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Resumo Processual Civil 1

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RESUMO: COMPETÊNCIA
A competência é a medida da jurisdição, o que delimita onde determinado órgão pode ou não exercer suas atribuições. Assim, podemos dizer que a jurisdição é uma e indivisível e que materializa-se pela competência, que nada mais é que a atribuição legal a qual um órgão estatal é investido para o exercício da jurisdição no caso concreto.
Segundo Liebman, chama-se competência a quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído a cada órgão ou grupo de órgãos.
Existem ações para as quais o juiz brasileiro tem jurisdição. Outras há, no entanto, que refogem ao âmbito da justiça brasileira. Dinamarco enumera três razões para que sejam estabelecidas regras de competência internacional, excluindo-se a jurisdição nacional para a apreciação de determinadas causas:
a) a impossibilidade ou grande dificuldade para cumprir em território estrangeiro certas decisões dos juízes nacionais;
b) a irrelevância de muitos conflitos em face dos interesses que ao Estado compete preservar.
c) a conveniência política de manter certos padrões de recíproco respeito em relação a outros estado.
A competência internacional é tratada nos artigos 88 a 90 do CPC; o artigo 88 trata da competência concorrente, ou seja, hipóteses em que a jurisdição civil brasileira poderá atuar sem prejuízos da competência as jurisdições estrangeiras; assim, há competência concorrente sempre que o réu for domiciliado no Brasil (independente de nacionalidade) no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação, bem como na hipótese da ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. O artigo 89 trata da competência exclusiva, ou seja, em que a autoridade judiciária brasileira é a única competente para apreciar e julgar as lides; a competência é exclusiva quando a ação versar sobre imóveis situados no Brasil, bem como proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.
A competência absoluta é a competência que não pode jamais ser modificada, é determinada segundo o interesse público (pelos critérios material, pessoal ou funcional), não podendo ser modificada pela vontade das partes em foro de eleição, nem por circunstâncias processuais. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício, independente da argüição da parte e pode ser alegada em qualquer fase do processo tanto pelo juiz como pelas partes (art. 113, CPC), o seu não cumprimento da norma gera nulidade absoluta. Na competência relativa, ao contrário da absoluta, o interesse privado prevalece, é fixada pelos critérios: territorial ou econômico; exceto no caso do CPC, artigo 95; a competência de juízo é sempre absoluta, como também a funcional e a territorial estabelecida com fundamento no artigo 95 (ações que versam direito real sobre bem imóvel). A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício, pois, trata-se de nulidade relativa, ou seja, que depende de argüição do réu que deverá alegá-la por meio de exceção (exceção de incompetência), no prazo de resposta. Se o réu não argüir a incompetência relativa no momento oportuno, ou seja, no prazo de resposta, prorroga-se a competência, de modo que o juízo tornar-se competente para o julgamento da lide.
Assim, absoluta é competência improrrogável (que não comporta modificação alguma) e relativa é a competência prorrogável (que, dentro de certos limites, pode ser modificada). E a locução prorrogação da competência, de uso comum na doutrina e na lei, dá a ideia da ampliação da esfera de competência de um órgão judiciário, o qual recebe um processo para a qual não seria normalmente competente.
CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO
A competência é definida pela lei, e por isto, sua fixação baseia-se em determinados critérios que são critérios determinativos da competência. Esses critérios determinam qual será o juízo competente para julgar a questão judicial.
São cinco os critérios para fixação da competência: material, pessoal, funcional, territorial e econômico.
– Critério Material (Ratione materiale)
A competência é fixada em razão da natureza da causa, ou seja, em razão da matéria que está sendo discutida no processo. Em decorrência desse critério surgem varas especializadas como varas criminais, cíveis, de família, de acidente do trabalho, etc. Por esse critério temos também as justiças especializadas: justiça eleitoral, militar, do trabalho, etc.
