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Economia Irma Filomena Lobosco Adaptada/Revisada por Alberto dos Santos e Zulmira Silva (setembro/2012) APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Economia, parte in- tegrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apre- sentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ....................................................................................................... 7 1.1 Conceitos de Economia .................................................................................................................................................8 1.2 Classificação dos Bens ...................................................................................................................................................9 1.3 A Economia como Ciência Social ...........................................................................................................................10 1.4 A Economia e suas Relações .....................................................................................................................................11 1.5 O Problema Econômico .............................................................................................................................................12 1.6 Sistemas Econômicos ..................................................................................................................................................13 1.7 Recursos ou Fatores (Meios) de Produção ..........................................................................................................16 1.8 O Princípio do Custo de Oportunidade ...............................................................................................................19 1.9 Riqueza, Utilidade e Valor ..........................................................................................................................................20 1.10 Bens e Serviços ............................................................................................................................................................20 1.11 Setores Econômicos ..................................................................................................................................................20 1.12 Divisão da Economia ................................................................................................................................................21 1.13 Método ...........................................................................................................................................................................21 1.14 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................22 1.15 Atividades Propostas ................................................................................................................................................22 2 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO .................................................................. 23 2.1 Antiguidade ....................................................................................................................................................................24 2.2 Mercantilismo ................................................................................................................................................................24 2.3 Fisiocracia ........................................................................................................................................................................25 2.4 Os Clássicos .....................................................................................................................................................................25 2.5 Teoria Neoclássica ........................................................................................................................................................27 2.6 A Era Keynesiana ...........................................................................................................................................................27 2.7 O Período Recente ........................................................................................................................................................28 2.8 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................29 2.9 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................29 3 MICROECONOMIA .............................................................................................................................. 31 3.1 Pressupostos Básicos da Análise Microeconômica ..........................................................................................32 3.2 As Tarefas do Sistema de Mercado .........................................................................................................................35 3.3 Como o Mercado Funciona.......................................................................................................................................36 3.4 Produção ..........................................................................................................................................................................36 3.5 Os Setores de Produção .............................................................................................................................................37 3.6 Possibilidade de Produção ........................................................................................................................................37 3.7 Os Fatores de Produção .............................................................................................................................................37 3.8 A Produção do Capital ................................................................................................................................................39 3.9 Os Dois Mercados .........................................................................................................................................................39 3.10 Demanda, Oferta e Equilíbrio ................................................................................................................................40 3.11 Oferta ..............................................................................................................................................................................44 3.12 Equilíbrio de Mercado ..............................................................................................................................................453.13 Elasticidades .................................................................................................................................................................46 3.14 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................47 3.15 Atividades Propostas ................................................................................................................................................47 4 TEORIA DA PRODUÇÃO .................................................................................................................. 49 4.1 O Modelo Básico ...........................................................................................................................................................50 4.2 A Lei dos Rendimentos Decrescentes ...................................................................................................................51 4.3 Os Rendimentos da Firma .........................................................................................................................................52 4.4 Produtividade ................................................................................................................................................................52 4.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................54 4.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................54 5 MERCADO DE TRABALHO ............................................................................................................. 55 5.1 História do Trabalho ....................................................................................................................................................55 5.2 Mercado de Trabalho ..................................................................................................................................................56 5.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................58 5.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................59 6 FUNDAMENTOS DA MACROECONOMIA ........................................................................... 61 6.1 Principais Índices que Acompanham os Preços ...............................................................................................69 6.2 O Balanço de Pagamentos ........................................................................................................................................70 6.3 Políticas Econômicas ...................................................................................................................................................72 6.4 A Inserção do Brasil na Economia Mundial .........................................................................................................74 6.