóvel localizado em mais de uma 
comarca) e art. 230, CPC(atos de simples 
comunicação processual – citação e intimação– em comarcas contíguas ou da mesma região 
metropolitana, independentemente de carta 
precatória). 
Importante: o lugar onde a decisão tem de ser 
proferida não se confunde com o lugar em que 
ela deve produzir efeitos (decisão brasileira 
produzir efeitos no Japão, divórcio feito numa 
determinada comarca e mudança do ex-casal 
para outras comarcas etc.). 
 Indelegabilidade: o exercício da função 
jurisdicional não pode ser delegado e somente 
podem atuar jurisdicionalmente aqueles que a 
CF cria e autoriza. 
Importante: a vedação se aplica integralmente 
no caso de poder decisório, mas não em 
relação a outros poderes judiciais, como o 
instrutório, o diretivo do processo e de 
execução das decisões. A carta de ordem, 
expedida pelos tribunais no sentido de delegar, 
ao juízo de primeiro grau, a produção de 
provas orais e periciais, é um exemplo, 
justificando-se por faltar estrutura aos tribunais 
para a prática de tais atos. 
Nas cartas precatórias não há delegação, pois 
não há delegação de competência, apenas um 
pedido de cooperação. O juiz deprecante não 
pode praticar o ato deprecado, daí porque não 
poderia delegá-lo(Fredie Didier Jr e Daniel 
Assumpção). 
A CF, no art. 93, XI, autoriza a delegação da 
competência do Tribunal Pleno (todos os 
membros do tribunal) para o órgão especial 
deste mesmo tribunal (mínimo de 11 e máximo 
de 25). 
A CF, no art. 93, XIV, ainda, autoriza a 
delegação, a serventuário da justiça, do poder 
de praticar atos de administração(não autoriza 
a delegação de poder de polícia, como a 
presidência de uma audiência de instrução) e 
de mero expediente sem caráter decisório. O 
CPC, no art. 162, p. 4º, autoriza a prática, de 
ofício, dos chamados atos meramente 
ordinatórios (juntada e vista obrigatória) que 
podem ser revistos pelo juiz quando 
necessários. 
 Inevitabilidade: as partes hão de submeter 
ao quanto decidido pelo órgão jurisdicional. 
Situação das partes é de sujeição perante o 
 
 
 
 
 
 
 
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Processo Civil 
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Estado-juiz, independentemente de sua 
vontade, o que também reforça a ideia de 
imperatividade. “Vinculação obrigatória” e 
“estado de sujeição” dos sujeitos 
processuais.Há uma única exceção: art. 67, 
CPC (nomeação à autoria). 
 Inafastabilidade: previsão legal noart. 5°, 
XXXV, CF, constituindo-se na consagração, 
em sede constitucional, do direito fundamental 
de ação, de acesso ao Poder Judiciário. 
Conquista que surgiu a partir do momento em 
que, proibida a autotutela privada, assumiu o 
Estado o monopólio da jurisdição.Ação(criou-
se o direito, abstrato) e jurisdição(dever do 
Estado) são institutos que nasceram um para 
o outro, segundo FredieDidier Jr. Não há, 
portanto, matéria que possa ser excluída da 
apreciação pelo Poder Judiciário, ressalvadas 
raríssimas exceções, como a do 
processamento e julgamento de certas 
autoridades em certas hipóteses (art. 52, I e II, 
CF). 
A ameaça a que faz referência o dispositivo 
constitucional consagra a tutela preventiva, a 
tutela de urgência e a tutela contra o perigo. 
A única imposição constitucional de 
esgotamento das vias extrajudiciais é em 
relação às questões desportivas(art. 217, p. 
1º, CF). 
Conforme entendimento pacificado no STJ, o 
habeas data só é cabível se houver recusa de 
informações por parte da autoridade 
administrativa (Súmula 2, STJ). Aqui, a 
exigência de recusa é indispensável para o 
surgimento da lide, sem o que na há interesse 
de agir, não representando espécie de 
abrandamento do princípio. 
A nossa jurisdição é una (não há jurisdição 
administrativa, como ocorre em países como 
Itália, Portugal, Espanha, França e 
Argentina), imposição que advém da CF de 
1891. 
Importante: leis que limitam ou proíbem a 
concessão de medidas de urgência, 
notadamente, em face do Poder Público 
(4.348/64, 5.021/66, 8.437/92 e 9.494/97) 
foram consideradas pelo STF, neste aspecto 
restritivo, constitucionais (ADIN 223-DF). Nada 
impede, porém, que o Juiz, se o caso, aprecie 
a constitucionalidade/razoabilidade da 
restrição. 
É preciso garantir a efetiva concretização do 
direito de ação e do juiz natural através de uma 
tutela jurisdicional rápida, efetiva e adequada. 
Significa dizer, então, que a adequação 
compreende a garantia do procedimento, a 
espécie de cognição, a natureza do 
provimento e os meios executórios adequados 
às peculiaridades da situação de direito 
material (é daí que se extrai a garantia do 
devido processo legal). 
 Juiz natural: garantia decorrente da 
cláusula do devido processo legal, sem 
previsão expressa, mas que resulta da 
conjugação de dois dispositivos 
constitucionais, quais sejam, o que proíbe 
juízo ou tribunal de exceção (art. 5º, XXXVII, 
 
