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©2010 DCHL–UESB Saberes em persp. Jequié v.1 n.1 p. 95-100 set./dez. 2011 ISSN 2237-7891 PIAGET E VYGOTSKY: ENCONTROS E DESENCONTROS Jussara MIDLEJ, UESB # jumidlej@hotmail.com Resumo. Este trabalho compõe um artigo de revisão e apresenta, em seu cerne, resgates históricos das vidas de Jean Piaget e Lev Semenovich Vygotsky, permeados pelas convergências e semelhanças, encontros e desencontros entre suas experiências acadêmicas, ideias e obras e, estas, imbricadas com suas contribuições para a área da Psicologia da educação. Encontra-se em pauta, ao longo do texto, similitudes e diferenças entre as dimensões da abordagem histórico- cultural do psiquismo e o construtivismo piagetiano, presentes nas pesquisas e obras desses dois autores. Variados enfoques de seus estudos são discutidos dando- se destaque para os pressupostos básicos dessas correntes de pensamento ligadas às questões da aprendizagem e do caráter social dos processos de produção do conhecimento. Palavras-chave: Desenvolvimento. Aprendizagem. Cultura. Abstract. Piaget and Vygotsky: convergences and divergences. This work comprises a theoretical review and contains, at its core, historical rescues of the lives of Jean Piaget and Lev Semenovich Vygotsky, impregnated of agreements and disagreements between their academic experiences, ideas and works, embedded with their contributions in the field of psychology of education. The similarities and differences between the dimensions of the cultural-historical approach of the psyche, and the Piaget's constructivism, are highlighted along the paper. Various approaches of their studies are discussed, especially the basic # Pedagoga. Mestre em educação e Pesquisa (Université Du Québec à Chicoutimi); Doutora em Educação (Universidade Federal da Bahia); Professora adjunto da área de Psicologia – Departamento de Ciências Humanas e Letras, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Piaget e Vygotsky 98 ©2011 DCHL–UESB Sab. em perspec. Jequié v.1 n.1 p. 97-113 set../dez. 2011 assumptions of these schools of thought on issues of social learning and processes of knowledge production. Kaywords: Development. Learning. Culture. 1 Introdução A história da cultura do Ocidente demonstra que a educação esteve sempre vinculada à teoria filosófica elaborada no âmbito das Ciências Humanas, de um modo geral. Tal vinculação, nesse tempo presente, é cada vez mais forte a ponto de estarem, em muitos pontos, os postulados da Filosofia e da Psicologia inter-relacionados com os da Pedagogia. A consciência de que os vínculos entre os fundamentos e visões filosóficas e psicológicas com as intenções pedagógicas são relevantes e ampliam as possibilidades dos profissionais da educação pensar as teorias psicológicas. Estas, ao influenciarem as reformas educacionais, em diferentes lugares, são anunciadas como “[...] importantes estratégias pedagógicas para as mudanças que se faziam necessárias no âmbito escolar, em face das novas demandas sociais”. (MIRANDA, 2000, p. 25). Nesse sentido viu-se crescer no Brasil, especialmente na segunda metade da década de 90, o interesse pelas vidas, obras e elaborações teóricas de Jean Piaget e Lev Semenovich Vygotsky. Tendo nascido, ambos, em 1896 - com apenas três meses de diferença - em comum eles têm muitos interesses, a exemplo da gênese 1 dos processos psicológicos: ambos se perguntaram e desenvolveram pesquisas no sentido de desvelar como se dá o desenvolvimento psíquico do ser humano e como este constrói conhecimento. No decorrer de suas vidas acadêmicas sentiram necessidades de questionar certas correntes epistemológicas radicais que se apoiavam sobre uma concepção mecanicista da vida. Apesar de não serem psicólogos no sentido estrito da palavra, eles publicaram seus trabalhos mais relevantes na área de Psicologia entre as 1 É importante ressaltar que o termo gênese refere-se ao estudo da origem da formação dos caracteres psicológicos do ser humano, não estando associado a genes, à transmissão das características hereditárias nos indivíduos. Jussara Midlej 99 ©2011 DCHL–UESB Sab. em perspec. Jequié v.1 n.1 p. 97-113 set../dez. 2011 décadas de 20 e 30. Piaget pôde aprofundar e detalhar sua obra até 1980, enquanto Vygotsky morreu em 1934, aos 38 anos, num momento em que sua obra se encontrava em vias, ainda, de se fazer. Vygotsky leu e criticou os trabalhos de Piaget produzidos nos anos 20 (até prefaciou a edição russa de dois livros de Piaget – A linguagem e pensamento na criança e O