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................74 6.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................75 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 77 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 79 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO A Economia cada vez mais vai se firmando como uma ciência imprescindível para o mundo dos ne- gócios, não só internamente em cada país, como externamente, pois os países, com a abertura econômi- ca do mundo em seguida à liberalização do movimento de capitais, ficam expostos a decisões tomadas por agentes econômicos internacionais. A estrutura da apostila baseia-se no problema da escassez, a fim de estudar a oferta e a procura de produtos e, a partir desse instrumental, abordar a microeconomia ou teoria dos preços/economia da empresa, analisando a demanda, a oferta, as estruturas de mercado, a teoria da produção e fatores de produção. A teoria macroeconômica, em âmbito nacional, propõe aos governos o estudo das variáveis ma- croeconômicas, e, ainda, fornece ferramentas para a análise do comportamento da Economia como um todo. O presente material foi desenvolvido para a modalidade do Ensino a Distância (EaD) e seu uso será de grande valia no decorrer das aulas do curso. Tem como objetivos gerais: propiciar a análise dos conceitos de oferta e demanda, entender a fun- cionalidade da atividade econômica, sua abrangência e limitações, entender a interação das complexas variáveis da atividade econômica, e identificar a economia no que tange ao mercado de trabalho e prin- cipais variáveis macroeconômicas. Ao final de cada capítulo, leia com atenção os enunciados e responda às questões propostas. Essas questões objetivam auxiliá-lo(a) na aprendizagem. Primeiramente, responda a todas as questões e so- mente ao final verifique as suas respostas, relacionando-as com as respostas e comentários do professor, ao final desta apostila. Irma Filomena Lobosco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, trataremos dos conceitos da ciência econômica. Vamos iniciar a discussão? Analisando o cotidiano, facilmente você identificará inúmeras questões econômicas, como, os exemplos a seguir de autores da área: aumentos de preços nos alimentos, planos de saúde, aluguel da casa etc.; inflação e deflação; anúncios de períodos de crise econô- mica ou de crescimento; desemprego; setores que crescem mais do que ou- tros, como a indústria automobilística e a indústria da construção civil; diferenças salariais, dissídios coletivos, greves; crises no balanço de pagamentos: dívi- da interna e dívida externa; valorização ou desvalorização da taxa de câmbio: importação e exportação; ociosidade em alguns setores de ativi- dade; diferença de renda entre as várias re- giões do país: Norte, Nordeste, Sudeste etc.; taxas de juros para financiamentos de capital; déficit governamental; elevação de impostos e tarifas públicas. Os indivíduos discutem tais temas com em- pirismo, ou seja, pela experiência de cada um e formam suas opiniões sobre como o Estado deve tomar medidas para resolvê-los. Um estudante de Economia, de Direito ou de outra área pode vir a ocupar um cargo de responsabilidade em uma empresa ou na própria administração pública e necessitará de conhecimentos teóricos mais sóli- dos para poder analisar os problemas econômi- cos que nos rodeiam no dia a dia (VASCONCEL- LOS; GARCIA, 2010). Todo indivíduo tem algum conhecimento sobre Economia e este conhecimento pode ser útil, porém um conhecimento insuficiente pode ser perigoso. Com a estabilidade da economia após o controle da inflação na década de 1990, o cená- rio empresarial brasileiro mudou. Os empresários que não atentaram para a modernização dos pro- cessos de produção e de seus produtos, controle de custos e maximização dos lucros foram pegos de surpresa. Da mesma forma que um profissional que tenha realizado vários negócios envolvendo con- tratos trabalhistas, com sucesso, pode considerar- -se um perito na economia dos salários ou que um administrador de empresa que tenha enfrentado o controledos custos de sua empresa pode consi- derar que seu ponto de vista sobre o controle de preços é a última palavra, um profissional do mer- cado financeiro que negocia ações pode concluir que sabe tudo a respeito de economia financeira. Nesse sentido, chamo a atenção sobre o fato de que os eventos econômicos estão presen- tes no nosso dia a dia, são divulgados na mídia: jornais, revistas, noticiário da televisão, rádio etc. e precisamos entender seus impactos para poder controlar as consequências. Irma Filomena Lobosco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 A esse respeito, Guimarães e Gonçalves (2010, p. 1) argumentam que: Entendendo o funcionamento da econo- mia, somos capazes de julgar se o gover- no deve intervir ou não nas mais variadas situações, e de compreender os princípios básicos que devem nortear as decisões sobre políticas públicas. Deve o governo interferir nos impactos sobre o preço do ouro de uma charge ofensiva a Maomé feita por um cartunista dinamarquês? Deve o governo cobrar pedágio a fim de reduzir o congestionamento nas ruas das grandes cidades? Quais são exatamente os custos da intervenção do governo? O entendimento da economia nos auxilia a pensar sobre questões desse tipo. Podemos, assim, concluir que cada pessoa tende, naturalmente, a julgar um fato econômico pelo seu efeito imediato sobre ela. 1.1 Conceitos de Economia Podemos explicar o que é Economia anali- sando o significado do verbo ‘economizar’ ou da expressão ‘fazer economia’. Economizar significa evitar gastar inutilmente e guardar para futuras necessidades; sempre procuramos economizar o nosso dinheiro, reservando uma parte para uma situação de emergência. Segundo Vasconcellos e Garcia (2010, p. 2): “A palavra economia deriva do grego oikonomos (de oikos, casa, e nomos, lei), que significa a admi- nistração de uma casa, ou do Estado.” Ainda segundo os autores, pode ser assim definida: Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produti- vos escassos na produção de bens e ser- viços, de modo a distribuí-los entre as vá- rias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2010, p. 2). Essa definição contém vários conceitos im- portantes, que são a base e o objeto do estudo da ciência econômica, que estuda a produção, a cir- culação, a distribuição e o consumo, quais sejam: Escolha: decisões das pessoas sobre consumir, trabalhar, poupar, estudar; as decisões das empresas sobre produzir, contratar trabalhadores, investir; e até as decisões dos nossos governantes. Afinal, por trás de tudo o que observa- mos na economia e na sociedade estão os atos e as escolhas individuais (GUI- MARÃES; GONÇALVES, 2010); Bem: é tudo aquilo capaz de atender a uma necessidade humana. Pode ser material ou imaterial (PINHO; VASCON- CELLOS, 2011); Escassez: produzir o máximo de bens e serviços com os recursos escassos dis- poníveis a cada sociedade (PINHO; VAS- CONCELLOS, 2011); Necessidade humana: qualquer ma- nifestação de desejo que envolva a es- colha de um bem econômico capaz de contribuir para a sobrevivência ou para a realização social do indivíduo (PINHO; VASCONCELLOS, 2011); Recursos: são os meios materiais ou imateriais que permitem satisfazer cer- tas necessidades. Mão de obra, recursos naturais/terra, capital, capacidade em- presarial (ECONOMIANET, 2011); Produção: criação de um bem ou de um serviço adequado para a satisfação de uma necessidade (ECONOMIANET, 2011); Economia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 Distribuição: é a maneira como a pro- dução ou a renda total é distribuída en- tre os indivíduos ou entre os fatores de produção (ECONOMIANET, 2011). Ainda está para ser elaborada uma defini- ção definitiva sobre Economia. Muitas têm sido propostas e discutidas. De acordo com Mochón (2004, p. 9), “a economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o ob- jetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros da socieda- de” ou, então, “economia é a ciência que estuda a produção, a circulação, a distribuição e o con- sumo”. Economia é o estudo das leis econômicas indicadoras do caminho que devemos seguir a fim de aumentarmos a produtividade, melhoran- do o padrão de vida das populações com o cor- reto emprego dos recursos (SAMUELSON, 1975). A Economia só surgiu como ciência a partir do século XVIII, quando foram feitas grandes des- cobertas técnicas e científicas que modificaram radicalmente o modo de produzir dos povos (Re- volução Industrial). Desde então, a Economia foi se tornando cada vez mais importante (GUIMA- RÃES, 1993). Ela trata do bem-estar do homem e os ele- mentos-chave da atividade econômica são: (a) os recursos produtivos (R); (b) as técnicas de pro- dução (que transformam os recursos em bens e serviços – BS); (c) as necessidades humanas (NH) (MENDES, 2005). Tem-se: R → BS → NH Portanto, podemos afirmar que a função da Economia como um todo é descrever, analisar, ex- plicar e correlacionar o comportamento da pro- dução, do desemprego, dos preços e dos fenôme- nos semelhantes. AtençãoAtenção A Economia estuda a maneira como os homens e as sociedades decidem, com ou sem utilização do dinheiro, empregar re- cursos produtivos escassos! 