– Critério Pessoal (Ratione personae)
A competência é fixada em razão da condição ou da qualidade das pessoas do processo, pois determinadas pessoas têm o privilégio de serem julgadas por juízes especializados. Este privilégio não se dá por uma característica pessoal da parte e sim pelo interesse público que os agentes representam. Aqui não interessa a matéria, importa quem seja parte.
– Critério territorial (Ratione Loci)
A competência é fixada em razão da circunscrição territorial ou do território. É o critério que indica em qual a comarca ou a seção judiciária deverá ser ajuizada a ação. O foro comum é o do domicílio do réu, conforme art. 94, CPC. Os artigos 95 a 101, CPC estabelecem os foros especiais.
– Critério Funcional
A competência é fixada em razão da atividade ou função do órgão julgador.
– Critério econômico
A competência é fixada em razão do valor da causa, valor este que é atribuído na petição inicial.
MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA
Existem situações em que a competência é modificada (competência relativa), dentre as maneiras de operar-se este fenômeno temos a conexão e a continência. A primeira, prevista no artigo 103 do CPC, diz respeito à relação que se estabelece entre duas ou mais demandas. As ações têm três elementos identificadores: as partes, o pedido e a causa de pedir. Haverá conexão entre elas quanto tiverem o mesmo pedido ou causas de pedir (basta que as duas ações tenham em comum um dos dois elementos). Assim, para que não haja sentenças conflitantes reúnem-se as causas conexas, porém a reunião das causas é uma faculdade do juiz. O juiz pode de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, determiná-la para que a decisão seja proferida simultaneamente.
A continência, prevista no artigo 104 do CPC, também diz respeito a uma relação entre duas ou mais demandas, contudo, exige dois elementos comuns: partes iguais e causas de pedir, onde os pedidos sejam diferentes (do contrário haveria litispendência) onde um é mais abrangente que o de outro. Tal como ocorre com a conexão, na continência pode o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, determinar a reunião das ações propostas separadamente; para que a decisão seja proferida simultaneamente.
ÓRGÃO COMPETENTE PARA JULGAR CONFLITO DE COMPETÊNCIA
Quando a competência for absoluta, o juiz a examinará de ofício, naquilo que os alemães denominam “competência da competência”. Se ele verifica que não é competente para a demanda, determina a remessa dos autos ao foro ou juízo apropriados, sanando-se o vício. O mesmo não acontece com a incompetência relativa, porque o juiz não pode conhecê-la de ofício, mas apenas quando argüida pelo réu, em exceção, sob pena de prorrogação.
Assim, o conflito de competência ocorre quando dois ou mais juízes dão-se por competentes ou consideram-se incompetentes para uma determinada demanda. No primeiro caso haverá conflito positivo, e, no segundo, o negativo. De acordo com o artigo 116 do CPC, eles podem ser suscitados, por meio de petição instruída com os documentos pertinentes à prova do conflito em questão, por qualquer das partes, pelo MP ou pelo próprio juiz. O órgão competente para julgá-lo é o tribunal hierarquicamente superior aos dos juízes que se declararam competentes ou incompetentes para apreciação da lide. Se o conflito ocorrer entre o tribunal ou entre juízes de justiças diferentes ou entre juízes de grau inferior o Superior Tribunal de Justiça será o órgão competente para julgamento do conflito.
Uma vez suscitado o conflito de competência o andamento do processo será suspenso e somente serão resolvidas as medidas urgentes.
Após decisãodo conflito, os autos do processo serão remetidos para o juízo declarado competente pelo Tribunal.
Resumo sobre Litisconsórcio
A relação processual normalmente é composta pela relação entre autor, réu e juiz.
No entanto, Dinamarco diz que essa relação triangular é apenas a configuração mínima. Nada impede que se tenha uma configuração mais ampla. Nada impede que se tenha mais de um autor e|ou mais de um réu, ou então que terceiros intervenham nessa relação processual.
