Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
* CAPÍTULO 4 Vetores e Espaços Vetoriais * *Introdução* A geometria foi desenvolvida pelos gregos a mais de 2000 anos. Em contraste, a álgebra, como uma estrutura lógica, tem sido desenvolvida mais recentemente, principalmente nos últimos 100 anos. Sua formulação é surpreendentemente simples. Descobriu-se que essencialmente toda geometria pode ser desenvolvida em linguagem algébrica. Em vez de combinar pontos e retas na maneira geométrica usual, nós realizamos operações algébricas em certos objetos denominados /vetores/. Na verdade, o estudo dos vetores pode ser desenvolvido sistematicamente a partir de uns poucos axiomas semelhantes aos axiomas para números. Os teoremas da geometria tornam-se teoremas da álgebra vetorial, com ênfase nas equações, identidades e desigualdades em lugar de ênfase nos conceitos geométricos tais como congruência, semelhança e intersecção de linhas. A álgebra linear é na verdade o fundamento de grande parte da matemática moderna. ** *O que são vetores? * São segmentos orientados, isto é com direção comprimento ou módulo. Quando escrevemos , dizemos que v é um vetor determinado pelo segmento orientado AB de origem em A e extremidade B. Exemplo: Imagine uma força atuando sobre um corpo. Você conseguirá precisá-la determinando sua intensidade e direção. Força é um exemplo típico de grandeza que será representada por um vetor. Outros exemplos são velocidade e deslocamento. Vetores com a mesma direção são denominados colineares (vetores são colineares se pertencerem a mesma reta ou a retas paralelas) e vetores pertencentes ao mesmo plano são chamados coplanares. ** *Vetores no R^2 :* O conjunto R^2 = {(x,y)/ x,y Î R} é chamado plano cartesiano ou espaço vetorial bidimensional, e é interpretado geometricamente como sendo o plano cartesiano xOy. É formado por um par de retas ortogonais, com orientação. Em nosso estudo consideraremos os vetores representados por segmentos orientados com a origem na origem do sistema (O), chamados vetores no plano. Assim, cada vetor do plano é determinado pelo ponto extremo do segmento. Portanto, o ponto P(x,y) indica o vetor e escreve-se: v(x,y) v = (x,y) ou v = (notação matricial) onde: x e y são as coordenadas do ponto P. * A origem do sistema O(0,0) é um vetor que tem os pontos inicial e final coincidentes e é denominado vetor nulo. * O oposto de um vetor é outro vetor que tem o mesmo comprimento, mas direção oposta. Em termos de coordenadas, se v = (a,b), então o seu vetor oposto x = (-a,-b) e denotamos w = -v. ** * Operações com vetores no plano* 1. *Multiplicação de um vetor por um número * Multiplicar um vetor v por um número k >0 é considerar um novo vetor w = kv, que possui a mesma direção de v e tem como comprimento k vezes o comprimento de v. Se k<0, o vetor w = kv será igual ao oposto do vetor |k|.v. Se k=0, w = kv será o vetor nulo. Observe que a multiplicação de vetor por um número corresponde à multiplicação da matriz coluna ou linha por esse número. Por exemplo: v = (2,-5), w=3v = (6,-15). _ Interpretação geométrica: _ 2. *Adição de dois vetores * Para introduzir a soma de vetores, vamos voltar ao exemplo de força atuando num corpo. Uma força que atua num ponto pode ser representada por um vetor, de comprimento igual a intensidade da força, com