1.2 Classificação dos Bens Tudo que é raro em relação às necessidades individuais ou coletivas deve ser economizado. Assim, tudo aquilo que é raro é um bem econô- mico e tudo aquilo cuja abundância supera nos- sas necessidades não é um bem econômico. O ar que respiramos, a areia do deserto, a água do mar e muitos outros bens não podem ser classificados como bens econômicos. São classificados como bens livres. A principal característica dos bens econômicos é sua carência, isto é, existem em menor quantidade do que as necessidades. Devido a essa característica, os bens econô- micos devem ser racionados. Isso pode ser feito através de um sistema de repartição autoritária ou – o que é mais frequente – cobrando-se um preço daqueles que desejam tais bens. Devido à sua carência, os bens econômicos devem, geralmente, ser produzidos, quando en- tão tomam a forma de serviços ou de bens ma- teriais: o vendedor que realiza a venda de um de- terminado produto (mercadoria) na loja participa na produção do bem econômico, assim como o operário que trabalhou na sua produção. Fabricar algo, transpor e vendê-lo, ministrar uma aula, cortar o cabelo, entregar uma carta, tudo isso e mais uma infinidade de outras ativida- des são atos de produção. Quem realiza atos de produção realiza uma atividade econômica. Irma Filomena Lobosco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 A Economia como ciência social trata dos diferentes aspectos do comportamento humano que são ocupados pelas ciências so- ciais, podendo ser caracterizados como ciên- cias do comportamento ou ciências humanas. Elas compreendem áreas distintas, diferenciando, por sua natureza, os vários aspectos da ação do homem com o qual cada uma delas se envolve. Em qualquer sociedade, os recursos ou fa- tores de produção são escassos; contudo, as ne- cessidades humanas são ilimitadas e sempre se renovam. Isso obriga a sociedade a escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos re- sultados da atividade produtiva aos vários grupos da sociedade. Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem empre- gar os recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, de forma a satisfazer as necessidades humanas. Consideradas elementos-chave da ativida-de econômica, as necessidades humanas se cons- tituem na razão de ser (na força motivadora) da atividade econômica. Os desejos dos serem hu- manos são ilimitados. As diferentes necessidades humanas são, geralmente, agrupadas da seguinte forma: 1. fisiológicas: são as necessidades bá- sicas da vida: água, comida, abrigo, ar, vestuário, descanso etc.; 2. segurança: as pessoas desejam estar, na medida do possível, seguras de que no futuro não lhes faltarão meios de sa- tisfazer suas necessidades básicas. Ne- cessitam, também, sentirem-se seguras quanto ao respeito e à estima dos de- mais. No trabalho, as pessoas sentem necessidade de segurança quanto ao seu emprego, isto é, desejam ter certa garantia de que não serão dispensadas a qualquer momento; 1.3 A Economia como Ciência Social 3. sociais: consistem no desejo, que to- dos sentem, de participar de vários grupos e de ser aceito por eles. Alguns desses grupos são: o familiar, grupos de escola, companheiros de trabalho; 4. estima: o indivíduo deseja ser mais do que um membro do seu grupo; neces- sita de estima, afeto, amor, valorização e reconhecimento. A satisfação das necessidades de estima provoca senti- mentos de autoconfiança; 5. autorrealização: está ligada ao desejo do ser humano de desenvolver e usar sua capacidade, suas aptidões e habili- dades, bem como de realizar seus pla- nos. Pensando e observando a vida das pessoas, percebemos facilmente que as necessidades hu- manas são limitadas quanto ao número. Logo que alguém consegue dinheiro para saciar sua fome e para vestir-se, já pensa em adquirir sua casa pró- pria. Quando já tem a casa, quer decorá-la da me- lhor maneira possível. Depois, surge a necessida- de de convidar os amigos para conhecer a casa e ouvir os últimos CDs adquiridos. À medida que vão se satisfazendo as ne- cessidades, outras vão surgindo: carros, viagens, cursos, roupas da moda, emprego melhor e assim por diante. Economia Positiva e Economia Normativa Toda ciência deve seguir critérios para que possa ser considerada aceitável na comunidade científica. Assim, a teoria econômica, que apre- senta um grande desenvolvimento nos últimos séculos, necessidade de ferramentas para sua análise. Economia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 De acordo com Vasconcellos (2002, p. 32): a teoria econômica utiliza-se de argu- mentos positivos (economia positiva) e argumentos normativos (economia nor- mativa). A economia normativa contém um juízo de valor, subjetivo, e a economia positiva é o conjunto de conhecimentos objetivos, que respeita todos os cânones científicos. Quando se diz que deveria ocorrer uma me- lhoria na distribuição de renda, expressa-se um juízo de valor, pois é uma crença que é uma coi- sa boa ou má. Esse exemplo é um argumento da economia normativa. Já a economia positiva au- xiliará a identificar o instrumento de política eco- nômica adequado à diminuição da concentração de renda, como, por exemplo, política salarial ou política tributária, que avaliará os aspectos positi- vos e negativos. 1.4 A Economia e suas Relações A Economia faz fronteira com outras impor- tantes disciplinas, tais como: sociologia, psicolo- gia, antropologia, administração, contabilidade, estatística e matemática. Para a interpretação de registros históricos, são necessários os instrumen- tos analíticos, porque os fatos não “contam com sua própria história”, mas possuem grande impor- tância. Caro(a) aluno(a), Vasconcellos (2002, p. 33) procurou estabelecer os pontos de contato entre a teoria econômica e outras áreas do conheci- mento: Na chamada pré-economia, antes da Re- volução Industrial do século XVIII, que corresponde ao período da Idade Média, a atividade econômica era vista como parte integrante da Filosofia, Moral e Éti- ca. A Economia era orientada por princí- pios morais e de justiça. O início do es- tudo sistemático da Economia coincidiu com os grandes avanços na área de Física e Biologia nos séculos XVIII e XIX. Com o passar do tempo, predominou uma con- cepção humanística, que coloca em pla- no superior os móveis psicológicos da atividade humana. A Economia é por ex- celência uma ciência social, pois objetiva a satisfação das necessidades humanas. Muitos avanços obtidos na Teoria Eco- nômica advieram da pesquisa histórica, pois a História facilita a compreensão do presente, e ajuda nas previsões para o fu- turo, com bases nos fatos do passado. Há também uma grande conexão entre Eco- nomia e Geografia, pois esta permite ava- liar também questões como as condições geoeconômicas dos mercados regionais, a concentração espacial dos fatores pro- dutivos, a localização de empresas, a composição setorial da atividade econô- mica, muito úteis à análise econômica. Aponta ainda a relação entre Economia e Política, pois, nesse sentido a atividade econômica subordina-se à estrutura ao regime político do país. Como você sabe, e vimos na citação ante- rior, a esse respeito Vasconcellos e Garcia (2010, p. 10) afirmam que, apesar de ser uma ciência social, a Eco- nomia é limitada pelo meio físico, dado que os recursos são escassos, e se ocu- pa de quantidades físicas e das relações entre essas quantidades. Daí surge a ne- cessidade da utilização da Matemática e da Estatística como ferramentas para estabelecer relações entre variáveis eco- nômicas. Por exemplo, a relação entre o consumo nacional está diretamente re- lacionada com a renda nacional e pode ser representada da seguinte forma: C = ƒ(RN) e ΔC / ΔRN > 0. Diz que o consumo (C) é uma função (ƒ) da renda nacional (RN) e dada uma variação da renda nacio- nal (ΔRN), terá uma variação diretamente proporcional (na mesma direção) do con- sumo agregado (ΔC). Irma Filomena Lobosco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 Como as relações econômicas não são exatas, mas probabilísticas, recorre-se à Estatística. Por exemplo: C = 2pr, onde C = comprimento da circunferência, p = le- tra grega PI e r = radianos, é uma relação matemática exata qualquer que seja o comprimento da circunferência. Em eco- nomia tratamos de leis probabilísticas. 