 
 
 
 
 
 
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Processo Civil 
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CF)e o que determina que ninguém será 
processado senão pela autoridade competente 
(art. 5º, LIII, CF). 
Juiz natural é o juiz competente de acordo 
com as regras gerais e abstratas previamente 
estabelecidas (aspecto formal), bem como 
aquele que seja imparcial e independente 
(aspecto substancial). 
As regras de distribuiçãodos feitos servem 
exatamente para fazer valer a garantia do juiz 
natural (impossibilidade de escolha pelo juiz), 
sendo que o desrespeito às regras de 
distribuição por dependência implica 
incompetência absoluta. 
O legislador tenta evitar a escolha do juiz pelo 
autor com a previsão do art. 253, II, CPC, ao 
criar uma regra de competência absoluta do 
juízo que extingue o processo sem resolução 
do mérito (art. 267, CPC) quando essa 
demanda é novamente proposta. 
 Inércia: presente no art. 2°, CPC, que assim 
dispõe:“nenhum juiz prestará a tutela 
jurisdicional senão quando a parte ou o 
interessado a requerer, nos casos e forma 
legais”. Dito isso, oprincípio da inércia é aquele 
que orienta no sentido de que a jurisdição 
somente poderá ser exercida caso seja 
provocada pela parte ou pelo interessado. Tal 
princípiotrabalha com a função de também, 
preservar a imparcialidade do julgador. Dentro 
da codificação processual, o art. 262, CPC, 
ratifica essa assertiva quando diz que “o 
processo civil começa por iniciativa da parte, 
mas se desenvolve por impulso oficial”. 
Contudo, como toda regra tem sua exceção, tal 
postulado também possui as suas. Dessa 
forma, ele é mitigado na jurisdição voluntária 
(arts. 1.129, 1.142 e 1.160, CPC). Outras 
exceções se apresentam com relação ao 
inventário de ofício (art. 989, CPC), as 
medidas cautelares “exofficio” (art. 797, CPC – 
medidas, mas não processos), a decretação 
da falência no curso da recuperação judicial 
(Lei n. 11.101/05, arts. 53, 56, § 4°, 61, § 1°, 
72, § único, e 73), além do habeas corpus de 
ofício (art. 654, § 2°, CPP) e a execução 
trabalhista (art. 114, VIII, CF). 
 Promotor natural: indicado por parcela da 
doutrina e consistindo no impedimento de que 
o Procurador-Geral de Justiça faça 
designações discricionárias de promotores ad 
hoc, o que elimina a figura do acusador público 
de encomenda, que poderia, em tese, tanto ser 
indicado para perseguir o acusado como para 
assegurar a impunidade de alguém. 
Há decisões dos tribunais superiores que 
delimitam de forma interessante a abrangência 
do referido princípio. A indicação de “promotor 
assistente”, para atuar em conjunto com o 
promotor da causa, não ofende o princípio em 
questão (Informativo 390, STJ, 6ª Turma, HC 
40.394/MG,rel. Min. Og Fernandes, j. 
14.4.2009), o mesmo ocorrendo com as 
“equipes especializadas de promotores de 
justiça” ou “formação de forças-tarefas” para 
determinada área de atividade (STF, 2ª 
Turma, HC 96700/PE, rel. Min. Eros Grau, j. 
17.3.2009). A designação de promotor para 
atuar em determinada sessão do tribunal do 
 