O fenômeno da pluralidade de partes, portanto, é caracterizado por 2 fenômenos: litisconsórcio e intervenção de terceiros.
O estudo do litisconsórcio é dividido em 3 partes:
- Conceito
- Classificação
- Dinâmica do litisconsórcio
Conceito de litisconsórcio:
É o fenômeno caracterizado pela presenta de mais de um autor, mais de um réu, ou ambos, na formação da relação processual.
Classificação do litisconsórcio:
1) Quanto à posição na relação processual:
Ativo: mais de um autor
Passivo: mais de um réu
Misto: mais de um autor e mais de um réu
2) Quanto à obrigatoriedade:
a) Litisconsórcio necessário:
É aquele que é obrigatório ser formado na relação processual.
Ele deve formar-se por 2 razões:
-> Por disposição de lei: a lei cria determinadas hipóteses em que o litisconsórcio deve se formar obrigatoriamente (Ex: art 10 do CPC: precisa da presença do cônjuge em ações de direito real imobiliário e nas ações possessórias nos casos de composse ou de atos por ambos praticados).
Ex: Ação de reintegração de posse do autor em face do réu casado. Há litisconsórcio necessário por disposição de lei, e o cônjuge do réu também deve estar no polo passivo.
Ex2: Ação de Usucapião de terras (Art 942 do CPC):  quando o possuidor de um imóvel pleiteia para si a propriedade do imóvel que esbulhou, o réu será o proprietário, mas o autor deverá também obrigatoriamente requerer a citação dos proprietários dos imóveis confinantes (os imóveis vizinhos).
-> Pela natureza da relação jurídica discutida no processo:
Existem determinadas relações jurídicas que, por sua natureza, exigem a formação do litisconsórcio.
Quando o processo discutir uma relação jurídica única, indivisível que não admite cisão, incindível, todos os sujeitos dessa RJ têm que fazer parte do processo.
Ex: Ação de anulação de casamento proposta pelo MP em face do marido e da mulher.
Esse litisconsórcio é necessário, ainda que não haja nenhuma lei exigindo, pois a relação jurídica discutida é o próprio casamento, logo deve haver a citação do marido e da mulher.
Ex2: Contrato de locação, em que há 2 locatários. O locador propõe uma ação revisional de aluguel para aumentar o valor da locação em virtude da valorização do imóvel. O locador necessariamente deverá requerer a citação dos 2 locatários, formando um litisconsórcio necessário, sem que haja disposição de lei, pois a relação jurídica é incindível.
Se, nesses casos, o autor ajuíza ação apenas em face de um dos réus, e não houver a intervenção do terceiro, a sentença não irá atingir a outra parte que não foi citada, pois ela não fez parte do devido processo legal, e a CF veda que alguém seja privado dos seus bens sem o devido processo legal. A sentença não pode produzir efeitos para fora do processo, e por isso exige-se a formação do litisconsórcio necessário.
Ex: Ação revisional proposta pelo locador em face de 1 locatário, sendo que havia outro no imóvel. O locador deveria ajuizar contra os 2 (litisconsórcio necessário), mas como só ajuizou contra 1, essa sentença não produzirá efeitos em relação ao locatário que não citado, em respeito ao princípio do devido processo legal.
Qual a consequência da não formação do litisconsórcio necessário?
Depende. Se o juiz descobriu que faltava o litisconsórcio necessário antes da sentença, ele deverá intimar o autor para que promova a citação de todos os litisconsórcios necessários (art 47, par único do CPC). Se o autor não o fizer, o juiz irá declarar a extinção do processo sem resolução de mérito por falta de condições da ação, por falta de legitimidade das partes (Súmula 631 do STF, art 267, VI). O supremo, no informativo 385, citou um único julgado que abriu um precedente para a citação de ofício. Foi um caso isolado.