1.5 O Problema Econômico O problema econômico está centralizado no fato de que os recursos disponíveis ao homem para produzir bens e serviços são limitados, escas- sos, mas a necessidade ou desejo desses bens e serviços varia e é insaciável (MENDES, 2005, p. 3). A ciência econômica procura resolver esse problema, atribuindo um grau de importância a cada necessidade e sugerindo a canalização dos recursos para a satisfação das necessidades mais urgentes. Um indivíduo deve satisfazer suas ne- cessidades, porém o alimento cotidiano e o lazer não têm a mesma importância. De que adianta o indivíduo andar vestido de acordo com a última moda se tem dificuldades em se alimentar? Tam- bém não têm a mesma importância a necessida- de de pagar a educação dos filhos e o desejo de comprar um carro. O dinheiro que um indivíduo dispõe serve para muita coisa quando é abundante. Como, em geral, o dinheiro é escasso, é preciso utilizá-lo muito bem, para que seja suficiente para o mais importante, ao mesmo tempo em que se procura melhorar a situação. Um país também tem muitas necessidades: estradas, represas, hospitais, escolas, fábricas etc. Diante da elevada quantidade de necessidades, o governo, geralmente, sente a falta de recursos. É preciso classificá-las segundo sua importância e, em seguida, canalizar para as prioritárias os recur- sos disponíveis. AtençãoAtenção A Economia é a ciência da escassez ou das escolhas. Por escassez, entende-se a situação em que os recursos são limitados e podem ser utilizados de diferentes maneiras, de tal modo que devemos sacrificar uma coisa por outra. A seguir, apresen-tam-se situações de escassez comuns no dia a dia: uma quantidade limitada de recursos (dinheiro) para consumir alimentos ofertados nos supermercados exige a escolha entre a compra de determina- das mercadorias (comprar unidades a mais de um produto e a menos de ou- tro); tempo limitado para ler um livro que exige algumas horas de dedicação im- plica ter menos horas para se dedicar a outras atividades, como, por exemplo, assistir a um filme no cinema; na empresa, uma máquina tem capaci- dade para produzir dois diferentes pro- dutos e exige decisão de qual deles irá produzir a mais ou a menos. Para Vasconcellos (2002, p. 22), todas as sociedades, qualquer que seja seu tipo de organização econômica ou regime político, são obrigadas a fazer opções, escolhas entre alternativas, uma vez que os recursos não são abundantes. Elas são obrigadas a fazer escolhas sobre O QUE E QUANTO, COMO e PARA QUEM produzir. O QUE E QUANTO PRODUZIR? A socieda- de é responsável por decidir se produz mais bens de consumo ou bens de capital, como, por exem- plo, se quer produzir mais armas de fogo ou mais Economia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 manteiga? Em que quantidade? Os recursos de- vem ser dirigidos para a produção de mais bens de consumo ou bens de capital? Dada a escassez de recursos de produção, a sociedade escolhe- rá, dentro das possibilidades de produção, quais produtos serão produzidos e as respectivas quan- tidades a serem fabricadas. COMO PRODUZIR? Essa questão é relacio- nada à eficiência produtiva. Serão utilizados mé- todos de produção de capital intensivos? Ou mão de obra intensiva? A sociedade escolherá quais recursos de produção serão utilizados para a pro- dução de bens e serviços, considerando o nível tecnológico existente. Isso depende da disponi- bilidade de recursos de cada país. Geralmente, a concorrência entre os diferentes produtores de- cide como vão ser produzidos os bens e serviços, considerando os métodos mais eficientes e que tiverem o menor custo de produção possível. PARA QUEM PRODUZIR? A sociedade deve decidir quais os setores que participarão da distri- buição dos resultados de sua produção: trabalhado- res, capitalistas ou proprietários de terra? Agricultura ou indústria? Mercado interno ou mercado externo? Região Norte ou Sul? É a distribuição da renda gera- da pela atividade econômica. Por que são problemas? Porque decorrem de um problema fundamental, que é a escassez de recursos. Como esses problemas são resolvidos? Isso depende de como a sociedade está organizada politicamente Existem duas formas principais de organiza- ção econômica: 1. economia de mercado (ou descentrali- zada, tipo capitalista); 2. economia planificada (ou centralizada, tipo socialista). 1.6 Sistemas Econômicos Segundo Vasconcellos e Garcia (2010, p. 2), um sistema econômico pode ser definido como a forma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade. É um particular sistema de organização da produção, distribuição e consumo de to- dos os bens e serviços que as pessoas uti- lizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar. As economias de mercado podem ser anali- sadas por dois sistemas: sistema de concorrência pura (sem a interferência do governo): perfeita- mente competitivo, predomina o lais- sez-faire: milhares de produtores e mi- lhões de consumidores têm condições de resolver os problemas econômicos fundamentais (o que e quanto, como e para quem produzir), guiados por uma “mão invisível”, mediante o mecanismo de preços que promove o equilíbrio nos vários mercados. • Se houver excesso de oferta (ou escassez de demanda), as empresas formarão estoques e serão obrigadas a diminuir seus preços para vender a produção, até que se atinja um preço sa- tisfatório para os estoques; • Se houver excesso de demanda (ou escassez de oferta), existirá concorrência entre os consu- midores pelos escassos bens disponíveis. O preço tende a aumentar, até que se atinja um nível de equilíbrio em que não Irma Filomena Lobosco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Mercado de bens e serviços Mercado de fatores de produção Demanda Oferta EmpresasFamílias Demanda Oferta mais existirão consumidores em espera; sistema de mercado misto: atuação do governo para eliminar as distorções alocativas e distributivas de recursos e promover a melhoria do padrão de vida de coletividade, das seguintes formas: • atuação sobre a formação de preços via impostos, subsídios, tabelamentos, fixação de salá- rio-mínimo, preços mínimos, taxa de câmbio; • compra de bens e serviços do setor privado; • fornecimento de bens públicos que não são vendidos no mer- cado: educação, justiça, segu- rança. É aquele bem que não apresenta rivalidade em seu consumo; • fornecimento de serviços pú- blicos: iluminação, água, sanea- mento básico, transporte etc.; • investimento em infraestrutura básica (energia, estradas etc.), o qual a iniciativa privada não tem recursos financeiros de as- sumir. No funcionamento de uma economia cen- tralizada ou planificada, a propriedade dos recur- sos é do Estado. Os meios de produção incluem máquinas, edifícios, residências, terra, matérias- -primas. Os meios de sobrevivência pertencem aos indivíduos (roupas, carros, televisores etc.). A forma de resolver os problemas econômicos fundamentais é decidida por uma agência ou ór- gão central de planejamento e não pelo mercado (VASCONCELLOS, 2002). Os Agentes Econômicos No funcionamento do sistema econômico de uma economia de mercado que não tenha interferência do governo e não tenha transações com o exterior (economia fechada), os agentes econômicos são as famílias (unidades familiares) e as empresas (unidades produtoras). As famílias são as proprietárias dos fatores de produção e os fornecem às unidades de produ- ção (empresas), por meio do mercado dos fatores de produção. Consequentemente, as empresas, através da combinação dos fatores de produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famí- lias por meio do mercado de bens e serviços. Observe caro(a) aluno(a) as figuras a seguir. Esse fluxo é denominado de Fluxo Real da Economia, conforme apresentado na Figura 1. DicionárioDicionário Agente Econômico: indivíduos, grupos de indiví- duos ou organismos que constituem, do ponto de vista dos movimentos econômicos, os centros de decisão e de ações fundamentais. Fonte: Economianet (2011). Figura 1 – Fluxo real da economia. Fonte: Vasconcellos e Garcia (2010). Economia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 No mercado de bens e serviços, as famílias demandam bens e serviços, enquanto as empre- sas os ofertam; no mercado de fatores de produ- ção, as famílias ofertam os serviços dos fatores de produção, que são de sua propriedade, enquanto as empresas os demandam. Pagamentos dos bens e serviços Remuneração dos fatores de produção EmpresasFamílias EmpresasFamílias Mercado de bens e serviços Mercado de fatores de produção Cabe ressaltar que o fluxo real da economia só é possível com a moeda, que é utilizada para remunerar os fatores de produção e para o paga- mento dos bens e serviços. Assim, paralelo ao fluxo real, temos um flu- xo monetário da economia (Figura 2). Figura 2 – Fluxo monetário da economia. Finalmente, o fluxo circular de renda é a união dos fluxos real e monetário da economia (Figura 3). Fonte: Vasconcellos e Garcia (2010). Figura 3 – Fluxo circular de renda. Fonte: Fontes, Ribeiro e Santos (2010). Fluxo monetário Fluxo real (bens e serviços) Irma Filomena Lobosco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 As forças de ofertae da demanda atuam em cada um dos mercados para determinar o preço. Portanto, no mercado de bens e serviços, formam- -se os preços de bens e serviços; no mercado de fatores de produção, formam-se os preços dos fa- tores de produção: salários, juros, aluguéis, lucros, royalties etc. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2010). 