raciocínio da criança). Este, só bem mais tarde veio a saber de Vygotsky. Em 1979, Piaget teceu comentários sobre as críticas recebidas, lamentando a falta de oportunidade para uma interlocução e dissolução de alguns equívocos. Ao adentrar por alguns pontos-chave de suas teorias busco identificar, a partir de suas vivências e trajetórias, a construção e a evolução de suas concepções de homem e de conhecimento na perspectiva “[...] de que o homem não pode ser compreendido senão pela referência histórica em que se encontra inserido”. (LOPES, 1999, p. 73). Ressalto, nos pressupostos destas, convergências, divergências e articulações entre suas ideias, além das ressonâncias conceituais de suas teorias. Particularmente aquelas que propiciam reflexões no campo da educação. 2 Jean Piaget: longevidade e estudos (1896/1980) Jean Piaget nasceu em Neuchâtel (Suíça) a 9 de agosto de 1896. Proveniente de uma família abastada e culta, ele foi uma criança precoce com interesse por questões científicas, já aos sete anos: sua primeira publicação deu-se aos 10 anos de idade e foi fruto de observações, num parque público, de um pardal parcialmente albino. Antes dos 21 anos de idade já havia publicado aproximadamente 25 trabalhos sobre moluscos e temas zoológicos. Na adolescência, as questões de caráter religioso chamaram-lhe a atenção e levaram-no a procurar respostas na Filosofia a partir da leitura de obras de Bergson. Graduou-se em Biologia em 1915 e doutorou-se em Ciências Naturais em 1918 com uma dissertação sobre moluscos. Por essa época, a formação típica de cientista levou-o a buscar um apoio experimental para suas especulações filosóficas a fim de construir uma epistemologia científica de base biológica. Em 1919 entrou em contato com vários Piaget e Vygotsky 100 ©2011 DCHL–UESB Sab. em perspec. Jequié v.1 n.1 p. 97-113 set../dez. 2011 laboratórios de Psicologia em Zurique e, posteriormente, em Paris, assistiu a cursos de Psicologia, Lógica e Filosofia das Ciências na Sorbonne. No período compreendido entre 1921 e 1925 Piaget dedicou-se a normatizar testes de raciocínio (testes de Burt) para algumas crianças em Paris. O que chamou a atenção dele não estava relacionado com a mensuração e sim com os erros cometidos por elas na solução de problemas. Seu foco de estudo voltou-se, desde o início, à pesquisa biológica e os interesses epistemológicos do sujeito. Mais precisamente “[...] para a compreensão da lógica subjacente ao erro e à interpretação do percurso intelectual da criança em relação ao seu desenvolvimento cognitivo global”. (AZENHA, 1993, p.9). A novidade estava, portanto, no fato de ele estar interessado no desenvolvimento da inteligência da criança e, a partir daí, elaborar uma epistemologia que seria amplamente explorada por ele no decorrer de toda a sua existência. A repercussão causada pelos trabalhos e publicações de Piaget foi surpreendente (os cinco primeiros livros foram publicados entre1923 e 1932 e obtiveram rápida e ampla difusão nos meios acadêmicos). O casamento com Valentine Châtenay – sua ex-aluna e colaboradora – ocorreu em 1923 e o nascimento de seus filhos Jacqueline (1925), Lucienne (1927) e Laurent (1931) permitiu que o casal, a partir destes, fizesse observações meticulosas e anotações sobre o desenvolvimento da inteligência e a construção da realidade pelos sujeitos. Entre 1929 e 1939, Piaget, lecionando História do pensamento científico, escreveu seus primeiros trabalhos sobre epistemologia genética, temática que será, a partir dali, o centro de sua teoria. Ele defendia a constituição de uma epistemologia livre de influências filosóficas ou ideológicas com o objetivo central de elucidar a atividade científica a partir de uma psicologia da inteligência. Orientado por uma perspectiva cognitivista-interacionista e por uma concepção biológica da evolução da espécie e das construções cognitivas, ele trata do sujeito epistêmico que constrói conhecimento interagindo com o meio e classifica a sua teoria como uma Teoria do Desenvolvimento. Assim, a segunda metade da década de 20 e a década de 30 foram importantes marcos na vida do pesquisador Piaget. Na década de Jussara Midlej 101 ©2011 DCHL–UESB Sab. em perspec. Jequié v.1 n.1 p. 97-113 set../dez. 2011 40 o rigor metodológico de suas pesquisas ampliou-se e ele pôde fazer, nos seus estudos, analogias entre as estruturas psíquicas perceptivas e as intelectuais. Em 1950, ele já havia publicado a Introdução à epistemologia genética e o Tratado de Lógica. Em 1955, ele fundou o Centro Internacional de