OBS: Intervenção "iussu iudicis": É a possibilidade do juiz determinar a citação, de ofício, de terceiros para integrarem a relação processual. Esse fenômono está previsto no CPC italiano, mas NÃO é admitido no direito brasileiro, pois estaria violando a inércia da jurisdição.
Se descobriu que faltava o litisconsorte necessário só depois do trânsito em julgado da sentença, a consequência será a não produção de efeitos para o terceiro  que não foi citado. Para as partes (Ex: locador e locatário 1), como a relação jurídica é única e incindível, essa sentença também deverá ser ineficaz, pois a sentença tem que ser única pra todo mundo.
A ineficácia da sentença transitada em julgado em processo em que não houve a citação de todos os litisconsortes necessários é ABSOLUTA. Para que haja a produçao de efeitos, deverá ser proposta uma nova ação.
É possível a existência de litisconsórcio necessário ativo?
Ex: 2 locadores contra 1 locatário. Se os 2 locadores quiserem ajuizar, o litisconsórcio ativo é  facultativo e não tem problema. Se 1 locador quiser propor a ação e o outro não, como faz? Obriga-se os 2 em litisconsórcio ativo necessário? Um entra e o outro fica de fora?
Uma corrente diz que o direito de ação é voluntário, e portanto não se poderia obrigar o locador 2 que não quer a ser polo ativo.
Outra corrente diz que a necessidade do litisconsórcio no povo ativo dá-se para garantir o acesso à justiça da parte que quer entrar com a ação, uma vez que aquela ação jurídica seria indivisível.
Súmula 406 do TST: entendeu o tribunal que só há litisconsórcio necessário passivo, adotando a primeira corrente.
Nesse sentido, o locador que não quer litigar não precisa  ser litisconsorte.
Resp 1138103 -> O STJ entendeu, em 2011, no mesmo sentido.
No entanto, como se resolve o problema do indivíduo que quer entrar com a ação?
O entendimento é que se deve ajuizar a ação colocando o indivíduo que não quis entrar com a ação no polo passivo, como réu.
Ex: O locador 1 ajuiza ação contra o locatário e o locador 2, dizendo que este não quis entrar com a ação. Faz sentido pois o locador 2 e o locatário querem a mesma coisa: manter o valor do aluguel.
b) Litisconsórcio facultativo:
O litisconsórcio facultativo, ativo ou passivo, ocorre nas hipóteses do artigo 46:
Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito;
III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir;
IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.
O artigo 46, portanto, traz algumas hipóteses de cabimento do litisconsórcio facultativo:
- Quando houver comunhão de direitos entre as partes (Ex: 2 oficiais de justiça contra o Estado do RJ pleiteando um mesmo benefício). => litisconsórcio no polo ativo.
- Quando houver comunhão de obrigações entre as partes (Ex: consumidor ajuíza ação contra o fabricante e o revendedor). => litisconsórcio no polo passivo.
Nesses 2 casos,  as partes estão formulando o mesmo pedido.
- Quando os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito, ou seja, quando houver a mesma causa de pedir. (Ex: 2 pessoas pleiteiam reparação por danos materiais contra um motorista que causou um acidente a elas; os pedidos, que provavelmente serão diferentes, derivam do mesmo fato, que é o acidente).
- Quando houver conexão pelo objeto -> mesmo pedido.
- Quando houver conexão pela causa de pedir. -> mesma causa de pedir.
Essas 2 hipóteses lembram as 2 primeiras. Portanto, o inciso III = I + II.
- Quando houver afinidade-> a causa de pedir não é igual, mas semelhante. É a hipótese mais fraca de afinidade, pois nas outras há o mesmo pedido ou a mesma causa de pedir.
Ex:3 fazendas que destinam-se à atividade da pecuária, mas o pasto bom está só em uma delas, e os donos das outras fazendas ao lado começam a enviar o gado pra fazenda do cara com o pasto bom. O gado de cada uma das outras fazendas destruiu quantidade diferente de pastos da fazenda boa. O cara da fazenda com o pasto 2 ajuíza ação contra os outros 2 fazendeiros que lhe prejudicaram. O litisconsórcio aqui ocorre por um ponto comum de fato.