 
 
 
 
 
 
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Processo Civil 
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júri, desde que previamente feita, e motivada, 
não afronta o referido princípio (STF, HC, 
103038/PA, 2ª Turma, rel. Min. Joaquim 
Barbosa, j. 11.10.2011). 
Espécies de jurisdição 
 A jurisdição é una e indivisível, razão pela 
qual a única forma de conceber a “divisão” da 
jurisdição em diferentes espécies é adotando-
se determinados critérios com a finalidade 
meramente acadêmica. 
 Pelo critério que a exercem: 
Jurisdição comum e especial: esta última é 
exercida pelas chamadas “justiças especiais”, 
que tem fixação constitucional de sua 
competência em virtude da matéria que será 
objeto da demanda judicial. A CF reconhece a 
Justiça do Trabalho(arts. 111/116), a Justiça 
Eleitoral(arts. 118/121) e a Justiça Militar(arts. 
122/125). Já a jurisdição comum é residual, ou 
seja, tudo que não for de competência dessas 
justiças especiais, englobando a Justiça 
Estadual e a Justiça Federal. 
 Pela posição hierárquica: 
Jurisdição superior ou inferior: a inferior é 
exercida pelo órgão jurisdicional que enfrenta 
o processo desde o início, ou seja, aquele que 
tem competência originária para a demanda, 
enquanto a jurisdição superior é exercida em 
hipótese de atuação recursal dos tribunais. Os 
tribunais podem tanto exercer jurisdição 
superior como inferior. 
 Podem ser ainda: 
Jurisdição penal ou civil: critério que leva em 
conta a natureza do objeto da demanda 
judicial. Sendo matéria penal, naturalmente 
haverá jurisdição penal, e, de forma 
subsidiária, não sendo o direito material 
discutido na demanda de natureza penal, a 
jurisdição será civil. A jurisdição civil é bastante 
ampla, pois abrange, ao menos em tese, todas 
as matérias que não sejam penais. A jurisdição 
civil é delineada por exclusão, ela se apresenta 
com a característica de generalidade. Aquilo 
que não cabe à jurisdição penal ou especial, a 
ela pertencerá. Ela pode ser ainda contenciosa 
ou voluntária, sendo essa, 
apenashomologatória de acordos feitos entre 
as partes, e aquela é presumida de haver um 
litígio que origina um processo que produz a 
coisa julgada. 
Jurisdição Voluntária(1.103/1.210, CPC) 
Tema doutrinariamente polêmico, já tendo sido 
dito, inclusive, que não se trataria nem de 
jurisdição, tampouco de voluntariedade. Não 
tem relação com a chamada jurisdição 
administrativa de países como Itália, 
Portugal, Espanha, França e Argentina. 
 As características gerais, porém, são 
aceitas, pela doutrina, em sua maioria: 
a) atividade estatal de integração (da vontade 
do interessado) e fiscalização, pois os efeitos 
jurídicos almejados somente poderão ser 
obtidos após a atuação do Estado-juiz, que o 
faz quando, de plano, fiscaliza os requisitos 
legais (é por isso que se diz que não haveria 
voluntariedade alguma, mas, sim, 
obrigatoriedade). A obrigatoriedade é 
decorrência exclusiva da previsão legal, 
 
 
 
 
 
 
 