Epistemologia Genética reunindo um grupo de cientistas para pesquisarem problemas epistemológicos, numa ótica interdisciplinar. Azenha, (1993, p. 14) afirma: A colaboração de outros pesquisadores, a exemplo de Alina Szeminska e Bärbel Inhelder permitiu grandes avanços na elaboração do substrato psicológico da teoria genética. Nos anos 60 e 70 dedicou-se, juntamente com seus colaboradores, a ampliar a dimensão construtivista de seu trabalho e escreveu muito. Data, inclusive, desse período, o seu livro Sabedoria e Ilusões da Filosofia onde comenta os elogios e as críticas que Vygotsky lhe fizera em 1932, fazendo- lhe referências elogiosas e à Psicologia russa em geral. Durante 50 anos Piaget construiu uma complexa teoria, da qual, geralmente apenas uma parte é divulgada - a que se refere aos estágios do processo cognitivo. Para ele, todo sistema vivo constitui-se de estruturas com diferentes possibilidades de equilíbrio. (LAGOA, 1996, p. 72). Os trabalhos de Piaget foram muito divulgados no Brasil nas décadas de 70/80. Graças aos estudos de uma ex-aluna, Emília Ferreiro, sua obra voltou a ser veiculada em maior profundidade, para “[...] além dos limites da apropriação ligeira da teoria dos estágios do processo cognitivo”. (LAGOA, 1996, p. 73). Após sua morte, em 1980, suas idéias passaram a ser cada vez mais estudadas e até reconceitualizadas; continuam inspirando inúmeros estudos no Centro de Epistemologia Genética de Genebra. 3 Lev Semenovich Vygotsky: vida curta e intensa (1896 / 1934) Nasceu a 17 de novembro de 1896 em Orcha (Belarus), uma pequena cidade provinciana, na Bielo-Rússia. Sua família, de origem judaica e numerosa (oito filhos), propiciou-lhe um ambiente bastante desafiador em termos intelectuais. Economicamente a família pertencia a uma faixa médio- alta de renda: seu pai, pessoa culta, atuava num Banco e numa companhia Piaget e Vygotsky 102 ©2011 DCHL–UESB Sab. em perspec. Jequié v.1 n.1 p. 97-113 set../dez. 2011 de seguros. Sua mãe, professora diplomada, dedicou-se a criar e orientar os filhos oferecendo-lhes um ambiente intelectual e instigante. Seu pai era um homem culto e rígido que valorizava os livros e a cultura. Neste ambiente, em Gomel, Vygotsky passou grande parte da vida em companhia de seus pais e seus sete irmãos. Sua educação, assim como a de seus irmãos, processou-se totalmente em casa, coordenada pela própria mãe, até os 15 anos, através de tutores particulares; seu contexto familiar era especialmente rico em informações e ele, desde cedo, se mostrou um estudante dedicado, curioso e ávido por aprender. Gostava muito de ler, chegou a estudar alemão, latim, hebraico, francês e inglês e apreciava os poemas e as peças teatrais. Vivia frequentemente em bibliotecas à cata de livros de literatura, artes e diversos campos do conhecimento, materiais em diferentes línguas, de diversas procedências. Seu percurso acadêmico foi marcado pelos estudos interdisciplinares (filólogo, semiólogo e pensador na área da Psicologia). Aos 17 anos completou o curso secundário num colégio privado em Gomel, tendo recebido medalha de ouro pelo seu desempenho escolar. Ainda assim, por ser judeu, Vygotsky teve inúmeras dificuldades de ingressar na Universidade (com as discriminações, apenas 3% das vagas podiam ser ocupadas por judeus). A despeito disso, de 1914 a 1917 estudou Medicina, Direito e Literatura na Universidade de Moscou. Nessa mesma época frequentou os cursos de História e Filosofia na Universidade Popular de Chaniavski, apesar de não haver recebido títulos acadêmicos por eles. A formação obtida nesse centro acadêmico ampliou seu crescente interesse em estudar a natureza humana e compreender o sujeito na sua historicidade. Assim, ele aprofundou estudos em Psicologia, Filosofia, Estética (principalmente em temas ligados ao campo da Arte) e Linguística (com ênfase no desenvolvimento humano e da consciência na história e na cultura). Em 1920 contraiu tuberculose e internou-se, pela primeira vez, num sanatório. A partir daí conviveu com a doença por 14 anos, até a sua morte. Vygotsky, já aos 21 anos, escrevia críticas literárias, lecionava Literatura e Psicologia e proferia palestras sobre temas ligados a estas áreas Jussara Midlej 103 ©2011 DCHL–UESB Sab. em perspec. Jequié v.1 n.1 p. 97-113 set../dez. 2011 em várias instituições - em especial no período compreendido entre 1917 e 1923, em Gomel. Mudando-se para Moscou ingressou no Instituto de Psicologia e, tempos depois, fundou o Instituto de Estudos de Deficiências, onde também pôde realizar e inúmeras