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INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM O CUIDAR CUIDAR – DEFINIÇÃO O CUIDAR significa zelar pelo bem-estar ou pela saúde de; tratar da saúde de; ter cuidado; tratar da própria saúde ou zelar pelo próprio bem-estar. O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilidade e envolvimento afetivo com o ser cuidado. Cuidar é atuar sobre o poder de existir, é uma forma de promover a vida (Coliére, 1993). O CUIDAR EM ENFERMAGEM abrange os comportamentos e atitudes demonstradas nas ações que lhe são asseguradas por lei, e desenvolvidas com competência, no sentido de favorecer a manutenção ou melhoria da condição humana no processo de viver ou morrer. Estes comportamentos e atitudes considerados de cuidado são compostos por: respeito, gentileza, amabilidade, consideração, compaixão, disponibilidade, responsabilidade, interesse, segurança e oferecimento de apoio, confiança, conforto e solidariedade. Por competência entendem-se as qualidades necessárias ao desenvolvimento das atividades de enfermagem, ou seja, conhecimento, habilidades e destreza (agilidade) manual, criatividade, sensibilidade, pensamento crítico, julgamento e capacidade de tomada de decisão. O CUIDAR requer um mínimo de condições estruturais, ambientais e de recursos humanos para assegurar a confiabilidade e a credibilidade das ações, direcionados ao atendimento dos clientes em todos os níveis de assistência. O CUIDAR é uma atitude ética, em que seres humanos percebem e reconhecem os direitos uns dos outros. O CUIDAR envolve verdadeiramente uma ação interativa. Essa ação e esse comportamento baseiam- se nos valores e no conhecimento do ser que cuida para com o ser que é cuidado, que passa também a ser cuidador. Ou seja, o ser que precisa do cuidado, quando possível, participa ajudando-se, passando a ser responsável em certa medida, pelo seu próprio cuidado. CUIDADO O CUIDADO significa desvelo (solicitude), atenção, zelo, esmero, preocupação. O cuidado é o fenômeno resultante do processo de cuidar, que representa a forma como ocorre (ou deveria ocorrer) o encontro ou situação de cuidar entre o cuidador e o ser cuidado. Ou seja, é a ação de cuidar. O cuidado implica ajudar os outros, tentar promover o seu bem-estar e evitar que sofram de algum mal. O cuidado está presente em todos os seres vivos, às vezes de forma instintiva, como no pássaro que faz o seu ninho procurando escondê-lo sob os galhos da árvore, a fim de protegê-lo, ou na amamentação de filhotes. O cuidado é algo mais que um ato e uma atitude. O cuidado se encontra na raiz primeira do ser humano, antes que ele faça qualquer coisa. E, se fizer, ela sempre vem acompanhada e imbuída de cuidado. O CUIDADO HUMANO não é um ato único ou a soma de procedimentos técnicos, mas o resultado de um processo no qual se conjugam sentimentos, valores, atitudes e princípios científicos, com o objetivo de satisfazer os indivíduos nele relacionados. 2 “O cuidado humano é uma atitude em que seres humanos percebem e reconhecem os direitos uns dos outros. Pessoas se relacionam numa forma a promover o crescimento e o bem estar da outra”. (Waldow, 2001). Segundo Boff (2000): “O cuidado imprimiu sua marca registrada em cada porção, em cada dimensão e em cada dobra escondida do ser humano. Sem o cuidado o humano se faria inumano. Tudo o que vive precisa ser alimentado. Assim o cuidado, a essência da vida humana, precisa também ser continuamente alimentado”. Se não receber cuidado, desde o nascimento até a morte, o ser humano desestrutura-se, definha, perde o sentido e morre. Ao mesmo tempo, se ao longo da vida, não fizer com cuidado tudo o que empreender, acabará por prejudicar a si mesmo e por destruir o que estiver à sua volta. Por isso o cuidado deve ser entendido na linha da essência humana. O cuidado deve estar presente em tudo. Ou seja, o cuidado é a base que possibilita a existência humana enquanto humana. Neste contexto, o ser humano é um ser de cuidado, mais ainda, sua essência se encontra no cuidado. Colocar cuidado em tudo o que projeta e faz, eis a característica singular do ser humano. O cuidado envolve o amor, a justa medida (reconhecimento de seus limites e dos limites do outro), a ternura (carinho, meiguice), a carícia, a cordialidade, a convivência e a compaixão; a sinergia (ação simultânea), a hospitalidade, a cortesia e a gentileza. O AMOR é o sentimento que impele as pessoas ao que lhes imagina belo, digno ou grandioso. Afeição, grande amizade. Benevolência (boa vontade para com alguém, estima, afeto). Caridade (beneficência). É a expressão mais alta do cuidado. É a afeição por alguém a quem se quer bem; é viver em comunhão, em solidariedade com o outro. Cuida-se do que se ama e acredita-se que, ao cuidar, se aprende a ser mais amoroso. A TERNURA é o afeto, o carinho, a meiguice que demonstramos e aplicamos, implicando na união da razão e da intuição. A CARÍCIA é a demonstração física de afeto; afago, carinho. Constitui uma