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10 
significando uma opção do legislador de 
condicionar o efeito jurídico de determinadas 
relações jurídicas, em razão de seu objeto e/ou 
de seus sujeitos, à intervenção do juiz, 
provavelmente em razão do status de 
imparcialidade retidão de conduta e 
compromisso coma justiça que supostamente 
todos os juízes deveriam ter; 
b) aplicam-se as garantias fundamentais do 
processo e as garantias da magistratura 
(quanto aos poderes processuais, a doutrina 
aponta a característica da inquisitoriedade – o 
juiz pode tomar decisões contra a vontade dos 
interessados e ter a iniciativa do procedimento, 
como nos arts.1.129, 1.142, 1.160 e 1.171, 
CPC – e a característica dapossibilidade de 
decisão fundada em equidade – não observar 
a legalidade estrita e usar de 
discricionariedade, decidindo de acordo com 
os critérios de conveniência e oportunidade, 
como afirma o art. 1.109, CPC, ainda que 
contrariamente à lei, situação que, para a 
época, era bem interessante, mas que, hoje, 
somente diz o que já se sabe); 
c) procedimentalmente falando, há regras 
comuns(arts. 1.103/1.112, CPC) e 
especiais(arts. 1.113 e seguintes, CPC); 
d) em todos os procedimentos de jurisdição 
voluntária, por força do art. 1.105, CPC, o MP 
deve ser intimado pessoalmente(art. 236, p. 
2º, CPC). Verificar que o legislador usa a 
expressão citação de forma errônea. O STJ 
tem entendido que a intervenção do MP não 
deve se dar nos procedimentos de alienação, 
locação e administração da coisa comum e 
alienação de quinhão em coisa comum, mas, 
tão-somente, nas questões que envolvam os 
direitos indisponíveis, comprovando, 
concretamente, uma das causas do art. 82, 
CPC. 
 Classificação dos procedimentos de 
jurisdição voluntária(Leonardo Greco): 
a) Receptícios (registrar, documentar ou 
comunicar manifestação de vontade), como as 
notificações, interpelações e protestos; 
b) Probatórios (produção de prova é o limite), 
como a justificação. A produção antecipada de 
prova é discutível se voluntária ou 
contenciosa; 
c) Declaratórios (limita-se a declarar a 
existência ou inexistência de uma situação 
jurídica), como na extinção de usufruto, da 
posse em nome do nascituro e na confirmação 
do testamento particular; 
d) Constitutivos (a criação, a modificação ou 
extinção de uma situação jurídica dependem 
da concorrência da vontade do juiz, por meio 
de autorizações, homologações, aprovações 
etc.), como a interdição, a emancipação, o 
arrendamento ou oneração de bens de 
incapazes, a locação de coisa comum, o alvará 
para a venda de bens de incapazes; 
e) Executórios (Estado-juiz exerce atividade 
prática que modifica o mundo exterior), como 
a alienação de coisas, a administração de 
coisa comum, a arrecadação de herança 
jacente etc.; 
f) Tutelares (envolve a proteção de 
determinadas pessoas que se encontram em 
 
 
 
 
 
 
 