a mesma direçao em que a força atua. (Estamos supondo que a origem do sistema de coordenadas está no ponto onde a força atua). Suponhamos agora que temos duas forças F_1 e F_2 atuando no mesmo objeto. Podemos representar o resultado destas duas forças por uma única força R? Em outras palavras, o que é a "soma" de duas forças? A experiência mostra que a força resultante é representada pelo vetor diagonal do paralelogramo construído a partir dos vetores F_1 e F_2 . Chamamos a força resultante de soma de F_1 e F_2 e denotamos por R = F_1 +F_2 . Agora pensemos em termos de coordenadas. Se F_1 = (a,b) e F_2 = (c,d), quais são as coordenadas de R? O vetor soma será R = (a+c, b+d). Observe que somar vetores corresponde simplesmente a somar as matrizes que os representam. As operações entre vetores herdam, portanto, todas as propriedades das operações correspondentes para matrizes. Podemos ainda observar que a soma de um vetor v = (a,b) com seu oposto w = -v = (-a, -b) é o vetor nulo. Isto é, v+w = v + (-v) = (a-a, b-b) = (0,0) ** * * *Exercícios de fixação * 1-O paralelogramo ABCD é determinado pelos vetores e , sendo M e N pontos médios dos lados DC e AB, respectivamente. Completar convenientemente: 1. + = 2. += 3. -= 4. += 5. + = 6. -= 2-Determinar o vetor w na igualdade , sendo dados u = (3,-1) e v = (-2,4). Resp.: 3-Encontrar os números a e b tais que: w = au + bv, sendo u = (1,2), v = (4,-2) e w = (-1,8) Resp;: a = 3 e b = -1 ** * * *Vetores no R^3 :* O conjunto R^3 = {(x,y,z)/ x,y,z Î R} é chamado geometricamente de espaço vetorial cartesiano tridimensional Oxyz e é formado por três retas orientadas, perpendiculares duas a duas, e, cada ponto P do espaço, estará identificado com a terna de números reais (x,y,z) que dá suas coordenadas. Da mesma forma como fizemos no plano, consideraremos vetores representados por segmentos orientados com a origem na origem do sistema. Nessas condições, cada vetor do espaço é determinado pelo ponto extremo do segmento. Assim, o ponto P(x,y,z) individualiza o vetor e escreve-se: v (x,y,z) v = (x,y,z) v = (notação matricial) onde: x, y e z são as coordenadas do ponto P. ** *Operações com vetores no espaço* A soma de dois vetores e o produto de um vetor por um número (escalar) também são definidos da mesma forma que no plano. Se u = (x_1 , x_2 , x_3 ) e v = (y_1 , y_2 , y_3 ), u + v = (x_1 +y_1 , x_2 +y_2 , x_3 +y_3 ) e ku = (kx_1 , kx_2 , kx_3 ) Por exemplo, se u = ( 2, -3, 5) e v = (1, 2, 0), u+v = ( 3, -1, 5) e 2u = (4, -6, 10). Como já observamos no caso do plano, estas operações correspondem exatamente às respectivas operações das matrizes-linha que representam os vetores e gozam de uma série de propriedades decorrentes daquelas relativas às operações com números reais. ** * * *Propriedades* 1. (u+v) + w = u + (v+w) 2. u+v = v+u 3. Existe 0 Î V tal que u + 0 = u (0 é chamado vetor nulo) 4. Existe –u Î V tal que u + (-u) = 0 5. a (u+v) = au + av 6. (a_b)v = av + bv 7. (ab)v = a(bv) 8. 1 u = u Estas propriedades servirão para caracterizar certos conjuntos que, apesar de terem natureza diferente dos vetores no espaço, "comportam-se" como eles. Estes conjuntos receberão o nome de /espaços vetoriais/. ** *Exercício de fixação * 1-Dados os pontos A(0,1,-1) e B(1,2,-1) e os vetores u = (-2,-1,1), v=(3,0,-1) e w = (-2,2,2), verificar se existem os números a_1 , a_2 e a_3 , tais que w = a_1.AB + a_2 u + a_3 v. _Resp.: a_1 =3, a_2 =1 e a_3 = -1 _ _2- Dados os vetores u = (4,a,-1) e v = (a,2,3) e os pontos A(4,-1,2) e B(3,2,-1), determinar o valor de a tal que _u.