O objetivo do litisconsórcio facultativo é proporcionar celeridade e economia processual.
O artigo 46, parágrafo único, traz a hipótese do litisconsórcio multitudinário:
Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão.
O litisconórcio multitudinário só vale para litisconsórcio facultativo! Não vale para o necessário!
Ele ocorre para impedir que uma "multidão" de litisconsortes acabem prejudicando a celeridade e a economia do processo, indo justamente contra o objetivo do litisconsórcio.
Não vale para o necessário, pois ele é obrigatório pra todo mundo, ainda que isso gere um grande número de litigantes.
O juiz irá limitar esse litisconsórcio facultativo desmembrando esse processo em tantos quantos forem necessários. A lei não diz um número máximo de autores; tudo depende da análise do juiz no caso concreto.
Ex: ação proposta por 100 autores em face do réu (desabamento em um estádio de futebol) => 100 torcedores X clube de futebol -> o clube terá 15 dias pra contestar cada uma das 100 ações.
Se cada autor poderá arrolar até 10 testemunhas, pode ter até 1000 testemunhas pra serem ouvidas.
Diante da prova pré-constituída em relação a todos os Impetrantes, pelo reconhecimento administrativo, NÃO há que se falar em dificuldade carreada pelo número de litisconsortes, pois a matéria é somente de adequação da lei ao fato, e portanto não cabe o desmembramento.
Litisconsórcio unitário: a decisão no processo DEVE ser a mesma para todos os litisconsortes,
Litisconsórcio simples: a decisão PODE ser diferente para cada um dos litisconsortes. Ela pode ser igual ou diferente.
Segundo o que se desprende do artigo 47, todo litisconsórcio necessário é unitário, e a decisão deveria ser a mesma para todos os litisconsortes. Essa presunção, no entanto, é errada, ainda que de fato seja o que quase sempre acontece na prática (exemplo do casamento e dos locatários).
No entanto, como no caso de usucapião, a sentença dificilmente será  a mesma para todos os proprietários. Para o proprietário do imóvel usucapido, a sentença será "você perdeu o móvel", e para os proprietários do imóvel vizinho, a sentença apenas dirá  o limite de suas propriedade.
Portanto, nesse caso, o litisconsórcio é necessário e simples.
Litisconsórcio originário:
É aquele se forma no início do processo.
Litisconsórcio ulterior:
É aquele que se forma depois de instaurado o processo.
O litisconsórcio ulterior é inconstitucional?
Alguns argumentam que poderia violar o princípio do juiz natural, quando outras pessoas entram no polo ativo após o sorteio e a distribuição.
Mas existem casos em que não haveria discussão, quando por exemplo o autor morre e seus dois herdeiros assumem o polo passivo, formando um litisconsórcio ulterior.
O Superior Tribunal de Justiça entende que o litisconsórcio ulterior facultativo só é cabível se houver expressa permissão legal.
Dinâmica do litisconsórcio:
1) Duplicidade do prazo:
Os litisconsortes com procuradores diferentes terão prazo em dobro para a prática de todos os atos no processo.
OBS: Se for o mesmo advogado não haverá prazo em dobro, e esse advogado poderá fazer carga dos autos.
Questão:
Quando só um litisconsorte vai recorrer, ele terá prazo em dobro?
O entendimento é de que não
Súmula 641 do STF: não se conta em cobro o prazo para recorrer quando apenas um dos litisconsortes haja sucumbido.
Se um dos réus não contesta e é decretada a revelia, haverá prazo em dobro para o outro litisconsorte para a prática dos demais atos processuais?
O STJ entendeu que não, pois embora tenha 2 réus, apenas 1 deles estará praticando atos processuais.