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situação de desamparo), como a nomeação ou 
remoção de tutores/curadores, a exibição de 
testamento. 
 Para José Frederico Marques trata de 
jurisdição voluntária da seguinte forma: “é 
atividade resultante de negócio jurídico que se 
exige um ato do Estado, para que o negócio se 
realize ou complete”. Acrescenta que, como 
função, ela tem natureza administrativa, do 
ponto de vista material, e é ato judiciário, do 
ponto de vista subjetivo ou orgânico; em 
relação às suas finalidades, é função 
preventiva e também constitutiva. Na 
jurisdição voluntária não há lide, mas somente 
administração pública de interesses privados. 
É uma das funções do Estado, confiada ao 
Poder Judiciário, em virtude da idoneidade, 
responsabilidade e independência dos juízes 
perante a sociedade, visando evitar litígios 
futuros, ou irregularidades e deficiências na 
formação do ato ou negócio jurídico. Quanto 
ao conceito da jurisdição voluntária, está muito 
longe de ser pacificado na doutrina pátria, 
existindo correntes que procuram explicar sua 
natureza sobre 3 (três) atividades: a 
administrativa, a jurisdicional e a 
autônoma. Entretanto, nenhuma possuiunanimidade. 
 A jurisdição voluntária como administração 
pública de interesses privados (natureza 
administrativa) é a primeira corrente e ideia 
que prevalece na doutrina brasileira, conforme 
concepção de José Frederico Marques. Os 
principais argumentos, segundo Ovídio 
Baptista, de que se valem os juristas para 
demonstrar a natureza administrativa dos atos 
de jurisdição voluntária, são: 
a) a jurisdição contenciosa tem caráter 
repressivo e a jurisdição voluntária tem caráter 
preventivo do litígio; 
b) aquela tem função meramente declaratória 
enquanto esta tem função constitutiva, haja 
vista que se destina à formação de atos e 
negócio jurídicos; 
c) a jurisdição voluntária não comporta o 
princípio do contraditório, não existindo, 
portanto, partes, mas simples interessados; 
d) os atos de jurisdição voluntária não 
produzem coisa julgada, enquanto a sentença 
proferida em processo de jurisdição 
contenciosa produz coisa julgada; 
e) jurisdição contenciosa corresponde a uma 
forma de atuação do direito objetivo, enquanto 
a jurisdição voluntária visa realizar certos 
interesses públicos subordinados ao direito. 
 A jurisdição voluntária como atividade 
jurisdicional(natureza jurisdicional)é a 
segunda corrente, minoritária por acaso, mas 
que vem ganhando adeptos, como Calmon de 
Passos, Ovídio Baptista e Leonardo Greco. 
A corrente doutrinária que entende que a 
jurisdição voluntária tem natureza jurisdicional 
justifica-se ao afirmar que toda atividade 
jurisdicional depende da iniciativa da parte 
interessada, sendo feita mediante o 
ajuizamento de uma ação. Ora, existindo ação, 
existirá processo e consequentemente 
jurisdição. São suas premissas: 
a) não se pode dizer que não há lide, 
bastando, para tanto, os exemplos da 
 
 
 
 
 
 
 
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12 
interdição e da retificação de registro. A lide 
não precisa vir afirmada em petição inicial. Os 
casos de jurisdição voluntária são 
potencialmente conflituosos e é por isso que 
são submetidos à apreciação do Poder 
Judiciário e que se impõe a citação dos 
possíveis interessados; 
b) a única definição possível de jurisdição se 
baseia em seu aspecto subjetivo : jurisdição é 
atividade exercida por juízes. A jurisdição 
voluntária é, assim, inevitável; 
c) processo é categoria que pertence à teoria 
geral do direito e é por isso que se fala em 
processo legislativos, administrativo, negocial 
e jurisdicional. Não se pode negar, portanto, a 
existência de um processo na jurisdição 
voluntária (que se exerce por meio das formas 
processuais conhecidas, como a petição 
inicial, sentença, apelação etc.), ainda que um 
processo administrativo. É, também, 
procedimento em contraditório; 
d) o juiz atua para atender interesse privado, 
como terceiro imparcial. A administração, por 
sua vez, age no seu próprio interesse, no 
interesse do Estado, da coletividade como um 
todo; 
e) se há processo e jurisdição, então há ação; 
f) há partes, com todos os direitos e deveres 
dela decorrentes. Dizer que porque não há 
litígio não há partes é desconhecer comezinha 
distinção dogmática. Parte em sentido 
substancial é a parte do litígio, enquanto que 
parte no sentido processual é o sujeito da 
relação jurídica processual; 
g) a redação do art. 1.111, CPC, ratifica a 
existência de coisa julgada quando afirma que 
tais decisões somente poderão ser 
modificadas por fato superveniente. Exemplo é 
o pedido de alteração de nome que pode, 
inicialmente, ser negado, mas, posteriormente, 
ser apresentado com base em fatos 
supervenientes. Assim, se há indiscutibilidade, 
para dentro e para fora do processo, há coisa 
julgada; 
h) outro argumento de que a decisão proferida 
em jurisdição voluntária se submete à coisa 
julgada material advém, por exemplo, da 
possibilidade de homologação de divórcio ou 
arrolamento consensuais em sede 
extrajudicial, desde que não haja interesse de 
incapazes (11.441/2007), pois o CNJ entendeu 
que a via extrajudicial é opcional (Resolução 
35/2007). Assim, a homologação judicial 
confere às partes a indiscutibilidade da 
decisão, a coisa julgada, algo além do que 
oferece o extrajudicial. 
 A jurisdição voluntária como atividade 
autônoma (natureza autônoma) é a menos 
aceita na doutrina. Trata da ideia de que a 
jurisdição voluntária não se enquadra nem 
como voluntária, nem como contenciosa, 
configurando como categoria autônoma. 
Comunga dessa ideia Alcalá-Zamora, 
destacando que a jurisdição voluntária nem é 
jurisdição, nem é voluntária, eis que não 
representa atividade de um órgão público para 
declarar o direito de uma parte em face de 
outra, e porque muitas vezes o interessado é 
obrigado a obedecer à decisão de autoridade. 
 