das expressões máximas do cuidado; é quando a pessoa humana revela, através da mão, um modo-de-ser carinhoso. A carícia torna-se essencial quando se transforma em uma atitude, em um modo de ser diferenciado: é a mão que toca, que afaga, que estabelece relação, que acalenta, que traz paz. A CORDIALIDADE é a afeição sincera. É a doçura, a serenidade e a franqueza no trato com as pessoas. A cordialidade é a capacidade de captar a dimensão de valor presente nas pessoas e nas coisas e, portanto, conseguir ver o seu real significado, para poder cuidar delas. Segundo Boff (2000): “Cordialidade significa então aquele modo de ser que descobre um coração palpitando em cada coisa, em cada pedra, em cada estrela e em cada pessoa. É aquela atitude tão bem retratada pelo Pequeno Príncipe: “só se vê bem com o coração”. O coração consegue ver além dos fatos (...). A cordialidade supõe a capacidade de sentir o coração do outro e o coração secreto de todas as coisas. A pessoa cordial ausculta, cola o ouvido à realidade, presta atenção e põe cuidado em todas as coisas”. A COMPAIXÃO é sentir pesar diante do sofrimento alheio; pena, piedade. A compaixão ocorre quando o ser humano renuncia ao ato de dominar, libertando-se do desejo de posse e de acumulação, para ter a capacidade de compartilhar com o outro, de buscar entendê-lo para proporcionar o cuidado. Trata-se de sair de seu próprio mundo e entrar no mundo do outro para sofrer com ele, alegrar-se com ele, caminhar junto com ele. Ou seja, o aspecto fundamental do cuidado é tentar compreender a 3 realidade do outro. Envolve sair da própria estrutura referencial e entrar na do outro; é colocar-se no lugar do outro. Quando percebemos a realidade do outro como uma possibilidade para nós, devemos agir para eliminar o intolerável, reduzir o sofrimento, preencher a necessidade. Todo cuidado representa um compromisso, pois ao decidir cuidar, ocorre envolvimento. É através do ato de cuidar que o ser se humaniza. O CUIDADO é também a ação imediata prestada pela enfermeira ou algum profissional de sua equipe, em curto espaço de tempo, desenvolvido em vários momentos, envolvendo segurança e competência, aliadas à tecnologia específica que a situação exige. O CLIENTE é aquele que sofreu uma violência ou acidente físico e/ou orgânico, necessitando, de forma urgente ou não, do cuidar/cuidado de enfermagem para o atendimento das suas necessidades humanas, a partir da prioridade de manter a vida, trazê-lo de volta à sua realidade ou dar condições para que ele morra com dignidade. Assim, o CUIDADO HUMANO NA ENFERMAGEM segundo estes conceitos, pode ser definido como um processo de interaçãona relação entre o ser que é cuidado e o ser que cuida, e não apenas a aplicação do conhecimento científico, da hierarquia baseada em valores de dominação ou em procedimentos puramente técnicos. Ou seja, todas as ações e atitudes do cuidar / cuidado de enfermagem devem estar calcadas no conhecimento, associado a um processo interativo, de ação conjunta, que se dá através de condições tais como disponibilidade, receptividade, intencionalidade (propósito), confiança, aceitação, promovendo o crescimento tanto do ser que cuida quanto do ser que é cuidado. Assim se estabelece a RELAÇÃO DE CUIDADO EM ENFERMAGEM, proporcionando uma assistência de enfermagem mais humanizada e eficaz. Segundo WALDOW (1999) “O cuidar parece deixar de ser um procedimento, uma intervenção para ser uma relação onde a ajuda é no sentido da qualidade do outro ser ou de vir a ser, respeitando-o, compreendendo-o, tocando-o de forma mais afetiva.” Dessa forma, o bom cuidador deve ter atributos indispensáveis como: interesse, respeito, paciência, solidariedade, conhecimento, competência, comprometimento e responsabilidade, e sempre ter consciência de que o cuidar deverá ser desenvolvido associando os seus próprios valores de vida- morte, saúde-doença, cuidado-cura, etc, com os valores do ser que recebe cuidados. OBJETIVOS DO CUIDAR O processo de cuidar envolve crescimento e ocorre independentemente da cura. É intencional e seus objetivos são vários, dependendo do momento, da situação e da experiência. Por ser um processo, não há preocupação com um fim. Os objetivos do cuidar envolvem, entre outros, aliviar, confortar, ajudar, favorecer, promover, restabelecer, restaurar, dar, fazer, etc. A cura pode ocorrer ou não, assim como a morte. O cuidado é imprescindível em todas as situações de enfermidades, incapacidades e durante o processo de morte. Na ausência de doença e no cotidiano dos seres humanos, o cuidado também é indispensável, tanto como uma forma de viver como de se relacionar. A ENFERMAGEM nada mais é do que a profissionalização da capacidade humana de cuidar, através da aquisição e aplicação dos conhecimentos, de atitudes e habilidades apropriadas aos papéis prescritos à enfermagem. O cuidar é a razão existencial da Enfermagem. Disciplina: Introdução à Enfermagem Prof. Marilia J. Pereira
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