2) Independência dos litisconsortes:
Os atos e as omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros, salvo disposição em contrário. Eles serão considerados litigantes distintos.
Exceção: atos que, quando praticados por um litisconsorte, atingem o outro.
Para tal, a doutrina criou a teoria das condutas determinantes e das condutas alternativas.
Conduta determinante: a parte está pedindo para si algo que lhe seja desfavorável, e nesse caso o juiz precisa conceder (Ex: renúncia ao direito, desistencia da ação, confissão etc).
Conduta alterativa: a parte está pedindo algo que lhe seja favorável, e o juiz pode dar ou não (Ex: quando contesta, quando recorre, quando pede a procedência do pedido como autor, quando pede a improcedência quando é réu etc).
Quando um litisconsorte praticar conduta determinante seu ato jamais atingirá o outro litisconsorte (Ex: se renuncia ao direito, renuncia sozinho; se confessa, confessa sozinho, não vale pro outro).
Quando um dos litisconsortes praticar conduta alternativa, aí depende. O ato atingirá os demais litisconsortes se tiverem o mesmo interesse. O ato não atingirá os demais se os interesses forem distintos.
Ex1: art 509 do CPC -> se o réu 1 apela e o réu 2 não apela, a apelação do réu 1 aproveitará o réu 2 se eles tiverem o mesmo interesse. Se os seus interesses forem opostos, a apelação de um não aproveitará o outro réu.
Ex2: art 320, I do CPC -> diz que não haverá presunção de veracidade decorrente da revelia se de dois ou mais réus, um deles contestar. Mas se os seus interesses forem distintos, esse efeito não se verificará.
OBS: A confissão no litisconsórcio simples só produz efeitos para a parte que confessou. No litisconsórcio necessário ela é tida como ineficaz.
Litisconsórcio eventual:
Cândido Dinamarco chama de litisconsórcio alternativo ou eventual aquele em que o autor, "estando em dúvida razoável sobre a identificação do sujeito legitimado passivamente, tem a faculdade de incluir dois ou mais réus em sua demanda, com o pedido de que a sentença se enderece a um ou outro conforme venha a resultar da instrução do processo e da convicção do juiz". Aponta como exemplo a ação de consignação em pagamento por dúvida quanto à titularidade do crédito.
Segundo Fredie Didier Jr, “no litisconsórcio eventual a procedência de um pedido implica a improcedência do outro".
Ex:  Ação de consignação em pagamento por dúvida quanto à titularidade do crédito.
Ex2: Mãe, em ação de investigação de paternidade, quando não sabe quem é o pai do bebê.
SUJEITOS DO PROCESSO. PARTES E DEVERES.
Partes processuais: são aqueles que pedem e aquelas contra quem se pede a tutela jurisdicional (conceito de José Miguel Garcia Merdina, CPC comentado, entre outros).
A relação processual compõe-se de no mínimo 3 pessoas: o autor, que formula o pedido; o réu, contra o qual o pedido se dirige; e o juiz, a quem se faz o pedido (Ovídio Batista da Silva, Curso de Processo Civil, vol. 1. No mesmo sentido Alexandre Freitas Câmara, Lições de Direito Processual Civil).
O juiz pode ser considerado como parte? Segundo doutrina majoritária, SIM, porém é considerado parte desinteressada.
A definição de parte não é mera teoria acadêmica. Tem importância eminentemente prática, pois o Código de Processo Civil faz uma distinções entre partes e terceiros quanto aos efeitos das decisões judiciais.
Existe processo sem autor? Excepcionalmente SIM. O antigo CPC autorizava ao juiz iniciar de ofício o inventário, caso as pessoas legitimadas não requererem no prazo legal (art. 989 do CPC). Háuma parcela da doutrina que diz que na hipótese do art. 989 do CPC, o juiz deveria provocar o Ministério Público para que ele proponha a abertura do inventário, mas de qualquer forma, o CPC permite que ele inicie de ofício o inventário. O novo CPC não autoriza mais a abertura de inventário de ofício, mas permite ao juiz que instaure de ofício o processo de restauração de autos, conforme art. 712.