1.7 Recursos ou Fatores (Meios) de Produção Os recursos econômicos, que constituem a base de qualquer economia, são os meios uti- lizados pela sociedade para a produção de bens e serviços que irão satisfazer as necessidades hu- manas. As três características dos recursos econô- micos são: a) escassos em sua quantidade (ou seja, limitados), representados por uma si- tuação na qual os recursos podem ser utilizados na produção de diferentes bens e serviços; b) versáteis, pois podem ser aproveitados em diversos usos; c) podem ser combinados em propor- ções variáveis na produção de bens e serviços. Quanto à classificação, os recursos podem ser agrupados em: a) recursos naturais: todos os bens eco- nômicos na produção e que são obti- dos diretamente da natureza; b) recursos humanos: toda atividade hu- mana (esforço físico e/ou mental) utili- zada na produção de bens e serviços; c) capital: todos os bens materiais pro- duzidos pelo homem e que são utiliza- dos na produção. O fator capital inclui o conjunto de riquezas acumuladas por uma sociedade e é com essas riquezas que um país desenvolve suas atividades de produção. Entre os principais grupos de riquezas acumuladas por uma socie- dade, estão os seguintes: • infraestrutura econômica: trans- portes; telecomunicações; energia; • infraestrutura social: sistemas de água e saneamento, educação, cul- tura, segurança, saúde, lazer e es- portes; • construções e edificações de modo geral, sejam públicas ou pri- vadas; • equipamentos de transporte: caminhões, ônibus, utilitários, lo- comotivas, vagões, embarcações, aeronaves; • máquinas e equipamentos: são utilizados nas atividades de extra- ção, transformação, prestação de serviços, na indústria de construção e nas atividades agrícolas; • matérias-primas ou insumos: energia elétrica, óleo diesel, gás, co- rantes, matérias químicas para a in- dústria; ou sementes, fertilizantes, inseticidas, herbicidas, fungicidas, vacinas, rações e combustíveis na agricultura, entre outros. Caro(a) aluno(a), Mendes (2005, p. 5) nos in- forma que alguns autores consideram também como mais um tipo de recurso o em- preendedorismo, que é o esforço uti- lizado para coordenar a produção, dis- tribuição e venda de bens e serviços, ou seja, para organizar os recursos naturais, humanos e o capital. Um empreendedor Economia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 POSSIBILIDADES PRODUÇÃO DE GUARANÁ (milhões de litros/mês) PRODUÇÃO DE CDs (milhões de unidades/mês) A B C D E F 30 28 24 18 10 0 0 1 2 3 4 5 toma decisões de negócios, assume os riscos oriundos dessas decisões, compro- mete tempo e dinheiro com um negócio sem nenhuma garantia de lucro. Curva de Possibilidades de Produção Você sabia que levando em consideração que, em cada dia útil de trabalho, cerca de 80 mi- lhões de pessoas produzem uma variedade de bens e serviços avaliada em, aproximadamente, R$ 4 bilhões1? A quantidade de bens e serviços que pode ser produzida é limitada por nossos recursos dis- poníveis e pela tecnologia que dominamos. De acordo com Mendes (2005, p. 8), na escolha dos bens e serviços que de- vem ser produzidos, a primeira provi- dência é determinar quais combinações de bens e serviços são possíveis, levando em consideração duas restrições: (a) que a quantidade de recursos produtivos é determinada (limitada); (b) que o nível de 1 Avaliada em aproximadamente 4 bilhões a quantidade de bens e serviços. tecnologia disponível também é deter- minado, ou seja, naquele momento, não é possível fazer uma mudança tecnoló- gica. Esse limite é descrito pela curva ou fronteira de possibilidade de produção. A decisão das empresas a princípio pode não estar relacionada com a maximização do lu- cro: algumas visam à reputação de longo prazo, ao aumento da participação no mercado. Entre- tanto, o meio para alcançar tais objetivos é fazê- -lo vendendo o bem a um preço baixo por certo tempo. Nessa ação a empresa prejudica a lucrati- vidade no momento presente, mas contribui para obter maior lucro no futuro, atraindo um número maior de clientes. Caro(a) aluno(a), a seguir, ilustra-se, na Ta- bela 1, a curva de possibilidade de produção de dois produtos num determinado momento, con- siderando, assim, que a quantidade produzida de todos os demais bens e serviços é mantida cons- tante; admitindo dois produtos que a maioria dos estudantes adquire: guaraná e CDs (MENDES, 2005). Tabela 1 – Seis pontos hipotéticos sobre a fronteira de possibilidades de produção. Fonte: Mendes (2005, p. 7). Irma Filomena Lobosco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 Figura 4 – A curva de possibilidades de produção. U Carros Camisas Produção eficiente Unindo-se os pontos, obtém-se a chama- da ‘curva das possibilidades de produção’ ou curva de transformação, à medida que se passa do ponto A para B, de B para C e assim por diante, até D, em que se es- tarão transformando carros em camisas. O pleno emprego é definido por uma situação em que os recursos disponíveis estão sendo plenamente utilizados na produção de bens e serviços, garantin- do o equilíbrio econômico das ativida- des produtivas. (PINHO; VASCONCELLOS, 2011, p. 13). A eficiência de produção é alcançada se não pudermos produzir mais de um produto sem produzir menos de algum outro bem. Uma eco- nomia poderia estar produzindo abaixo da curva de possibilidade de produção por uma das duas seguintes razões: a) os recursos não estão sendo emprega- dos plenamente; b) os recursos estão sendo utilizados de maneira ineficiente. Mudança na curva de possibilidade de produção Considerando a necessidade de crescimen- to econômico de um país como o Brasil em vir- tude do crescimento populacional elevado, con- forme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)2, e admitindo-se que a produ- ção já seja eficiente, como seria possível produ- zir mais de ambos os produtos? Como é possível deslocar para a direita a curva de possibilidade de produção? De acordo com a curva de possibilidade de produção, a opção de produção disponível com um dado conjunto de recursos produtivos deve deslocar a curva de possibilidade de produção para a direita (crescimento econômico). Se uma economia utilizar mais recursos naturais, huma- nos, capital e habilidades empreendedoras, ela poderá, como um todo, produzir mais de cada um dos bens e serviços. Esse mesmo resultado pode ser alcançado se novas tecnologias forem desen- volvidas, de tal modo que a produtividade dos fa- tores aumente. O formato de curva é explicado pelo concei- to de custo de oportunidade, que é um dos prin- 2 Em comparação com o Censo 2000, ocorreu um aumento de 20.933.524 pessoas. Esse número demonstra que o crescimento da população brasileira no período foi de 12,3%, inferior ao observado na década anterior (15,6% entre 1991 e 2000). O Censo 2010 mostra também que a população é mais urbanizada que há 10 anos: em 2000, 81% dos brasileiros viviam em áreas urbanas, agora são 84% (IBGE, 2012). Economia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 cípios fundamentais para a análise econômica. Por princípio, entende-se uma simples, mas evi- dente, verdade que a maioria das pessoas enten- de e aceita (MENDES, 2005). Saiba maisSaiba mais Análise econômica é a aplicação à realidade econô- mica do método científico de decomposiçãoem ele- mentos mais facilmente compreensíveis que o todo, visando a inseri-los em um esquema explicativo. Figura 5 – Crescimento econômico. Alimentos Máquinas (milhares) (toneladas) 1.8 O Princípio do Custo de Oportunidade Incorpora a noção de que sempre enfren- tamos a situação de escolher entre duas ou mais opções e de que temos que optar por uma coisa (um produto, por exemplo) em detrimento de ou- tra, visto que os recursos são limitados e podem ser utilizados em diferentes alternativas. Conforme Guimarães e Gonçalves (2010, p. 10) o custo de oportunidade é: “Para o econo- mista, é o valor do melhor uso alternativo dessa coisa.” Saiba maisSaiba mais O custo de estudar em tempo integral Consideremos um estudante de medicina de uma universidade pública que tem todo o seu tempo ocu- pado com os estudos. No Brasil, os alunos não pagam para estudar em universidades públicas. Dado que o estudante não paga, isso significa que estudar não im- plica custos para ele? Mesmo se os livros saíssem de graça, a resposta ainda seria não, pois se o jovem tivesse optado por trabalhar em vez de destinar todo seu tempo à faculdade de medicina, ele estaria recebendo algum salário. Esse sa- lário, multiplicado pelos anos na faculdade, é o custo de oportunidade total de estudar. Por sua vez, o be- nefício dessa escolha é que seu salário como médico, depois de formado, será provavelmente bem mais alto do que seria sem a formação. Outro benefício pessoal é o prazer de aprender medicina (GUIMARÃES; GON- ÇALVES, 2010). Irma Filomena Lobosco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 A palavra ‘riqueza’ lembra uma grande quantidade de bens econômicos ou dinheiro. Em Economia, qualquer bem útil, acessível e limita- do recebe o nome de riqueza. Utilidade é a qualidade que possuem os bens econômicos de satisfazer as necessidades humanas. O bem, porém, só é útil quando de- sejado pelo homem. Utilidade, portanto, é um conceito mais subjetivo que objetivo. O grau de utilidade de um bem depende da necessidade de cada indivíduo. Um bem pode ser útil para al- guém e não o ser para outra pessoa. Pinho e Vasconcellos (2011, p. 11) definem utilidade como “a capacidade que tem um bem de satisfazer uma necessidade humana.” Valor é a medida da utilidade econômica. Existem dois tipos: 1.9 Riqueza, Utilidade e Valor valor de uso: é a utilidade que um bem tem para nós pessoalmente. É conheci- do também como valor de estima; valor de troca: é o valor que um bem tem no sentido de poder ser trocado por outro. É o valor de mercado do bem. Desse modo, um bem pode ser de grande valor de uso e de nenhum valor de troca, como um álbum de fotos de família, por exemplo. O valor das coisas é determinado por um conjunto de fatores; o trabalho e a utilidade são apenas dois dos fatores constitutivos desse valor. Além desses, existem outros elementos sociais, políticos, psicológicos, estéticos