(v+BA) = 5 _Resp.: a = 7/3 _* Módulo de um vetor * _* *Módulo de um vetor v = (x,y,z), representado por , é o número real não negativo _ _ou, em coordenadas: _ _Exemplo: _Se v = (2,1,-2), então _ _** _* * _*Ângulo entre dois vetores* _Se u¹ 0, v¹ 0 e se q é o ângulo dos vetores u e v, então: _ _** _*Exercícios de Fixação* _* *Calcular o ângulo entre os vetores u = (1,1,4) e v = (-1,2,2) _Resp.: 45° _ _Mostrar que os vetores u = (-2,3,-2) e v = (-1,2,4) são ortogonais. _ _** _*O que é um espaço vetorial?* _Espaço vetorial: é um conjunto de objetos chamados /vetores/, independentemente de sua natureza. Pode parecer estranho, mas chamamos de vetores: os próprios vetores anteriormente definidos, polinômios, matrizes e números. A justificativa está no fato das operações de adição e multiplicação por escalar, realizadas com esses elementos de natureza tão distinta se comportarem de forma idêntica, segundo as propriedades citadas acima, como se estivéssemos trabalhando com os próprios vetores no R^2 e R^3 . _Portanto: * _os conjuntos R, R^2 , R^3 , ...., R^n de vetores, são espaços vetoriais * _o conjunto M(m,n) das matrizes m x n é um espaço vetorial * _o conjunto P_n = {a_o + a_1 x + a_2 x + .... + a_n x} dos polinômios é um espaço vetorial. _Então: espaço vetorial é um conjunto de /vetores/ que juntamente com as operações usuais de adição e multiplicação satisfazem os oito axiomas citados acima). _ _** _*Combinação Linear* _Vamos comentar, agora, uma das características mais importantes de um espaço vetorial, que é a obtenção de novos vetores a partir de vetores dados. _Sejam os vetores v_1 ,v_2 ,.....,v_n do espaço vetorial V e os escalares a_1 ,a_2 ,.....,a_n . Qualquer vetor v Î V da forma: _v = a_1 v_1 + a_2 v_2 +......+a_n v_n _é uma combinação linear dos vetores v_1 ,v_2 ,....,v_n . _Exemplo: _Consideremos no R^3 , os seguintes vetores: v_1 =(1,-3,2) e v_2 =(2,4,-1). _Escrever o vetor v = (-4, -18, 7) como combinação linear dos vetores v_1 e v_2 . _Solução: _Pretende-se que: _v = a_1 v_1 + a_2 v_2 _sendo a_1 e a_2 escalares a determinar. Então, devemos Ter: _(-4, -18, 7) = (a_1 , -3a_1 , 2a_1 ) + (2a_2 , 4a_2 , -1a_2 ) _Usando a propriedade da soma de dois vetores: _(-4, -18, 7) = (a_1 +2a_2 , -3a_1 +4a_2 , 2a_1 -1a_2 ) _Pela condição de igualdade: _ _cuja solução é: a _a_1 = 2 e a_2 = -3 _Portanto: _v = 2v_1 - 3v_2 _ _** _*Exercícios de fixação * _1-Mostrar que o vetor v = (4, 3, -6) não é combinação linear dos vetores v_1 e v_2 _2-Determinar o valor de k para que o vetor u = (-1, k, -7) seja combinação linear de v_1 e v_2 . _3-Determinar a condição para x,y e z de modo que (x,y,z) seja combinação linear dos vetores v_1 e v_2 . _4-Mostrar que o vetor v = (3,4) Î R^2 pode ser escrito de infinitas maneiras como combinação linear dos vetores: v_1 =(1,0), v_2 = (0,1) e v_3 = (2,-1). _** _* * _*Dependência e Independência Linear* _Seja o espaço vetorial V e o conjunto A = {v_1 , v_2 ,.....,v_n } Ì V. _Consideremos a equação: _a_1 v_1 + a_2 v_2 +......+a_n v_n = 0 (1) _Sabemos que esta equação tem pelo menos uma solução que é a solução trivial, isto é: a_1 = a_2 = .......