Existe processo sem réu? Excepcionalmente, SIM. É o caso dos processos objetivos de controle de constitucionalidade (ADI, ADC e ADPF). Neles não há identificação de réus ou de partes contrárias. Os eventuais requerentes atuam no interesse da preservação da segurança jurídica e não na defesa de um interesse próprio. (STF, ADI 2982, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 22/09/2006).
Ademais, o CPC prevê que o indeferimento da petição inicial acarreta a extinção do processo sem resolução de mérito (art. 298), o mesmo acontecendo na hipótese de julgamento improcedente à prima facie (art. 285-A). Ora, se tais hipóteses importam na extinção do processo antes que o réu tenha sido citado, conclui-se que o processo pode existir sem réu. Ora, só pode-se extinguir algo que já existia, daí porque a citação não faz surgir a relação processual, mas apenas a complementa, nas hipóteses emq ue não for cabível a extinção liminar da demanda. Nessa linha é apossição de Daniel Assumpção Neves (tese da formação gradual do processo).
No processo, o autor e o réu são adversários, estando ali cada um defendendo o direito que acreditam que têm. Isso não importa em considerar autor e réu inimigos. O processo não é uma guerra. Aliás, nem sequer em uma guerra os país podem fazer o que bem entenderem. Existe um tratado internacional de guerra que prevê consequências (crimes de guerra) para os país signatários que desrespeitarem. Nem no dito “vale tudo” (evento de artes marciais mistas) valia, literalmente, tudo.
“Dado o seu caráter dialético, o processo civil se desenvolve como uma luta contínua entre as partes, à semelhança de uma batalha…mas, sendo o processo civil um instrumento que o Estado põe à disposição das partes para a atuação do direito, afigurou-se ao legislador moderno que os litigantes não poderiam servir-se dele, faltando à verdade, obrando com deslealdade e empregando artifícios fraudulentos. Tal comportamento não se compadece com os superiores interesses da administração da justiça” (Alfredo Buzaid, Estudos e Pareceres de Direito Processual Civil).
“O ordenamento jurídico brasileiro repele práticas incompatíveis com o postulado ético jurídico da lealdade processual. O processo não pode ser manipulado para viabilizar o abuso de direito, pois essa é uma idéia que se revela frontalmente contrária ao dever de probidade que se impõe à observância das partes. O litigante de má-fé – trate-se de parte pública ou de parte privada – deve ter a sua conduta sumariamente repelida pela atuação jurisdicional dos juízes e dos tribunais, que não podem tolerar o abuso processual como prática descaracterizadora da essência ética do processo.” (STF, AI 567171 Rel. Min. Celso de Mello, DJe 06/02/2009)
“Deve-se ter em conta que o acesso ao Judiciário não pode se dar de forma indiscriminada, tendo de ser conduzido com ética e lealdade…O dever de lealdade processual obriga a todos os agentes que influenciam na condução do processo: Magistrados, Membros do Ministério Público, Partes, Advogados, Peritos, Serventuários da Justiça e Testemunhas. O processo é instrumento de efetivação das normas, cuja finalidade primordial é a manutenção do equilíbrio social”.cabendo ao Magistrado competente verificar se os ditames do Princípio da Lealdade estão sendo observados por todos aqueles que participam do desenvolvimento processual. (STJ, AgRg no HC 167.006/SP, 5ª Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 31/05/2010).