etc. 1.10 Bens e Serviços 1.11 Setores Econômicos Os produtos devem ser classificados segun- do sua natureza e seu destino. Segundo a nature- za, os produtos gerados no processo produtivo se classificam em bens (B) e serviços (S). Os bens são produtos tangíveis oriundos das atividades dos setores primário, secundário e terciário de produção. Já os serviços são os pro- dutos intangíveis, resultantes das atividades ter- ciárias de produção. Segundo o destino, os produtos podem ser classificados em: bens e serviços de consumo du- ráveis ou de uso imediato; bens e serviços inter- mediários (matérias-primas ou insumos para se- rem transformados em bens de consumo); bens e serviços de produção (bens de capital). Mendes (2005, p. 11) afirma que “de acordo com a intensidade de uso dos recursos, são classi- ficadas as atividades de produção”, os chamados setores da Economia, a seguir: a) setor primário: agricultura, pecuária, extração vegetal; b) setor secundário: indústria extrativa mineral, indústria de transformação, in- dústria da construção; Economia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 c) setor terciário: comércio, comunica- ções, intermediação financeira, imo- biliárias, hospedagem e alimentação, reparação e manutenção, serviços pes- soais, outros serviços, como assistência à saúde, educação, cultura, lazer, culto religioso e governos federal, estaduais e municipais. Mendes (2005) esclarece que, de modo ge- ral, o setor primário utiliza mais intensivamente o fator terra; o setor secundário ou setor industrial utiliza o fator capital; e o setor terciário, o fator tra- balho. AtençãoAtenção O problema fundamental de qualquer economia reside na seguinte questão: diante das necessi- dades humanas, que são variadas e insaciáveis, e os recursos, que são limitados e versáteis, como combiná-los para satisfazer ao máximo as neces- sidades da sociedade? 1.12 Divisão da Economia 1.13 Método A bifurcação da ciência econômica nesses dois grandes ramos, isto é, a macroeconomia e a microeconomia, data dos primórdios da década de 1930. Ambas giram em torno do problema da limitação e do caráter finito dos recursos produti- vos em face das necessidades vitais e da civiliza- ção, infinitas e ilimitadas, subjacentes ao ser hu- mano, problemática essa que embasa e justifica a razão da existência da Economia como ciência. a) Microeconomia ou teoria de forma- ção de preços: estuda os problemas econômicos do indivíduo, da família e da empresa; b) Macroeconomia: se envolve com os grandes problemas, em seus setores, no aspecto global ou seus agregados. a) Indutivo: partimos da análise, observa- ção e pesquisa de fatos individuais para obtermos uma conclusão, um ensina- mento, uma lei ou verdade universal. b) Dedutivo: obtemos de leis e verdades universais experiências, ensinamentos, verdades ou leis de caráter particular, contidas naqueles princípios. c) Psicológico: buscamos, na psicologia, a explicação sobre determinadas for- mas de comportamento da população. Exemplo: boatos (força dos comentá- rios). Irma Filomena Lobosco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, você estudou os conceitos fundamentais de Economia e foi levado(a) à reflexão sobre as questões econômicas cotidianas, tomando como base do objeto da ciência econômica: escolha, escassez, necessidades, recursos, produção e distribuição. Desde os primeiros estudos, a Economia trata do bem-estar do homem, tendo como elementos- -chave da atividade econômica os recursos produtivos e as técnicas de produção que transformam os recursos em bens e serviços para atender às necessidades humanas. Aprendeu que tudo que é raro em relação às necessidades individuais ou coletivas deve ser econo- mizado. Portanto, tudo que é raro é um bem econômico. Também pôde compreender a economia como uma Ciência Social que se relaciona com o com- portamento e as necessidades humanas, agrupadas em: fisiológicas, segurança, sociais, estima e autor- realização, sendo que o problema econômico fundamental está centralizado nos recursos limitados para atender às necessidades humanas ilimitadas. Assim, a Economia é a ciência da escassez ou das escolhas. As sociedades são obrigadas a fazer as escolhas sobre o que e quanto, como e para quem produzir, e cabe aos sistemas econômicos organizar a produção, distribuição e consumo de todos os bens e servi- ços que as pessoas utilizam em busca do melhor padrão de vida e bem-estar. Viu ainda relacionados os agentes econômicos que participam do Fluxo Real da Economia, que em paralelo impulsionam o Fluxo Monetário, resultando no Fluxo Real Monetário da Economia. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem. 1.14 Resumo do Capítulo 1.15 Atividades Propostas 1. Por que os problemas econômicos fundamentais(o que, como e para quem produzir) são originados da escassez de recursos produtivos? 2. Os problemas econômicos fundamentais (o que, como e para quem produzir) existem: a) Somente nas sociedades de economia centralizada do tipo socialista. b) Somente nas sociedades de “livre empresa” ou capitalista, nas quais o mercado é o único responsável para responder ao problema. c) Em todas as sociedades, não importando seu grau de desenvolvimento ou sua forma de organização política. d) Somente nas sociedades subdesenvolvidas. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO2 Neste capítulo da disciplina de Economia, você conhecerá a história da origem da Ciência Econômica. Como podemos precisar, quando e onde essa importante ciência, que é a Economia, teve seu início? Faremos um rápido resgate da origem do interesse pela Economia e os problemas dela de- correntes que sempre despertaram a atenção dos povos; mas o estudo sistemático da Economia é relativamente recente. Certamente, em todas as épocas da história universal, as pequenas comu- nidades e as grandes nações procuraram resol- ver eficientemente seus problemas de natureza econômica. Mas, só a partir do século XVIII é que a Economia despontou como ciência. No século XIX, seu progresso foi extraordinário e, nas últi- mas décadas do século XX, seu estudo ganhou novo e inesperado impulso (ROSSETTI, 2003). Inicialmente, pode-se assinalar que esse crescente interesse tem muito a ver com a eclo- são das Grandes Guerras de 1914-1918 e de 1939-1945 e com a crise econômica que abalou o mundo ocidental na década de 1930. Muitos instrumentos de análise econômica foram de- senvolvidos durante as guerras, com o objetivo de se conhecer em profundidade a estrutura dos sistemas nacionais de produção, como apoio de retaguarda aos esforços da guerra. Depois, nos in- tervalos das guerras, as nações ocidentais, abala- das pela Grande Depressão, se voltaram para o es- tudo dos elementos determinantes do equilíbrio econômico, interessadas no restabelecimento da normalidade e na rápida reabsorção das massas desempregadas. Keynes (1936), intitulado como notável economista inglês, a quem pode ser atribuída a formulação teórica da moderna análise macroe- conômica, registrou que o mundo estava excep- cionalmente ansioso por um diagnóstico mais bem fundamentado, pronto a aceitá-lo e desejoso de experimentá-lo. Assim, praticamente durante toda a pri- meira metade do século a Grande Depressão e as Grandes Guerras aproximariam as reflexões teóri- cas dos economistas às soluções práticas dos esta- distas. A Grande Depressão abalou todo o sistema econômico do Ocidente. Nos anos de 1929-1933, o desemprego se alastrara de forma incontrolável e, durante as Grandes Guerras, o esforço de mo- bilização tecnológica e industrial veio demonstrar a correlação definitiva entre o poder militar e o poder econômico. A depressão dos anos 1930 re- duziu drasticamente o Produto Nacional (PN) das economias atingidas, reduzindo-o pela metade: os Estados Unidos, que produziam mais de 115 bi- lhões de dólares em 1929, atingiram apenas 55 bi- lhões em 1933, época que cerca de ¼ de sua força de trabalho ficou desempregada. De outro lado, as Grandes Guerras também viriam comprometer a atividade econômica normal. Em 1945, no auge do esforço militar, cerca de 55% da capacidade in- dustrial do mundo estava destinada à produção de armamentos. Saiba maisSaiba mais Depressão de 1930: fase do Ciclo Econômico, ca- racterística das economias capitalistas, marcada pela diminuição da produção, uma tendência à baixa dos preços e ao aumento do desemprego. Fonte: Economianet (2011). Irma Filomena Lobosco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 Mas, além dessas causas do crescente in- teresse pela Economia, há uma terceira causa de alta significação, que se fez notar, sobretudo, no pós-guerra. Trata-se da preocupação básica do século XX em torno da ideia do desenvolvimento econômico. De fato, tão logo terminou a Segun- da Grande Guerra, o mundo todo se viu às voltas com um fenômeno de dimensões inesperadas – o grande despertar dos povos subdesenvolvi- dos. Esse despertar, motivado pela facilitação das comunicações internacionais, evidenciou os con- trastes do atraso e da afluência, transformando- -se numa das mais notáveis características dos últimos anos da década de 1940 e, sobretudo, até os anos 1970. A perseguição obstinada do desenvolvimento econômico, por mais de 2/3 da população da Terra, passaria a ser fundamental da economia do pós-guerra. Caro(a) aluno(a), Rossetti (2003, p. 73) infor- ma-nos a esse respeito que no final do século XX, os habitantes do mundo subdesenvolvido empenharam- -se numa mobilização sem precedentes, com vistas a um gigantesco alvo: a cons- trução de uma nova sociedade e de uma nova economia, para possibilitar a uni- versalização das condições do bem-estar, através da aceleração de seu progresso material. Para Vasconcellos e Garcia (2010, p. 14), “en- contramos na evolução do pensamento econô- mico o consenso de que a Teoria Econômica, de forma sistematizada, iniciou-se quando foi publi- cada a obra de Adam Smith A riqueza das nações, em 1776.” 