pesquisas sobre deficientes físicos e mentais, além de escrever sobre elas. A partir de 1924 seu interesse voltou- se amplamente para a Psicologia Ministrou cursos de Psicologia e Pedagogia em Leningrado e, anos depois, na Ucrânia. Sua trajetória foi, desse modo, marcada pelas contingências individuais e históricas, as quais determinaram o traço sociocultural de sua obra. Casou-se em 1924, aos 28 anos de idade, com Roza Smekhova, com quem teve duas filhas. De 1925 a 1939 sete artigos de sua autoria foram publicados no ocidente: apesar da doença e das constantes hospitalizações, ele demonstrou um ritmo de produção intelectual muito intenso, auxiliado por alguns colaboradores, dentre os quais se destacam Alexander Luria e Alexei Leontiev.2 Como um verdadeiro mestre, Vygotsky viveu sua curta existência: além de ampliar continuamente seu campo de pesquisa, lecionava e intensificava suas leituras e escritas na liderança de um grupo de estudiosos. Dedicou-se intensamente à pesquisa do mecanismo de transformação das funções psicológicas naturais em funções superiores tais como: memorização lógica e ativa, pensamento abstrato, raciocínio dedutivo, capacidade de planejamento e compreensão da linguagem. (DANIELS, 1994). A sua produção intelectual foi excepcional e, talvez pelo medo diante de uma morte anunciada, desde o final da década de 20 foi abrindo muitas frentes de trabalho, fato que o obrigoua deixar muitas tarefas inconclusas: sua obra parece entrecortada, dizem alguns estudiosos. Já outros preferem classificá-la como não-fechada, sujeita, portanto a múltiplas interpretações e aplicações. Precocemente, morreu de tuberculose em 11 de julho de 1934, aos 38 anos de idade, em Moscou. Após a sua morte, ele teve a publicação de suas obras proibida na União Soviética no período de 1936 a 1956, devido à censura do totalitário regime stalinista. No Brasil só foi possível o contato 2 Aleksandr Romanovich Luria (1902-1977) e Aleksei Nokolaievich Leontiev (1903-1979) foram os principais colaboradores de Vygotsky, acompanhando-o até a sua morte. Após, eles aprofundaram suas ideias trazendo relevantes contribuições à teoria histórico-cultural e à obra iniciada por ele. Piaget e Vygotsky 104 ©2011 DCHL–UESB Sab. em perspec. Jequié v.1 n.1 p. 97-113 set../dez. 2011 com suas idéias a partir de 1984, data da publicação do livro "A formação social da mente". (REGO, 1995). 4 Algumas similitudes e diferenças entre a abordagem vigotskiniana do psiquismo e o construtivismo piagetiano A Psicologia, numa abordagem histórico-cultural foi elaborada por Lev Vygotsky e seus colaboradores tendo como pressuposto básico, Caracterizar os aspectos tipicamente humanos do comportamento e elaborar hipóteses de como essas características se formaram ao longo da história humana e de como se desenvolvem durante toda a vida de um indivíduo. (VYGOTSKY, 1991, p. 21). O interesse em compreender as relações entre os seres humanos e seu ambiente natural (físico e social) e examinar as consequências psicológicas desse relacionamento permeadas pelo uso da linguagem, levaram Vygotsky e os citados colaboradores a dedicarem alguns anos a um programa de pesquisa com crianças e indivíduos de diferentes culturas. Para Vygotsky o funcionamento psicológico apóia-se nas relações humanas e estas se desenvolvem no interior da cultura. Rego, (1995, p.26) estudiosa da vida e da obra dele afirma, de um modo pertinente: [...] um dos pontos centrais de sua teoria é que as funções psicológicas superiores são de origem sócio-cultural e emergem de processos psicológicos elementares, de origem biológica - estruturas orgânicas. Visto desse modo, Vygotsky é um cognitivista. Com uma diferença: a dimensão sócio-humanística, envolvendo a linguagem, amplia este cognitivismo. Assim, na sua abordagem histórico-cultural, enraizada no materialismo dialético, ele procurou compreender e explicar de que maneira se dá o reflexo do mundo externo no mundo interno, ou seja, como a natureza social das pessoas se torna igualmente sua natureza psicológica (através das relações entre pensamento e linguagem). Ele considera o desenvolvimento cognitivo como uma aquisição social e explicita a transformação dos processos psicológicos elementares em complexos por meio de recursos mediacionais nas dimensões individual e social do sujeito. De acordo com seus estudos: Jussara Midlej 105 ©2011 DCHL–UESB Sab. em perspec. Jequié v.1 n.1 p. 97-113 set../dez. 2011 Qualquer função no desenvolvimento cultural da criança aparece duas vezes, ou em dois planos. Primeiro, no