 
 
 
 
 
 
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13 
NOVO CPC 
 
LIVRO I – DAS NORMAS PROCESSUAIS 
CIVIS 
 
TÍTULO ÚNICO – DAS NORMAS 
FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS 
NORMAS PROCESSUAIS 
 
CAPÍTULO I – DAS NORMAS 
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL 
 
Art. 2º. O processo começa por iniciativa da 
parte e se desenvolve por impulso oficial, 
salvo as exceções previstas em lei. 
 
Art. 3º. Não se excluirá da apreciação 
jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da 
lei. 
§ 2º O Estado promoverá, sempre que 
possível, a solução consensual dos 
conflitos. 
§ 3º A conciliação, a mediação e outros 
métodos de solução consensual de 
conflitos deverão ser estimulados por 
juízes, advogados, defensores públicos e 
membros do Ministério Público, inclusive 
no curso do processo judicial. 
 
Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas 
normas processuais brasileiras, 
ressalvadas as disposições específicas 
previstas em tratados, convenções ou 
acordos internacionais de que o Brasil seja 
parte. 
 
Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos 
juízes e pelos tribunais em todo o território 
nacional, conforme as disposições deste 
Código. 
 
Art. 60. Se o imóvel se achar situado em 
mais de um Estado, comarca, seção ou 
subseção judiciária, a competência 
territorial do juízo prevento estender-se-á 
sobre a totalidade do imóvel. 
 
Art. 253. Nas comarcas contíguas de fácil 
comunicação e nas que se situem na 
mesma região metropolitana, o oficial de 
justiça poderá efetuar, em qualquer delas, 
citações, intimações, notificações, 
penhoras e quaisquer outros atos 
executivos. 
 
Art. 88. Nos procedimentos de jurisdição 
voluntária, as despesas serão adiantadas 
pelo requerente e rateadas entre os 
interessados. 
 
Art. 334. Incumbe ao réu, antes de discutir 
o mérito, alegar: 
(...) 
X – convenção de arbitragem 
(...) 
§5º Excetuada a convenção de arbitragem e 
a incompetência relativa, o juiz conhecerá 
 
 
 
 
 
 
 
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14 
de ofício das matérias enumeradas neste 
artigo. 
§6º A ausência de alegação da existência de 
convenção de arbitragem, na forma 
prevista neste Capítulo, implica aceitação 
da jurisdição estatal e renúncia ao juízo 
arbitral. 
 
Art. 482. O juiz não resolverá o mérito 
quando: 
(...) 
VII – acolher a alegação de existência de 
convenção de arbitragem ou quando o juízo 
arbitral reconhecer sua competência. 
 
 Art. 719. Quando este Código não 
estabelecer procedimento especial, regem 
os procedimentos de jurisdiçãovoluntária 
as disposições constantes desta Seção. 
 
Art. 720. O procedimento terá início por 
provocação do interessado, do Ministério 
Público ou da Defensoria Pública, cabendo-
lhes formular o pedido devidamente 
instruído com os documentos necessários 
e com a indicação da providência judicial.

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