2.1 Antiguidade 2.2 Mercantilismo Na Antiguidade, encontramos, na Grécia, as primeiras referências conhecidas de Economia no trabalho de Aristóteles (384-322 a.C.), em seus es- tudos sobre aspectos de administração privada e finanças públicas. Também são encontradas algu- mas considerações de ordem econômica nos es- critos de Platão (427-347 a.C.) e Xenofonte (440- 335 a.C.). Foi a partir do século XVI que observamos o nascimento dessa primeira escola econômica: o mercantilismo. Mesmo sem representar um con- junto técnico homogêneo, são explícitas as preo- cupações sobre a acumulação de riquezas de uma nação. São presentes alguns princípios de como fomentar o comércio exterior e entesourar rique- zas, bem como o acúmulo de metais adquire uma grande importância, de acordo com os relatos so- bre a moeda. O mercantilismo considerava que o governo de um país seria mais forte e poderoso quanto maior fosse seu estoque de metais precio- sos, estimulou guerras e praticou o nacionalismo, que manteve a poderosa e constante presença do Estado em assuntos econômicos. Economia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 Uma escola de pensamento francesa, a fi- siocracia, do século XVIII, elaborou trabalhos importantes que sustentavam que a terra era a única fonte de riqueza e que havia uma ordem natural que fazia com que o universo fosse regido por leis naturais, absolutas, imutáveis e universais, desejadas pela Providência Divina para a felicida- de dos homens. O trabalho de maior destaque foi o do Dr. Fraçois Quesnay, autor da obra Tableau économique, o primeiro a dividir a Economia em setores, mostrando a inter-relação deles. Wassily Leontief (1940), economista russo, naturalizado norte-americano, da Universidade de Harvard, aperfeiçoando o trabalho de Quesnay, o transfor- mou no sistema de circulação monetária input- -output. A fisiocracia surgiu como reação ao mercan- tilismo, pois considerava desnecessária a regula- 2.3 Fisiocracia mentação governamental, considerando a lei da natureza suprema e que tudo o que fosse contra ela seria derrotado, sendo que a função do sobe- rano era servir de intermediário para que as leis da natureza fossem cumpridas. A riqueza consistia em bens produzidos com o auxílio da natureza (fisiocracia significa “regras da natureza”), em atividades econômicas como a lavoura, a pesca e a mineração. Portanto, estimulava-se a agricultura e exigia-se que as pes- soas empenhadas no comércio e nas finanças fos- sem reduzidas ao menor número possível.Em um mundo constantemente ameaçado pela falta de alimentos, com excesso de regulamentação e in- tervenção governamental, a situação não se ajus- tava às necessidades da expansão econômica. Só a terra tinha capacidade de multiplicar a riqueza. 2.4 Os Clássicos Adam Smith (1723-1790) Em sua visão harmônica do mundo real, acreditava que, se deixasse atuar a livre concor- rência, uma “mão invisível” levaria a sociedade à perfeição. Afirmou que todos os agentes, em sua busca de lucrar o máximo, acabam promovendo o bem-estar de toda a comunidade e que a defesa do mercado, como regulador das decisões econô- micas de uma nação, traria muitos benefícios para a coletividade, independentemente da ação do Estado. É o princípio do liberalismo. Considerado o precursor da moderna teoria econômica, colocada como um conjunto científi- co sistematizado, com um corpo teórico próprio, já era um renomado professor quando publicou sua obra A riqueza das nações, em 1776. O livro é um tratado muito abrangente sobre questões econômicas, que vão desde as leis de mercado e aspectos monetários até a distribuição do rendi- mento da terra (VASCONCELLOS; GARCIA, 2010). Para ele, a causa da riqueza das nações é o trabalho humano, a qual denominava teoria do valor-trabalho, que tem, como fator prepon- derante para aumentar a produção, a divisão do trabalho, ou seja, os trabalhadores deveriam se especializar em algumas tarefas. Atribui-se à aplicação desse princípio o aumento da destreza pessoal, economia de tempo e condições para o aperfeiçoamento e o invento de novas máquinas e técnicas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2010). DicionárioDicionário Liberalismo: doutrina que afirma que o melhor sis- tema econômico é o que garante o livre jogo das iniciativas individuais dos agentes econômicos. Fonte: Econimianet (2011). Irma Filomena Lobosco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 David Ricardo (1772-1823) Pode ser considerado outro expoente do período clássico, tendo desenvolvido alguns mo- delos econômicos com grande potencial analí- tico. Aprimora a tese de que todos os custos se reduzem a custos do trabalho e mostra como a acumulação do capital, acompanhada de aumen- tos populacionais, provoca uma elevação da ren- da da terra, até que os rendimentos decrescentes diminuam de tal forma os lucros que a poupança se torne nula, atingindo-se uma economia esta- cionária, com salários de subsistência e sem ne- nhum crescimento. Sua análise de distribuição do rendimento da terra foi um trabalho seminal de muitas ideias do chamado período neoclássico. Discute a renda auferida pelos proprietá- rios de terras mais férteis. Em virtude de a terra ser limitada, quando a terra de menor qualidade é utilizada no cultivo, surge imediatamente a ren- da sobre aquela de primeira qualidade, ou seja, a renda da terra é determinada pela produtividade das terras mais pobres. Analisou, ainda, por que as nações comerciavam entre si, se é melhor para elas comerciarem e quais produtos devem ser co- merciados. A sua resposta constitui um importan- te item da teoria do comércio internacional, cha- mada de teoria das vantagens comparativas. O comércio entre países dependeria das dotações relativas de fatores de produção. A maioria dos estudiosos considera que os estudos de Ricardo deram origem a duas corren- tes antagônicas: a neoclássica, por suas abstra- ções simplificadoras, e a marxista, pela ênfase dada à questão distributiva e aos aspectos sociais na repartição da renda da terra. John Stuart Mill (1806-1873) Seu trabalho foi o principal texto utilizado para o ensino de Economia no fim do período clássico e no início do período neoclássico. Sua obra consolidou o exposto por seus antecessores e avançou, por incorporar mais elementos institu- cionais, definindo melhor as restrições, vantagens e funcionamento de uma economia de mercado. Jean Baptiste Say (1768-1834) Retomou a obra de Adam Smith, amplian- do-a. Subordinou o problema das trocas de mer- cadorias à sua produção e popularizou a chama Lei de Say: “a oferta cria sua própria procura”, ou seja, o aumento da produção transformar-se-ia em renda dos trabalhadores e empresários, que seria gasta na compra de outras mercadorias e serviços. Thomas Malthus (1766-1834) Seu trabalho sistematizou uma teoria geral sobre a população, ao assinalar que o crescimen- to da população dependia rigidamente da oferta de alimentos, apoiando a teoria dos salários de subsistência. AtençãoAtenção Para Thomas Malthus, a causa de todos os males da sociedade residia no excesso populacional: enquanto a população crescia em Progressão Geométrica (PG), a produção de alimentos seguia uma Progressão Aritmética (PA). População: PG = 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128, 256... Produção: PA = 1, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16... Para esse economista, o potencial da popu- lação excederia em muito o potencial da terra na produção de alimentos. Entretanto, Malthus não previu o ritmo e o impacto do progresso tecnoló- gico, nem as técnicas de limitação da fertilidade humana que se seguiram. Economia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 Trata-se do período que teve início na dé- cada de 1870 e desenvolveu-se até as primeiras décadas do século XX. Destacam-se os aspectos microeconômicos da teoria, pois a crença na economia de merca- do e em sua capacidade autorreguladora fez com que não se preocupassem tanto com a política e o planejamento macroeconômico. Os neoclássicos sedimentaram o raciocínio matemático explícito inaugurado por David Ri- cardo, procurando isolar os fatos econômicos de outros aspectos da realidade social (VASCONCEL- LOS; GARCIA, 2010). Alfred Marshall (1842-1924) Autor do livro Princípios de economia, publi- cado em 1890, que serviu como livro-texto básico até a metade deste século. Nesse período, outros economistas se destacaram, como, por exemplo: William Jevons, Léon Walras, Eugene Böhm-Ba- werk, Joseph Alois Schumpeter, Vilfredo Pareto, Arthur Pigou e Francis Edgeworth. Esse período marca a formalização da análi- se econômica, com destaque para a microecono- 2.5 Teoria Neoclássica mia. O comportamento do consumidor é analisa- do em profundidade; o desejo do consumidor de maximizar sua utilidade (satisfação no consumo) e o do produtor de maximizar seu lucro são a base para a elaboração de um sofisticado aparato teó- rico. Por meio do estudo de funções ou curvas de utilidade (que pretendem medir o grau de satisfa- ção do consumidor) e de produção, considerando restrições de fatores e restrições orçamentárias, é possível deduzir o equilíbrio de mercado. Como o resultado depende, basicamente, dos conceitos marginais (receita marginal, custo marginal etc.), é também chamada teoria marginalista. Segundo Vasconcellos e Garcia (2010, p. 18) “a análise marginalista é muito rica e variada”. Apesar de questões microeconômicas ocuparem o centro das atenções, houve uma produção rica em outros aspectos da teoria econômica, como a teoria do desenvolvimento econômico de Schumpeter e a teoria do capital e dos juros de Böhm-Bawerk. Ainda segundo o mesmo autor, deve-se destacar, também, a análise monetária, com a criação da teoria quantitativa da moeda, que relaciona a quantidade de dinheiro com os níveis gerais de atividade econômica e de preços. 