plano social [...] entre as pessoas como categoria interpsicológica [...] e, em seguida, no plano psicológico., no interior da criança, como categoria intrapsicológica. [...] As relações sociais [...] embasam geneticamente todas as funções superiores e suas relações. (VYGOTSKY, 1991, p. 163). Portanto, na perspectiva vigotskiniana as funções psicológicas superiores são originárias do plano social – emergem do plano de ação entre sujeitos e internalizam-se constituindo o funcionamento interno do sujeito (há uma transformação de fenômeno social em fenômeno psicológico individual). Tal princípio está intrinsecamente relacionado à mediação simbólica ou semiótica, através da linguagem e se aplica também para a formação de conceitos e na incorporação da cultura. Assim, não apenas para Vygotsky, também para seus colaboradores a exemplo de Luria (1902 – 1977), Leontiev (1903-1979) e Bakhtin3 há uma relação dialética entre o homem e o mundo mediada pela linguagem de modo constitutivo, num processo interlocutivo; assim sendo, a atividade mental é histórica e dialogicamente construída. Para eles, o domínio de um sistema de signos produzidos cultural e socialmente transforma a consciência do sujeito acerca da realidade, provoca mudanças nos processos mentais, no seu psiquismo superior. Daí a importância do papel mediador do professor, transformando as atividades de ensino numa participação ativa do aluno, na qual ele passa de uma experiência social, eminentemente dialógica, a uma experiência pessoal, dando ao conhecimento um significado próprio. Para Vygotsky a cultura é encarada como fenômeno histórico e envolve produções humanas técnicas, artísticas, científicas. Jean Piaget, por sua vez, também se preocupou em explicar a sucessão de transformações ocorridas ao longo do desenvolvimento intelectual humano, caracterizando, no sujeito, as passagens de um estágio evolutivo menor para um plano superior. A identificação desses fatores e mecanismos de transformação com base na ação foi, para ele, a principal 3 Bakhtin, Vygotsky, Leontiev e Luria experienciaram o mesmo contexto histórico, o mesmo ambiente teórico-ideológico e suas idéias se aproximam, se assemelham e até se complementam, em muitos aspectos. As contribuições de Bakhtin estão centradas no fenômeno social da interação, do diálogo. A análise que fez da Psicologia está permeada por uma perspectiva semiótica e social, já que para este, a palavra está sempre carregada de um sentido ideológico ou vivencial. Piaget e Vygotsky 106 ©2011 DCHL–UESB Sab. em perspec. Jequié v.1 n.1 p. 97-113 set../dez. 2011 fonte de suas teorizações. No conceito piagetiano inexistem estruturas de poder, de classe, de exploração: é algo indiferenciado, que serve de referencial para a ação humana consciente, através de intermináveis ciclos de acomodação e assimilação. Estes, atingindo patamares cada vez mais complexos de pensamento, reorganizam-se e integram-se no que Piaget chamou de equilíbrio. Este processo impõe-se graças à maturação neurológica, às influências do meio e à capacidade seletiva e coordenadora do pensamento, sendo, portanto, mediatizada pelo sujeito. A assimilação, para Piaget é “o motor do ato cognitivo” e não se dá no vazio: ela é sempre assimilação do meio aos esquemas do sujeito (fenômeno da reação circular, complementado pela acomodação). Freitag (1996, p. 66) escreve com base em seus estudos que, a partir da década de 40 “[...] na construção do pensamento lógico-matemático, a dimensão social e linguística da obra de Piaget não está ausente, mas é relegada a segundo plano”. Registra-se uma presença da dimensão social na obra de Piaget datada principalmente dos trabalhos produzidos entre 1923 a 1945, quando ele afirma: É impossível negar [...] que a pressão do meio exterior desempenha um papel essencial no desenvolvimento da inteligência [...] de uma para outra fase, o papel da experiência, longe de diminuir [...] só faz aumentar de importância [...] Não só a experiência é tanto mais ativa e mais compreensiva quanto mais a inteligência amadurece, mas também „as coisas‟ sobre as quais ela se desenvolve nunca poderão ser concebidas independentemente da atividade do sujeito. (PIAGET, 1978, p. 67). Assim é que Piaget mencionou a questão social, no entanto não a incluiu no estudo da formação das estruturascognitivas. Para ele, a relação entre o sujeito que conhece e o ambiente – o objeto a ser conhecido – é uma relação dinâmica, em sentido sempre crescente de evolução qualitativa, da construção do conhecimento à construção