=a_n = 0. _O conjunto A ou os vetores v_1 , v_2 ,.....v_n são linearmente independentes (LI), se: * _a equação (1) admitir somente a solução trivial. Se existirem a_i ¹ 0, o conjunto A ou os vetores são ditos linearmente dependentes (LD) ou * _pelo menos um dos vetores não for combinação linear de outros dois ou mais vetores. _** _* * _*Interpretação Geométrica da dependência linear de vetores no R^2 e R^3 * _ _ _ _ _{v_1 ,v_2 ,v_3 } são LD (os vetores estão representados no mesmo plano) _ _ _{v_1 ,v_2 ,v_3 } são LI _ _Exemplo: No espaço vetorial R^3 , os vetores v_1 =(2,-1,3), v_2 =(-1,0,-2) e v_3 =(2,-3,1) formam um conjunto L.D., pois,a_1 = 2, a_2 = 4 e a_3 = -1 e também a solução trivial, são soluções para a equação a_1 v_1 +a_2 v_2 +a_3 v_3 = 0. _** _* * _*Exercícios de fixação * _1-Mostrar que no espaço vetorial R^3 , o conjunto {e_1 ,e_2 ,e_3 }, tal que e_1 = (1,0,0), e_2 = (0,1,0) e e_3 = (0,0,1) é L.I. _2-No espaço vetorial M(2,2), o conjunto A é L.I. ou L.D.? _ _3-Verificar se são LI ou LD os seguintes conjuntos: _a) _b) {(2,-1),(1,3)}Ì R^2 _c){(-1,-2,0,3),(2,-1,0,0),(1,0,0,0)} Ì R^4 _4-Determinar o valor de k para que o conjunto _{(1,0,-1), (1,1,0), (k,1,-1)} seja L.I. _ _* Base e Dimensão: * _*BASE de um espaço vetorial* _Agora, estamos interessados em encontrar, dentro de um espaço vetorial V, um conjunto finito de vetores, tais que qualquer outro vetor de V seja uma combinação linear deles. Se pudermos encontrar tais vetores, teremos os alicerces de nosso espaço vetorial. Denominaremos um conjunto de vetores desse tipo de base. _Um conjunto B = {v_1 , v_2 , ....,v_n } Ì V é uma base do espaço vetorial V se: 1. _B é LI 2. _B gera V _O ítem I foi visto anteriormente e deve satisfazer a seguinte condição: _A equação: a_1 v_1 + a_2 v_2 + .... a_n v_n = 0 deve ter somente a solução trivial. _Para satisfazer o ítem II, a condição é a seguinte: _Qualquer v = (x,y,...,n) Î R^n deve ser combinação linear dos vetores de B. _Exemplo: _Provar que B = {(1,1),(-1,0)} é base de R^2 . _I) B é LI: _a_1 v_1 + a_2 v_2 = 0 _a_1 (1,1) + a_2 (-1,0) = 0 _Somando: _a_1 – a_2 = 0 _a_1 = 0 _Resolvendo o sistema: a_1 = a_2 = 0 _II) B gera o R^2 : _(x,y) = a_1 v_1 +_ a_2 v_2 _(x,y) = a_1 (1,1) + a_2 (-1,0) _(x,y) = a_1 – a_2 , a_1 _a_1 – a_2 = x _a_1 = y _logo: _a_1 = y _a_2 = y – x _Voltando a combinação linear: _(x,y) = y(1,1) + (y-x)(-1,0) _verificando a igualdade, os vetores de B geram o R^2 . _** _*OBSERVAÇÃO:* _Os vetores: _{(1,0), (0,1)} é a base canônica de R^2 _{(1,0,0), (0,1,0),(0,0,1)} é a base canônica de R^3 _{(1,0,0,0), (0,1,0,0),(0,0,1,0),(0,0,0,1} é a base canônica de R^4 _é a base canônica de M(2,2), etc. _ _** _*DIMENSÃO DE UM ESPAÇO VETORIAL* _Seja V um espaço vetorial. _Se V possui uma base com n vetores, então V tem dimensão n e anota-se dimV= n _Se V não possui base, dim V = 0 _Se V tem uma base com infinitos vetores, então a dimensão de V é infinita e anota-se do, V = ¥ . _Exemplo: dim R^2 = 2, pois toda base do R^2 tem dois vetores. _dim M(m,n) = m x n _ _** _*Exercícios de fixação * 1. _Sejam os vetores v_1 = (1,2,3), v_2 = (0,1,2) e v_3 = (0,0,1), mostrar que o conjunto B = {v_1 ,v_2 ,v_3 } é uma base do R^3 . 2. _Verificar se os vetores v_1 = (1,-2,1), v_2 = (0,1,2) e v_3 = (1,-3,-1) são L.I. ou L.D..
Compartilhar