NOVO CPC, art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:
I – expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II – não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são destituídas de fundamento;
Tendo o advogado da parte falecido em 14.5.2000, esta informação somente veio a juízo dez anos depois (em 11.5.2010), quando o recorrente – logo após publicada no Diário Oficial a sua condenação – protocolizou pedido de anulação do processo por afronta aos arts. 265 e 266 do CPC. As particularidades do caso concreto afastam a violação dos dispositivos legais suscitados diante da existência de liame de causalidade entre a nulidade impugnada e a omissão da parte que deveria informar a juízo o falecimento do seu procurador, conforme interpretação harmônica e sistêmica do ordenamento processual civil que estabelece às partes os deveres de lealdade processual e boa-fé (art. 14, II, do CPC). Nesse contexto, a anulação pleiteada não se coaduna com o princípio da razoável duração do processo, nos termos do art. 5º, LXXVIII, da Constituição da República. (STJ, REsp 1289312/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 26/06/2013).
4 – “O processo não é um jogo de esperteza, mas instrumento ético da jurisdição para efetivação dos direitos de cidadania.” (Resp 65906/DF, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA) 5 – O Código de Processo Civil (artigo 14, inciso II) impõe aos litigantes um comportamento regido pela lealdade e pela boa-fé, o que se traduz na obediência a um padrão de conduta que razoavelmente se espera de qualquer pessoa em uma relação jurídica impedindo a conduta abusiva e contrária à equidade.” (STJ, AgRg no REsp 709.372/RJ, 3ª Turma, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 03/06/2011).
III – não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa do direito;
IV – cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação.
V – declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva (inovação em relação ao CPC anterior).
VI – não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso.
§ 1º Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à dignidade da justiça.
§ 2º A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta.
§ 3º Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no § 2º será inscrita como dívida ativa da União ou do Estado após o trânsito em julgado da decisão que a fixou, e sua execução observará o procedimento da execução fiscal, revertendo-se aos fundos previstos no art. 97.
§ 4º A multa estabelecida no § 2º poderá ser fixada independentemente da incidência das previstas nos arts. 523, § 1º, e 536, § 1º.
§ 5º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa prevista no § 2º poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.
§ 6º Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do Ministério Público não se aplica o disposto nos §§ 2º a 5º, devendo eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará. (no CPC anterior, havia ressalva apenas em relação aos advogados que se sujeitam exclusivamente ao estatuto da OAB, embora já houvesse jurisprudência aplicando esse mesmo dispositivo aos advogados públicos – STF ADI n. 2652 e STF RCL n. 15680 – aos membros da Defensoria Pública e do Ministério Público).
“Os procuradores federais, muito embora exerçam atividades de advocacia, são, antes, servidores públicos, e nessa condição cometem ilícitos administrativos na conduçãoirregular de processos judiciais de interesse das entidades públicas, remanescendo, portanto, sujeitos ao poder disciplinar da Administração. Não se submetem exclusivamente ao regime da Lei 8.906/94, que trata do Estatuto da Advocacia.” (STJ, MS 8192 / DF, 3ª Seção, Rel. Min. DJ 26/06/2006 p. 113)
§ 7º Reconhecida violação ao disposto no inciso VI, o juiz determinará o restabelecimento do estado anterior, podendo, ainda, proibir a parte de falar nos autos até a purgação do atentado, sem prejuízo da aplicação do § 2º.
§ 8º O representante judicial da parte não pode ser compelido a cumprir decisão em seu lugar. (inovação em relação ao CPC anterior, embora já houvesse jurisprudência nesse sentido).
Art. 78. É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que participe do processo empregar expressões ofensivas nos escritos apresentados.
§ 1º Quando expressões ou condutas ofensivas forem manifestadas oral ou presencialmente, o juiz advertirá o ofensor de que não as deve usar ou repetir, sob pena de lhe ser cassada a palavra.
§ 2º De ofício ou a requerimento do ofendido, o juiz determinará que as expressões ofensivas sejam riscadas e, a requerimento do ofendido, determinará a expedição de certidão com inteiro teor das expressões ofensivas e a colocará à disposição da parte interessada.
“O ato do Juiz que manda riscar expressões injuriosas configura-se como despacho sem conteúdo decisório e, portanto, não comporta recurso. Precedentes.

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