da inteligência lógico-matemática. E esta relação se dá através da ação – física ou intelectual – do sujeito. A possibilidade de utilizar as estruturas lógicas conquistadas até então, de agir de forma ativa e inteligente sobre o meio, dá ao sujeito a vivência de uma interação, levando-o a elaborar e testar hipóteses/soluções, viver as contradições, aprender a pensar e se tornar cada vez mais capaz de conhecer. A construção do sujeito epistêmico requer, de acordo com seus estudos, um Jussara Midlej 107 ©2011 DCHL–UESB Sab. em perspec. Jequié v.1 n.1 p. 97-113 set../dez. 2011 longo e laborioso percurso. O sujeito da aprendizagem de Piaget constrói o conhecimento interagindo com o meio, “[...] mas paradoxalmente, esse meio não inclui a cultura, nem a história social dos Homens”. (FREITAS, 1994, p. 66). Pode-se deduzir, a partir disto, que é dado, na teoria piagetiana, um papel secundário aos aspectos sócio-culturais na constituição do sujeito epistêmico, em especial no sentido de não se levar em conta a sua historicidade. O meio piagetiano, composto por pessoas e objetos, serve de pano de fundo para a ocorrência de intermináveis processos de ação, de assimilação e acomodação cognitiva vinculadas ao afeto “[...] na incorporação, pelo sujeito, de elementos do mundo exterior às suas estruturas de conhecimento, aos seus esquemas sensório-motores ou conceituais”. (GIUSTA, 1985, p. 28). Ação, portanto, não significa para Piaget interação comunicativa, expressa comportamento inteligente do organismo e atividade deste sobre os objetos do meio (acomodação), mas significa ao mesmo tempo, a reconstrução (simbólica) do objeto no interior da estrutura cognitiva (assimilação). O meio é compreendido originalmente como o meio físico que cerca o organismo vivo. (FREITAG, 1996, p. 67). Piaget não dissocia, assim, a aquisição do conhecimento social da aquisição a respeito do ambiente físico, chegando a afirmar que este faz parte daquele, ou seja, o sujeito constitui com o meio uma totalidade, com a diferença que, para este a construção do conhecimento científico se dá de maneira sistemática, independente das influências político-ideológicas ou sócio-culturais desenvolvidas ao longo do tempo pela humanidade. O desenvolvimento cognitivo constitui-se como construção individual do conhecimento. Desse modo, para a Epistemologia Genética, de tradição piagetiana o fator sócio-cultural não tem a dimensão dada por Vygotsky - voltado às questões educacionais. Para este último autor, as estruturas do pensamento dos indivíduos modificam-se e essas mudanças encontram suas raízes na sociedade e na cultura; nos seus estudos, ele busca compreender de que maneira se dá o reflexo do mundo externo no mundo interno, enquanto Piaget procura entender as estruturas do pensamento a partir de mecanismos internos que as Piaget e Vygotsky 108 ©2011 DCHL–UESB Sab. em perspec. Jequié v.1 n.1 p. 97-113 set../dez. 2011 engendram colocando a afetividade como mola propulsora das ações para que o egocentrismo infantil seja ultrapassado, para que o pensamento da criança de torne lógico. Piaget (1967, p. 191) faz uma afirmação deveras esclarecedora sobre este aspecto social de sua teoria: A linguagem e o raciocínio são um produto das trocas interindividuais. Quando um indivíduo não pode inserir seu pensamento íntimo e sua afetividade nesse esquema, quando ele renuncia a pensar socialmente, o próprio fato deste isolamento retira do pensamento sua estrutura lógica. Dito desse modo compreende-se que o desenvolvimento da afetividade (simpatias, antipatias, sentimento de respeito, determinação ou vontade, entre outros) se dá de acordo com a formação do julgamento moral e seguindo os mesmos estágios do desenvolvimento cognitivo (a noção de estágio é central nas pesquisas piagetianas acerca do desenvolvimento cognitivo). Por seu turno, Vygotsky (1991, p.101) que leu e criticou os trabalhos de Piaget datados de 1923/1924 atentou para a presença do fator social contido na teoria piagetiana e comentou, de modo seguro, sobre isto: “Ele demonstrou que a cooperação fornece a base para o desenvolvimento do julgamento moral pela criança”. Assim, de acordo com o mais eminente representante da Epistemologia Genética o conhecimento, a moralidade, a sociabilidade e a afetividade alcançam novas estruturas dentro de uma equilibração majorante (mudanças sucessivas no sujeito, resultantes dos processos de assimilação e acomodação). O sujeito instável, precário, constituindo com o meio uma totalidade fica passível de desequilíbrios em função