2.6 A Era Keynesiana Iniciou-se com a publicação da teoria geral do emprego, dos juros e da moeda, de John May- nard Keynes (1936). Para entender o impacto da obra de Keynes, é preciso considerar a economia mundial da década de 1930, em crise, que ficou conhecida como a Grande Depressão, conforme já descrito anteriormente. A realidade dos fatos relacionados à situação conjuntural da economia dos principais países capitalistas era crítica,rela- cionada com o número de desempregados. A teoria econômica vigente acreditava que se tratava de um problema temporário. Já a teo- ria geral consegue mostrar que a combinação das políticas econômicas adotadas até então não fun- cionava adequadamente e aponta para soluções que poderiam tirar o mundo da recessão. Seus argumentos influenciaram muito a po- lítica econômica dos países capitalistas. De modo geral, essas políticas revelaram-se eficientes e apresentaram resultados positivos no período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial. Irma Filomena Lobosco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 Seguiu-se um desenvolvimento expressivo da teoria econômica. Por um lado, incorporaram- -se os modelos por meio do instrumental estatís- tico e matemático, que contribuiu para formalizar ainda mais a ciência econômica. Por outro, alguns economistas trabalharam na agenda de pesquisa aberta pela obra de Keynes. Destacaram-se três grupos de economistas no debate sobre os aspectos do trabalho de Key- nes, que dura até hoje: os monetaristas, os fiscalis- tas e os pós-keynesianos. É possível fazer algumas generalizações, embora não exista entre os gru- pos um pensamento homogêneo. Os monetaristas estão associados à Univer- sidade de Chicago e têm como economista de maior destaque Milton Friedman. De maneira ge- ral, privilegiam o controle da moeda e um baixo grau de intervenção do Estado. Os fiscalistas têm seus maiores expoentes em James Tobin, da Universidade de Yale, e Paul Anthony Samuelson, de Harvard e do Massachu- setts Institute of Technology (MIT). Estes recomen- dam o uso de políticas fiscais ativas e um acentua- do grau de intervenção do Estado. Os pós-keynesianos realizaram uma releitu- ra da obra de Keynes, visando a mostrar que ele não negligenciou o papel da moeda e da políti- ca monetária. Enfatizam o papel da especulação financeira e, como Keynes, defendem um papel ativo do Estado na condução da atividade econô- mica. Além da economista Joan Robinson, outros economistas desta corrente são Hyman Minsky, Paul Davison e Alessandro Vercelli. É necessário ressaltar que, apesar das dife- renças entre as várias correntes, há consenso nos pontos fundamentais da teoria, já que são basea- dos no trabalho de Keynes. 2.7 O Período Recente A partir dos anos 1970, a teoria econômica veio apresentando algumas transformações, após as duas crises do petróleo. Três características marcam esse período: uma consciência maior das limitações e possibilidades de aplicações da teo- ria; avanço no conteúdo empírico da economia; e o desenvolvimento da informática, que permitiu um processamento de informações em volume e precisão sem precedentes. É possível que a análise econômica englobe quase todos os aspectos da vida humana, sendo que o impacto desses estudos na melhoria do pa- drão de vida e do bem-estar de nossa sociedade é considerável. O controle e o planejamento ma- croeconômico nos permitem antecipar muitos problemas e evitar algumas flutuações desneces- sárias. Consequentemente, a teoria econômica caminha em muitas direções, a exemplo da área de finanças empresariais, que era basicamente descritiva, com um baixo conteúdo empírico. A incorporação de algumas técnicas, econometrias, conceitos de equilíbrio de mercados e hipóteses sobre o comportamento dos agentes econômi- cos revolucionou a teoria de finanças e essa revo- lução se fez sentir também nos mercados finan- ceiros, com a explosão recente dos chamados mercados futuros e de derivativos. Economia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 2.8 Resumo do Capítulo 2.9 Atividades Propostas Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, você estudou sobre a origem do interesse na Economia e o seu surgimento como Ciência. A Teoria Econômica iniciou-se, de forma sistematizada, pela obra de Adam Smith A riqueza das na- ções, em 1776. Aprendeu sobre os precursores da teoria econômica por meio de uma breve retrospectiva da histó- ria, desde a Antiguidade até o período recente. Viu ainda a evolução do pensamento econômico, segundo os Clássicos: Adam Smith, David Ricardo, John Stuart Mill, Jean Baptiste Say e Thomas Malthus. No período neoclássico sedimentou-se o raciocínio matemático iniciado por David Ricardo. Alfred Marshall foi o autor da obra intitulada Princípios de economia, que formalizou a análise econômica, com destaque para a Microeconomia, a Teoria Marginalista e a criação da teoria quantitativa da moeda, que relaciona a quantidade de dinheiro com os níveis gerais de atividade econômica e de preços. A publicação da Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda, de Keynes, estabeleceu a necessidade da intervenção do Estado através de uma política de gastos públicos. No período recente a análise Macroeconômica permite antecipar os problemas econômicos por meio do controle e planejamento, sendo possível constatar novas direções, a exemplo da Teoria de Finanças. 1. Explique sucintamente em que consistia a riqueza para os mercantilistas e para os fisiocratas? 2. Após a leitura deste capítulo, você poderá responder quem foi o mais destacado dos economis- tas clássicos e explicar quais foram as suas principais ideias? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 MICROECONOMIA3 A microeconomia é conhecida como o ramo da ciência econômica voltado ao estudo do com- portamento das unidades de consumo represen- tadas pelos indivíduos e/ou famílias (estas desde que caracterizadas por um orçamento único), ao estudo das empresas, suas respectivas produções e custos e ao estudo da produção e preços dos diversos bens, serviços e fatores produtivos. Efetivamente, a microeconomia, ao estabe- lecer princípios gerais, revela-se muito mais abs- trata do que a macroeconomia, a qual se encon- tra voltada ao exame de questões e de medidas peculiares a um dado lugar e instante do tempo. A microeconomia apresenta uma visão mi- croscópica dos fenômenos econômicos. A título comparativo, se fosse considerada uma floresta, a microeconomia estudaria as espécies vegetais que a compõem individualmente, ou seja, estu- daria a composição dos itens da floresta; enquan- to a macroeconomia preocupar-se-ia com o pro- duto floresta como um todo. Além disso, a microeconomia está voltada à apreciação das unidades individuais da Econo- mia. Outro modo de distinção entre microecono- mia e macroeconomia repousa no aspecto dos preços. Como isso é concretizado? Na teoria do consumidor, a microeconomia enaltece a intenção dos indivíduos, em face das respectivas rendas, de se apropriarem de uma combinação de quantidades de bens tal que lhes AtençãoAtenção A microeconomia é conhecida por teoria de preços. possibilite a maximização de suas satisfações. Em outras palavras, originam-se aí as procuras (indivi- duais ou não), que se traduzirão em rendimentos para as firmas. Já na teoria da firma, tem-se a figura do in- divíduo-empresário, esforçando-se para combinar os fatores de produção, em vista de sua limitação orçamentária, com a intenção de maximizar o nível de lucro de sua organização. Colocando de outra maneira, a partir da análise desses procedimentos, são obtidos os elementos necessários à derivação das ofertas individuais e de mercado. A combinação das quantidades de fatores de produção, bens e/ou serviços que os consumi- dores estariam dispostos a adquirir impõe a deter- minação de um denominador comum, que nada mais será do que o preço. A determinação desse preço é tarefa que se propõe a microeconomia, ao estudar a questão tanto no âmbito dos fatores de produção quanto no caso dos bens e/ou serviços. A microeconomia, ou teoria dos preços, analisa a formação de preços do mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e de- cidem qual o preço e a quantidade
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