das perturbações desse meio. O desequilíbrio sendo o motor da evolução perturba o equilíbrio a fim de criar a reequilibração: um novo equilíbrio organizado num nível superior. Nas palavras do próprio Piaget (1977, p.13): “[...] sempre que surge o desequilíbrio, ele produz a força propulsora do desenvolvimento. Sem ele não haveria a „reequilibração crescente‟”. Dito de outro modo, o sujeito se reequilibra acionando os mecanismos de assimilação/acomodação crescentemente, em ações interiorizadas. Vygotsky e seus colaboradores, diferentemente de Piaget, afirmam que no desenvolvimento cultural da criança todas as funções aparecem duas Jussara Midlej 109 ©2011 DCHL–UESB Sab. em perspec. Jequié v.1 n.1 p. 97-113 set../dez. 2011 vezes: primeiro no nível social e depois no nível individual; inicialmente entre as pessoas (interpsicológica ou social) e depois no interior da criança - intrapsicológica ou pessoal. Ele coloca em destaque o lugar das interações sociais como espaço privilegiado de construção de sentidos, especialmente se houver a interação e intermediação do outro, afirmando: Não há necessidade de sublinhar que a característica essencial da aprendizagem é que dá lugar à área do desenvolvimento potencial, isto é, faz nascer, estimula e ativa, na criança, processos internos de desenvolvimento no quadro das interpelações com outros que, em seguida, são absorvidas, no curso do desenvolvimento interno, tornando-se aquisições próprias da criança [...]. (VYGOTSKY, 1991, p. 67). Ao não concordar com os conceitos piagetianos, a Escola Soviética afirma que as informações nunca são absorvidas pelo sujeito diretamente do meio. São sempre intermediadas, implícita ou explicitamente pelo outro – tais informações são então, reelaboradas numa espécie de linguagem interior, o que caracteriza a subjetividade do indivíduo. Para eles o meio social media o desenvolvimento do sujeito para além da idade. É o que os profissionais da educação chamam de socioconstrutivismo. Vê-se que, na abordagem sócio-histórica, é dada uma importância especial à escola: o aluno precisa do professor (mediador mais experiente) e dos colegas para exercer sua ação sobre o meio social e cultural sistematicamente. Numa relação dialética com estes (intervenção deliberada) ele é capaz de desenvolver e potencializar sua percepção, organizar os elementos percebidos, compreender o significado da atividade de perceber, agir, desenvolvendo funções psicológicas cada vez mais sofisticadas. Assim sendo, o uso da linguagem se constitui na condição mais importante do desenvolvimento das citadas funções. Uma das mais importantes dissensões entre a Psicologia Genética e a Sócio-histórica da Escola Soviética reside justamente nesse ponto, tratado acima: para a primeira, o desenvolvimento antecedea aprendizagem e vai se processando em estágios – é a dimensão construtivista piagetiana. Para a segunda, ao contrário, a aprendizagem antecede o desenvolvimento e não há estágios, há caminhos a serem percorridos em interações sociais com a mediação da linguagem, “[...] no plano intersubjetivo, ou seja, nas trocas do Piaget e Vygotsky 110 ©2011 DCHL–UESB Sab. em perspec. Jequié v.1 n.1 p. 97-113 set../dez. 2011 sujeito-outro / objeto social, que têm origem as funções mentais superiores”. (LEITE, 1991, p. 30). Quanto ao biólogo Piaget, apesar de não menosprezar o papel da linguagem na constituição das estruturas da inteligência, opõe-se à ideia de que esta, em geral, seja responsável pelo pensamento. Para ele é na ação da criança que está a origem da organização simbólica e das estruturas cognitivas superiores (estruturas lógicas). O citado autor (1967, p. 56) se reporta a isso: [...] tomar consciência de uma operação é efetivamente fazê-la passar do plano de ação para o da linguagem, e, portanto, reinventá-la na imaginação, para poder exprimi-la nas palavras. (PIAGET, 1967). Para Piaget o sujeito é fundamentalmente epistêmico, portanto da cognição: o conhecimento se dá num contexto de interação entre ele e o objeto (meio com o qual interage). Para Vygotsky o sujeito é social e, portanto, constituído na história e na cultura, residindo na linguagem a diferença crucial entre os modelos teóricos de ambos. A partir de seus estudos Vygotsky afirma que o aprendizado começa muito antes de a criança entrar para a escola, cabendo a esta o propiciamento de condições para o desenvolvimento do processo de percepção generalizante. Ele caracteriza dois tipos de conceitos: o cotidiano (formados em fase pré- escolar, na vivência direta com o objeto) e o científico (formados no contexto escolar), definindo que os cotidianos abrem caminho para os científicos e estes, por sua vez, abrem caminho para o desenvolvimento ascendente dos conceitos espontâneos. Assim, Apesar de diferentes, os dois tipos de conceitos estão intimamente relacionados e se influenciam mutuamente, pois fazem parte de um único processo: o desenvolvimento da formação de conceitos. (REGO, 1995, p. 43). Ao considerar a relação estreita entre aprendizado e desenvolvimento desde o primeiro dia de vida, Vygotsky propõe o conceito de níveis de desenvolvimento da aprendizagem. Assim, enquanto o nível de desenvolvimento real caracteriza o que o sujeito já domina, (certos ciclos de desenvolvimento já completados), o nível de desenvolvimento potencial Jussara Midlej 111 ©2011 DCHL–UESB Sab. em perspec. Jequié v.1 n.1 p. 97-113 set../dez. 2011 caracteriza-o prospectivamente; a zona de desenvolvimento proximal define as funções que estão em processo de maturação. Nesse sentido, aquilo que é zona de desenvolvimento proximal hoje, com uma mediação adequada, será nível de desenvolvimento real amanhã: problemas hoje resolvidos, pelo sujeito, em situação de cooperação, poderão ser solucionados, amanhã, por ele sozinho. Com isso, Vygotsky demonstra não ignorar as definições biológicas da espécie humana; no entanto, atribui maior importância à dimensão social. Acerca disso, o citado autor (1991, p.101) afirma: O bom aprendizado é somente aquele que se adianta ao desenvolvimento [...] e o fato dele criar a zona de desenvolvimento proximal [...] desperta vários processos internos de desenvolvimento que são capazes de operar somente quando a criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em cooperação com seus companheiros. Nessa perspectiva teórica, o meio social e histórico-cultural tem um papel de formador das funções psicológicas cabendo, na escola, ao professor, (em tese, o mais experiente) e aos alunos mais capazes, atuarem como mediadores entre o indivíduo e os objetos culturais. Tal descompasso, entre os dois grandes estudiosos, deve-se, em parte, ao fato de que eles jamais se encontraram: como já foi dito anteriormente, Vygotsky leu e criticou os trabalhos de Piaget datados de uma época remota. Piaget, só muito tempo depois teve acesso aos escritos de Vygotsky. Em 1979, Piaget teve oportunidade de tecer comentários sobre as observações críticas deste sobre sua obra4, procurando discutir se ainda se justificavam tais críticas, à luz dos seus trabalhos posteriores à época em que foram lidos e analisados. Sobre isto, ele escreve: Não é sem tristeza que um autor descobre, 25 anos após sua publicação, a obra de um colega, morto nesse ínterim, quando ela contém, para ele, tantos pontos de interesse imediato, os quais teriam podido discutir pessoalmente e detalhadamente [...] ao ler seu livro hoje, isto me desagrada profundamente, porque poderíamos ter-nos entendido sobre muitos pontos (PIAGET, sd, apud GIUSTA, 1990, p. 69). 4 Na segunda parte da sua obra A formação social da mente, Vygotsky (1991, p. 90) refere- se “[... ] aos princípios teóricos extremamente complexos e interessantes de Piaget [...]” os quais determinam a metodologia experimental que ele emprega. Ao mesmo tempo, o citado autor comenta e rejeita a abordagem de Piaget de que o aprendizado segue a trilha do desenvolvimento, contrapondo-se a ela de modo claro e elegante. Piaget e Vygotsky 112 ©2011 DCHL–UESB Sab. em perspec. Jequié v.1 n.1 p. 97-113 set../dez. 2011 Ainda assim, muitos autores, estudiosos das abordagens teóricas de ambos, encontram “[...] alguns pontos em comum entre os dois autores especialmente no que diz respeito ao aprendiz não estar sob o controle do professor, sendo ele ativo e interativo na aprendizagem”. (LEITE, 1991, p. 57). Finalmente, pode-se afirmar que, apesar das inúmeras divergências entre as perspectivas teóricas dos pesquisadores em foco, o fato é que ambos se afastam, de modos radicais, do empirismo e do behaviorismo clássicos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZENHA, M. da G. Construtivismo. De Piaget a Emília Ferreiro. São Paulo: Ática, 1993. COLL, C. et all. O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 1996. DANIELS, H. (Org.). Vygotsky em foco: pressupostos e desdobramentos. Campinas: Papirus, 1994. FREIRE, P. Relendo o papel do educador Revista Dois Pontos. Volume 3, p. 122-126, 1996. FREITAG, F. Um psicólogo lê Piaget: as confusões conceituais de Fernando Becker. 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